Ganhei na Timemania!!!!!!!!!!!!!!!!!

Não é brincadeira não: ganhei na Timemania! Agora sim, é que vou poder ajudar ainda mais o meu querido Santa Cruz Futebol Clube.

Foi a primeira vez em minha vida que ganhei na loteria. Antes disso, nem bingo ou sorteio de qualquer coisa. Sou um sucesso total em matéria de azar. Ou um fracasso completo em matéria de sorte.

Aliás, é bom corrigir: eu era. A uruca é coisa do passado.

A história é a seguinte: na véspera de mais uma viagem para Belém do Pará e Tocantins, achei dois contos no bolso. Uma nota velha, amassadinha, mas limpa depois de passar por não sei quantas lavagens na máquina lá de casa. Um dinheirinho quase perdido, troco de uma conta imemorial, talvez de uma água mineral comprada após um jogo no Arruda ou de um saquinho de jaca no centro da cidade. Não importa, o que importa é que adoro jaca e que ganhei na Timemania.

Fiz a aposta, preguei o volante no quadro de cortiça bem na frente da mesa do meu notebook e fui embora para a Amazônia Legal Brasileira. Na volta, esqueci de conferir a aposta. Só ontem à noite, depois de batucar o texto de um free-lancer, notei o volante agitado graças à ventania do Ciclone pendurado no teto.

Na internet, foi fácil  achar o resultado: 07-12-29-44… coração na boca. Conferi uma, duas vezes. Na mosca.

E vou usar o prêmio todo para ajudar meu time.

Podem conferir o resultado da Timemania 626. Eu fui um dos 13.240 apostadores que acertaram quatro números e faturaram R$ 6,00. Vou agora mesmo na loteca reapostar tudinho e marcar o coraçãozinho do Santa.

Ingresso a 50 reais, Timemania, problemas de comunicação e outras coisas, inclusive uma novidade – a vitória!

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O primeiro e último selfie que fiz na vida
O primeiro e último selfie que fiz na vida, com o comprovante do pagamento do Timemania…

Amigos corais, os editores do Blog do Santinha se revezam no mau-humor. Tem horas que é Inácio, tem horas que é Gerrá, tem horas que sou eu. Sempre temos o mau-humorado da vez. Me aguentem por hoje.

Ontem fiz das tripas coração para chegar ao Arruda, saindo de um compromisso em Boa Viagem. Ônibus, táxi, cansaço, o cacete, para empurrar meu time e ver o novo treinador, que já caiu nas minhas graças por revelar que seu grande sonho profissional era treinar o Santa.

Chego à bilheteria do Arruda faltando cinco minutos para o início do jogo e pergunto quanto é o ingresso da arquibancada.

“Cinquenta reais”.

Praguejei até a última geração da diretoria. Insultei com todos os meus recursos linguísticos do presidente ao diretor de futebol, passando pelo jurídico, coordenador de portaria, chefe da segurança, enfim.

Porra, caralho, um jogo na terça-feira, às 21h40, contra o escrete do Oeste, o ingresso a R$ 50 reais! Alguém da diretoria sabe o que é uma feira, o que o cara faz com 50 reais?

Será que não confundiram? Não seria um clássico contra o São Paulo, o Cruzeiro, que estão jogando fino? E nas acomodações de luxo da arquibancada, com direito a banheiro limpo e local para comer algo decente?

Puto da vida, fiz concorrência com os cambistas. Abri concorrência pública. Cinco minutos pelo menor preço De R$ 40,00 baixaram para R$ 30,00 e finalmente comprei o ingresso a 25,00.

Alô diretoria, são vocês que me obrigam a comprar ingresso numa porra de um cambista por metade do preço! Isso vai para a contabilidade do clube?

Entrei no Arruda às 21h50. Tinha 16 caras no controle das catracas, fora uma quantidade de policiais que daria para vigiar metade do Recife. Isso é que se chama de “estratégia de acomodação do torcedor coral”. Para mim, é burrice.

As arquibancadas eram um vazio dos pés a cabeça. A gente escutava até sussurro de namoro.  Teve um sujeito que falou ao celular “estou fazendo o supermercado aqui no Bompreço, junto do Arruda”, e a mulher acreditou.

No anel superior, uma galera espalhada, que poderia estar no anel inferior, engrossando o caldo e fazendo o Arruda ferver. Do outro lado, as sociais. O Arruda, ontem, era um silêncio de igreja, só despertado por algum lance muito ruim ou gol.

Hoje de manhã, Inácio me ligou e reclamei, puto da vida.

“Rapaz, isso é estratégia da diretoria para que os torcedores virem sócios”, explicou Inácio.

Se é estratégia, é uma estratégia burra, porque eu mesmo, que sou jornalista e louco pelo Santa, não sabia disso. Além disso, eu discordo dessa estratégia. Tem clube que já está desistindo dessa invenção. Eu mesmo, se for sócio em troca de ingresso, vou ficar sempre no meu estilo – sócio da arquibancada.

Depois, encontrei com Robson Senna, aqui na rua da Aurora. Esculhambei de novo a diretoria.

“Porra, 5o reais num jogo dia de terça feira, quase 10 horas da noite?”

“Rapaz, isso é estratégia da diretoria para fazer com que os torcedores virem sócios. Com 30 reais, ele tem ingressos para todos os jogos”, explicou Robson.

Se é estratégia, é uma estratégia burra, porque eu mesmo, que sou jornalista e louco pelo Santa, não sabia disso. Além disso, acho de uma burrice monumental,.

Acho uma estupidez, tentar seduzir um consumidor aumentando o preço de um serviço. Sim, porque o que temos no Arruda é um serviço, ora mal feito, ora horrível, ora satisfatório.

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Então sou o anti-sócio e dou um baita lucro ao Santa. Todo jogo vou para as arquibancadas, pago em dinheiro, só compro meu ingresso e não gasto nada da infraestrutura do clube.

Para não dizer que só faço reclamar, me propus a um desafio. Vou contribuir, mensalmente, com os mesmos R$ 30,00 que é o valor do sócio, jogando na Timemania.

No concurso 0625, do dia 11 de setembro de 2014, fiz 15 apostas a R$ 2,00. Deu R$ 30,oo. Quanto mais o time tem apostas, mais recebe do Governo Federal.

O troço é simples. Basta marcar o time de coração (Santa Cruz) que o sistema escolhe aleatoriamente 10 números.

As apostas são dias de terça, quinta e sábado.

A diretoria podia melhorar a comunicação com os torcedores (pelo menos com jornalistas torcedores) e fazer um ranking de quem mais apostou, para ganhar prêmios. A gente botaria o ranking toda semana, aqui no blog. Camisa, livro, entrada em campo com os jogadores, passar um jogo sendo gandula, correr ao lado de Catatau, na hora da substituição, passar uma tarde com Inácio no apartamento dele, vendo os melhores gols do Santa, tomar umas com Gerrá em Seu Vital, no Poço da Panela, enfim. O vencedor escolhe o prêmio.

Mas ingresso na arquibancada a R$ 50,00 é uma estupidez, caralho!

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Quanto ao jogo, só tenho a dizer que o Santa já é outro time. O treinador é um desses doidos inteligentes que precisamos.

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Consegui postar duas fotos, que eu mesmo fiz. É aquela cornura de selfie. Só o Santa mesmo, para me fazer tirar uma porra de um selfie…

 

 

Tarde sem jogo

(Samarone Lima)

Dos últimos meses, lembro de ter deixado de ver aquele jogo pela Copa do Brasil contra o tal de Santa Rita, algo assim.

Inácio tinha comprado meu ingresso, botei na carteira e não sei por qual motivo, desisti de ir ao Arruda na última hora.

Acho que meu anjo da guarda me protege mesmo, de vez em quando. Aquele empate que nos tirou do torneio.

No sábado, fui ao Poço da Panela, tomei umas com Naná, encaminhamos umas coisas da Biblioteca Comunitária, da qual fazemos parte. Ele estava trabalhando para um bufê e disse que não iria, porque precisava dormir. Achei melhor.

Eram 15h quando parei no bar Princesa Isabel, ao lado do Parque 13 de Maio e pedi uma dose de vodka.

Pensei em tomar uma e me animar para ir ao jogo (só assim), mas lembrei dos últimos jogos do Santa, aquela coisa de doer na vista, então fiquei por ali mesmo. O bom foi que o bar estava vazio, no maior silêncio, fiquei lendo e escrevendo umas besteiras. No segundo tempo chegou um alvirrubro e pediu para Seu Azevedo ligar a TV. O jogo já estava 1 x 1.

Tomei minhas doses e fui para casa, dormir.

O Santa 2014 está me enchendo de tédio, isso sim.

Vamos ver se o novo treinador dá um choque nesse time…

(Gerrá da Zabumba)

Depois da Copa do Mundo, confesso que meu entusiasmo para ir aos jogos está em baixa. A ruindade e a falta de raça do time são pra deixar qualquer tricolor coral santacruzense das bandas do Arruda sem tesão.

Mas eu até me animei para ver a pelada contra o Icasa. Afinal, o tal Sérgio Guedes, um dos maiores enroladores que já vestiu nossa camisa de treinador, havia ido embora.

Tracei a agenda e até combinei de levar minhas filhotas ao estádio.

No sábado pela manhã fui para o Horto de Dois Irmãos com as pirralhas. Era o aniversário de 3 anos do tricolor Rafael, sobrinho do nosso sanfoneiro Chiló.

Me permitam um parênteses: achei uma sacada genial, essa de comemorar aniversário no zoológico.

Voltemos.

O sanfoneiro quando me viu foi logo perguntando: “tu vai?”

“Tou organizado para ir, bora?”, eu disse.

“Tava até querendo, mas vai dar não. Vou não”, ele falou.

Brincamos, comemos uns brebotes, tomamos uns refrigerantes, cantamos os parabéns. Era quase meio-dia quando saímos.

Os primeiros a desistirem do jogo foram as mulheres. As meninas estavam moídas da festinha e Alessandra, desanimada. Preferiram ir para casa.

Eu fui ao encontro de um amigo de longas datas que atualmente mora no Rio de Janeiro. Rumamos para o Mercado da Boa Vista. Meu plano de voo continuava o mesmo: encontrar com Florival, botar a conversa em dia, brindar a amizade e partir para o Arruda.

Chego ao Mercado e dou de cara com Marcílio, irmão de Milton Jr., saboreando umas cervas. Um aperto de mão e a velha pergunta: “e aí, vai hoje?”

Respondi que sim.

Marcílio me ofereceu carona. Aceitei na hora.

A bronca é que fui tomar umas em outro box do Mercado e aí, esqueci de Marcílio e ele esqueceu de mim. Quando me dei conta, o relógio marcava 15h53 e a cerveja continuava geladíssima. Não tive dúvidas, rasguei o projeto. Troquei o jogo por rodadas de saideiras, caldinhos de feijão e arrumadinho de carne-de-sol.

Acho que foi melhor.

(Inácio França)

Inácio também não foi para o jogo. Está em Araguaína, visitando a filha. Tentamos vários contatos com ele. Mandamos mensagens, e-mails, telefonemas, etc, pedindo seu relato sobre este sábado sem jogo, mas ele não deu sinal de vida.

Esperamos que Oliveira Canindé nos leve de volta para o Arruda.

Pegou o beco. Caiu. Foi demitido. Não deu. Não aguentou a pressão. Não tinha mais clima. Seja o que for, foi melhor para nós, os torcedores

Recebi uma mensagem curta e grossa do meu amigo cronista Gerrá Lima:

“Sérgio Guedes pegou o beco”.

Eu estava tomando um cafezinho, quase pedi uma Brahma gelada.

Fazia meia hora que eu tinha lido um depoimento do presidente do clube, Antônio Luiz Neto, no Jornal do Commercio, onde ele era taxativo:

“O Santa Cruz, nos últimos três anos e dez meses, se caracterizou pela estabilidade para atingir os seus objetivos. Sérgio é um treinador de capacidade e não tenho nenhuma razão para desacreditar do seu comando. Temos ainda muito chão pela frente e tenho certeza em uma reação”.

A suposta “estabilidade” nos custou o tetra e uma vaga na Copa do Nordeste.  E o tal “muito chão pela frente” é muito mais curto do que se imagina. Já estamos a dez pontos do quarto colocado na ponta da tabela, e a dez da zona de rebaixamento.

Minha preocupação é apenas uma – quem vai assumir o comando técnico do time coral.

Vamos rezar.

Quando a massa coral morga, algo está errado!

Samarone foi curto e objetivo.  “Não tenho saco para escrever nada. “Um time bosta, com um treinador bosta, é o que temos”.

Foi essa mensagem que ele enviou  por e-mail.

Inácio está passeando. Viajou pra Belém e, pelo que conheço do velho França, deve ter se animado ontem quando fizemos o primeiro gol e hoje deve estar invocado.

Mas não podia ser diferente. Já se tornou uma tragicomédia esta nossa sina de ficar a frente no placar e não conseguir segurar o resultado. Quando não levamos o gol logo depois de termos feito, levamos no começo do segundo tempo.

Ontem, quando minha esposa avisou que o Santa Cruz havia feito 1 a 0, eu ironizei e disse: “daqui a pouco, eles empatam”!

Ela me chamou de pessimista. Mas logo sorriu e concordou.

Acho que muitos por aí, devem ter pensado assim também.

Quando chegamos nesse estágio, meus amigos, a coisa está séria.

De uma maneira geral, ninguém tem esperança que nosso time melhore ou que as coisas mudem.

Mas também, não é pra menos.

O treinador é um apombalhado. Um sujeito com cara de donzelão, que não fala nada com nada e que tem o currículo recheado de demissões e fracassos. Não sei se vocês já repararam, mas Sérgio Guedes tem a fisionomia da derrota.

Porém, sejamos justos, ele não colocou o cano do 38 na cabeça do Presidente Antônio Luiz Neto e gritou: “se não me contratar, meto-lhe bala”.

Esqueçamos o técnico por alguns instantes e olhemos para algumas belas perronhas que estão no nosso time.

Entre outras desgraças, temos:

No setor defensivo, Marlon. Na cabeça de área, Everton. No meio campo, Emerson Santos e no ataque temos Keno.

Eu poderia esticar mais a lista com Adilson, Nininho, Memo, etc, mas me tornaria repetitivo, afinal, nossa torcida sabe de cor e salteado os nomes dos peladeiros que estão no nosso elenco.

Mas, outra vez,  justiça seja feita.

Esses jogadores, muito menos seus empresários, não botaram a peixeira no pé da barriga de Tininho ou Jomar e disseram: “se não me levar, dano a faca no bucho”.

Enfim, é em virtude de um time sem talento, mal treinado e sem alma, de um treinador de terceira categoria e de uma diretoria inerte, que bateu a famosa morgação na nossa torcida.

Quando isto acontece, é provável que bons ventos não virão por aí. Na nossa história, nossos melhores times sempre tiveram a alma e o coração da massa coral. Este de hoje, não tem.

Para mudar o rumo das coisas, é preciso dar uma chacoalhada nesse elenco. Comecem pela troca do treinador. Tragam alguém que tenha no semblante a imagem da vitória, que traga na voz os acordes da raça.

Ainda há tempo.

 

Um time sem alma precisa é de homens loucos

Amigos corais, acabou a minha paciência.

Vi Paraná 3 x 2 Santa Cruz, pela TV.

Eu não devia ter ligado a TV. Devia ter ficado lendo, escrevendo minhas coisas, vendo um filme, bebendo com os amigos.

Era para termos ganho o jogo, era para estarmos, salvo engano, na nona posição, com um jogo a menos, era para a massa coral ter passado o fim de semana rindo da vida.

Mas cheguei a uma conclusão trágica. Nosso time, na atual temporada, vive uma crise de abstinência das mais graves: Temos um bando de jogadores correndo, um treinador que fica o jogo inteiro dando pulinhos ao lado do gramado, e que depois nos brinda com entrevistas malucas, mas falta, dentro das quatro linhas, um negócio chamado homem. E uma dose de loucura, para nos tirar dessa mediocridade perene.

Não sei se todos viram os gols do Paraná. Num deles, o sujeito passa no meio de dois zagueiros, ninguém tem coragem de dar um pontapé, de empurrar, de fazer uma falta. Gol do Paraná. Niguém briga. Ninguém grita puto da vida com o erro do outro. É hora de bater o reles centro.

No outro, o sujeito olha, calcula a distância, cruza, o zagueiro coral sobe como uma borboleta, perde o tempo da bola, o atleta do Paraná cabeceia com os pés no chão e vai comemorar.

No terceiro, abrem uma larga avenida, uma Agamenom Magalhães, no miolo da defensiva coral. O sujeito vai com a bola, segue com ela, todos os atletas do Santa estão rezando, acendendo velas, fazendo pedidos por um bom resultado, o coordenador técnico Sandro está dando alguma entrevista na rádio falanto que o Santa não tem dinheiro para contratar, ele só sabe dizer isso, é seu mantra perpétuo, e só nós, os reles e obcecados torcedores estamos vendo aquilo.

Eu fico gritando com a TV:

“Chega alguém! Encosta um marcador, porra!”.

Nada. O atleta do Paraná escolhe o canto, chuta sem se preocupar, a bola vai na gaveta e ele vai comemorar a virada.

Falta-nos comando dentro e fora de campo. Dentro, falta-nos um reles jogador meia-boca que seja meio malugo, que seja o símbolo do Santa, que resgate a mística coral, que é a raça, mais raça e cobertura de raça. Que dê carrinhos, que grite, que peite os times adversários. Que seja expulso porque evitou um gol. Cito só um exemplo. Quem não lembra de “Gabriel Doido?”

O apelido, por sinal, é já uma biografia. A palavra “Doido”, junto do nome, já diz o que o sujeito fazia dentro de campo – loucuras pelo Santa.

Alguém esqueceu nosso zagueiro Valença, marcando o argentino Tévez com a cabeça rachada? Tinha bola perdida para Valença? Se acabeça dele não estava rachada naquele jogo, rachei agora. Sou um cronista também com minha dose de loucura pelo Santa.

Nossa alma coral não suporta mediocridades.

Às vezes, um atleta grosso, mas homem, meio sem juízo, bota moral nesse time que é uma mistura de falta de alma, preguiça, desleixo e desrespeito com o manto coral. Tenho curiosidade em saber o que eles conversam, antes e depois do jogo. Na pelada que eu jogo, na quarta, o sujeito perde um jogo e sai chutando as cadeiras, dizendo 433 palavrões com o cara que falhou no final.

Fora de campo, falta alguém que dê um norte para este amontoado de jogadores que ficam batendo cabeça.

Reinventando o título do livro do rubronegro Raimundo Carrero, “O futebol não tem bons sentimentos” (no original, é “o amor”).

Quando fazemos um gol eu já nem comemoro. É como se fosse a senha para todos os atletas ficarem entediados com a partida, esperando com paciência pelo gol de empate. Se o Santa fizer 20 x 0, nesta Série B, já sei que o resultado final será 20 x 21.

Natan, ao final da partida, saiu com esta pérola:

“Precisamos aprender a jogar ganhando”.

Quanto ao treinador Sérgio Guedes, ele deveria ser proibido de dar entrevistas, em nome da saúde mental da massa coral.

Sobre a derrota, ele disse o seguinte:

“Acaba tendo consequências. Você faz com que a consequência disso não ocorra. É dessa forma que a gente vai eliminar esta realidade”.

Na verdade, ele deveria era ser proibido de ser treinador do Santa, isso sim.

Eu fico dando murros na parede, e minha esposa tentando me acalmar.

Prefiro mil vezes um treinador brutal, nervoso, temperamental, maluco, que ao final do jogo estaria espumando e gritando com os radialistas:

“Estou puto com essa derrota merda, os jogadores precisam comer a grama e respeitar a camisa do Santa Cruz, mas no vestiário todo mundo vai levar um esporro de duas horas e já vai ter treino amanhã, depois do café”.

Esta camisa coral teve grandes jogadores e grandes homens.

Neste momento, precisamos é de grandes homens, de loucos homens, que entrem em campo já cuspindo fogo e que saiam com cãibras nas duas pernas de tanto correr.

Mas eu sei estou escrevendo em vão. Nas “Repúblicas Independentes do Arruda”, a burocracia é soberana.

Felizes por um instante (Nóis sofre, mas nóis goza)

Ainda faltava bastante tempo para bola começar a rolar e eu já estava nas cadeiras. Nunca imaginei entrar tão cedo no Arruda.

Com o estádio vazio, deu para perceber o quanto está sujo nosso cimento. Uma lama preta cobre a pintura do estádio.

— Com essa chuva toda, essa diretoria devia aproveitar pra lavar a arquibancada. Aquilo tá podre. – falou um cidadão de voz rouca.

—Tá nojento. O sujeito que sentar naquela sujeira, tá arriscado a pegar uma doença no fiofó. – completou um senhor do lado.

— Se o time não ganhar hoje, eu botava todo mundo pra limpar o estádio. -Voz Rouca falou dando uma gaitada.

Para não correr risco de ser molhado pela chuva, fui ficando por ali. Era um local mais alto e coberto.

De onde eu estava, dava a impressão que o gramado estava em boas condições. A grama verdinha. Não se via buracos, nem poça de lama.

Um magro vem subindo as escadas. Veste uma camisa que tem o patrocínio da Parmalat. Uma camisa com listras verticais nas cores preta-branca-vermelha. Um barbudo aponta para ele e diz:

— Eita, lá vem o fã de Keno!

Quando o magro foi chegando, o barbudo gritou:

— Hoje Keno faz gol!

O magro pegou nos ovos, balançou e mandou o cara de barba tomar no cu. A gargalhada foi geral.

Uma moça vai passando, carregando uma sacola da loja do clube. Tenho vontade de perguntar se era a camisa comemorativa do centenário, mas um rapaz que está sentado na fileira de baixo faz uma reclamação:

— Meu amigo, só o Santa Cruz…! Vai estrear uma camisa nova e na loja não tem pra vender. Perguntei lá e disseram que não chegou ainda.

E continuou:

— Putaquepariu! É muita burrice.

O cara do lado dele, comenta:

— Ehehehehe! As camisas devem estar na casa do diretor de marketing. É um tal de Luizinho!

Um coroa de óculos vem subindo. Carrega um guarda-chuva em uma mão, e na outra, um rádio.

— Rapaz, tu é doido, mesmo. Tivesse coragem de vir pra esse jogo?! – alguém pergunta a ele.

— Eu não vinha, não! Mas a mulher mandou que eu viesse. Fico num mal humor arretado, quando não venho.

A chuva dá uma trégua, mas o estádio continua vazio.

Pelo visto o público vai ser fraco. Choveu o dia todo, o horário é ruim, o time não empolga, o treinador é um doido de jogar pedras e a diretoria não dá sinais de mudança.

O time da Portuguesa entra em campo antes dos árbitros. Fiquei puxando pela memória e não consegui lembrar se eu já tinha visto algum time entrar primeiro do que o juiz. De fato, foi a primeira vez que eu vi isto.

Logo depois o homem do apito sobe. Por fim, nosso esquadrão aparece, vestindo um padrão pra lá de esquisito.

Começa o jogo.

Sandro Manoel toca para trás.

— Joga pra frente, puto. Jogador enceradeira! – Barbudo xinga.

Keno ameaça uma pedalada, faz uma lambança e perde a bola.

— Esse Keno não serve nem pra trabalhar em lava-jato! – Magro reclama.

Pela terceira vez, Wescley tenta um drible e não toca a bola.

— Jogador burro. Isso é um jumento! – Coroa se irrita.

Renatinho erra mais um cruzamento.

— Cruz direito, anão de uma figa! Voz Rouca grita.

Everton dá outro passe errado.

— Na minha pelada, um miserável desse não joga. Parece que engoliu um cabo de vassoura! – Rapaz fala.

O time da portuguesa parte no contra ataque. Thiago Cardoso defende outra bola e garante a rapadura.

— Esse time do Santa Cruz só tem dois jogadores: o goleiro e o centroavante! – O Cara afirma.

E o jogo segue. Vai chegando ao final. A moça da sacola desce as escadas e já vai embora.

Uns empurram o time. Outros resmungam. Alguns já preparam as cordas vocais para vaiar.

Eis que o milagre acontece. No último suspiro, o lateral Tony vai à linha de fundo e, finalmente, consegue acertar um cruzamento na área. Goool de Léo Gamalho.

Por um instante, a torcida ficou feliz.

Timemania, um dos caminhos para a salvação coral

Nunca dei muita bola para a Timemania. Aliás, não arrisco sorte em loteria nenhuma por pura preguiça. Se for para ficar milionário, prefiro que seja sem entrar em fila. Que eu saiba Samarone também não joga na loteria. Acho que, aqui do blog, só Gerrá tem esse costume por ser o que mais tempo  tem para perder em fila. Diz ele que lá no tribunal onde trabalha são três férias por ano e, para cada dois dias trabalhados, tem um de folga a escolher.

Por desconhecer completamente a magnífica, extraordinária e  mirabolante importância da Timemania, estranhei quando o presidente do clube, Antônio Luiz Neto em pessoa, me telefonou pedindo para que eu desse uns minutinhos de atenção ao pessoal da empresa que cuida do Guerreiro Fiel.

O sujeito me ligou e a gente conversou. O nome dele é Dênis Victor e eu já dei uns paus na empresa dele, a Traffic, aqui no blog. Parece que ele esqueceu ou sabe disfarçar bem a raiva.

Ele e os diretores do clube estão preocupados com o desempenho da torcida do Santa Cruz no Timemania.

Explico. Ou melhor, repito as explicações que o Dênis me deu.

Agora, o Santa Cruz tirou sua certidão negativa de dívidas com o Governo Federal. Não é que não tenha mas dívidas, muito pelo contrário, mas agora tem um documento que atesta que o clube negociou todas elas e está todo certinho para começar a quitá-las.

E a Timemania é fundamental para que essa quitação aconteça sem que o Ministério Público, a Receita Federal e o INSS mordam o dinheiro que entra nas bilheterias.

Deu para entender a importância do troço? Não? Vai acabar esse lenga-lenga de confisco de rendas de partidas por parte de oficiais de justiça e bloqueios de conta corrente. Quem tem dinheiro a receber do Santa vai passar a receber diretamente da Caixa Econômica Federal.

“Quanto mais apostas no Santa Cruz, mais cedo o clube diminuirá suas dívidas com o Governo Federal. Quando o Santa Cruz estiver sem débitos fiscais, passará a receber sua parte do bolo diretamente em seus cofres.”. Essas palavras são do Dênis, são tão claras que dei um control C + control V do email que ele mandou depois do telefonema.

O problema é que os clubes com maior quantidade de apostas recebem mais dinheiro da loteria.  É assim:

“Em troca  de ceder suas marcas para a loteria, os clubes recebem 22% da arrecadação.”

Mas a distribuição não é linear, nem todos recebem a mesma coisa. Os 20 clubes com maior número de apostas (ou seja, com a torcida mais fiel e assídua na loteria) ficam com 65% dos recursos divididos em partes iguais. Atualmente, isso dá mais ou menos R$ 280 mil todos os meses para cada um.

Os clubes entre a 21ª e a 40ª posição beliscam 25% da grana. Entre a 41ª ao 80ª, são 8% dos recursos. O primeiro lugar de todos ganha 2% de lambuja.  A reca divide o que sobrar.

Trocando em miúdos: o Santa precisa encerrar o ano de 2014 entre os 20 primeiros, que é exatamente a posição que ocupa atualmente.

“Ah, que maravilha!”, dirão os mais otimistas ou ingênuos, como eu. Maravilha um ovo: logo depois vem o Avaí e o Coritiba, com quase 50 mil apostas  a menos. Como esse clubes têm lenha para queimar, se chegar no final com essa diferença, seus cartolas vão providenciar as apostas que faltam numa tacada só. Dá algo em torno de R$ 100 mil, investimento que neguinho tira logo na primeira parcela de 2015.

O pedido da diretoria é simples: se você é tricolor for entrar na fila para jogar na Mega Sena, pelamordedeus, gaste mais uns trocados e aposte na Timemania cravando o Santa como seu time de coração.

Se precisar de mais um motivo, fique sabendo que o acumulado dessa semana da Timemania está em R$ 17 milhões. Se der sorte, ainda dá para encher o rabo de dinheiro.

Recado dado. Ah, ia esquecendo: vamos divulgar semanalmente o ranking dos times na Timemania aqui no blog. Abaixo, segue o ranking do acumulado em 2014 depois do sorteio 621.

ranking timemania

 

 

Seja você também um treinador de futebol

Com a inestimável ajuda do Blog do Santinha, agora você também pode falar igualzinho a Sérgio Guedes e ser contratado como técnico de futebol de qualquer time do Brasil, do Mundo , quiçá do Universo.

Depois de exaustivas investigações e rádio escuta, finalmente descobrimos como o cabeludinho da avenida Beberibe desenvolveu sua indecifrável e poderosa retórica. Com ajuda do Gerador de Discursos Plus Ultra Flex Vip Master Extra Big Dick, disponível para qualquer cidadão aqui neste link: http://www.dotecome.com/discursos.htm

É fácil falar difícil: basta você misturar qualquer expressão da primeira coluna, com algum outra da segunda coluna, mais uma da terceira e para arrematar, um fragmento da quarta. Só isso e você pode impressionar qualquer jogador de futebol vindo dos júniores ou repórter de rádio com Q.I abaixo de 30 (é o que mais tem).

Os criadores da tabela garantem que dá para fazer mais de 10 mil frases desprovidas de sentido e aparentemente complexas. Se essa projeção for verdadeira, dá para Sérgio Guedes fazer preleção e dar entrevista até a ano 2035, mais ou menos.

O blog também identificou que foi por causa de algumas dessas frases que o time coral voltou tão aparvalhado para o segundo tempo contra o rubro-negro treinado por Hélio dos Anjos (ah, saudades quanto tínhamos um  rubro-negro treinado por Hélio dos Anjos aqui por perto).

Lembram daquele lateral que Léo Gamalho queria bater no campo de ataque no segundo tempo, mas nenhum outro jogador saiu do campo de defesa para receber a bola lá na frente? Pois bem, naquele momento, Wescley, Renatinho e Sandro Manoel quebravam a cabeça tentando entender o que o “professor” quis dizer com “Não podemos esquecer que a atual estrutura de organização do nosso time nos obriga a desenvolver a análise das condições apropriadas para a execução do nossos planos táticos”. Ou então: “A nossa prática tem demonstrado que o desenvolvimento das formas distintas de nossa atuação está contribuindo para a correta determinação das nossas opções futuras”.