Minha cobra.

A Troça Carnavalesca Mista Ofídica Erótica e Etílica Minha Cobra colocou à venda sua camisa do Carnaval 2022. Na verdade, um Carnaval que será reservado à elite em lugares fechados – coisas da pandemia e de nossa eterna lutas de classes.

O petardo erótico ofídico custa R$ 60,00, inclusa a entrega para Recife, Olinda e Jaboatão e pode ser adquirida com Gerrá ou Esequias. O contato de Gerrá é 99976.8985 no Zap e @gerralima no Instagram. O de Esequias é 99917.3959 no Zap e @esequiaspierre no Instagram. Após as festas de final de ano, irei adquirir a minha. Fala lá com os caras e garante já a tua.

O mais lindo dessa camisa é a homenagem às mulheres corais. Todo ano os caras surpreendem com uma arte arretada demais. Já foram diversas homenagens, mas essa é muito especial. Se o bloco não vai contagiar a multidão nas ladeiras de Olinda, ao menos vou tomar umas em Seu Sebastião no Pátio da Santa Cruz vestindo essa belezura. Naná ficaria feliz demais em ver essa camisa, tenho certeza.

Enquanto isso, na terra do futebol brasilis, a notícia que mais corre por aí foi a compra do Cruzeiro por Ronaldo Fenômeno e a iminência da compra do Botafogo por um investidor da Premier League. Esse papo de clube de futebol virar SAF (Sociedade Anônima de Futebol) parece a maior solução de todos os tempos para todos os problemas futebolísticos do mundo. Entretanto, me lembra muito aquela prática neoliberal de devastar as instituições públicas, acusá-las de ineficiência e privatizar por uma mixaria.

Clube de futebol é patrimônio do povo. Na lei recente sobre SAF, no Brasil, uma das poucas cláusulas para manter a tradição é a manutenção das cores, nome e escudo do time. O resto é empresa privada. O que a torcida poderá fazer contra uma empresa privada? Nada. Daí que o verdadeiro papel das torcidas organizadas – para além da violência estúpida que possui outras causas (depois falamos disso em outra postagem) – é fiscalizar a administração de seu clube do coração.

Por isso não creio que a SAF seja a única e infalível solução. Outros clubes SAF se fuderam. Comecei a pensar que a torcida deveria cobrar e pressionar também o conselho deliberativo. A presidência é um estágio dentro dessa cadeia e não é o único. Temos o direito de exigir ações concretas, transparência e pertencimento ao Mais Querido. O conselho, faz tempo, parece uma cambada de mortos. Porra, acordem! Estamos falando do Santa Cruz, caralho!

Assim como na vida política, a ação da torcida não pode se resumir a eleger sua presidência. Como disse antes, a Inferno, Minha Cobra, organizações de sócios e a torcida em geral devem ter o poder de interferir de maneira democrática na vida de seu clube em todas as esferas que forem possíveis.

Temos a obrigação histórica de interferir no ressurgimento do Santinha. Um chamado que deve atingir toda e todo tricolor que realmente ama o Santa Cruz e sabe de sua importância em nossas vidas. Sempre com racionalidade, determinação e vontade. Sem vontade, nada muda.

Por fim, dia 24 de janeiro de 2022 estarei no Arruda na abertura do Pernambucano contra o Afogados. Vai ser muita emoção voltar ao Mundão. De Kléver a Matheuzinho, com a exceção de Walter, muito possivelmente teremos que, aos poucos, ir aprendendo que time será esse. Mas otimismo sempre: coisas de tricolor coral das bandas do Arruda.

Salve meu Santinha e Minha Cobra!

Derrotismo nem com a porra!

A lista de incompetência do ProSanta – ou será Joaquim ou será ALN – é imensa: a fachada só teve a reforma na parte da Volt; a manutenção do estádio fica por conta da torcida; a promessa de um elenco de qualidade foi por água abaixo; o planejamento para aumentar o número de sócios foi uma alucinação que parecia que seríamos um Barcelona da vida; o estatuto daria profissionalização administrativa ao clube; estaríamos, agora, na Série B; os salários deveriam estar em dia; o ônibus era para estar mais lindo do que desfile do Galo e, por fim, teríamos transparência contábil e um marketing arretado.

Nada disso se confirmou. A torcida foi ludibriada pelo IPC e pelo ProSanta e agora amargamos, mais uma vez, o fundo do poço. Mas já estivemos aqui antes. Lembrei-me, lendo muita gente dizendo nas redes sociais que o Santinha vai acabar em 2023, de uma cena do extinto seriado Two and a Half Men. O irmão pobre, Alan Harper, acaba de sair de um divórcio em que perde tudo: apartamento, dignidade e amor próprio. Para completar, o caba ainda tem que pagar uma grana monstruosa para a ex-esposa. Ele fica arrasado e entra em depressão profunda.

Ele passa alguns dias apenas deitado na cama no escuro. A família tenta reanimá-lo para a vida e nada. Apenas escuridão, solidão e desespero. Então chega sua mãe, Evelyn Harper. Ela olha o filho naquele estado de miséria e solta essa: “Oh, Alan, você precisa reagir. Pense comigo: você pode afundar ainda mais? Não. Você já está no fundo do poço, não tem mais aonde ir. Só pode subir. Simples assim”.

Essa tomada de consciência de que já se está no fundo do poço é paradigmática. Alan Harper bate a poeira e sai do quarto. A vida segue, por mais fudida que seja a situação. Para quem acredita em vida após a morte, até solução para a danada tem.

Por isso que não comungo com esse espírito derrotista que está assolando boa parte da torcida coral. Estamos no fundo do poço, é fato. Acabou-se tudo? Nem com a porra. Sabe por quê? Porque temos uma torcida arretada demais e é ela, e apenas ela, quem vai devolver nosso lugar ao Sol.

Se fizerem tanta lambança que o clube nem consiga permanecer na Série D e no A1 do Pernambucano – e isso pensando no pior dos cenários – não tenho dúvidas que essa torcida invade as dependências do Arruda e toma o poder na marra. Revolução mesmo, bem ao estilo Fred Hampton: revolution is the only solution! (A revolução é a única solução!).

Vai com esse derrotismo pra lá. Eu sou tricolor coral das bandas do Arruda e não desisto nunca. Em um mundo apocalíptico, nossa torcida se organiza de verdade e toma tudo. Aí teremos, enfim, uma administração do povo e para o povo. Sim, digo povo porque o Santa Cruz Futebol Clube nasceu e viverá sempre a partir e pelo povo.

Somos povão, caralho! Se esses crápulas sugadores do nosso sangue, esses incompetentes que drenam nossa riqueza com uma facilidade assombrosa acham que podem enterrar o que é Imortal, sinto muito, mas estão absolutamente enganados.

Eu quero ver a Inferno Coral, Minha Cobra, associações de torcedores corais e a porra toda se organizando para dizer um basta em tanta filhadaputagem! Organização popular é a chave. Quando o povo quer, sai de baixo porque é atropelo. Basta querer. Pois é, revolution is the only solution!

E viva sempre o meu Santinha Imortal!

Capital tricolor.

O Santa Cruz possui três grandes patrimônios: o Arruda, sua História e a torcida. O último é quase um caso psiquiátrico. No dia 04 de dezembro, a loja da Volt foi inaugurada. Deu gente que só a porra. Foi uma festa arretada. E o mais incrível: mesmo com o time sem jogar, ainda tentando arrumar a casa para 2022, essa torcida apaixonada foi lá e comprou mil camisas em 24 horas. É muita maluquice.

Esse é um capital que o Santinha precisa saber usar a seu favor. Recentemente acompanhei a entrevista do advogado Cláudio Pracownik. Ele é sócio e diretor executivo do Brasil Prural Banco Múltiplo S.A. O caba é especializado em finanças esportivas e sua empresa atua no ramo. Sabe qual seu maior feito? Ele foi alçado à condição de vice-presidente de Finanças do Flamengo. Sabe o resultado? Nem precisa dizer. O Flamengo saiu de um caos terrível para um clube competitivo, que chama a torcida e briga no futebol.

O ProSanta ensaiou esse papo de clube empresa. A diferença é que Pracownik soube usar o capital humano do Flamengo – funcionários, atletas e principalmente a torcida – alinhado com o capital financeiro. Atraiu uma porrada de investimentos para o clube que conseguiu se soerguer. Mas ele foi bem claro: não é uma tarefa que vai ser feita de um dia para o outro. É preciso mudar a “ecologia do futebol”. Precisamos de uma empresa desse naipe e urgentemente.

Para se ter uma ideia do poder de nossa torcida e de seu potencial como fonte segura para reerguer o Mais Querido, basta ver como, em pouco tempo, a Volt já aportou um capital de 1,5 milhão de reais. É o que se chama de combustível financeiro. E quem impulsionou isso? Um marketing bem feito e uma torcida insanamente apaixonada.

Enquanto isso, seguimos contratando. O executivo do Santa Cruz informou que teremos um elenco pronto em 2022. De boa, só acredito vendo. Tem muita gente nova que não conheço, tenho que admitir. Segundo especialistas, a média de altura dos jogadores é alta e as idades mesclam muita gente nova com uma galera mais experiente – o que, creio, é essencial para obtermos sucesso.

É preciso compreendermos, em definitivo, que gerir um clube de futebol necessita de expertise administrativa em todas as áreas de sua existência. Usar esses três patrimônios citados como capital a favor de nós mesmos é algo que parece tão básico que beira a estupidez não usá-lo.

Bastou uma arrumadinha na fachada da sede e a torcida já fica toda orgulhosa. Puta que pariu, temos que usar essa paixão para que o Santinha volte a ser o clube grande que está em sua vocação original. Essa é nossa dimensão mais atávica.

Saber articular o mercado futebolístico com nossa História, o Mundão do Arruda e essa torcida enlouquecida de paixão é algo que nos parece quase natural de ser usado a nosso favor.

O que precisa? Algo que sempre falei aqui: racionalidade, inteligência, amor ao Santinha, expertise e vontade, muita vontade de entrar para a história desse clube como “aqueles que nos devolveram o orgulho”. Não é pouca coisa não. Foda é ficar conhecido como “os piores de todos os tempos”.

Salve meu Santinha sempre!

Só coisa boa.

Prometi a mim mesmo que, até o retorno do Campeonato Pernambuco, não vou mais comentar as lambanças de “vocês sabem quem” por aqui. Vou tentar – juro que vou tentar – só falar de coisas boas. E isso deve ser uma tarefa quase impossível, para lá de ingrata diante de nossa realidade. Mas vamos lá.

A primeira e mais maravilhosa notícia boa do ano é que nasceu, em novembro, o filho de Samarone e Aura. O mais novo e pequeno tricolor coral das bandas do Arruda se chama Samir. O nome possui origem árabe ou sânscrita– na Bíblia é o filho de Mica e neto de Uziel –  e pode significar “vigoroso”, “animado”, “vivaz” ou “brisa de verão”. Que essa nova vida possa trazer bons fluídos cósmicos para o Santa Cruz. Que uma brisa vigorosa de alegria – essa mesma que invadiu o casal e a todos os amigos e amigas – possa chegar até o Mais Querido como um refrigério de novos tempos. Salve Samir!

A outra notícia que deixou a torcida coral para lá de feliz foi o rebaixamento antecipado do Do Recife. A Coisa se lascou todinha e vai amargar longos anos na Série B – isso se não cair para a C como todos  nós torceremos – o que é bom demais. A greia nas redes sociais e no zap é para se lascar. Não adianta dizer “mas és D”. Oxe, meu filho, se lasca pra lá. Se liga não. E a gargalhada é incontornável.

Bom também saber que a Greenleaf está retornando para tomar conta do gramado mais do que surrado do Mundão. O bichinho precisa de um cuidado arretado. A galera já está se mobilizando para limpar e pintar todas as dependências do estádio. Vai até ter mobilização geral nesse sábado, dia 04, às 09 horas, para ajudar nessa tarefa. Haja trabalho. Dia 04 tem a inauguração da loja, jogo das crianças e acesso ao gramado a partir das 12 horas.

A Volt será a nossa parceira de produtos do Santa Cruz. Mal lançaram uma camisa e o pau já começou nas redes sociais. A mágoa dessa torcida está grande e é preciso muita coisa para amenizar os ânimos. Achei a camisa que apresentaram – com um V de Vingança no meio – feia pra caralho. Mas, como repetiria Hegel, De gustibus non est disputandum. Por mim, se lançarem a clássica com listras verticais, me dou por satisfeito. Mas temos que ser honestos: o escudo com escamas de cobra ficou arretado demais.

O grupo de atletas está se apresentando e treinando. 14 jogadores já começaram os preparativos e o resto vai chegando aos poucos. Walter está todo animado. Vai ser cana. Tem muita gente da base. Parece consenso que é preciso mesclar essa juventude e inexperiência toda com gente mais experiente.  Espero que Jordan permaneça. Tem jogador que, sinceramente, nunca ouvi falar. Como gato escaldado tem medo de água, só darei uma opinião sobre o elenco quando começar a pré-temporada.

Dudu Mandai, de 28 anos, lateral-esquerdo, foi contratado. Estão sondando o retorno de Memo.  Tem experiência, isso é fato. Estava no futebol indiano na primeira divisão. Sacaram? Samir…Memo…Índia…Brisa de Alegria…Bora ver.

Isso é o que chamo de contornar a tempestade: falar de coisas boas em meio a um turbilhão de desacertos. Mas ser tricolor coral das bandas do Arruda sempre foi isso: acreditar, torcer e amar, sempre, o nosso Santinha. Na alegria ou na tristeza, na saúde ou na doença. Eita casamento louco da porra.

Salve meu Santinha!