Muitas felicidades…

O estádio José do Rego Maciel, o Mundão do Arruda, foi inaugurado no dia 04 de junho de 1972. Esse adorável senhor irá completar 50 anos no próximo sábado e isso cria uma obrigação moral para a torcida coral estar presente no domingo no jogo contra o Sergipe. Vamos cantar “parabéns para você” ao vivo.

Como tudo no Santa Cruz, o Arruda é cria do povo, de sua torcida. Nascendo em um sobrado na Rua da Glória, nº 140, a sede logo foi transferida para a Rua do Imperador, depois para Estrada de Belém até se estabelecer em definitivo na Avenida Beberibe, no bairro do Arruda.

Foram Aristófanes de Andrade e Gonçalo de Melo que iniciaram a compra do terreno para construção do estádio do Santinha. Em 1954, José do Rego Maciel, então prefeito do Recife, se articula com investidores – principalmente o extinto Bandepe – e começa a ser construído o que chamamos de Repúblicas Independentes do Arruda.

O negócio começa a andar mesmo a partir de 1965 com a venda de cadeiras cativas e títulos patrimoniais. Entretanto, um dos fatores mais decisivos na realização de nossa casa se dá com a campanha do tijolo. Meu pai contava que mobilizaram a torcida para doar tijolos, cimento, materiais de construção, mão de obra, sangue, suor e paixão.

Ele e meu tio iam, vez ou outra, levar esses materiais para o Arruda. Nossa eterna gratidão para quem fez parte dessa história tão maravilhosa. O Santa Cruz Futebol Clube é a verdadeira tradução do amor do povo, de sua essência atávica, de sua alegria ancestral e de sua entrega seja na alegria ou na tristeza, uma vez que o amor verdadeiro não mede aquilo que ama.

Eu tinha 5 anos quando meu pai me levou pela primeira vez ao Arruda. Isso foi em 1976. Com 12 anos, quando comecei a beber cerveja, é que as coisas ficaram ainda mais interessantes. Íamos bater o centro na Churrascaria Colosso e depois, no estádio, berrávamos para o gasoseiro trazer aquelas garrafas gordinhas de Brahma Chopp que refrescava a alma e elevava o brilho das partidas a níveis estratosféricos.

Estive com meu pai também na inauguração do anel superior. Foi uma loucura. Gente que só a porra e um orgulho universal que irradiava de cada olhar. No meio do jogo, começaram a gritar que as arquibancadas estavam balançando e que iriam cair. Foi uma loucura: a galera saiu correndo, era gente gritando, um desespero que foi acalmado quando viram que a construção era sólida.

A inauguração do Santinha no Arruda se deu com um empate contra o Flamengo. Tinha 64 mil pessoas no estádio. Dizem as boas línguas que no jogo da seleção brasileira contra a Bolívia – metemos 6 a 0 – tinha mais de 96 mil pessoas com 75 mil pagantes. Eita que é Mundão mesmo!

Já narrei aqui a carreira que levei da Jovem quando tinha cabelos grandes e fui bater, sem querer, perto da torcida adversária. Gritaram “Olha o filho da puta do Mancuso ali. Porrada nele”. Corri mais do que Usain Bolt e só parei quando me deparei com a Inferno que se enroscou com os rubro-negros. Foi pau. Eu fui é beber mais cerveja que sou pacifista.

Sempre no Arruda, esse lugar mítico e que tantas lembranças nos traz. Domingo estarei no posto antes do jogo, depois em Abílio, comerei o melhor cachorro quente do mundo, beberei muita cerveja, encontrarei os amigos corais e sentirei, mais uma vez, a emoção de entrar no estádio,  ver o gramado, as arquibancadas e o grito eterno de paixão de nossa torcida.

E escutar o “parabéns para você, nesta data querida, muitas felicidades, muitos anos de vida”.

Salve meu Santinha!

Empate sofrível.

Empatar com o Sergipe já é uma coisa deplorável. Mas empatar levando pressão, beira o ridículo. De boa, estamos falando de um jogo com o vice lanterna de nosso grupo.
O gol que levamos logo no início da partida demonstrou a absoluta incompetência de nossa zaga. Yuri e Dudu Mandai parecem brincadeira de mau gosto.
E a falta de conexão entre defesa, meio de campo e ataque é para deixar o caba muito puto da vida. Fabrício conseguiu errar passes absurdos. Ruindade pouca é bobagem.
Levamos acocho quase o tempo todo. A situação só mudou um pouco no final do segundo tempo. Conseguimos criar boas chances, mas não levamos o segundo graças a falta de categoria do ataque do Sergipe.
E, é preciso dizer a verdade, só empantamos por pura sorte e burrice do zagueiro que entrou na marcação todo atabalhoado.
Enquanto tomava umas cervas em casa e acompanhava o jogo pela InStat TV – perceberam que o locutor continua sem saber o nome dos jogadores e torceu descaradamente para o Sergipe? – a sensação de desamparo diante desse time foi inevitável.
Precisamos melhorar muito para deixarmos de ser péssimo. Martellote está muito fodido.
O jeito, como sempre, é a torcida. Se o Santinha tivesse ganho esse jogo, o Arruda estaria lotado no próximo domingo.
Resta apenas torcer para que a paixão coral se acenda diante da situação calamitante em que estamos metidos e mova essa torcida maravilhosa para o Mundão.
Só a torcida pode salvar esse bando de perronhas. É esse amor incondicional pelo Santa Cruz que pode reabilitar nossa história.
É time de guerreiros que chama? Bem, guerreira mesmo é nossa torcida. A canção se repete incansavelmente: nunca te abandonarei.
Por isso, meu povo, próximo domingo é dia de Arruda. Ou invadimos o estádio e levamos essa vitória ou o abismo ficará cada vez mais perto de nós.
Salve meu Santinha!

Sempre a torcida.

Comprei o ingresso para o jogo contra o CSE. Porém, devido a questões familiares, não pude ir ao Arruda. Uma pena perder mais uma vitória de virada e com o apoio incondicional de nossa torcida.
Essa Série D é uma verdadeira montanha russa de emoções para quem é coral e ama o Santa Cruz. Primeiro foi aquela eleição mui estranha no jogo anterior. Quando fui votar, uns asseclas de ALN vieram fazer boca de urna:”Tricolor, é sim, sim e sim para o bem do Santinha” Votei não, não e não. Mas não adiantou nada.
Na mesma semana, as redes sociais pipocaram com a notícia também mui estranha: 1639 sócios votantes foram abduzidos. Devem, agora, estar tentando acompanhar o Mais Querido via InStat TV (essa grande bosta) lá de Marte. Essa treta é velha nas eleições do clube. E nunca ninguém faz nada.
Depois tivemos Leston Jr. chutando o pau da barraca, desnudando o caos interno, salários atrasados e péssimas condições de trabalho. Demitiram o homem e, pela milésima vez, Martellote foi convidado para guiar essa nau à deriva.
E surgiu o pix coral de Wagner Lima. Essa torcida sempre salvando a lambança de seus dirigentes. Mais de 170 mil arrecadados e salários pagos. Será que Wagner vai se candidatar a presidente? Será que essa torcida está disposta a fazer uma revolução dentro do clube? Será que essa ação nobre abriu um precedente para isentar a trapalhada trabalhista dessa direção e das futuras? Veremos.
E como é sempre a torcida quem salva, nesse domingo não foi diferente. 7.036 torcedores e torcedoras foram ao Arruda incentivar o Santinha. Na verdade, 7.035, já que não pude ir.
Em meio a um apagão também mui sinistro – estão dizendo por aí que o melhor zagueiro do Santinha é Mr. Disjuntor – a torcida fez sua parte. Foi lindo e deve ter sido emocionante ao vivo. Puta que pariu, não dá para faltar jogo algum. Mea culpa e remorso eternos.
A torcida não deixou de acreditar. Até parecia show do Metallica aquelas luzes tremulando como a anunciação de uma esperança que nunca se esgosta, de um amor secular e de uma crença metafísica na vitória.
E a vitória veio. Assim como Alemão. Realmente, precisamos de reforços nessa zaga. Teremos dois jogos de tabela espelhada contra o Sergipe que agarra a lanterna do grupo.
Temos que arrancar uma vitória lá e inundar o Arruda no jogo de volta com essa torcida maravilhosa, a mais apaixonada do Sistema Solar – já que temos torcedores tambén em Marte – e que nunca abandona o Santa Cruz. Irei de todo jeito. Duas vitórias e o G4. Não é pedir demais
E salve meu Santinha!

Show de horrores.

Pode-se dizer que, nessa Sére D, o Santa Cruz está vivendo um verdadeiro show de horrores. É como se pudéssemos juntar em uma produção cinematográfica Christopher Lee, Peter Cushing e Vicent Price com Segurado, Leston Jr. e Dudu Mandai. Os títulos poderiam ser: “Terror na Av. Beberibe”, “O satânico Doutor ALN” ou  “O exorcismo do ProSanta”.

O nível técnico do Santinha é assombrosamente ruim. A camisa mais pesada da competição possui o time mais aleatório e desencontrado que poderíamos imaginar em nossos piores pesadelos.

Como se essa galeria digna de filme de terror não acabasse por aí, ainda temos a transmissão dos jogos pela InStat TV. Vocês perceberam que os narradores não sabem os nomes dos jogadores? “Cruzou a bola”, “lançou na área”, “fez o corte”… quem fez isso, porra? Incrível.

A salvação, como sempre, é a galera de Marcelo Araújo na Rádio Jornal. O rádio é eterno. O problema é que não há sincronia entre a transmissão horrorosa da InStat TV com o tempo do rádio. E ainda vão cobrar a partir do quarto jogo de cada time. Tá fácil pagar por uma desgraça dessas.

Mas, pasmem, o espetáculo do capeta segue seu desfile. Decidiram convocar uma AGE no Dias das Mães e em dia de jogo do Santinha. O castelo de Drácula perde diante das maquinações malignas dessa galera. Meu voto será NÃO, NÃO E NÃO. Querem dar poder absoluto ao rei.

O pior ponto dessa votação será a questão da SAF. Um tema tão delicado desses tem que ser decidido coletivamente. Não é aceitável que uma única pessoa, o presidente do clube, tenha poderes para gerir uma mudança tão radical dessas – e isso independente se você é a favor ou contra a SAF.

Meu grande receio é que a dimensão política do futebol, ou seja, a participação direta da torcida no destino de seu clube do coração possa, de um dia para outro, se transformar em mera relação comercial, financeira.

A situação é grave. Leston Jr. já deu, de boa. Não dá mais. Segurado também já deu. Estamos navegando em um mar cheio de perigos. Como diz a faixa da Inferno no CT: Subir é obrigação! Estamos muito fudidos, é verdade. Porém, o capital tricolor coral de mais valia, sua torcida, é foda demais. É nossa tábua de salvação, a saída da Matrix ou do Hades.

Domingo, como todo louco torcedor do Mais Querido, estarei no Arruda. Meu otimismo contumaz está se esvaindo. Vamos lá ver ao vivo esse enredo que deixaria Mário Bava, Stephen King ou Hitchcock de cabelos em pé.

Mas vamos lá. Essa paixão nos impulsiona e estaremos sempre ao lado do Santa Cruz Futebol Clube, seja em um filme de comédia, drama ( e sabemos bem o que é isso), aventura ou terror (como estamos vendo agora).

Que o espírito de Edgar Alan Poe nos auxilie. Que Clive Barker nos ilumine e Ctchulu nos retire dessas profundezas.

E salve meu Santinha!