O melhor aniversário da vida dela

Ela veio com a determinação dos craques. Parecia um artilheiro que sabe a hora exata de dar o drible e fazer o gol.

— Papai, preciso falar um negócio contigo!

— Diga, minha filha.

— Tu sabe que meu aniversário tá chegando, né? Então eu queria que você realizasse um sonho meu.

Com essa ginga, ela já deixou o experiente zagueiro meio bambo.

Olhou nos olhos dele e continuou a jogada sem deixá-lo esboçar alguma reação.

— Sabe qual é meu sonho? Eu queria comemorar meu aniversário de nove anos no Santa Cruz. Queria que tu conseguisse que eu e meus amigos jogasse bola no campo.

Com essa, ela desmanchou o zagueirão e ficou de frente pro gol.

Finalizou o lance com um lindo arremate.

— Sabe o que é, papai? É que na minha sala só eu torço pelo Santa Cruz. E aí, eu queria levar meus amigos para conhecer lá. Queria que eles vissem o Santa de perto.

A garota meteu a bola no ângulo. Fez um golaço. Um gol de anjo.

Abri um sorriso e lhe dei um abraço.

— Vou tentar, filha!

Ela me beijou. Os dois olhinhos eram brilho puro.

Saiu para concluir a tarefa de casa e eu fiquei como uma criança que ganha o melhor presente do mundo.

Passei alguns dias pensando e projetando como seria a festa. Troquei umas ideias com a mãe e começamos a desenhar o aniversário. Levaríamos a criançada para conhecer as dependências do clube e ao final faríamos uma pelada de futebol.

A primeira providência foi olhar a tabela pra ver se iria haver jogo. Tivemos sorte. O Santa Cruz jogaria na quarta-feira no Arruda contra o Juazeirense e depois no domingo, contra o Central, em Caruaru.

Como eu sabia que não seria possível jogar no gramado do Arruda, liguei para o campinho society. Pra minha felicidade, tinha horário disponível no sábado pela manhã.

Procurei saber com quem deveria falar no clube sobre o assunto. Me indicaram conversar com o pessoal do marketing. Fui, batemos um papo e o “projeto” ficou pronto. A meninada iria fazer um passeio pelo clube, começando na Sala de Troféus, depois visitaria o estádio, os vestiários e se possível o gramado.

Quando eu disse a ela como a gente estava pensando em fazer e perguntei se tava bom, a menina se desmanchou em lágrimas misturadas com sorriso.

Impomos apenas uma condição: não seria permitido a entrada de ninguém que estivesse vestido com camisa de outro time, a não ser a do Santa Cruz. A única exceção seria para camisa de clubes do exterior ou de alguma Seleção.

Sábado passado, fizemos a festa.

Amigos, primos e colegas da escola. Quase 40 crianças percorreram os caminhos da nossa sede e do nosso estádio. Foram as tribunas de honra, cabine de imprensa, vestiário. Conseguiram tirar fotos com alguns atletas. Ficaram alucinados.

Um deles chegou e disse baixinho:

— Tio, eu sou do Sport. Mas estou adorando isto aqui.

Uma das amiguinhas me perguntou se eu podia levá-la para assistir a um jogo no Arruda. Outra, ao chegar em casa, disse ao pai que ele deveria mudar de time e ser do Santa Cruz.

E a aniversariante, quando terminou os parabéns, me abraçou e disse:

— Papai, eu te amo! Esse foi o melhor aniversário da minha vida.

Caruaru, aí vamos nós!

Serviço de Utilidade Pública

Quem quiser ir a Caruaru e ainda não sabe como ir, seguem abaixo algumas sugestões:

Caravana da Portão 10. A turma é bem animada. Cantam e gritam o tempo todo. Bebem um bocado. A turma do Portão 10 tem um lema que é nunca vaiar o time.

Quem tiver interesse, é preparar o gogó e pagar 25 reias.

Ônibus de David. David é aquele cara que vende coisas do Santa Cruz na entrada da sede. Não sabemos o valor, muito menos a hora que vai sair. Só sabemos que, como sempre faz,  ele está organizando um ônibus para ir ver o Mais Querido jogar contra a Centralina do Agreste.

Kombi Coral. Tudo depende da recuperação de Naná que ainda está entregue ao DM. Caso ele se livre da Chicungunha, a Kombi Coral vai para Caruaru. Se tudo der certo, ela sai por volta das nove horas, do Poço da Panela direto para o Alto do Moura. De lá, para o Lacerdão. Pelo que soubemos, ainda restam duas vagas.  Mas como dissemos no inicio, a Kombi, ou melhor, Naná ainda é dúvida para partida de domingo.

Doublô de Ezequiel. Sai das imediações da Praça do Rosarinho, exatamente às 7 horas da manhã. De acordo com Ezequiel, o roteiro inclui uma parada em Encruzilhada de São João, bode assado e cerveja na feira de Caruaru e, a depender do resultado, comemoração nos arredores do Lacerdão. De acordo com o que nos chegou, quem for na Doublô vai ter direito a água gelada, cerveja, pitu, amendoim e castanha.

São 6 vagas, o preço é R$ 90,00 por pessoa e tem que estar vestido com a camisa do Santa Cruz.

Ônibus Intermunicipal. Uma opção muito boa pra quem não quer se preocupar com bafômetro e nem com horário marcado, é ir de Caruaruense.  A partir das 6h50 da manhã, com intervalos de 1h, saem ônibus do TIP. Quem tiver mais folgado pode ir no executivo. Já quem tiver meio liso, o jeito é ir no ônibus comum, o famoso pinga-pinga. Mas que optar por ir de busão, é bom se ligar na volta, pois o último coletivo sai da Capital do Forró às 20h.

Então, nobres tricolores corais santacruzenses das bandas do Arruda, é esquecer as doidices do treinador, a ruindade de alguns atleta, subir a Serra e ir ver o Santa jogar. Quem souber de outras alternativas para irmos para Caruaru, informe aí nos comentários.

O mosquito, as provas, tudo agora é desculpa…

Amigos corais, liguei para Naná, da Kombi Coral, para saber o horário da saída do referido veículo para o Arrudão.
“Rapaz, tô fudido, cheio de dores, foi a Chikungunha”, disse.
Está de molho. Não vai ao jogo.
Júlio Vilanova, do Cordas e Retalhos e dezenas de outros blocos, professor da UFRPE, já antecipou que está “cheio de provas para corrigir”, orientações as mais diversas, aulas etc.
O mais estranho é que as aulas começaram agora, e ele já está lotado de provas.
O senhor Inácio França fechou um negócio da China – comprou uma terrinha em Ouricuri, onde pretende fazer sua chácara para passar os finais de semana. Viajou ontem para dar a primeira capinada no terreno, retornando somente somente na segunda-feira.
Nunca vi tanta desculpa esfarrapada.
O professor Marçal, um amigo novo que é tricolor pacas, está de ressaca desde a sexta passada.
Só confirmaram presença, até agora, Gerrá Lima e o senhor Esequias Pierre. Os dois pretendem tomar umas num espetinho e de lá, seguir para o Arruda.
Se bobear, seremos apenas três no estádio. Esequias na geral, eu na arquibancada, e Gerrá nas sociais.
Quem entende essa torcida?

Tá lasca!

Na última sexta-feira, fui convidado para bater uma papo com uma turma que está fazendo umas entrevistas e filmagens para um documentário que falará sobre os grandes clássicos mundiais.

Por volta das 15h me mandei para o Arruda. Como fui pego meio de surpresa, esqueci de levar o manto coral e aí, me deram uma camisa da comissão técnica.

Por alguns minutos, em pé ao lado do gramado, me imaginei treinador de futebol. Por alguns instantes me vi no comando do time do Santa Cruz.

Aproveitei minha viagem e dei uns esporros em Daniel Costa: “porra, tu é doente, tás com chicungunha, lombriga, que porra é isso? Tem que dar o sangue, correr…, tem que ter raça, rapaz. Se continuar assim, vou mandar passar gelol no teu ovo, pra ver se tu corre!!!”

Dei uns gritos em Raniel: “Garoto, isso aqui não é pelada! Isso aqui é futebol profissional, caralho!”

Reclamei com Lelê, perguntei se Allan Vieira tinha engolido um cabo de vassoura, botei Vitor para treinar cruzamentos, pensei em novas contratações.

Mas ontem, assistindo ao jogo e depois os comentários do nosso treinador, vi que não tenho o menor cacoete para esta profissão.

Em primeiro lugar, para o sujeito ser técnico de futebol, ele precisa ser cego. O treinador de futebol normalmente enxerga o jogo de uma forma diferente. A torcida vê uma coisa, ele ver outra.

A arrogância é outra prerrogativa para o exercício deste cargo. Técnico de futebol nunca concorda com a opinião da torcida, muito menos com a dos jornalistas. Ele é o dono da verdade e pronto. Pode dar cachorro em trinta, mas ele não admite estar errado.

Todo tem treinador é intransigente. Ele sempre cisma que tal atleta tem que jogar do jeito tal, que fulaninho não encaixa e que sicrano não pode jogar ao lado de beltrano. A coisa é tão séria que tem uns “professores” que insistem tanto em mudar a característica de um atleta, que acabam atrapalhando a carreira futebolística do cara.

É por estas e outras que não levo o menor jeito para ser técnico de futebol.

Gostaria mesmo era de ser cartola.

Não toleraria a frouxidão de certos jogadores, nem a teimosia e cegueira do treinador.

Ontem, por exemplo, se eu fosse cartola do futebol do nosso Santa Cruz, era acabando o jogo e eu chamando todo mundo na grande.

Mas, enfim, nem sou treinador, muito menos cartola.

Então, como diria o mais apaixonado, vamos apoiar, né?!

Quarta-feira tem Copa do Nordeste. Vamos enfrentar um tal de Juazereinse. Um time que foi fundado em 2006 e que tem Tigre no gol, Deca na lateral  e Ebinho no ataque. É jogo pra se impor e golear sem piedade.

Só espero que a massa coral não farrape. Afinal de contas, por causa da televisão, o jogo é num horário bem legal para a torcida ir ao estádio.

A partida começa às 21h45.

A raça estampada no rosto

Essa semana, recebi umas imagens pelo zap. Eram fotos de jogadores do Santa Cruz dando pesada, voadora, pontapé, etc, tudo isto sendo usado como símbolo de raça.

Para mim, nos últimos anos, o que mais representa raça, é a coragem que João Paulo teve, quando enfrentamos o time da Abdias, em abril do ano passado. Mais precisamente no dia 05 de abril.

Vez em quando revejo aquele lance. Já nos últimos minutos da partida, lateral a nosso favor. A bola é lançada na área e nosso meia, sem se importar com a trava da chuteira adversária que vinha em direção ao seu rosto, mete a cabeça na bola e faz o gol

O sangue no rosto, a mancha vermelha na camisa! Aquilo é o que chamo de raça no futebol.

Na preleção de amanhã, aquelas imagens deveriam ser mostradas a todo elenco.

ps: Neste domingo, por voltas das 11h, a gente se despede da lendária Kombi Coral e faremos o batismo da nova Kombi de Naná. No Poço da Panela, é lógico!

A velha Kombi Coral, 16 anos depois, vai ganhar “Versão Série A” domingo, no Poço da Panela

Amigos corais, neste domingo, a partir das 10h01, teremos um fato histórico.
O sehor Evaldo Gomes de Moura, (este da foto), vulgo Naná, vai festejar a aposentadoria da velha Kombi Coral, que completou 16 anos dia 3 de fevereiro.
São 499 jogos, num caderninho que Naná guarda com todo carinho.
Tem todos os jogos, estádios, lotação da Kombi etc.
Como embaram na Kombi uma média de 15 pessoas por jogo, Naná deve ter levado cerca de 7.500 torcedores aos estádios da Região Metropolitana do Recife.
“Não dava mais. A bichinha está toda enferrujada, quebra direto. Também é foda. Ela está acompanhado o Santa desde 2000. Viu de tudo. Subimos, descemos, acabamos na pior, com a Série D, mas nunca falhou. Encerrou a carreira campeã estadual e na Série A”, diz Naná.  A nova, na verdade, é uma seminova, que Naná comprou de um amigo com um desconto.
“Não é que a bicha ficou pronta às vésperas do jogo na Ilha? De lá, só temos boas notícias”, comemora.
A seminova vai se inaugurada com amigos e todos os que quiserem “chegar junto”, para matar saudades das viagens malucas. Kombeiros históricos, como K2, Jota Peruca e vários outros forasteiros, estão sendo convidados.
“A partir das 10h vamos estar na frente da Sede para uma farra, tirar fotos, depois ver quantos vão caber na nova”.
Naná vai botar o panelão no fogo e quem quiser incrementar, é só chegar junto.
“Chegar junto” quer dizer o seguinte: quem quiser levar um tira-gosto, um pedaço de carne para botar no panelão, uma bebidinha, pode ficar à vontade. Se for cerveja, leve gelada.
Visivelmente emocionado, Naná diz que não imaginava ter feito tantas viagens assim.
“Só depois, com a ajuda de Seu Vital, que foi somando, é que fui vendo que foi muita quilometragem pelo Santa”, comemora.
Depois de “esquentar”, o Kombão Coral seguirá para a Ilha do Retiro.
“Como tem a Lei Seca e é bom ficar esperto, chamei meu primo, Boy, que não bebe, e ele vai dirigindo”.
Naná tem um sonho para este domingo.
“Seria a coisa mais maravilhosa se a Sanfona Coral desse uma palhinha, e se a “Moça Coral” viesse, usando a faixa. Mas eu sei que se ficar nublado, Xiló fica preocupado com resfriado, vamos ver se a Moça Coral vem”, disse.
Consultado sobre um possível “pocket-show”, o zabumbeiro Gerrá ficou invocado.
“Se for tocar para a massa coral em homenagem à Kombi, nós vamos. Agora, esse negócio de pocket-show é muita frescura!”.
O Blog do Santinha, que já fez várias matérias sobre o Kombão Coral, deseja muita sorte a Naná em seu novo veículo de lazer coral e de trabalho.

Serviço
16 anos da Kombi Coral
Local: A “Sede”, no Poço da Panela (próximo á venda de Seu Vital).
uando: Domingo que vem
Horário: 10h01
Colaboração: Leve o que quiser para beber ou ajudar no “Panelão de Naná”.
Crianças com menos de 7 anos, só acompanhada do pai ou responsável.

Ps. Eu estava certo, na postagem passada. Grafite não cortou o supercílio, como afirmou a crônica desportiva, mas a cabeça. Vi o esparadrapo. Impossível o sujeito ter um supercílio que vai até o cocoruto.

Breves apontamentos sobre uma derrota com gosto de vitória

Amigos corais, antes de ecrever meu texto semanal, evito ler os comentários. Se o Santa ganha, reclamam, se empata reclamam, se perde, reclamam. Se Ramon estivesse jogando, tinha cara dizendo que o chute dele estava meio fraco, que estava na barca etc. Ontem mesmo, no Arrudão, um amigo disse que achava Thiago Cardoso “fraco”.
Tudo bem, mas vamos aos fatos e contrafatos.

1. A bendita cerva gelada
Entrei no estádio com um amigo. Ele estava com um copão de cerveja na mão, quando foi entrando, pensou em tomar de gute gute, porque a PM não gosta de gente que bebe em estádio. Mas ele disse “vou testar”, e foi revistado, e passou pelos caras sem que ninguém desse um piu.
“Porra, me vinguei!”, disse ele, saboreando o precioso líquido.

2. O jogo em si, como dizem nas conversas
Primeiro tempo memorável. Um time que tocava a bola de forma consistente, cada um parecia ter feito aquilo desde criancinha. O Bahia, meu deus, parecia mais um time do interior do estado, jogando com medo da Cobra Coral. Acho que aos 15 minutos, o goleiro deles já estava fazendo cera.
O gol foi um vacilo, mas fica o meu registro. Vamos fazer uma bela Copa do Nordeste.

3. O gigante Grafite
Tem guente que ainda fala mal do nosso craque.
Ontem, na minha refinada opinião futebolística, o negão fez a melhor partida desde que desceu do helicóptero, ano passado.
Correu, bricou, tocou bola, driblou. Estava virado, com sede de gol. Se ele estava qurendo mandar recado para alguém, o recado foi dado.
Depois acertaram a cabeça do nosso ídolo, ele sangrou rios, foi operado à beira do campo sem anestesia e voltou. Acertaram outra, ele voltou a sangrar, nova cirurgia, mais 15 pontos e não conseguiu. Gerrá, que só assiste jogo nas sociais, disse que ele saiu puto, porque era para terem feito uma nova cirurgia para voltar e marcar dois golaços.
(Vi agora no site do Santa que o nosso craque teria se cortado no supercílio, mas pra mim, olhando da arquibancada, a cacetada foi na cabeça. Pode ser um questão de ponto de vista, mas que o bicho estava comendo a bola, estava. Além disso, corte na cabeça é bem mais dramático do que no reles supercílio).

4. Juiz ladrão, bandeirinhas batedores de carteira
Um dos piores tipos de juízes que acho são aqueles que ficam invertendo faltas, matando jogadas, irritando os jogadores, torcedores.
O trio de ontem foi uma desgraça e prejudicou o Santa Cruz. “Prejudicou” é eufemismo. Ele roubou descaradamente. Até o pênalti clarísisimo o miserável sonegou ao Mais Querido.

5. Reforma urgente!
O presidente já anunciou uma reforma nos próximos dias, espero que comecem logo, porque ontem fui inventar de ir ao baheiro da arquibandaca e quase voltei da entrada. Um negócio medonho de imundo. Ontem não era questão de reforma, mas de alguém ter se lembrando ao menos de limpar, antes do jogo.

6. Dirceu Paiva e o afilhado
Antes do jogo, tive a oportunidade de dar um abraço no gigante Dirceu Paiva.
“Cadê seu afilhado?”, perguntei.
“Tá por aí”, respodeu.
Andei mais dez passos e encontrei Esequias Pierre, afilhado de Dirceu.
“Encontrei teu padrilho agorinha”.
“Onde? Vou lá falar com ele”.
Já repararam que nenhum dos dois citou o nome um do outro?
Amizade verdadeira é um troço que me comove.

6. Confiança
Agora é arrumar o matulão para ir ao jogo contra o Confiança, na próxima quarta-feira, em Sergipe.
O Santa jogou tão bem, que os atletas só não podem mesmo é entrar em campo com excesso de confiança, perdão pelo trocadilho.

7. Polêmica
Discordo do site do Santa. Para mim, o corte foi na cabeça de Grafite.

Nota
Até quarta-feira devemos anunciar o nome do novo cronista deste afamado Blog, que vai se juntar a mim e Gerrá Lima na luta com as crônicas corais. O negócio está quase fechado, mas há algumas exigências extras, que estamos correndo atrás. Ele insiste que deve ter uma mesa redonda semanal com a turma do Blog. Estamos negociando com a TV Coral. Mas até quarta o nome dele deve ser anunciado em entrevista coletiva, direto da nossa redação.

Menina pega aqui na Minha Cobra

Muitos não imaginam a trabalheira que dá para botar uma Troça na rua. Principalmente quando essa Troça tem além da orquestra, uma cobra de quase 25 metros.

A turma começa os trabalhos logo após o carnaval. É reunião de avaliação, planejamento para o próximo ano, acerto de contas e outras coisas.

Depois vem a ilustração da camisa, a cotação nas malharias, a procura de apoios e patrocínios, etc e tal.

Camisas prontas, é hora de cair em campo para vendê-las.

Para carregar a Cobra, são 15 pessoas. Quem faz isso é a turma do Poço. São onze no corpo, dois na cabeça e mais dois na coordenação. Os coordenadores são Ninha e Boy. Eles é que cuidam da compra do lanche, da água e ficam no corre-corre coordenando a turma que carrega a Cobra. “Levanta a cabeça, estica mais, segura um pouco, anda, bora, bora….”, é o falatório deles durante o arrastão. Naná é o cara que cuida do transporte de toda essa galera. Esse ano, ao invés de dar algumas viagens na Kombi Coral, ele sugeriu alugar um ônibus. Sugestão que acatamos na hora.

Nessa brincadeirinha, são 15 na cobra, mais uns 30 na orquestra e mais dez nas cordas que protege os músicos.

Tem também, Sebastião. O artista plástico que fez a Cobra. Todo ano é ele quem fica responsável pelos concertos na nossa ofídica.

Sebastião é um andarilho e é desses caras que vivem numa boa, sem pressa e sem se preocupar com o corre-corre da vida. Certa vez, acho que no carnaval de 2014, faltando uns quatro dias para o sábado do Galo, ligo para ele para saber como estavam os serviços. Ele me perguntou porque tanta pressa. O cabra achava que o carnaval só começaria umas duas semanas depois. Este ano, quando telefonamos, ele estava em Petrolina e calmamente nos disse que estaria voltando na semana pré-carnavalesca.

Depois de dar o grau na Cobra, a gente tem o trabalho de levá-la, junto com o estandarte, para Olinda. Na semana pré, a Cobra e o estandarte ficam guardadas numa casa na rua de onde a Troça sai.

E aí, vai chegando a segunda-feira de carnaval. Uma ansiedade toma conta da gente. Um nervosismo bate e ficamos na expectativa que tudo dê certo.

No dia, às seis hora da manhã, começa telefone a tocar. É um acordando o outro. É mensagem pra lá, mensagem pra cá.

Tudo sossega, quando a orquestra toca seus primeiros acordes e a Cobra levanta.

Nessa hora a massa coral solta o grito e se joga no frevo. Nessa hora, a gente relaxa porque não tem mais volta. A Troça Minha Cobra está nas ruas e ladeiras, fazendo de Olinda um pedaço do Santa Cruz.

Ao final, uma saudade da boa e um olhada no calendário para ver a data do carnaval do ano seguinte.

 

Bacalhau tá na pior!

Não é comum o Blog do Santinha publicar links.
Mas estamos falando de Bacalhau.
Vai o link do site do Santa.
Vamos ajudar, caralho!

http://www.santacruzpe.com.br/futebol-profissional/santa-cruz-presta-apoio-e-trabalha-para-recuperacao-do-torcedor-bacalhau

Aos 102 anos, o velho Santa Cruz nunca esteve tão moço

O cara ser amigo de Esequias Pierre tem que estar preparado para emoções diárias. Ontem à noite eu estava tomando minha singela sopa de feijão, no “Sukito”, defronte ao Parque 12 de Maio, quando resolvi ligar e saber o que ele andava fazendo.
“Rapaz, estou aqui na Praça do Arsenal, vim dar um abraço em Bráulio de Castro, autor de várias músicas do Santa. Passa aqui que a gente olha o bloco dele, depois vamos ao Poço da Panela, ver o Urso Boa Pinta e te dou carona até em casa”.
O sujeito é disposto, tem carro e quando está dirigindo, não bebe. Além disso, é doido do juízo pelo Santa. Ou seja, o amigo perfeito.
Paguei a sopa (R$ 5,00) e encontrei meu amigo. Pra variar, estava conversando e gesticulando muito com Robson Sena. Eles fazem tanta coisa que sugeri a criação de uma empresa de eventos, a “Pierre e Sena Associados”.
Demos uma volta, falamos com Bráulio. No caminho para o Poço, ele me falou que no dia seguinte (hoje), teria uma pelada no Pátio de Santa Cruz, para celebrar os 102 anos do Santa.
“Só se for”, pensei. A única pelada que funciona às seis da manhã, há vinte anos, é a dos “Caducos F.C”, do Poço da Panela.
Vimos o Urso Boa Pinta e ele, de fato, me deixou na porta de casa.
Hoje acordei às 5h30.
“Vou lá, ver essa invenção de Esequias”.
Cheguei de bicicleta no Pátio às 6h20 e os dois times já estavam aquecidos, com padrões, chuteiras, bola etc. Robson Sena, claro, estava em um dos times.
A pelada dos 102 anos do clube coral teve como destaque o atleta Gerrá Lima, meia de armação clássico, que fez o gol da vitória dos “novos” x “fundadores” do Santa. Foi elogiadíssimo pela crônica desportiva presente: Rodolfo Aguiar e Sílvio Ferreira.
Vai sair matéria na Globo Esporte, a mais tarde.
Foi um belo começo de manhã, lembrando aqueles bravos rapazes que criaram uma nação. Rodolfo Aguiar, ex-presidente coral, falou da história do Santa, lembro da força de sua torcida. Alírio Moraes, o atual presidente, lembrou do momento presente, os desafios dentro e fora do campo (como o de melhorar o acesso ao estádio), para que o clube tenha um futuro sólido. Esequias agradeceu a todos que compareceram e conclamou a torcida a não se contentar apenas em ser sócio e ir aos jogos, mas em participar ativamente da vida do clube.
Mas foi um senhor de 60 anos, desconhedico, que roubou a cena. Ele se aproximou timidamente da roda, na frente da igreja, e pediu a palavra.
“Minha mãe costumava dizer que o caminho da vida pode ser difícil, mas que quem foi, nunca esquece o caminho de volta”.
Ele se emocionou muito, silenciou e completou.
“O Santa encontrou seu caminho de volta”, completou.
À noite, vamos celebrar mais um ano do nosso amado Santa, no solo sagrado onde ele nasceu.