Credo quia absurdum est.

O aniversário de minha netinha de 4 anos será amanhã. Será um dia para celebrar, de alegria, brincadeiras e muita glicose no sangue com doces, bolos e refrigerantes (coisa que nunca faço durante o ano). Precisarei  malhar muito depois dessa. Apesar de muita gente pensar que sou o pai dela – o que faz muito bem para a vaidade do ego – eu, na verdade, me sinto como um pai renovado, uma nova e poderosa paternidade.

Mas o que isso tem a ver com o Santinha? Pois, meus amigos e minhas amigas, tudo. Pois esse sábado será um dia de descontração, um dia para relaxar e, sem aglomeração, estar junto com poucos familiares. O que será bem diferente do domingo quando o Mais Querido entra em campo com uma missão quase impossível, digna de Tom Cruise e suas ações mirabolantes.

Enquanto o sábado será só júbilo – isso se o Floresta perder para o Volta Redonda no sábado, jogo às 15 horas – o domingo representará sua antítese: um dia tenso onde a esperança, quase morta, dará seus estertores na busca de mais sobrevida. Se o Floresta empatar ou ganhar, já era. E a tarefa, para o Santinha,  não é nada fácil.  Após muita lambança de nossa atual diretoria de futebol, a nossa situação na Série C é periclitante: faltando apenas duas rodadas para encerrar o certame, temos apenas 11 pontos em 16 jogos, 2 vitórias, 5 empates e nove derrotas. São apenas 9 gols marcados contra 16 sofridos, um saldo negativo de 7 tentos. Nada animador.

E, caso, por um milagre inexplicável (como deve ser todo milagre) consigamos vencer, nosso martírio não terminará nesse jogo contra a Tombense que está em terceiro lugar no grupo. Além de torcer contra o Floresta, no sábado,  e a Jacuipense, no final do domingo,  ainda teremos, no dia 25, a última partida contra o Botafogo da Paraíba – e ainda tendo que torcer contra nossos adversários diretos. E isso nos melhores dos cenários.

Nesse momento de agonia, é bom lembrar a frase de Tertuliano, um cristão fervoroso: “Credo quia absurdum est”, ou seja, eu acredito porque é absurdo. Para o pensador nascido em Cartago, a fé, ou esperança, era superior à razão. Para Nietzsche, ao contrário, essa frase representava a bandeira de um fanatismo extremado. Fernando Pessoa, que não era besta,  transformou-a  poeticamente: “Nunca fui mais que um boêmio isolado, o que é um absurdo; ou um boêmio místico, o que é uma coisa impossível”.

E aí, cara leitora, caro leitor: você é alguém que ainda acredita, apesar de absurda e muito improvável nossa continuidade na Série C ou acha que acreditar, assim como demonstrou Roberto Fernandes na sua entrevista após a derrota contra o Altos, é coisa de fanático? Vale a pena ter esperança nessa fatídica reta final ou devemos jogar a toalha e nem ligar mais?

Irei acompanhar as resenhas durante a semana e tentar entender – o que acontece a cada jogo – qual será nossa escalação para essa tarefa quase inglória. Creio que nem o mais fanático torcedor do Santinha soube, de cor, todas as escalações nessa temporada. Era mudança que só a porra.

No domingo, após a alegria do sábado, começarei o dia tomando umas no Mercado da Boa Vista e depois em Seu Sebastião no Pátio da Santa Cruz. Irei para casa meio chapado para assistir a essa peleja que, queiramos ou não, possui algo de histórico. Só saberemos se o final de semana foi todo bom no final do domingo após os jogos do sábado e do próprio domingo. Ou se o final de semana trará uma nova tragédia para tricolores corais das bandas do Arruda.

Só o tempo dirá, além do time em campo, claro… e da sorte. Tem que ter muita cerveja gelada, um coração muito forte e uma porrada de palavrões para serem gritados durante o jogo. Bora ver. De minha parte, apesar de filósofo e prezar, antes de tudo, pela racionalidade, vou me entregar ao poder transcendente do futebol e da paixão pelo Santa Cruz – e olha que já há um elemento místico aí – e me permitir acreditar um pouco. Muito pouco mesmo. Quem sabe? Credo quia absurdum est ou Credo quia Santa Cruz est.

Salve meu Santinha!

4 respostas para “Credo quia absurdum est.”

  1. Em primeiro lugar como assim ZECA? Avô!! certo nunca o vi mais gordo ou mais pai… só o encontro nas linhas deste blog que nestes tempos isolados,( e pra nós desolados)foi sempre um prazer.

    Segundo, você nos coloca entre a cruz e a espada ter esperança às vezes é um último recurso para a mente e principalmente para o coração tricolor… Pra mim foi mais fácil acreditar que o blog retornaria.

  2. Eu acredito no absurdo. Mais o maior absurdo de todos não será se acontecer a salvação…Mas eu com orgulho, beijar o escudo do Santinha bater no peito e gritar: É série C p****. E aparecer no dia seguinte feliz e esperançoso que dias melhores virão.

  3. Deixa eu opinar sobre como chegamos a essa situação.

    1. Fora de Campo

    O Pro Santa era a mudança certa numa hora errada. Numa hora em que o clube perderia a sua principal receita que é o torcedor no Estádio (verdade que ninguém na época imaginava que duraria tanto tempo). Mas quem chegou, diante disso, tinha que chegar com bala na agulha pra “molhar” o elenco pois não era hora pra “enxugar” o futebol. Acho que houve um menosprezo do Pro Santa em relação a dificuldade da série C demonstrando certo desacerto ou desconhecimento da realidade de mercado. Como que acreditassem que com qualquer uma dúzia de contratados resolveria, afinal era apenas a série C. Então ficamos sem público no Estádio e sem a “bala na agulha” que os antigos tinham, sem transparência, mas tinham, em determinados momentos de crise do nada apareciam com ela.

    2. Dentro de campo

    Aqui cito três fatos cronológicos, sem muito rodeo, que foram determinantes na minha opinião pra atual situação de nosso time:
    a) O retorno e a insistência em Bileu, (com todo respeito ao profissional)
    b) A varredura da comissão técnica e jogadores da temporada anterior
    c) A saída de Chiquinho.

    Perdemos o prumo.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *