Conversando Água #19

O programa Conversando Água, na edição 19, trouxe um debate muito esclarecedor sobre a SAF no Santa Cruz. A galera convidou Frederico Dias e Esequias Pierre (ambos advogados) para debater a questão. Para quem quer analisar o tema a partir da racionalidade e sem paixão, indico demais dá uma sacada nesse bate-papo.

A fala de Fred foi exemplar e irretocável: explicar, a partir da legislação, quais são as atribuições da SAF e como se dá seu funcionamento. As leis Zico e Pelé deram a falsa ideia de que a SAF seria a grande solução para o futebol brasileiro. Mais o buraco é bem mais embaixo.

A SAF atual não coloca ações na Bolsa, é feita a partir de escolha dos clubes, visa atrair investidores donos, surgem dois clubes (a associação e a SAF vivem lado a lado) e o departamento de futebol é que estará atrelado à SAF. Além disso, todo ganho com o futebol vai para a SAF como cota de televisão, patrocínio e organização de espetáculos. Haverá dois presidentes no Santa Cruz.

E as dívidas de 245 milhões de reais? A dívida não vai acabar. A lei determinou que a SAF arque com até 20% da dívida da associação, ou seja, a SAF não vai resolver magicamente as nossas dívidas oriundas de falcatruas históricas que assombram o Santinha e criaram essa dívida absurda que enriqueceu muita gente. Havia dito antes citando o Valor Econômico: SAF é solução cosmética. Calcule aí 20% de 245 milhões. Recuperação judicial ou extrajudicial se faz de todo jeito, independente de SAF.

O Arruda irá integrar o capital dessa SAF? Como ficarão os sócios? E a patrimonial? Qual cota será vendida? São diversas questões mal explicadas ou não explicadas e tocadas às pressas. Transparência não é o forte do ProSanta. Palavras de Fred: “Ninguém vai vir para o Santa Cruz porque gosta do Santa Cruz. Esqueçam isso. Vem para ganhar dinheiro. Como donos, não haverá interferência do sócio, conselheiro ou do torcedor”. Lucidez total. Não haverá nada atrelado a resultados.

Historicamente sabemos de clubes SAF que as dívidas aumentaram e não diminuíram como esperavam. Diminuir 60% de nossas dívidas já seria um sonho. E qual investidor não irá querer ser majoritário? Quem compra dívida para não ganhar com essa compra? Acreditar no contrário é ser movido pelo desespero e uma paixão cega. Papai Noel não existe.

A fala de Esequias expressou sua desconfiança de como o processo está sendo feito dentro do clube. Defende que nem tudo pode ser feito por um assembleísmo. Isso é natural: há expertise para decidir questões urgentes e fundamentais. Posicionando-se contra a SAF, explicou que o Santa Cruz deve ser propriedade do sócio, é patrimônio da sua torcida, tem tradição, história popular.

Segundo Esequias, “nós elegemos uma diretoria que reclamou muito e se elegeu com a bandeira de ser contra dois clubes dentro de um. A diretoria que viria seria contra a criação de ‘outro’ Santa Cruz”. Muito bem lembrado. Ou seja, a aposta na mudança de nosso estatuto como uma maneira racional de mudar nossa realidade era só balela? Ou, na verdade, as questões cruciais não foram mudadas?

Esequias falou aquilo que eu disse no post anterior sobre a SAF: há temeridade em como as coisas estão sendo feitas dentro do Santinha. Parece que há uma pressa exacerbada para uma coisa muito sensível. E isso a partir de uma lei que tem cinco meses. Preocupação é a palavra do dia. Quem está tocando o processo? Sabemos de cinco consultorias envolvidas. O legal do debate – que por ser longo e aprofundado não dá para falar sobre tudo aqui – é que há opinões diversas sobre o tema. Continuo com minha opinião: SAF é o c…

Segue o link para vocês sacarem a conversa. Vale demais.

Link: https://www.youtube.com/watch?v=0vzq08AnPGY&t=3007s

E sábado Waltergol mete dois no Do Recife. Salve meu Santinha!

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