São João na Arena.

Enquanto as fogueiras ainda crepitavam em homenagem a São João, os fogos ainda explodiam e o forró animava o rala bucho, pouco mais de 9 mil tricolores corais rumaram para a Arena para torcer pelo Santa Cruz contra o Figueirense.
Na entrada do setor oeste, me encontrei com Juninho e seus amigos. Pense numa galera boa de papo e de copo – garantia de um jogo mais interessante ainda, com as análises mais criativas possíveis.
O jogo se dividiu em três momentos cruciais: 1. O primeiro tempo: Figueirense mandando no jogo e nosso meio de campo e nossa defesa zonzos que nem barata chapada de Baygon; 2. No segundo tempo, o Santinha voltou diferente, buscando a bola, muito mais agressivo, com velocidade e objetividade e 3. O juiz que estava com a porra, distribuindo amarelo para tudo que era lado e querendo aparecer mais do que todo mundo.
O primeiro tempo mostrou que Jaime, Roberto e Bruno Silva estavam desconectados. Não havia estratégia e posicionamento de defesa. Jaime cometeu erros crassos e Bruno Silva, tenha santa paciência, errou demais. Nossa sorte é que Robinho, do Figueirense, é ruim que dói. O Gol dos catarinenses foi resultado de uma lambança generalizada de nossa defesa. Era pressão o tempo todo.
No meio, Léo Lima estava isolado, a bola não chegava. A insistência na verticalização do ataque não poderia dar em nada. Isso facilita a marcação da defesa adversária, inibe a criatividade e não encontra espaço para o toque, resultando numa avalanche de passes errados. Termos saído com o prejuízo de um gol apenas foi lucro.
No intervalo, entre uma cerva e outra, Juninho disse algo que assino embaixo:
“Não adianta contratar um novo técnico que vá manter esse mesmo esquema tático. O problema, entre tantos outros, é esse esquema. A Diretoria deveria conversar com o novo técnico e saber se ele pode mudar esse quadro. Nem que seja – ele disse em tom de pilhéria – para fazer um 4-4-2”.
O segundo tempo, por seu turno, foi bem diferente. A deusa Fortuna decidiu dar uma mãozinha ao Santinha: das três substituições que Adriano fez, duas foram por contusões. E não é que o negócio deu certo.
Primeiramente, Barbio pela direita foi a coisa mais inteligente dos últimos tempos. O futebol dele melhorou visivelmente. Esteve aguerrido, brigando pela bola, buscando o jogo: ou seja, realmente entrou na partida. João Paulo deu mais velocidade à esquerda, criou mais e ainda voltava para auxiliar na marcação. Augusto entrou e fez o gol de empate. Fomos visivelmente superiores no segundo tempo.
Com os problemas recorrentes da lateral direita, os atletas que ainda estão no departamento médico, falta de um esquema tático lúcido, salários atrasados e essa visão da Diretoria… temos muito o que fazer para que essa séribê, que parece tão fácil, não se torne um pesadelo.

Eu tenho dois amores.

Sábado passado, no dia do jogo do Santinha contra o Inter, eu tinha combinado de ir ao Arruda com André Tricolor, Samarone e mais dois amigos. Só esqueci de avisar minha esposa. Pior: esqueci que era aniversário dela. Só me lembrei na sexta à tarde quando ela me pediu para ajeitar as coisas para a festa do sábado.
“Putz, eu pensei, agora não tem Houdini que se safe dessa”. E não me safei. Farrapei geral e assisti ao jogo pela internet. Passei a semana toda pensando no jogo, no Arruda, nos amigos, na cerveja e numa possível vitória. Estava otimista e acreditando em Adriano Teixeira. Bem, o Santa meteu pressão, mas o gramado não ajudou muito. Mesmo assim, queria ter estado no estádio. Não tem comparação essa emoção. Como também não tem comparação a emoção de uma companheira de longas datas.
Como cantaria o rei Reginaldo Rossi: “Eu tenho dois amores…” Nem vou prosseguir para evitar problemas. Fiquei imaginando quantos tricolores já passaram por essa situação: o jogo rolando, o pensamento na partida, mas o corpo em outro lugar, com outras obrigações.
Hoje, enquanto esperava meus alunos para entregarem os trabalhos da segunda avaliação, liguei o PC da faculdade e fiquei acompanhando o jogo contra o América-MG. Estava na mente com aquela declaração do Bruno Paulo: “Nosso time é bom”. Fazia tempo que não ouvia um jogador do Santa Cruz dizer isso. Fiquei feliz com essa alegria e confiança. Fundamental para nosso sucesso. E o jogo em si?
Meus amigos, que pressão foi essa que levamos no primeiro tempo? Os volantes estavam mais perdidos do que cego em tiroteio, a zaga não marcava os espaços e Pitbull e Bruno Paulo aceitaram o posicionamento da defesa adversária numa passividade preocupante.
Jaime sempre me deixa preocupado. Nininho é sazonal. Mas creio que é inegável que deixamos de ser um time retranqueiro – o que, particularmente, me irritava e muito. A notícia de pagamento de um dos meses atrasados foi providencial. Porém, não podemos achar que Adriano Teixeira, apesar do apoio demonstrado pelo elenco, possa entrar e jogar pelos jogadores.
Primão deu uma vacilada no segundo tempo – que foi bem morno – que quase mata a torcida do coração. Novamente, vimos o América crescer. Pará e Hugo Cabral deram volume de jogo e nossa defesa parecia não entrar no clima. Do nosso lado, os cruzamentos não davam em nada – um vazio imenso no ataque. Na metade do segundo tempo, João Paulo entrou no lugar de André Luís e Kelvy substituiu Nininho. Resultado? Matheusinho faz um golaço aos 33 minutos.
Essa derrota complicou um pouco a nossa situação na tabela. Contudo, essa competição está bem embolada. Já disse antes: basta não boicotarmos a nós mesmos que não tem mistério. Não vamos desanimar ou deixar que aquela velha hiena, o Hardy, venha com sua nuvem negra pairar sobre nossas cabeças e vaticinando: “Oh, vida! Oh, azar!”.

Nesse próximo sábado – no dia de São João – irei pagar minha dívida moral com meu outro amor. Não sou muito fã da Arena. Na verdade, acho um martírio chegar lá. Mas ainda bem que o jogo será às 16h30. Uma pena que a CBF tenha barrado a promoção de ingressos a RS5,00. É dessas promoções que nossa torcida, que é do povo, precisa para incentivar o Mais Querido.
Se minha esposa fez com que eu ficasse em casa tomando todas e vendo a partida contra o Inter online, o Santa Cruz fará com que eu me desloque para o fim de mundo da Arena para torcer pelo Santinha contra a Figueirense. É isso que dá o cara querer ter dois amores na vida.
Paixão, amor, cuidado, seja lá o que for, exige presença, assiduidade, comprometimento. Para ser a torcida mais apaixonada do Brasil, precisamos comparecer aos jogos. Está na hora de sermos mais alegres novamente, acreditar que Adriano conseguirá unir esse grupo e melhorar nosso desempenho. Está na hora de sermos um pouco mais otimistas.

Sou mais a prata-da-casa do que os perronhas de fora

Texto enviado por Lucas Pinto

“Prata-da-casa”. A expressão utilizada para classificar um jogador como formado no clube, sempre me encantou.

Comecei a acompanhar futebol em 1999. Naquele ano o Santa teve uma conquista histórica, com um time recheado de jogadores da base.

“Fulano é prata-da-casa”, “Esse ai é prata-da-casa”, ouvir isso me despertava um sentimento bom por aquele cidadão. Já era um ponto a mais que o cara teria comigo.

E sigo até hoje, com esse pensamento consolidado.

Nossos jogadores não são forjados em CT’s, em academias de ponta, em gramados de pura qualidade. Nossos pratas-da-casa são forjados em campo de barro, em alojamento eternamente em obras, em uma dificuldade reflexo do Santa Cruz. Eles são forjados como corais!

Não por menos, em toda nossa história de 103 anos, nossas conquistas históricas foram realizadas com times recheados de atletas da base. O ano de 1999, as conquistas desta década atual, e até  a de 1975.

Então, quando se forma um novo time, como o que estamos vendo em campo em 2017, com todo plantel recém-contratado, quem deveria ter o tal “crédito”?

Não compreendo, e jamais compreenderei. Por que quem mais sofre ataques, constantemente, são os nossos pratas-da-casa, não deveriam eles ter mais crédito?

Por que Elicarlos e Gino, não só ganham a vaga, como também a preferência da torcida?

Por que Valles é a prioridade quando sair do DM?

Temos atletas nossos, que não apenas são, no mínimo, do mesmo nível, mas que já tem títulos conquistados pelo Mais Querido, sempre com muita raça e identidade.

Existe uma expressão no futebol que diz: “esse aí ganhou a vaga porque veio de avião.”

Eu acho um absurdo, e quando vejo irmãos corais descendo o sarrafo desproporcionalmente em nossos pratas-da-casa, só vejo essa prática do “ganhar a vaga porque veio de avião” ser incentivada.

Nininho, por exemplo, no jogo contra o Ceará, foi o melhor em campo, vibrando em cada jogada. Aliás, após o retorno, fez mais jogos bons ou regulares do que ruins. Welington César, foi campeoníssimo pelo clube em 2016 e vinha muito bem, saiu do time na Série A por contusão.

Mas adivinha quem é detonado o jogo inteiro? Mas adivinha quem é o motivo de chacota por parte da torcida?

Isso mesmo, quem sua nossa camisa desde a pré-adolescência.

Passou da hora do pessoal despertar pra certas coisas “normais” do futebol.

Mas da minha parte, respeito, admiração e credibilidade, eles, os prata-da-casa, sempre terão, mesmo que no meio de um jogo eu, sem um pingo de sanidade, mande um deles pra puta-que-pariu.

Bom, independente de jogador da base, da rua, de qualquer lugar, a hora é da gente se abraçar de novo com nosso clube do coração. Sempre foi assim que o Santa Cruz conquistou as suas vitórias. Abraçado com a sua torcida. Que aliás, é a principal prata-da-casa que o Santinha possui, insubstituível em nossas batalhas!

Sábado, todos os caminhos nos levam ao Arruda!

Habemus técnico!

Meus amigos tricolores, realmente não dá para ter certeza absoluta se Adriano Teixeira será nosso treinador em definitivo nessa séribê. Mas, diante da crise e de nossas reais possibilidades, acredito que seja prudente dar mais oportunidades à prata da casa. Como o próprio frisou: “Sou um funcionário do Santa Cruz!”. Em psicologia organizacional isso se chama pertencimento.
O jogo de ontem contra o Ceará teve dois tempos bem diferentes. Ao final do primeiro tempo, não duvido que todo tricolor coral estava desejando estrangular de Alírio ao roupeiro do clube. Foi terrível. Um show de horrores.
Contudo, a água virou vinho no segundo tempo. Ninguém esperava mudanças tão salutares para nosso futebol. Enquanto Roberto levava bolas nas costas (desculpem esse trocadilho infame, mas verdadeiro) e a ala esquerda se constituía num verdadeiro corredor para o ataque adversário (Adriano tem que consertar isso logo), nosso meio de campo começou a se organizar e nosso ataque, finalmente, foi o destaque.
O velho Giba não esperava tanta determinação e empenho. Nininho mostrou muita garra. Jaime ficou na mediania. Elicarlos continua na sua montanha russa particular. Primão – e isso é realmente inacreditável – decidiu jogar bola. Léo Lima superou as expectativas e coroou sua atuação com um golaço. André Luís, como sempre, tem se saído muito bem: tribla, cria, se movimenta e faz a diferença. Novamente um gol a partir de uma pintura sua.
Mas não podemos esquecer as lições do passado. No início da Série A, escrevi aqui que os salários estavam começando a atrasar e que isso iria afetar nosso desempenho. Alguns me chamaram de doido e sem assunto. Infelizmente, deu no que deu. Estamos, agora, com dois meses de atraso. A responsabilidade da Diretoria é imensa. Essa séribê não mete medo, já disse isso. Mas se começarmos a boicotarmos a nós mesmos, o negócio ficará difícil.
Nem vou discutir, aqui e agora, transparência, escolhas, gestão centrada etc. Já discutimos isso demais e sabemos no que dá: dirigentes surdos e preocupados com suas visões pessoais, muitas vezes se esquecendo de ouvir sua torcida e dos interesses maiores do clube. Mas tenhamos esperança: vamos torcer por Adriano Teixeira – uma prática comum em diversos clubes com transição de treinador – e apostar que os salários não irão desfigurar o trabalho do Santinha. Jogador é profissional e não torcedor.
Com essa vitória, não é possível que o Arruda não tenha, ao menos, um número maior de torcedores contra o Internacional. Tem promoção de ingresso. Claro que não estamos em nenhum mar de rosas – ninguém aqui é idiota – mas creio que está na hora de pensarmos positivo, cobrar com lucidez, manter o pensamento crítico e comparecer ao campo.
A média de público da séribê em 2016 – na média dos clubes mandantes – variaram de 17000 pagantes para o Bahia a 1000 do Bragantino, tendo 4500 do Vila Nova no meio da tabela. Ou seja, uma variação enorme. E isso computado apenas a média do mandante. Jogando fora, o desastre se instala. O problema do torcedor se afastar do gramado é universal. Quando se pensa nos estaduais, o negócio complica.
Desanimar? Jamais. Vamos tomar cerveja, comer espetinho e cachorro-quente, debater com os amigos, gritar como loucos e ganhar do Inter. Estamos no G-4. Juntar mais uma vitória depende, como sempre, de um monte de fatores. E a presença do torcedor é uma das motivações fundamentais.

Eu, Ivonaldo e Trombone

Encontrei com Ivonaldo, o cara da xerox. Eu estava entrando na lanchonete. De longe, Ivonaldo me chamou.

– Dotô!

Acenei para ele. Segui para o balcão. Pedi um suco de limão e um misto quente. Fui até onde Ivonaldo estava.

— Senta aí, Dotô! – ele disse.

— e aí, rapaz! E o nosso Santa Cruz? E agora, tás confiante? Botaram o treinador pra fora..

— olhe dotô, confiante ainda não, mas tou acreditando. Tiraram o treinador, bora ver né? Mas é cedo ainda. Só lá pro final dessa primeira fase é que a gente tem um raio-x dos problemas.

Foi quando chegou Maurício. Outro tricolor coral santacruzense das bandas do Arruda. Pegou uma coca-cola e foi sentando. A turma costuma dizer que Maurício é um dos maiores corneteiros do Santa . Mauricio Trombone. Quando a turma chama ele de Maurício Trombone, o cara se arreta. “Pega aqui na vara”.

A moça trouxe meu misto e o suco de limão. Maurício pediu um pastel de carne. Ivonaldo, sem cerimônia nenhuma, olhou o decote da blusa dela.

— Maurício, meu velho, pra variar a conversa aqui é o Santa Cruz. Ivonaldo tá acreditando. E tu? – provoquei pra puxar conversa.

— É difícil. É difícil. Não temos lateral direito e nem volante. Falta um meia. E Adriano…, sei não viu. É fraco. Mas sabe qual é a bronca grande?

Ele mesmo cuidou de responder.

— A falta de dinheiro.

Balançamos a cabeça concordando. E Maurício Trombone continuou.

— o Santa Cruz é igual ao Brasil, ou se faz uma mudança geral nas estruturas ou vamos continuar do mesmo jeito.

Olhamos um para o outro e ele começou a sua tese.

— Veja só o nosso estádio. Velho, ultrapassado e decadente. Olhe, no futebol atual, não faz mais sentido você ter um estádio para mais de 50.000 pessoas. Sabe quantos cabem no Allienz Parque? 43.713. Arena Fonte Nova? Cabem 47.907. Na Arena do Corinthians dá 45.000 pessoas. O Santa Cruz gasta quanto pra manter aquele elefante branco? Enche umas 3 ou 4 vezes no ano e depois fica com uma média de público baixa. Se muito for é 12.000 pessoas. E tome prejuízo. A turma da patrimonial tem que diminuir o Arruda. E tem que fazer negócio com aquele estádio. Fazer parceria com empresas de entretenimento e produtores culturais. Alugar para festas. Arrendar para eventos religiosos.

Trombone mordeu o pastel, deu uma golada na coca e seguiu.

— Outra coisa que não faz sentido: divisão de base. Se não tem estrutura para ter divisão de base, pra que ter divisão de base? Eu deixava no máximo o juvenil e os juniores. Ou então, tentava terceirizar a base. Entregava para alguém ou algum grupo e fazia um acordo que fosse bom para os dois lados. Se gasta muito com divisão de base.

Sabe outra coisa que não dá lucro nenhum? A parte social. Piscina, sede.. Pra que danado um departamento social? Pra manter a piscina? Eu mandava logo era fechar aquilo ali. Ou então, terceirizava também. Aliás, divisão de base e social devia era ser tudo terceirizado. Fazer parcerias. O clube não tem dinheiro pra custear isto não.

Separava as categorias de sócios. O sócio-torcedor, o dinheiro entrava para o clube. Já o sócio que quisesse tomar banho de piscina, pagava um valor a mais para a empresa que fosse tomar conta da piscina.

— E aí, Ivonaldo! O que tu acha? – eu provoquei.

— Eu? Eu num acho é nada. O Santa Cruz ganhando tá tudo certo, dotô.

Era pra ter vencido

Quase não vejo o jogo. Havia marcado com Marconi, mas fui vetado por causa da gripe. Em cima da hora, já com uns cinco minutos do primeiro tempo, o vizinho manda um zap e pergunta se estou vendo a partida. Não tive dúvida, assoei o nariz, botei o manto sagrado e fui para casa de Breno.

Meus amigos, vocês que entendem de futebol, me digam: Por que esse treinador insiste em morgar o time do Santa Cruz?

Tudo bem que levamos dois gols de pelada. Mas o jogo pau a pau, ainda faltando uns vinte minutos para acabar, ele resolve tirar o cara que, mesmo com toda limitação, tava conseguindo fazer o meio-campo, e botar um volante que não consegue dar um passe de um metro e meio.

Outra coisa que não entendi foi Nininho ter jogado os 90 minutos. O futebol desse rapaz é tão ruim que não dá raiva, dá pena.

Nininho merece um capítulo à parte.

Esse jogador não sabe marcar, nem atacar. Chega atrasado nas divididas. Não cruza certo. Não vai à linha de fundo. Parece que joga de ressaca. A impressão que dá é que Nininho tem uma verminose das brabas. Lombriga, ameba, oxiurus, essas coisas.  Ameba, por exemplo, dá dor abdominal, perca de peso. Já a lombriga causa falta de apetite, náusea. E o oxírus deixa o cabra sem sono, causa emagrecimento e dá uma coceira arretada no fiofó. Nininho parece anêmico, também. Talvez fosse o caso de fazer exame de fezes nesse atleta.

E aí, eu pergunto a vocês que entendem de futibó: por que Gino não entrou no lugar de Nininho?

E os dois gols que levamos? Duas bolas cruzadas, o adversário desmarcado  se antecipa e a gente fica olhando. Isso é falta de treinamento, leseira ou ruindade mesmo?

Sim, estamos no G-4. Ótimo. Roberto jogou bem e merece a titularidade. Anderson Sales tirou a inhaca. Nem tudo é desgraça.

Mas um jogo fácil desse, era para ter vencido. Eram mais três pontinhos na caçapa, e fora de casa. Estaríamos na liderança isolada do campeonato.

É esperar que os reforços estejam 100%, que o treinador consiga fazer o time jogar bola e que o Santa Cruz contrate um lateral-direito.

Do jeito que este campeonato está, não é tão difícil ser campeão.

 

Chuva, desencontros, erros e acertos.

Nesse sábado, cheguei ao Arruda às 16h10. Fui em Seu Abílio comprar uma cerveja e ver se me encontrava com André Tricolor ou Samarone. Como estava muito em cima da hora do início da partida, não achei ninguém. Perambulei por ali um pouco, comprei meu ingresso e fui para as sociais.
Fiquei lá no alto, me abrigando da chuva. O árbitro – só Deus sabe o porquê – começou a partida uns minutos antes. Perdi 5 minutos de futebol. O público revelava o triste óbvio: a decisão da Champions e a forte chuva afastaram o torcedor de campo. Uma vergonha. E só me encontrei com Sama hoje, domingo, em Olinda.
“Eu estava nas arquibancadas – ele disse – com Esequias. Ele até tirou onda com tu e Gerrá dizendo que vocês preferiram ficar em casa vendo a decisão do Real Madrid e Juventus”.
“Vai te fuder – disse brincando – cheguei tarde e não te vi. No final do jogo me encontrei com Juninho e Jerry e ficamos tomando umas em Abílio. Eles me disseram que tinham te visto. Te procurei e nada. E meu time é um só: Santa Cruz Futebol Clube”.
Bem, e o jogo? O que mais me surpreendeu na partida foi o fato curioso de Eutrópio ter prometido um time e ter mantido a mesma coisa de sempre. Elicarlos deve ter feito a pior partida da vida dele. Anderson Salles parece que desaprendeu a marcar, bater falta e – pasmem! – pênalti.
André Luís está evoluindo e jogando com muita garra. Mas achei fundamental a entrada de Bruno Paulo. Ele entrou com seriedade. Sabe matar a bola e joga com inteligência. Espero que tenha futuro no Santinha. A outra substituição foi ambígua. João Paulo se deslocou o tempo todo, sempre em busca da bola e do jogo, mas espero que tenha sido o nervosismo da estreia a causa de tantos passes errados e de perder boas chances. Porém, creio que eles aumentaram nosso volume de jogo, melhoraram nosso posicionamento no meio e deram mais agressividade ao time. Dominamos o segundo tempo. Entre erros e acertos, saímos ganhando.
Nosso primeiro tempo foi sofrível. E esse gramado está uma vergonha. Encharcado desse jeito, fica mais difícil ainda. Mas o lance do gol de Roberto foi uma pintura. Logo em seguida nossa defesa parou e sofremos o empate. E pênalti perdido dá uma raiva danada. O lance do gol de André Luís foi uma coisa linda. Pagou o ingresso.
O gol anulado de Ricardo Bueno vai entrar para as cenas loucas e hilárias do futebol. O jogador ainda estava comemorando com a torcida quando o árbitro reiniciou a partida. Não tem quem me faça achar que esse lance foi impedido. Muito louco.
Entre chuva, dilúvio, final em Cardiff, erros, acertos e desencontros, sai com uma certeza desse jogo: a séribê não mete medo. O fantasma da séricê se foi. Acho que está na hora de alguém chamar Tininho para ele conversar com Eutrópio e acertar coisas fundamentais nesse time e que já estamos cansados de saber e comentar por aqui. Por que, se a galera continuar com esse nível nessa séribê, a gente sobe. No máximo, ficaremos onde estamos. E olhe que somos segundo colocado.

Divisor de águas.

Meus amigos tricolores, confesso que não estava muito esperançoso com o jogo contra o Atlético. Essa incompetência crônica de nosso meio e a ligação com o ataque não poderia sugerir outra coisa. Mas isso não significa perder as esperanças. Muito pelo contrário. Temos apenas um único foco agora e é isso que importa.
O jogo do sábado contra o ABC me traz dois questionamentos: 1. Será que as novas contratações conseguirão solucionar – ou ao menos atenuar – essa incapacidade de criação no meio, a qualidade do passe e a ligação com o ataque? 2. Ou será que Eutrópio, mesmo com as novas caras, permanecerá na retranca e numa cegueira tática absurda quanto ao meio?
Isso significa: a culpa dessa incompetência é do treinador ou dos jogadores que desempenham essa função? Caso a culpa seja dos jogadores, não tem técnico no mundo que faça perronha se posicionar bem, tocar a bola com categoria, visualizar a movimentação e conectar a bola do meio para o ataque.
Mas também indica que, caso as novas contratações se mostrem eficientes naquilo que devem fazer, e a eficiência dê as caras, devemos começar a pensar seriamente na troca de nosso professor.
Nas últimas entrevistas, Eutrópio me parece ambíguo. Por um lado sempre insiste no tempo e, por outro, parece encobrir sua insatisfação com as peças de que dispõe. Não pude acompanhar o jogo contra o CRB. Larguei da faculdade às 22h10. Assim que entrei no carro e liguei o rádio, Tininho estava dando uma entrevista. Sua serenidade me fez pensar que tínhamos ganhado do CRB – um time que vem de uma regularidade imensa e que se traduz na sua posição na tabela. Eutrópio, na sua fala, me alertou para esse paradoxo que ele se depara. Fiquei atônito com os dois falando – até parecia que era outro jogo.
Hoje ouvi nosso treinador dando a entender que vai modificar e muito o Santinha no sábado. Esse papo de desgaste não cola. A questão deve ser a falta de qualidade técnica de uma parte do elenco. Ou esconder a própria incompetência.
Possivelmente, nesse sábado – e espero que sim – tenhamos no meio João Paulo e Léo Lima (com a desconfiança no máximo, pois um ano sem jogar não é brincadeira. Mas vamos rezar para que a criatividade surja) e Augusto e Bruno Paulo no ataque. Ainda aposto em Pitbull – mas é preciso que a bola chegue.
É óbvio que não dá para julgar um jogador estreante. Uma partida apenas não dá para decidir nem a favor e nem contra de maneira absoluta. Entretanto, possibilita visualizarmos o que será de nosso futuro nessa competição tão complexa. O Inter patinou, o Paysandu cresceu na competição, tem neguinho querendo ir para a séricê e o ABC, na décima posição, vem de dois empates e uma vitória.
Esse jogo será nosso divisor de águas. Não definitivo, mas o indicativo do que podemos esperar para o futuro. Descobriremos, finalmente – e estou sendo o mais condescendente possível aqui – de quem é a culpa desse problema que está se tornando crônico. Um jogo que precisa da presença dos tricolores corais no Arruda. Na nossa casa.