Allan Araujo é o candidato a Presidente do Conselho Deliberativo na Chapa “Santa Cruz do Povo”. Tem 34 anos, possui graduação e mestrado em Ciência Computação pela UFPE. Atua como gestor de projetos na área de tecnologia há 12 anos com ampla experiência internacional. Além disso, leciona em cursos de pós-graduação e mestrado em Gerenciamento de Projetos e TI.
Blog do Santinha: Na sua opinião o conselho deve ser um órgão de arrecadação ou de deliberação e fiscalização?
Allan Araújo: Definitivamente, de deliberação e fiscalização. O clube pode e deve ser modernizado. A nossa visão de futuro compreende:
– De um lado, o executivo sendo formado – em sua maioria – por profissionais com a formação e as habilidades necessárias.
– De outro, o conselho sendo formado por sócios eleitos definindo as diretrizes, políticas e modelos de governança do clube.
Assim, podemos garantir a eficiência através da boa gestão; e a manutenção da nossa identidade, cultura e valores através dos sócios atuantes como conselheiros eleitos.
Blog do Santinha: No Santa Cruz há uma prática do Presidente do Executivo acabar seu mandato e ser candidato a Presidência do Conselho Deliberativo no mandado seguinte. O senhor acha isso correto, uma vez que as contas do clube só são julgadas no exercício seguinte? Para ficar mais claro a questão: o senhor acha correto o ex-presidente do clube julgar suas próprias contas?
Allan Araújo: Sou totalmente contra. Basta recorrermos aos princípios da impessoalidade, da isonomia e da razoabilidade. Este expediente é vedado em qualquer organização que se prese. O mais importante aqui não é apequenar a questão e discutir o caráter de Fulano de tal ou qualquer indivíduo pontualmente. Trata-se apenas de proteger a Instituição e garantir a isenção e imparcialidade necessária ao processo.
Dentro deste contexto, um dos nossos compromissos de campanha será uma atuação mais proativa da comissão fiscal, permitindo auditorias internas por um grupo mais amplo formado – além dos membros da comissão – por integrantes dos associados.
Para ir além nas medidas de transparência, nossa chapa também propõe duas medidas audaciosas:
– Obrigatoriedade de declaração de bens e de fontes de renda dos candidatos à Presidência do Executivo e do Conselho Deliberativo;
– Obrigatoriedade de declaração de bens dos Presidentes do Executivo e do Conselho no ultimo ano dos seus mandatos, 60 dias antes das eleições, sob pena de não terem as contas aprovadas e serem impedidos de assumirem quaisquer cargos diretivos no clube, além de responderem civil e criminalmente por eventuais recebimentos de vantagens indevidas.
Blog do Santinha: Grande parte da torcida coral aponta o estatuto do clube como uma das fontes de tantos erros de gestão, pois afirmam que o mesmo é anacrônico e não é capaz de permitir a modernização do Santa Cruz. Como o senhor vê o estatuto atual? É possível, politicamente, existir um acordo para torná-lo mais adequado às demandas de nosso tempo?
Allan Araújo: Gosto de pensar nas coisas em termos de legado. Em caso de vitória, o legado deste conselho será a aprovação de um novo estatuto que possa modernizar o clube, garantindo a democracia e transparência.
Respondendo objetivamente à pergunta: a primeira modificação tem que ser adequar o estatuto à legislação vigente (Profut e contemplar outras leis que modificaram a Lei Pelé). Esta é uma questão de ordem e está acima das ideologias.
Os demais avanços devem ser no sentido de democratizar as eleições (voto universal, eleições diretas para o executivo e eleições proporcionais para o conselho); promover a boa gestão (cláusulas de responsabilidade fiscal e financeira, responsabilização dos gestores) e garantir a transparência (controladoria e auditoria).
Honestamente, acredito que que politicamente poderemos alcançar este acordo, uma vez que estamos propondo uma enorme renovação no conselho deliberativo.
Blog do Santinha: É comum ouvirmos criticas ao modelo político do Santa Cruz. No clube, o Conselho Deliberativo é todo composto por pessoas indicadas pelo Presidente do Executivo. O senhor acha salutar este tipo de modelo político?
Allan Araújo: O que nós acharíamos que um partido político ao eleger o presidente da república também ficasse com todas as vagas do Congresso Nacional?
Parece temerário e surreal, mas este é o Santa Cruz atual, um regime de partido único. O conselho deliberativo deve ser um palco dos grandes debates e das grandes questões sobre o Santa Cruz.
Mais do que comendas e votos de aplausos, nossa pauta deve ser reformas e fiscalização. E tudo isso é impossível sem contraditório, sem oposição de ideias.
Portanto, o conselho deve ser composto proporcionalmente de acordo com a votação das chapas de acordo com um percentual mínimo de votos obtidos.
Blog do Santinha: O Conselho Deliberativo do Santa Cruz pode ter até 500 conselheiros. A mensalidade custa 150 reais. Há um destino especifico para esta arrecadação? Na sua opinião qual seria a melhor forma de se prestar contas da arrecadação do Deliberativo?
Allan Araújo: A destinação atual é de cerca de 75% transferidos ao poder executivo. Os demais 25% são destinados às despesas do próprio conselho e atividades esportivas amadoras ou semi-amadoras. Defendo que o clube possa ter – até o final da gestão – algo similar ao Portal da Transparência, onde esta prestação de contas ocorra de maneira dinâmica. Defendo que esta ferramenta seja implantada primeiramente no âmbito do Conselho Deliberativo e, posteriormente, disseminada para as demais áreas do clube.
Blog do Santinha: Ainda sobre os membros do Conselho, de acordo com o estatuto temos os conselheiros efetivos e os suplentes. Qual o critério para um suplente assumir a titularidade? Por exemplo, se um titular morrer, qual o suplente que o substitui?
Allan Araújo: O estatuto é omisso em relação a isto. Porém, existe uma cláusula mágica que determina que “os casos omissos devem ser decididos no âmbito do conselho”. Questões mais simples como estas podem constar no regimento interno do conselho.
Blog do Santinha: Na esfera da política interna do clube, como o senhor pensa uma gestão eficaz que seja capaz de sanar os problemas históricos do santa Cruz como dívidas trabalhistas, salários sempre atrasados, falta de grande investidores, etc.?
Allan Araújo: Eu tenho uma visão de futuro: Santa Cruz vencedor e popular. Parece óbvio que o Santa Cruz é uma instituição de futebol com milhões de apaixonados ávidos por títulos e vitórias. Ninguém anseia por certificações como ISO e afins.
Contudo, por paradoxal que seja, as vitórias se tornam duradouras quando as vitórias são conquistadas sem sacrificar a sustentabilidade. Na história recente do Santa Cruz acompanhamos alguns momentos de glórias seguidas das nossas piores crises.
Vencer deve ser uma obsessão de um clube como o Santa Cruz. Mas queremos e devemos ser um clube vencedor ao longo de décadas e gerações. E isto só será possível através de excelência em gestão nas áreas jurídica, financeira, comercial, social e, claro, futebol.
Somente assim passaremos uma imagem de credibilidade para nossos sócios, torcedores, investidores e parceiros, nos tornando mais atrativos. Hoje, não fazemos o básico: gastar menos do que arrecadamos.
Nossa gestão no conselho pretende direcionar o clube neste sentido ao defender a implantação de modelos de governança, impor a responsabilidade financeira e coibir a improbidade administrativa.
Blog do Santinha: No que se refere ao Conselho Deliberativo, caso o senhor seja eleito, como pretende atuar e quais os seus compromissos como Presidente do Conselho Deliberativo nos próximos 3 anos?
Allan Araújo: Pretendo atuar de maneira democrática, com uma forte liderança participativa e descentralizada. A grande vantagem de uma candidatura como a nossa é a independência. Os compromissos do nosso conselho serão:
– Garantir o pleno funcionamento do conselho com a periodicidade dos encontros sendo respeitada;
– Promover a criação de comissões temáticas (ex. Futebol, Marketing, Finanças) para aprofundar as discussões no conselho;
– Ampliar o direito ao voto e candidatura para o sócio (acima de 16 anos) de qualquer categoria;
– Incentivar as eleições diretas para o executivo e proporcional para o conselho deliberativo;
– Discutir a extinção da comissão patrimonial, criando a diretoria de patrimônio subordinada ao poder executivo.