Destrocando as bolas

Amigos blogueiros, foliões, etc e tal. Tem gente confundindo as coisas e trocando as bolas quando falam da farra que faremos no próximo sábado, a partir do meio-dia, no Pátio de Santa Cruz.

O que vai acontecer no local onde nosso querido clube foi fundado é uma prévia carnavalesca da Troça Minha Cobra. Troça Carnavalesca Mista Ofídica Etílica Erótica Minha Cobra.

A festa(prévia) é uma ação extraoficial. Uma iniciativa nossa. Uma homenagem que estamos fazendo ao centenário do nosso clube, pois tradição da gente é apenas sair durante o carnaval de Olinda, na segunda-feira pela manhã.

Para quem estar chegando agora, desde o carnaval de 2006, de maneira independente, anárquica e inusitada, na base de vendas de camisas e alguns apoios/patrocínios, colocamos a Minha Cobra nas ladeiras do sítio histórico de Olinda, arrastando a multidão com muito frevo e colorindo a segunda-feira de carnaval com as cores preto-branco-encarnado.

Sim, e para não perder o embalo, quem quiser e puder nos ajudar, é comprar a camisa(R$ 30) e o CD da Minha Cobra(R$20). Para isto, podem entrar em contato com:

Robson Sena:  81-91338575 (robsonsena1@gmail.com)

Gerrá Lima: 81-9976.8985 (gerralima@gmail.com)

Esequias Pierre: 81-8755.4440 (esequiaspierre@hotmail.com)

Thiago Souza: 81-8560.4938 (thiagodosanjos@gmail.com)

Claudemir Pereira: 81-9454.2945 (claudemir_pe@hotmail.com)

Festa do Centenário? Deixa que Minha Cobra faz

É o seguinte: no dia 1º de fevereiro, no pátio de Santa Cruz, vai ter farra, vai ter música, vai ter Valmir Chagas, vai ter prévia de carnaval, vai ter lançamento do CD da Minha Cobra. Enfim, vai ter festa do centenário. A nossa festa do centenário, a festa feita pela torcida, informal, mundana, safada, sem discurso e sem reza.

A farra vai começar no início da tarde, mas vai pegar fogo quando o sol tiver mais comportado. Essa semana, os blogueiros e os organizadores da troça vão vender o kit de CD + camisa por R$ 50,oo para custear as despesas com músicos e palco. Depois, cada um pode comprar o que quiser separadamente.

Quem quiser comprar o kit, pode entrar no facebook de Esequias Pierre, Claudemir Pereira, Geraldo Lima Jr ou no de Inácio França e combinar de fazer o pagamento e pegar o CD e a camisa.

camisaPor sinal, a camisa da troça no ano do centenário foi feita por uma tuia de crianças. Os pirralhos fizeram desenhos respondendo à pergunta “Para você, o que é torcer pelo Santa Cruz?”. Depois, o artista plástico Breno Melo (o protagonista dessa crônica aqui), juntou os desenhos, organizou tudo e deu forma final à ilustração da camisa.

O CD, por sua vez, tem músicas do compositor de sambas e frevos Bráulio de Castro interpretadas por Valmir Chagas, o Véio Mangaba. Algumas faixas são releituras de músicas do CD Veneno da Cobra Coral, de 2004, mas a maioria são inéditas, incluindo o Samba de Caça-Rato e o Hino da Minha Cobra. O projeto gráfico da capa e do encarte é assinado por outro profissional tricolor, o senhor Sebba Cavalcanti, o maior designer de Pernambuco(2,02 m de altura).

 

 

 

 

crianças
Os artistas que fizeram os desenhos que Breno Melo juntou para ilustrar a camisa da Minha Cobra centenária.

 

 

De alma lavada

O dia 3 de novembro de 2013 marcou a retomada do Santa Cruz. O time voltou à uma divisão que tem o mínimo da dignidade que o clube merece. Como sempre, a torcida coral esteve lá para acompanhar. Lotou o Arruda. Este é um relato do acesso visto da arquibancada, do meio do povo, do que verdadeiramente é o Santa Cruz.

Caruaru, aí vamos nós! E a preliminar é no Tricolaço.

A semana começou assim.

Um telefonema para meu sogro, avisando que iremos para o jogo no Lacerdão. No nosso plano de voo, faremos uma escala na ida e outra na volta lá na casa dele, em Bezerros.

Ligo o notebook e vou checar a caixa de entrada do meu correio eletrônico. Encontro uma mensagem de Micrurus. Queria saber sobre contatos com Besta, Sprinter, Vans, etc. A turma do condomínio de Sérgio Azevedo está combinando para subir a Serra das Russas e invadir Caruaru no próximo sábado.

Mas abaixo, tem três e-mails de Samarone. Lapa de doido é ali. Ao invés de consolidar tudo num só, o bicho manda um bocado de mensagens tratando da mesma coisa.

O primeiro era: “Frangolino, tu vai?”.

Uns seis minutos depois, ele manda outro: “Vamos alugar um micro-onibus, fala com Naná!”.

O terceiro dizia assim: “Tou pensando em ir já na sexta-feira. Topas?”.

No WhatsApp um colega sugere que a concentração seja no Alto do Moura, à base de aguardente e carne do bode assada.

Logo em seguida, uma ligação para o telefone de Inácio. O miserável não atendeu, aí enviei um recado pelo facebook.

Desligo minhas conexões e me mando para o trabalho. O trânsito está tranquilo e calmo. Boa parte da cidade viajou de férias e levou junto os engarrafamentos para passear. O rádio fala sobre mobilidade e o taxista comenta que essa bronca só se resolve com transporte público confortável.

Me vem o jogo de domingo à cabeça. Quatro mil, dez mil, quinze…., sei lá! Só sei que a 232 vai ficar entupida de preto-branco-encarnado.

Já são quase 11 horas da manhã. Chega uma messagem no celular, é Inácio dando sinal de vida.

“Tudo certo pro lançamento. Ligo depois”.

Se eu já não estava conseguindo me concentrar direito, o jogo do Santa tomou conta do restinho de espaço que ainda havia no meu cérebro.

Entro na minha caixa de correio eletrônico. Mais dois e-mails de Samarone. “Falasse com Naná?”, era um deles. “Liga pra mim” era o outro.

Liguei foi para Inácio.

“Puta que pariu, tás conseguindo trabalhar?” – ele atendeu.

“Fale não! É só o Santa Cruz na minha cabeça” – respondi.

E aí, o presidente do Blog confirma que faremos o lançamento dos dois primeiros volumes da triologia do Blog do Santinha, na capital do forró, no próximo sábado, a partir do meio-dia, no Bar e Restaurante Tricolaço.

Ainda não sei exatamente onde fica o bar, mas pelo que um amigo falou, o Tricolaço é perto do Lacerdão. Só sei que antes do nosso jogo de estreia na Copa do Nordeste, a gente vai fazer a preliminar no Tricolaço, que pelo nome deve ser um lugar bom arretado.

* * * * * * * * * * * * * *

Ei, tás querendo alugar transporte pra Caruaru? Olhaí o serviço!

Veículo: Ford Transit com capacidade para 15 passageiros (Ar-condicionado, TV Digital, DVD, Poltronas Reclináveis, Cortinas, etc)

Preço: R$ 500,00 (quinhentos reais)

Contatos:  (81)3076-8868 | (81) 8611-9135 – www.vieiraturlocacao.com.br

 

Tá no sangue

Gerrá tá certo. O que esse blog nos traz de melhor é a chance de conhecer muita gente boa e ouvir as histórias que nos contam. Não é brincadeira a quantidade e a variedade do que já escutamos de ou sobre apaixonados pelo Santa Cruz. O que guardamos na memória muitas vezes acaba aqui no blog em forma de postagem. É tanta coisa que já deu pra três livros, fora as horas e horas de papo jogado fora.

Nada porém, mexe mais comigo do que as histórias que os filhos contam da paixão dos seus pais. Freud explica. Tenho pra mim que torcer pelo time do pai é uma forma de manter contato com o velho mesmo depois de adulto, refazer a conexão depois que o pai vai dessa para melhor ou reforçar um vínculo imaginário, tipo assim: “gostaria de ter vivido isso com meu pai”.

Enfim, quem explica é Freud. Eu, no máximo, sinto que pode ser assim.

Meu pai não era e ainda não é muito de ir a estádio, entretanto o menino que vive dentro de mim (o mesmo que tira catota e bota embaixo da cadeira) guardou o quanto era gostoso ir ao Arruda ou ao Batistão, no tempo em moramos em Sergipe. Dia desses seu Lúcio me contou, como quem fala de um fato insignificante, que costumava me levar para a Unicap, já todo vestido de tricolor, quando o jogo era na quarta-feira. Ele saía mais cedo da aula e me levava para o Mundão. Tinha apagado isso da memória. Depois que ele contou, voltou tudinho.

Hoje sou eu que faço um esforço enorme para levá-lo para o jogo quando ele está em Recife.

E, nos últimos tempos, poucas pessoas me emocionaram tanto quanto Carlos Manoel e seu Carlão. O filho é militar, lotado em São Gabriel da Cachoeira, num posto do Exército na fronteira do Brasil com a Colômbia. Longe para cacete. Vocês devem lembrar dos comentários que ele deixa no blog. Na foto que ilustra o alto desse texto, ele está ao centro segurando a bandeira coral no meio da floresta.

Pois bem, no dia do lançamento do segundo volume da trilogia, Carlos Manoel estava de férias por aqui e levou seu Carlão.

O pai sofre de mal de Parkinson, uma doença devastadora e tem pouco controle sobre seus movimentos. O juízo, em compensação, está bom todo.  Conversamos um pouco na praça do Arsenal. A lembrança mais recorrente e mais gostosa de Carlos Manoel é entrar no Arruda no cangote de Carlão que, por sua vez, torce pelo Santa Cruz graças ao pai, um paulista de Guaratinguetá que veio parar em Recife a serviço do Exército – o mesmo que levou seu filho para longe -, lá pelos anos 50. Apaixonou-se pelas três cores, mas morreu cedo, infartou quando Carlão ainda era um Carlinhos, aos seis anos de idade.

Envolvido no lançamento do livro, a ficha da emoção demorou a cair. Passei dias tentando captar a beleza e o significado do que havia escutado e testemunhado. Carlos Manoel poderia ter ido só para a festa, daria menos trabalho, mas ele levou a família toda – mulher, irmã e sobrinho inclusive – para reencontrar um tiquinho da sua própria infância. E para devolver ao pai um pouco da alegria de outros tempos.

Dentro do bar, minutos depois, escutei uma moça, quase uma menina ainda, falar das estripulias do próprio pai. Não foi nada combinado nem ela escutou uma só palavra da conversa que havia tido lá no meio da praça. Dinda, a jovem contratada pela editora, contou que estava amando vender os livros do Santa Cruz, mas não pôde levar o pai, operado há poucos dias dos dois joelhos.

Espantoso foi o orgulho com que ela mencionou o problema ortopédico que deixou seu Paulo no estaleiro, coisa séria a ponto de justificar duas cirurgias. É que ele se operou por causa do Santa Cruz.

“Quando o Santa subiu da série D para a série C, ele foi do Arruda até em casa andando, mas parou para tomar umas cervejinhas, foi um negócio leve. Esse ano, ele prometeu que iria correndo se o time subisse para a série B. O Santa ganhou, ele amarrou a bandeira no pescoço e foi numa carreira só, quase sem parar”.

“Ele mora aonde, Dinda?”. É evidente que fiz a pergunta, mas tive medo da resposta.

“Em Boa Viagem, quase Setúbal. E olhe que ele não joga bem pelada, por isso deu problema nos dois joelhos, já chegou em casa com dor”.

Putaqueopariu. Pensei e disse. Para Dinda, o pai é um guerreiro que cumpriu sua missão e está feliz da vida, apesar de engessado. Fosse ela feita de outra matéria ou torcedora de outro clube, teria censurado a “loucura” do patriarca.

Ah, as cirurgias só aconteceram depois da decisão da série C. Paulo é um homem sensato e não queria perder a festa do título.

Júnior Santos é outro desses. Sua história me chegou por e-mail, enviada por Renan, o filho.

Foi em 2005, quando vencemos a Portuguesa e subimos para a Primeira Divisão. Na saída de casa, como quem não quer nada, Júnior avisou ao irmão Tony, a um amigo deste e a Renan: “Olha, fiz uma promessa. Se o Santa subir, volto para casa a pé”.  Ha ha ha. Ninguém deu bola.

Era à vera. Na saída do Arruda, o homem saiu andando pela beira-canal em vez de pegar o ônibus até o centro da cidade. “Só então acreditamos que o negócio era a sério”. O amigo do tio era um fraco, desistiu quando chegou em frente ao Carrefour. Três quilômetros e pouco, segundo Google Maps. Tio Tony segurou um pouco mais, só saltou fora na Chesf do Bongi. Nove quilômetros. Nada mal para quem pesava quase 100 quilos na época. Além do mais, a promessa nem dele era.

Renan continuou, firme, forte e fiel. Confiram o trecho do e-mail com o relato dele: “Continuamos, meu pai e eu, pela Abdias até chegarmos na BR-232, o pior trecho do percurso. Seguimos pela BR até a entrada de Jaboatão, onde faltava pouco mais de 3 km pra chegar mas já nos sentíamos em casa”. Total 20 quilômetros. E a mãe em casa, se descabelando de preocupação.

E de avô para pai, de pai para filho construímos e reconstruímos o Santa. E, agora, temos certeza que tudo isso não vai acabar.