Eleições 2017 – Entrevista com Allan Araújo

Allan Araujo é o candidato a Presidente do Conselho Deliberativo na Chapa “Santa Cruz do Povo”. Tem 34 anos, possui graduação e mestrado em Ciência Computação pela UFPE. Atua como gestor de projetos na área de tecnologia há 12 anos com ampla experiência internacional. Além disso, leciona em cursos de pós-graduação e mestrado em Gerenciamento de Projetos e TI.

Blog do Santinha: Na sua opinião o conselho deve ser um órgão de arrecadação ou de deliberação e fiscalização? 

Allan Araújo: Definitivamente, de deliberação e fiscalização. O clube pode e deve ser modernizado. A nossa visão de futuro compreende: 

– De um lado, o executivo sendo formado – em sua maioria – por profissionais com a formação e as habilidades necessárias. 

– De outro, o conselho sendo formado por sócios eleitos definindo as diretrizes, políticas e modelos de governança do clube. 

Assim, podemos garantir a eficiência através da boa gestão; e a manutenção da nossa identidade, cultura e valores através dos sócios atuantes como conselheiros eleitos. 

Blog do Santinha: No Santa Cruz há uma prática do Presidente do Executivo acabar seu mandato e  ser candidato a Presidência do Conselho Deliberativo no mandado seguinte. O senhor acha isso correto, uma vez que as contas do clube só são julgadas no exercício seguinte? Para ficar mais claro a questão: o senhor acha correto o ex-presidente do clube julgar suas próprias contas? 

Allan Araújo: Sou totalmente contra. Basta recorrermos aos princípios da impessoalidade, da isonomia e da razoabilidade. Este expediente é vedado em qualquer organização que se prese. O mais importante aqui não é apequenar a questão e discutir o caráter de Fulano de tal ou qualquer indivíduo pontualmente. Trata-se apenas de proteger a Instituição e garantir a isenção e imparcialidade necessária ao processo. 

Dentro deste contexto, um dos nossos compromissos de campanha será uma atuação mais proativa da comissão fiscal, permitindo auditorias internas por um grupo mais amplo formado – além dos membros da comissão – por integrantes dos associados. 

Para ir além nas medidas de transparência, nossa chapa também propõe duas medidas audaciosas: 

– Obrigatoriedade de declaração de bens e de fontes de renda dos candidatos à Presidência do Executivo e do Conselho Deliberativo; 

– Obrigatoriedade de declaração de bens dos Presidentes do Executivo e do Conselho no ultimo ano dos seus mandatos, 60 dias antes das eleições, sob pena de não terem as contas aprovadas e serem impedidos de assumirem quaisquer cargos diretivos no clube, além de responderem civil e criminalmente por eventuais recebimentos de vantagens indevidas. 

Blog do Santinha: Grande parte da torcida coral aponta o estatuto do clube como uma das fontes de tantos erros de gestão, pois afirmam que o mesmo é anacrônico e não é capaz de permitir a modernização do Santa Cruz. Como o  senhor vê o estatuto atual? É possível, politicamente, existir um acordo para torná-lo mais adequado às demandas de nosso tempo?

Allan Araújo: Gosto de pensar nas coisas em termos de legado. Em caso de vitória, o legado deste conselho será a aprovação de um novo estatuto que possa modernizar o clube, garantindo a democracia e transparência. 

Respondendo objetivamente à pergunta: a primeira modificação tem que ser adequar o estatuto à legislação vigente (Profut e contemplar outras leis que modificaram a Lei Pelé). Esta é uma questão de ordem e está acima das ideologias. 

Os demais avanços devem ser no sentido de democratizar as eleições (voto universal, eleições diretas para o executivo e eleições proporcionais para o conselho); promover a boa gestão (cláusulas de responsabilidade fiscal e financeira, responsabilização dos gestores) e garantir a transparência (controladoria e auditoria). 

Honestamente, acredito que que politicamente poderemos alcançar este acordo, uma vez que estamos propondo uma enorme renovação no conselho deliberativo. 

Blog do Santinha: É comum ouvirmos criticas ao modelo político do Santa Cruz. No clube, o Conselho Deliberativo é todo composto por pessoas indicadas pelo Presidente do Executivo. O senhor acha salutar este tipo de modelo político? 

Allan Araújo: O que nós acharíamos que um partido político ao eleger o presidente da república também ficasse com todas as vagas do Congresso Nacional? 

Parece temerário e surreal, mas este é o Santa Cruz atual, um regime de partido único. O conselho deliberativo deve ser um palco dos grandes debates e das grandes questões sobre o Santa Cruz. 

Mais do que comendas e votos de aplausos, nossa pauta deve ser reformas e fiscalização. E tudo isso é impossível sem contraditório, sem oposição de ideias. 

Portanto, o conselho deve ser composto proporcionalmente de acordo com a votação das chapas de acordo com um percentual mínimo de votos obtidos.  

Blog do Santinha: O Conselho Deliberativo do Santa Cruz pode ter até 500 conselheiros. A mensalidade custa 150 reais. Há um destino especifico para esta arrecadação? Na sua opinião qual seria a melhor forma de se prestar contas da arrecadação do Deliberativo? 

Allan Araújo: A destinação atual é de cerca de 75% transferidos ao poder executivo. Os demais 25% são destinados às despesas do próprio conselho e atividades esportivas amadoras ou semi-amadoras. Defendo que o clube possa ter – até o final da gestão – algo similar ao Portal da Transparência, onde esta prestação de contas ocorra de maneira dinâmica. Defendo que esta ferramenta seja implantada primeiramente no âmbito do Conselho Deliberativo e, posteriormente, disseminada para as demais áreas do clube.

Blog do Santinha: Ainda sobre os membros do Conselho, de acordo com o estatuto temos os conselheiros efetivos e os suplentes. Qual o critério para um suplente assumir a titularidade? Por exemplo, se um titular morrer, qual o suplente que o substitui?

Allan Araújo: O estatuto é omisso em relação a isto. Porém, existe uma cláusula mágica que determina que “os casos omissos devem ser decididos no âmbito do conselho”. Questões mais simples como estas podem constar no regimento interno do conselho. 

Blog do Santinha: Na esfera da política interna do clube, como o senhor pensa uma gestão eficaz que seja capaz de sanar os problemas históricos do santa Cruz como dívidas trabalhistas, salários sempre atrasados, falta de grande investidores, etc.? 

Allan Araújo: Eu tenho uma visão de futuro: Santa Cruz vencedor e popular. Parece óbvio que o Santa Cruz é uma instituição de futebol com milhões de apaixonados ávidos por títulos e vitórias. Ninguém anseia por certificações como ISO e afins. 

Contudo, por paradoxal que seja, as vitórias se tornam duradouras quando as vitórias são conquistadas sem sacrificar a sustentabilidade. Na história recente do Santa Cruz acompanhamos alguns momentos de glórias seguidas das nossas piores crises. 

Vencer deve ser uma obsessão de um clube como o Santa Cruz. Mas queremos e devemos ser um clube vencedor ao longo de décadas e gerações. E isto só será possível através de excelência em gestão nas áreas jurídica, financeira, comercial, social e, claro, futebol. 

Somente assim passaremos uma imagem de credibilidade para nossos sócios, torcedores, investidores e parceiros, nos tornando mais atrativos. Hoje, não fazemos o básico: gastar menos do que arrecadamos. 

Nossa gestão no conselho pretende direcionar o clube neste sentido ao defender a implantação de modelos de governança, impor a responsabilidade financeira e coibir a improbidade administrativa.  

Blog do Santinha: No que se refere ao Conselho Deliberativo, caso o senhor seja eleito, como pretende atuar e quais os seus compromissos como Presidente do Conselho Deliberativo nos próximos 3 anos?

Allan Araújo: Pretendo atuar de maneira democrática, com uma forte liderança participativa e descentralizada. A grande vantagem de uma candidatura como a nossa é a independência. Os  compromissos do nosso conselho serão: 

– Garantir o pleno funcionamento do conselho com a periodicidade dos encontros sendo respeitada; 

– Promover a criação de comissões temáticas (ex. Futebol, Marketing, Finanças) para aprofundar as discussões no conselho;  

– Ampliar o direito ao voto e candidatura para o sócio (acima de 16 anos) de qualquer categoria; 

– Incentivar as eleições diretas para o executivo e proporcional para o conselho deliberativo; 

– Discutir a extinção da comissão patrimonial, criando a diretoria de patrimônio subordinada ao poder executivo. 

 

 

Está chegando a hora.

Meus amigos tricolores corais, a hora de eleger o futuro presidente do Santa Cruz – e toda a sua equipe, não esqueçamos disso – se realizará no próximo dia 5 de dezembro.
A situação manteve a chapa encabeçada por Antônio Luiz Neto. A oposição saiu com Fábio Melo e Albertino dos Anjos. Até agora conseguimos colocar aqui as plataformas políticas da oposição. Meus contatos não me passaram, ainda, a plataforma da situação. Caso alguém tenha acesso, por gentileza, manda pra gente que publicamos aqui.
A ideia do Blog é permitir que os sócios eleitores possam ter conhecimento dos candidatos. Transparência, estamos cansados de dizer, é fundamental.
Evidente que a história de nossos equívocos, dívidas trabalhistas eternas, os salários sempre atrasados, a falta de visibilidade de nossas contas, a desconfiança com o que ocorre e ocorreu no clube com um ar sinistro de certa obscuridade, entre tantos outros pontos, faz com que a maioria não acredite em nada.
Mas é preciso entender que política é ação, práxis, e não resmungo. Não basta apenas conhecer as plataformas e ir votar em A, B ou C. É preciso marcar presença nessa futura gestão de uma maneira nova. Não podemos exigir que o outro se comporte de maneira nova se ainda estamos apegados a velhos comportamentos improdutivos.
A lista que saiu dos sócios que podem votar demonstrou a desorganização crônica que habita as dependências nada independentes do Arruda. Como diz o amigo Coral: Oligarquias Coniventes do Arruda.
Esse fatídico ano de 2017 deve nos servir de lição: ou realmente algo sério é feito no Arruda ou estamos fadados a sumir como outros times do Brasil que outrora eram grandes.
Gerrá e eu elaboramos algumas perguntamos que enviamos para os candidatos. Ou melhor: para os candidatos à presidência do conselho deliberativo (uma grande sacada de Gerrá devido à dinâmica política do clube). Demos um prazo a cada um deles. Assim, só publicaremos as repostas de cada candidato quando todos tiverem respondidos até o prazo. Isso garante a postura independente do Blog.
O prazo foi até quarta que vem, dia 29 de novembro. Iremos publicar as respostas em sequência de entrega. Isso nos ajuda a vislumbrar com mais alcance a chapa como um todo e não apenas centrado no candidato à presidência.
Até quando não queremos pensar em política, já estamos tendo uma atitude política.
Será que esse papo de que o Santa Cruz é uma grande família resiste a mais uma séricê? Quero crer que sim.

Eleições Corais II

Meus amigos, dando continuidade à ideia do Blog do Santinha em divulgar as plataformas políticas dos candidatos às eleições 2017, vamos mostrar as principais ideias do candidato Fábio Melo.
A chapa se chama Santa Cruz do Povo e apresenta um plano de gestão centrado nos seguintes tópicos: gestão, reforma do estatuto, transparência, captação de recursos, profissionalismo, finanças, futebol profissional, CT e divisões de base, sócios, estádio, marketing, licenciamento, esportes amadores, museu coral, torcidas organizadas e projetos sociais. Vocês poderão acessar o projeto na íntegra no seguinte endereço (basta copiar e colar non seu navegador):

http://jconline.ne10.uol.com.br/canal/esportes/santa-cruz/noticia/2017/11/14/oposicao-confirma-candidatura-e-lanca-programa-de-gestao-no-santa-cruz-315869.php

A chapa afirma que possui como fundamentos: renovação, inclusão, transparência, seriedade, profissionalismo, compromisso e verdade. A gestão está atrelada à profissionalização do clube, iniciando com a revisão e negociação das dívidas trabalhistas.
Fábio Melo propõe uma completa reforma do estatuto do Santa Cruz: “O Estatuto Social será minuciosamente refeito sob a responsabilidade do Conselho Deliberativo com a participação do Presidente do Executivo e com sugestões do sócio do clube. Omissões devem ser sanadas, além da implantação de penas efetivas em caso de descumprimento das suas regras”. Aqui, os pontos relevantes são: extinção da Comissão Patrimonial, eleição proporcional do Conselho Deliberativo, declaração de bens e fontes de renda dos candidatos à Presidência do Executivo e Deliberativo, publicação dos sócios adimplentes e Ficha Limpa: “elegibilidade dos componentes de uma chapa condicionada às disposições normativas previstas na Lei Complementar nº. 135/10 (Lei da Ficha Limpa) e Lei Federal nº. 9.615/98 (Lei Pelé)”.
A transparência significará a publicação contínua dos dados do clube em todas as suas esferas. O plano de captação de recursos se dá nos seguintes itens: Programa de Sócios, Renda dos jogos, Cotas de TV, Estádio Gerando Renda, Venda de direitos econômicos de jogadores, Camarotes e cadeiras, Material Licenciado, Eventos no Estádio, Premiações das competições e Patrocínios. Esses itens são discutidos na plataforma que indiquei o link.
A profissionalização é considerada um dos pilares da chapa. Isso significa estruturar ou criar os seguintes setores: futebol, categorias de base, marketing, gestão de sócios, relação com o patrocinador, gestão de patrimônio, relações públicas, comunicação e desenvolvimento social. Na dinâmica de gestão de finanças, haverá uma auditoria financeira, levantamento das dívidas trabalhistas, dos débitos tributários e revisão dos impostos apurados nos últimos 5 anos e de todos os contratos do clube.
A chapa Santa Cruz do Povo coloca a implantação de uma plataforma de controle no Departamento de Futebol: “O gerente de futebol será remunerado e contratado mediante avaliação do seu desempenho em outras equipes, formação e compatibilidade com a filosofia de captação e desenvolvimento de talentos da região, além de amplo conhecimento do mercado nacional e internacional”.
Por fim, será revisto o papel das torcidas organizadas e o CT será concluído e serão criadas escolas de futebol com a marca do Santinha em forma de franquia.
Eis, em linhas gerais, a plataforma do candidato Fábio Melo. Dê uma lida na proposta na íntegra para formar sua opinião nessa eleição que se aproxima. Resmungar apenas não dá. É preciso atitude política e esse papel só existe numa torcida consciente de sua força e do que realmente ocorre no seu clube do coração.

Eita Santa Cruz cansado de guerra

O novo presidente encontrou muitas dificuldades, porém, graças ao esforço conjunto, novos horizontes se abriam. Em 4 de maio, há menos de dois meses da posse, o jornal Folha da Manhã, edição vespertina, trazia um artigo assinado pelo major Carlos Afonso de Melo, diretor de finanças, intitulado “A situação financeira do Santa Cruz”, de cujo teor aqui está uma parte:

 “A situação financeira do Santa Cruz continua sendo alarmante. Nenhuma exigência pode ser feita, no presente momento, as seus atuais dirigentes. Somente dívidas e muitas dívidas nos legou a administração passada. Com deliberada força de vontade, o Sr. Mário Soares, que procurou se cercar de elementos trabalhadores, já conseguiu pagar à Caixa Econômica onze meses de amortizações atrasadas, em quantia superior a quatro mil cruzeiros. Pagou à Casa Bancária Magalhães Franco dois mil cruzeiros e obteve mais dois mil cruzeiros para a compra de materiais para os jogadores, tudo isso no curto período de um mês e dias de administração. Tem ainda a liquidação de outras dívidas que se elevam a mais de quatro mil cruzeiros e ao Instituto de aposentadoria e pensão dos comerciários (IAPC) mais de 25 mil cruzeiros. Esta, a situação real e claro do clube da multidões.

Até a agora as rendas de sócios atingiram apenas a ridícula quantia de três mil e quinhentos cruzeiros. Somos todos pobres e contamos tão somente com os nossos próprios recursos e vontade firme e inabalável de vencer”.

A história aí de cima, se passou no ano de 1945. Naquele ano, o presidente eleito foi Humberto de Oliveira Fernandes, mas que só passou um mês a frente da presidência. no lugar dele, entrou Mário Soares.

Quando li esse textinho, até pensei que era atual. Ele está na págino 189, do volume 1, do livro Santa Cruz de Corpo e Alma, que eu peguei emprestado com um amigo. Achei interessante e deu vontade de compartilhar com vocês.

Eita Santa Cruz cansado de guerra!

 

Sericê 2018

Meu time foi rebaixado pra terceira divisão
Ninguém pode ganhar campeonato
Se o juíz nem tem mãe nem coração
Meu time foi rebaixado pra terceira divisão
Meu time foi rebaixado pra terceira divisão
Meu zagueiro na bola dividida
Quase mata de um chute o centro-avante
Só por isso o juíz ignorante
Expulsou o coitado da partida
Sem pensar que quem tem perna comprida
Faz a falta sem ter a intenção
E pra mim o castigo da expulsão
Só se aplica se houver assassinato
Ninguém pode ganhar campeonato
Se o juíz nem tem mãe nem coração
Meu time foi rebaixado pra terceira divisão
Meu time foi rebaixado pra terceira divisão
Esse infame corrupto e salafrário
Tem que ser fuzilado na parede
Toda vez que vem bola em nossa rede
Ele quer marcar gol para o contrário
Alguém prenda esse estelionatário
Que o castigo mais leve pra ladrão
É passar uns dez anos na prisão
Que se eu for castigar por certo eu mato
Ninguém pode ganhar campeonato
Se o juíz nem tem mãe nem coração
Meu time foi rebaixado pra terceira divisão
Meu time foi rebaixado pra terceira divisão
Que me importa o goleiro não saber
Agarrar uma bola sem soltar?
Que me importa o zagueiro manquejar
Ter a perna zambeta e não correr?
Que me importa atacar ou defender?
Todos jogam na mesma posição
Quem encontra defeito em meu timão
Ou é cego, ou é doido, ou é gaiato
Ninguém pode ganhar campeonato
Se o juíz nem tem mãe nem coração
Todo dia os atletas do meu time
Estão na sede jogando dominó
No domingo tem brega ou tem forró
Rifa ou bingo, não tem quem não se anime
Não tem time que ao menos se aproxime
Do preparo da minha escalação
Para o ano o meu time é campeão
Nem que jogue com prego no sapato
Ninguém pode ganhar campeonato
Se o juíz nem tem mãe nem coração
Meu time foi rebaixado pra terceira divisão
Meu time foi rebaixado pra terceira divisão
Meu Time – Siba

(música gravada em 2007 no CD “Toda vez que dou um passo o mundo sai do lugar”)

 

Santa Claus coral.

Diante dos últimos resultados adversos – algumas vezes pelos erros da arbitragem e outras por incompetência nossa mesmo – não é incomum ouvir as seguintes proposições:
“Apesar do resultado e dos salários atrasados, o time jogou com garra”.
“Os meninos se esforçaram, mas sem talento é de lascar”.
“É sempre assim, dá o sangue e não ganha”.
O problema, antes de tudo, é salário atrasado. Na verdade, salários atrasados possuem uma lógica perversa que afeta tanto a vida privada do jogador quanto sua atuação no clube.
Imagine um jogador que ganha cinco mil e está há quatro meses sem receber. Em casa, as contas começam a se acumular, a reclamação se torna regra, o estresse aumenta e as cobranças também.
Mas na hora do jogo, o universo inteiro esquece de que quem está entrando em campo é um profissional. O próprio trabalhador se aliena de sua condição e tem que dar o seu sangue.
Ora, tem a torcida berrando nas arquibancadas, a transmissão na TV e no rádio, outros técnicos de olho em você querendo saber se o cara vai arregar ou não, seu técnico doido para lhe culpar por tudo, a diretoria, os vizinhos… a porra toda.
Aí o jogador dá o sangue. Corre, marca, faz das tripas coração. Entretanto, esquecemos de um elemento fundamental nessa equação: a motivação deveria ser continua, não esporádica.
O que isso significa? Significa que esse jogador não deu esse mesmo sangue nos treinos. Isso mesmo. Sem salário em dia, o cara morga nos treinos, faz corpo mole, não corre o que tinha que correr, sabe-se desinteressado, está com a cabeça nas dívidas, pensa no futuro incerto e só pensa em mandar tudo para a puta que pariu.
No jogo, contudo, tem que correr atrás do prejuízo. E aí, meus amigos, a conta não fecha. Já repeti isso umas mil vezes: essa séribê foi uma das mais fáceis da história do futebol brasileiro. Nem o Inter mete medo.
Só os atrapalhos internos, os desmandos, a falta de visão, o pensamento centrado no próprio umbigo, a ausência de um projeto de futuro, a ganância, a estupidez e escassez de inteligência nossas é que construíram esse quadro.
De Edinho a Alírio, da A ao inferno da C, das promessas, da iminência de uma greve inaudita, da crença numa forma ancestral à realidade nua e crua, dos desfalques à falta de estratégia, amanhã iremos para um dos momentos mais definitivos de nossa história recente.
Já combinei com Juninho e companhia para tomarmos todas antes do jogo porque o coração vai precisar de muita anestesia. O Boa Esporte vem de oito jogos sem vencer. O que isso significa para nós? Nada.
Mas vamos lá. Torcer para uma vitória mesmo sabendo que acreditar nisso é quase como acreditar no Papai Noel que se aproxima. Hohohohohoho.

Eleições Corais

Meus amigos, a derrota de ontem só veio corroborar o que todos, racionalmente falando, já sabiam. Agora não adianta chorar o leite derramado, desesperar-se ou tampouco abandonar o nosso Mais Querido.
Como bem comentou André Tricolor: “Da liderança da Série A para a Terceirona … incrível, só o Santa pra conseguir uma proeza dessas!”. Por isso, creio que está na hora de enterrarmos o passado – mas mantê-lo na memória para que os mesmos erros não sejam cometidos no futuro.
E esse ano é ano de eleição no Santa Cruz. O nosso querido Blog decidiu postar as plataformas políticas de todos os candidatos para que os sócios possam sopesar a proposta que acreditam ser melhor para o clube.
Gerrá deu uma ideia muito massa: vamos elaborar questões para entrevistar os candidatos. Estamos preparando isso. Democracia se faz, antes de tudo, com ética e transparência.
A primeira proposta que iremos apresentar é a da chapa Muda Santa Cruz de Albertino dos Anjos. O mote da campanha é “Profissionalização do Santa Cruz”.
A plataforma de Albertino – acessem o link e leiam o documento na íntegra – se inicia elencando os problemas do clube no cenário atual: das dívidas trabalhistas às contas bloqueadas.
Logo em seguida temos as bases do projeto: ativar a divisão de base, atuar nas causas trabalhistas, enxugar comissão técnica, redesenhar organograma, construir o CT, repensar o estatuto do clube etc. Mas como efetivar esses objetivos?
O projeto elabora suas premissas básicas: marca, formação de base e patrocinador. Estrutura a origem e aplicação dos recursos: da formação e negociação dos atletas à manutenção do CTF. São diversos pontos que merecem ser discutidos à fundo.
A plataforma de Albertino também elenca as ações do projeto da chapa: reestruturação do programa de sócios, marketing e comunicação com nova estrutura e repensar plenamente o futebol profissional. Este último ponto é bem detalhado: reestruturação da comissão técnica, critérios para contratação, coordenador técnico e de transição, teto da folha por competição etc.
Além de pensar em um projeto para as divisões de base, há também a ideia de reformar a estrutura do administrativo e financeiro: implantar gestão por processos, renegociar dívidas, publicar mensalmente o fluxo de caixa, organograma meritocrático etc. Também repensar o departamento jurídico do clube: auditoria dos contratos, revisão de todas as cláusulas de confidencialidade, avaliação dos contratos com a TV etc.
A chapa Muda Santa Cruz elabora um novo desenho para a Patrimonial. Isso requer pensar a origem dos recursos e a transparência em suas aplicações. Por fim, a plataforma apresenta um organograma funcional, estrutura de profissionalização e hierarquia cronológica de remuneração. A chapa criou um documento de responsabilidade para todos os seus membros.
A chapa de Albertino dos Anjos entrou com uma liminar na Justiça para ter acesso ao cadastro de sócios do Santa Cruz. Creio que a ideia é que aja transparência nessa eleição. Vamos ver.
Para você conhecer a proposta de Albertino dos Anjos, copie e cole no seu navegador esse link:

https://files.acrobat.com/a/preview/0671dbb3-6746-455a-8a3e-829037ced96b

Estamos entrando em contato com os outros candidatos. A ideia é que possamos usar esse espaço para que todos tenham acesso às diversas propostas, pois política bem feita se faz com debate, conhecimento das propostas, ética e transparência. Agora é fazer nossa parte.