Mal começou o jogo, gol do Santa. Eles se abraçaram. Se apertaram. Parecia um corpo só. Logo em seguida, dois minutos depois, numa bobeira fenomenal, o time sofre o empate. Um gol besta, típico de pelada. O pau ainda estava um pouco duro. Se olharam. Não deram uma palavra. O jogo foi ficando truncado. O Santa Cruz parecia que iria se atrapalhar com a equipe do Afogados. P… foi comprar cerveja. L… ficou só e lembrou da ultima vez que tinham ido ao Arruda. Havia sido no jogo contra o Operário, na sericê. Estádio lotado, adrenalina nas alturas, nervosismo geral, o Mundão estava lindo naquele domingo. Foram para arquibancada. Veio a lembrança da bebedeira depois da partida e da farra que fizeram. “Foi loucura”, recordou. E viu que estava com a mesma camisa daquele dia. Uma retrô do ídolo Birigui. Treparam bastante naquele dia.
P.. voltou com a cerveja. “Trouxe um copo pra nós dois. Pra não esquentar”. Numa bola que sobra na entrada da área, ali entre a meia-lua e o lado direito do nosso ataque, Diogo Lorenzi acerta um chutaço. P… e L… estavam de mãos dadas, trocavam carinhos. A pelota sai rasgando o ar na diagonal, meia altura e estufa o barbante. Um golaço. Desses de limpar a vista e de avisar ao adversário sobre quem manda na partida.
P… abraçou L… por trás. L… bebeu o restante da cerveja num único gole. Quis beijar P…! Sentiu seu fôlego acariciando sua orelha. “Vai comprar mais cerveja. Deu sorte!”.
Dali pra frente dominamos a partida. Impomos nosso ritmo. Mas o time do sertão não é dos piores. P… voltou com outro copo de cerveja. Mal bebeu a primeira golada, Jô toca voltando para Marcos Martins, nosso lateral-direito faz um cálculo rápido que inclui distância, força, velocidade e jeito de chutar e manda a bola certinha pelo alto em direção a Elias. Nosso atacante rapidamente resolve a equação: força x distância x altura x jeito e manda de cabeça tirando do alcance do goleiro. Outro golaço. Como cruza bem esse nosso lateral. E como o garoto Elias não se intimida com nada. É daqueles que não tem vergonha de fazer o que sabe. Já virou xodó da torcida.
O primeiro tempo acaba. A massa coral ri a toa. Como diz Naná da Kombi Coral, “a gente tá dominando”. P… e L… fazem uma self e postam no Instagram. “Tu lembra do último jogo no Arruda, contra o Operário? Eu estava com essa mesma camisa”. “Claro que lembro. Só não lembrava da camisa.” E cochichou no ouvido de L…: “me deu o maior tesão agora!”. E deu um beijinho no pescoço de L…! “Assim tu me arrepia. Não faz isso que perco o controle. Vai comprar mais cerveja, vai!”
O times voltam para o segundo tempo. A gente controlou o jogo. A vitória estava sacramentada. O treinador fez as três alterações. De novo, Silas entrou bem. Outro da casa que vem agradando. Numa arrancada pela esquerda, driblou o marcador e cruzou rasteiro para Allan Dias carimbar o placar final, 4 a 1.
P… e L… já haviam perdido as contas da quantidade de cerveja que estavam tomando. Já haviam esquecido do jogo também. Eram só caricias e beijos. Comemoraram o gol se beijando fervorosamente. A partida acabou. O comentário geral era que o time estava no caminho certo. Que Elias é um craque. E que a saudade do Arruda é grande.
P… e L… voltaram de metrô. Comeram um sanduba no trailler da esquina. Tomaram a saideira. Não puderam dormir juntos. Se masturbaram simultaneamente e gozaram quase no mesmo instante.
O Santa Cruz é amor e paixão!