A mais apaixonada do mundo

Fui dar um abraço de aniversário em Chiló e me mandei pro Arruda. As ruas eram só preto, branco e vermelho. Já era a terceira viagem que o motorista do Uber fazia para o Arruda.

A fila para entrar no portão 7 estava chegando no canal. Uma senhora negra vestia uma camisa com a imagem de Nossa Senhora do Carmo estampada de canto a canto na frente da camisa. “Tou com a camisa do Santa por baixo” e levantou pra gente ver. “Passei o dia vestida com a camisa de Nossa Senhora da Conceição e vim pro jogo com essa. Sou devota de Conceição e de Nossa Senhora do Carmo. A gente vai ganhar”. O olhar dela era de fé. A fé que reza e paga promessa para santos e orixás. A fé no Santa Cruz.

Alessandra sorriu pra ela e sussurrou emocionada: “essa é a cara da nossa torcida. Linda”.

Conseguimos entrar, a bola já havia rolado. Encontramos Samarone, Julio Vila Nova e Helder. Fomos em bloco pro cimento. Conseguimos subir e nos posicionamos ao lado da P-10.

De longe avistei Chiló e Geó. Vi também Odilon. Anizio apareceu. Robson Sena nos encontrou. Encontramos Marconi. Um pouco mais adiante estavam Fabiano, Bruno Fontes e Kiko.

De corpo ou de alma, todos os tricolores corais santacruzenses das bandas do Arruda estavam ali.

Não me canso de ler os comentários sobre nós. André Rizek escreveu em seu twiter: ”  O determinado time do Santa Cruz deu aula de estratégia de como enfrentar um adversário superior. Sua espetacular torcida transformou o que era para ser um jogo protocolar em  noite memorável. Espetáculo da galera coral no Arruda. Serie A sem Pernambuco nem deveria ter esse nome.”

O peito se enche de orgulho e o coração de alegria. Mas tem que ter sangue, corpo e espirito com as cores corais, para saber o que é ser Santa Cruz.

É o povão que defende, bate falta e cobra escanteio. É a massa coral que corre, chuta e faz gol.

A arrancada de Augusto no segundo gol só foi possível porque a João, Simone, André Cabeção, Alicate e Morena aceleraram o passo do nosso ponta e ele disparou com a bola. Pipico só chegou para fazer o arremate final porque Raquel, Cris, Seu Amaro Mão de Oléo e Carlito deram fôlego ao nosso artilheiro.

Ontem fomos 25 mil em um mesmo grito, em um mesmo abraço, num mesmo sorriso.

Somos todos, um só. E quando o clube e o time se agarram a nós, tudo se transforma. Até Jô faz um golaço daqueles.

Segunda-feira, estaremos lá. Para começar a arrancada para Serie B.  Com a gente em campo, ninguém segura o querido Santa Cruz.

22 respostas para “A mais apaixonada do mundo”

  1. Nobre amigo, Gerrá. Belo texto. Expressa o que todos nós Tricolores, inclusive os exilados como eu, vivemos em tão memorável noite.

  2. Sai de Salvador exclusivamente para assistir e prestigiar este Santa Cruz, e também para estar na segunda próxima. Não acreditava que pudessemos vencer por dois gols, mas o amor não exige nada em troca. E o que escreve é um pouco isso. A torcida do Santa Cruz merece ser respeitada. Espero que a diretoria entenda que campanha de sócios não se faz com mulheres famosas e belas, ou com artificialismos.

    Parabéns pelo texto. Também estava lá.

  3. Time fraco e sem qualidade como esse do Santa Cruz tem que jogar sempre no limite com muita vontade se não vai fazer vergonha na série C, como fez no pernambucano contra o Afogados. Cadê os reforços que a diretoria prometeu?

  4. Kd o dinheiro da Copa do Brasil? Sumiu? O treze contratou 17 jogadores, eu disse 17 e demonstra muito mais padrão tático que o amontoado de jogadores do santa cruz, jô e patrick vieira dois jogadores a menos em campo, marcos martins avenida futebol clube.

  5. que esse burro desse treinador aprenda que esse tal de jÔ e patrick vieira nao podem jogar de titular, neto costa e guilherme queiroz entraram muito bem.

  6. Salvos pelo gongo. Péssimo 1o tempo, dominados. A falta de meio campo no Santa é terrível. Os velhinhos do Treze deitara-me e rolaram. Salvamos 1 ponto, dos 3 que tínhamos obrigação de ganhar. Mas dos males o menor.
    Se não melhorar muito e não contratar meio de campo e reforçar a defesa, não vamos a canto nenhum..

    1. Seu juiz, muito agradecido! Dia 17 de abril embarquei em um avião e encontrei o treinador do treze, Flávio Araújo ia assumir o clube. Pouco tempo de trabalho e já alguma qualidade. O nosso clube é muito mal treinado. Só um cego não percebe.

  7. O Santa Cruz no jogo com o treze não fez nada a mais do que vem fazendo desde o início do ano sem apresentar evolução. O time se posiciona errado, não tem saída de jogo, criação quase zero, não tem posse de bola, sem alternativa tática, jogada ensaiada ninguém vê. Concordo que o time tem limitações, mas não é inferior a nenhum time da série C. O problema do Santa Cruz é o treinador encantador de serpentes, que com sua lábia vai enganando a todos. Isso ficou mais uma vez demonstrado nesse jogo; como é que um time como o Treze que mal se preparou, não vem em sequência de jogos, todo reformulado, inclusive com técnico novo e um meia de 43 anos, chega no Arruda e consegue jogar melhor que o Santa? O treinador deles é melhor que o nosso encantador de serpentes.

    Parece que o “deuses do futebol” estão trabalhando para o Santa Cruz permanecer na série C; porque se o Santa sai da Copa do Brasil com a Barbie, ou da Copa do Nordeste com o CRB, jogos em que atuou mal e merecia a desclassificação, aliado à desclassificação no pernambucano, esse encantador de serpentes já teria saído.

    A classificação contra o ABC e o segundo jogo contra o Fluminense, embora o time apresentasse os mesmos defeitos, estão cegando torcida e Diretoria. A cegueira total virá se conquistarmos a Copa do Nordeste. Aí então a permanência na C estará praticamente sacramentada. Competição de mata-mata e pontos corridos são muito diferentes. No Brasileiro o Santa fará 18 jogos com equipes de melhor nível que no Pernambucano e terá que manter regularidade, coisa que o encantador de serpentes não apresentou em nenhuma sequência.

    Lembro que quando Mancini treinou o Grêmio ele vinha de uma sequência de cinco vitórias e mesmo assim foi demitido, a explicação dos dirigentes é que o estilo de jogo não era adequado às tradições gremistas. Essa é a diferença entre um clube grande e vencedor para os outros. O Grêmio sabe que está mais próximo de conquistas se o time jogar bem e vencer. No Santa Cruz acham que jogar mal e vencer é o caminho. Espero estar errado, mas acho que a via para permanência na série C está se pavimentando com o encantador de serpentes.

  8. Antônio, concordo com tudo que você escreveu, apenas acrescento que contra o CRB e treze, principalmente, jogamos mal e não ganhamos. Eu tenho a impressão que esse técnico mequetrefe é muito querido pelo grupo e sua saída poderia trazer alguma instabilidade. Deve ser essa a visão da diretoria.

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