Essa magia chamada Santa Cruz

Uma notinha, publicada num dos jornais da cidade, convocava os torcedores do Santa Cruz para um encontro no Sindicato do Jornalistas. O objetivo era discutir o futuro do nosso clube.

Naquele ano, havia uma inquietação na massa coral. Já eram quatro temporadas sem ganhar o estadual. Nosso maior adversário caminhava para ser pentacampeão. E a gente, não fosse o gol salvador do zagueiro Rau, teria caído para terceira divisão do brasileiro.

Eu era um dos inquietos. Um sentimento de desgosto tomava conta de mim. Triste com o Santa Cruz, fui ficando um sujeito chato. No auge da minha frustração, eu usava uma máscara de intelectóide e promovia discursos contra o futebol. Naquela minha loucura, eu taxava os amantes e apaixonados pelo futebol de alienados.

Foi quando vi a tal nota no jornal. Voltei ao meu estado normal e me mandei para o Sindicato. No peito, a vontade de realizar algo que fizesse o Santa Cruz retomar seus dias de glória.

Daquele momento pra frente muitas águas passaram pelo canal do Arruda. Muitos altos e baixos nortearam o caminho do Mais Querido. Nessas idas e vindas, eu subi, desci, sofri, chorei, gargalhei. Colecionei histórias e conheci os mais diversos tricolores corais santacruzenses das bandas do Arruda.

No Santa Cruz, fiz amigos, consolidei amizades.

Ali, encontrei a mulher que junto comigo fez uma linda família de sangue preto-branco-vermelho.

Encontrei também, o Blog do Santinha, a Minha Cobra, a Sanfona Coral, a Kombi Coral, a Quinta-Santa, o torneio no campinho de barro, as viagens para os mais diversos campos de futebol e tantas outras coisas boas que somente nós, torcedores do Clube querido da multidão, temos o privilégio de usufruir.

O Santa Cruz é essa magia inexplicável.

É a diversidade mais nua e crua, junta num mesmo corpo e numa mesma alma.

Neste final de 2013, ainda vivo a alegria das conquistas. O campeonato estadual, o retorno à série B e o título da série C.

Não me canso de rever gols, fotos…, de reler os jornais e reviver os belos momentos.

Em cada imagem, em cada recordação, vou me lembrando dos que estão por perto e dos que estão longe.

Ontem, ganhei vários pôsters do nosso escrete campeão brasileiro. Fico aqui brincando com minhas filhotas de procurar Caça-Rato e Renatinho na foto do pôster.

Coloquei vários deles dentro do carro. É meu presente de natal para os torcedores do Santa que vou encontrando por aí.

Queria que este ano não acabasse nem tão cedo.

Que venha 2014, porque o Santa Cruz é para sempre.

Loja Virtual do Blog do Santinha

Com a aproximação do lançamento do segundo volume da Trilogia das Cores, A Emoção é Branca, que acontecerá nesta próxima quinta-feira 12 de dezembro às 18.30 no Bar Mamulengo, o Blog do Santinha inaugura hoje sua nova loja virtual. O torcedor que clicar no banner da trilogia ao lado direito vai poder adquirir seus livros com as melhores crônicas do blog através do correio. O frete é totalmente grátis pra todas as cidades do Brasil!

A nova loja virtual do Blog do Santinha facilita o processo de compra dos livros através do Pagseguro, por meio do qual o torcedor pode comprar com segurança seus livros com cartão de crédito, débito ou depósito, com parcelamento em até três vezes sem juros. Além do design novo, totalmente em linha com as cores do blog, a loja virtual também permite a compra de volumes combinados – uma ótima pedida pra presente neste Natal!

Os livros A Raça é Negra (vol 1) e A Emoção é Branca (vol 2) estão disponíveis para compra, com prazo de entrega pelos correios de até 12 dias úteis. O último volume da Trilogia das Cores, A Paixão é Vermelha, que será lançado no mês do centenário (fevereiro 2014), trará uma série de surpresas pro torcedor, além dos textos dos anos vitoriosos de 2011, 2012 e 2013.

Tres

 

 

Faltam três dias para o lançamento do livro A Emoção é Branca. Os autores Inácio França, Samarone Lima e Gerrá Lima já estão fazendo musculação pra assinar os autógrafos no dia 12 de dezembro (nesta quinta-feira) às 18.30 no Bar Mamulengo no Recife Antigo.

O descanso dos justos*

Amigos corais, não sei como foi o dia seguinte ao título da Série C.

Eu acordei, respirei fundo e senti um profundo alívio, uma sensação arrebatadora de descanso, de missão cumprida. Me veio algo como “o sono dos justos”, mas com um fundo existencial atravessando por fora – senti mesmo que iniciava o descanso dos justos.

De 2006, quando caímos a primeira vez, até o dia 1 de dezembro de 2013, foram sete anos. Eu sou ruim em matemática, mas pelas minhas contas, foram sete anos, a duração de uma infância.

Eu tinha 37 anos, estou com 44. Morava no Poço da Panela e dividia minha vida dando aulas de literatura numa escola no Bairro do Recife, farras monumentais em Seu Vital, no Poço da Panela, e viagens cada vez mais complicadas, para o Cabo, onde vivia minha tia-avó, com vários problemas de saúde.

Depois me mudei para o Cabo, porque a situação dela piorou. Minha tia morreu. Depois casei. Depois me mudei para a rua da Aurora. Depois recebi um convite inacreditável, para trabalhar como assessor de imprensa de um secretário de governo chamado Ariano Suassuna. Um rubronegro capaz de fazer uma aula-espetáculo para homenagear seu grande amigo, Capiba, tricolor fanático. Capaz de pedir um cenário com as cores do Santa, para homenagear seu amigo. Uma lição para esses imbecis que matam os outros por causa de uma paixão diferente.

Neste período, vivemos derrotas, fracassos, quedas. Choro e ranger de dente. Mas com o Santa eu não choro. Eu não consigo. Quando perde, quando fracassa, eu tenho raiva de quem não honrou o manto sagrado. Eu trinco os dentes, mas não choro. Minha vocação é chorar com a alegria.

Neste período, junto com Inácio, seguramos uma peteca dos diabos. Como escrever crônicas, em meio ao inferno? Várias pessoas colaboraram, depois chegou Gerrá, que vestiu a camisa e disse – “se é pra falar do povão, o negócio é comigo”.

Viagens loucas, invasões de estados vizinhos. Lembro que teve um jogo em Campina Grande que faltou tudo nos bares, restaurantes, lanchonetes.

Série A, B, C e D.

O Santa na Série D!

Não, nunca. Isso nunca deveria ter acontecido. Mas aconteceu.

O futebol nacional só existia de duas formas. A série A ou o “Inferno” da série B. Lembro de matérias com torcedores que beiravam ao suicídio, quando seu clube caía para a série B.

Inauguramos o pós-inferno. A Série C. Foi pouco. Botamos a cruz nas costas e fomos inaugurar a inexistente D.

Inauguramos também a liderança de audiência da TV Brasil, transmitindo a Serie C. Inventamos um ídolo, Caça-Rato, que acreditou em nosso pantim e fez gols decisivos. O Brasil assistiu, impressionado, um estádio abarrotado a cada jogo. A torcida coral transformou a tragédia em um episódio épico.

Neste período, um presente dos deuses – o tricampeonato em cima do principal rival.

O refrão criado por Nivaldo Breyner – “A torcida mais apaixonada do Brasil” invadiu corações e se espalhou por todo o país.

Não há um jornalista amigo meu, em qualquer estado da federação, que não me saia sempre com esta pergunta:

“E o Santinha?”

Acordei no dia 2 de dezembro pensando nisso tudo. Passou um filme em minha cabeça. Minha tia morreu sem ver nossa volta por cima. Ela adorava usar um anelzinho com o escudo do Santa.

Nós, que vivemos esta verdadeira viagem ao subsolo do futebol brasileiro, estamos marcados para sempre. Poucas torcidas no mundo seriam capazes de fazer o que fizemos.

Sinto que agora vivo o descanso dos justos. Tirei um peso das costas.

Um dia eu morrerei, mas o Santa Cruz ficará. Esta minha certeza ultrapassa o futebol.

* Este texto dedico a Nelson Mandela, que morreu ontem, dia 5 de dezembro de 2013. Um símbolo de resistência e amor.

 

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seven

Faltam 7 dias para o lançamento do 2º volume da Trilogia das Cores (A emoção é branca), no bar Mamulengo da praça do Arsenal, às 18h30min do dia 12 de dezembro (na outra quinta-feira). Enquanto a tricolozada enche a lata, Gerrá, Inácio e Samarone vão entortar a munheca de tanto dar autógrafos. 

Na mesma ocasião será apresentada a camisa da Troça Carnavalesca Mística Ofídica Etílica e Escrota Minha Cobra para o tríduo momesco de 2014. Se a malharia correr, já vai ter para vender. 

 

Todos com o cloro

Que Todos com a Nota que nada. As vitórias dos últimos anos suscitaram (gostaram do verbo?) uma demanda outrora adormecida pelas bandas da avenida Beberibe: o mergulho dos campeões! Se a tendência continuar, a diretoria do Santa Cruz terá de iniciar o inédito programa Todos com o Cloro para que os tricolores mais reticentes também se joguem na piscina da sede como os hindus caem de cabeça no Ganges.

A ideia é do artista plástico Breno Melo que, depois de concluir a revolucionária ilustração da camisa da Minha Cobra 2014, mandou o desenho acima. Segundo ele, o processo seria simples: na compra de dois ingressos para um jogo decisivo, o sujeito receberia um tablete de cloro. No dia da partida, bastaria levar a pastilha no bolso e mergulhar de roupa e tudo na piscina após o título ou acesso. Depois é deixar o cloro na água, facilitando o trabalho da turma da limpeza na segunda-feira. Fácil, sem burocracia, sem reserva pelo telefone, sem lenga-lenga.

Assim, todos poderiam tomar o banho que purifica dos males dos anos 1990 e dos rebaixamentos.

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nove

Faltam nove dias (nine days, segundo o editor Pedro Moura) para o lançamento do 2º volume da Trilogia das Cores (A emoção é branca), no bar Mamulengo da praça do Arsenal, às 18h30min do dia 12 de dezembro (na outra quinta-feira). Enquanto a tricolozada enche a lata, Gerrá, Inácio e Samarone vão entortar a munheca de tanto dar autógrafos. 

Na mesma ocasião será apresentada a camisa da Troça Carnavalesca Mística Ofídica Etílica e Escrota Minha Cobra para o tríduo momesco de 2014. Se a malharia correr, já vai ter para vender. 

É campeão!

Senhores, ainda hoje, talvez, escreveremos alguma coisa por aqui.

Por enquanto estamos curtindo a alegria, lendo os jornais, vendo as imagens, compartilhando com os amigos e curando a ressaca.

Parabéns,  SANTA CRUZ!