A fé é preta-branca-vermelha

Parece que faz um ano que estamos sem ver o Santa jogar. Este calendário da sericê é cruel. Deixa um vazio danado. Mas para alegria da torcida mais apaixonado do Brasil, terça-feira começa nossa temporada. Jogaremos em João Pessoa pela Copa do Nordeste.
A gente vai encontrando os tricolores corais santacruzenses das bandas do Arruda e as perguntas se repetem.
“E aí, tás acreditando?”
“E esse ano, será que a gente chega?”
“E fulano?”. “E sicrano?”. “E beltrano?”
Peito de Pombo me perguntou o que eu estava achando dos contratados.
Diante de tantas idas e vindas e de toda a minha quilometragem rodada acompanhando e torcendo, a esperança já não é mais da mesma cor de antes. Eu já nem ligo muito para as contratações.
Mas não disse isto a ele, pra não cortar o seu barato. Tirei uma onda. “Rapaz, trouxeram um atacante aí que faz uns doze anos que não faz gol”. Peito disse: “vai fazer pelo Santa Cruz. A gente sempre ressuscita esses jogadores”.
Acho massa essa fé.
Minha filha menor disse que tava com saudades do Arruda. Me perguntou: “papai, Ricardo Ernesto ainda tá no Santa?”. Respondi que sim. Ela ficou super animada. “Ele é muito bom. É muito melhor do que aquele Gordinho! ” Deu uma pausa e continuou: “Ri-car-do Er-nes-to! Que nome! Queria tirar uma foto com ele”.
Contei para ela que finalmente, vamos ter um placar eletrônico no Arruda. Ela não faz ideia do que seja. Não só ela. Ela e tantas outras crianças que frequentam o Arruda não fazem ideia do que seja um placar eletrônico.
“Como assim, um placar eletrônico?”.
Fui procurando formas de explicar àquela cabecinha o que era um placar eletrônico. Um painel luminoso. Bem grande. Que informa quanto está o jogo. Nele aparece o nome dos jogadores. O nome de quem fez o gol.
“Aparece o nome do goleiro?”.
“Aparece. Do goleiro, do zagueiro, do atacante, de todo mundo. As vezes aparece até a foto.”
“uh-hu! Vai ser massa! Eu queria ver a foto de Pipico, tu queria ver a de quem, papai?”
“Hum…. peraí! Queria ver…, já sei. Sabe o que eu queria ver?”
“O que?”
“Queria ver o placar piscando a palavra Gooollllll e mostrando a foto de Jô. E no final da sericê, eu quero ver escrito no placar: Santa Cruz, bicampeão da Serie C”.
“Aê, papai!”, ela chegou batendo.
E eu pensei, “a fé é preta-branca-vermelha”.

15 respostas para “A fé é preta-branca-vermelha”

  1. Hoje começa nossa saga em 2019.vamos torcer por um final feliz, que estejamos pelo menos na SÉRIE b ano que vem. Tudo que vier além disso é lucro!

  2. Ainda bem que o Santa vai voltar a jogar valendo algo.
    espero eu estar enganado e esse novo formato da copa do Nordeste seja um sucesso.
    Mas esse negócio de um grupo jogar contra adversários de outro grupo, sempre fiquei cismado.

  3. É isso aí Gerrá, é a coisa que eu, também, mais quero ver escrito neste placar!
    E vamos nós, que o começo se não foi o ideal, também não foi ruim.
    Voltar com um pontinho de Jampa, com toda aquela safadeza deles de torcida única, tá valendo sim!

  4. Eita Gerrá da zabumba,

    Maravilha de texto … Na verdade acho super bacana as informações dos contratados, o comentário do desempenho de cada um deles, a resenha dos treinos. E até me surpreendi com a sinceridade do Jô “sem pescoço”, em afirmar que fazia poucos gols e sua trajetória confirma isso. Vejo Vitão um grande zagueiro … o Elias promissor. Mais quem mais gostei foi de Leston Jr. humilde, certeiro nas palavras e análise do elenco. Que ele continue crescendo com o Santa, que vem reformando o Arruda, logo mais chega o placar, temos o primeiro campo do CT sendo utilizado, campanha de sócios a todo vapor! Sorte a todos!

    VIVA SANTINHA !!!

  5. Quanto a torcida única como medida preventiva contra a nossa organizada estão certos. Veja o que fizeram num jogo que sequer era nosso. Aliás eles estavam “torcendo” pela vitoria por um time que é nosso adversário de grupo. Bastante inteligente

    1. Na verdade meu caro Marcelo, existe uma parceria dessas quadrilhas. Eles fazem parceria para dar apoio umas as outras nos respectivos estados. Uma parceria com a quadrilha do Fortaleza inclui o apoio a eles aqui, quando vierem jogar contra Sport ou Náutico, em contra partida do apoio deles lá quando formos jogar contra o Ceará. Por isso pouco importa o resultado que interessa ao Santa Cruz (talvez seja mais apropriado dizer que para eles pouco importa o Santa Cruz), o que importa é se juntarem para praticar vandalismo sob o pretexto de torcida de futebol. Por incrível que pareça, hoje existe uma formação de quadrilha em nível nacional.

  6. Querer inteligência na organizada, qualquer uma, de qualquer clube, é atentar contra a lógica. Organizadas são expressão da estupidez! Como dizia um cineasta francês, que esqueço o nome, a estupidez não tem limites, a inteligência tem.
    Martorelli, na coisa, peitou a principal organizada, mas os atuais dirigentes de lá voltaram atrás. Os nossos, muitos egressos dessa coisa chamada organizada, e também os da barbie, nunca se opuseram às organizadas, antes as apoiam. O futebol está colhendo o que os dirigentes plantam, e encolhendo. Jogo de torcida única é a prova definitiva que o futebol acabou como espetáculo civilizado, passou a ser coisa de bárbaros. Confesso, como torcedor velho, de 71 anos, minhas saudades dos tempos em que íamos a campo torcer pelo nosso time, greiar ou ser greiado, mas manter limites mínimos de civilidade e respeito. Hoje perdi a coragem de ir a campo, pelo risco que isso representa, e perdi com isso a alegria e emoção de estar no meio da massa.
    O que aconteceu no jogo dos aflitos vai se repetir, infelizmente, nos demais jogos. Mortos e feridos continuarão crescendo. O contribuinte pagando muito para colocar centenas ou milhares de policiais nos campos e nas ruas para conter o barbarismo. E os dirigentes apoiando suas organizadas. O atraso é sistêmico. Não ao acaso o Brasil vive a merda que vive.

  7. O amadorismo ainda impera no Santa Cruz e, creio, fará com que nunca possamos sair dessa situação em que o Clube se encontra.
    Apesar de ser sócio desde o tempo que o cão era menino e com o nome constando na relação dos aptos a votar na última eleição, simplesmente eu não existia para o Clube. Meu nome (CPF) não constava no sistema, ou seja, não somos sócio do Clube e sim da empresa terceirizada de plantão que administra o programa.
    Estou sócio. Anuidade paga e vamos torcer para que o ano não acabe novamente em agosto.
    Não tinha a camisa prometida, receberei-a sabe-se lá quando.
    Mas isso é o Santa Cruz, um Clube administrativamente pequeno, carregado por uma torcida gigante.

    1. Pois é. Fiz um comentário na postagem anterior, após o amistoso contra o Treze, dizendo justamente que nós tínhamos no meio campo o nosso único jogador com pinta de craque, chamado Héricles, mas não sabia se ele tinha saúde. Não demorou muito para minha dúvida desaparecer. E minha dúvida se baseava na certeza de que, se ele estivesse bem fisicamente, não estaria no Santa Cruz.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *