Amigos corais, há dez anos ocupo este precioso espaço voltado para tudo o que envolve nosso amado clube, o Santa Cruz Futebol Clube. Primeiro com o amigo-irmão, Inácio França, depois com vários colaboradores, e finalmente com o nosso prata da casa, o grande Gerrá Lima, amigo de todas as horas.
Bem, como temos jogo apenas no sábado, achei que poderia falar sobre outro assunto, que não a nossa luta para voltar à Série A, a expectativa etc.
Meu texto de hoje é para pedir o apoio dos leitores deste Blog para um projeto que lancei dia 28 de outubro, no site www.catarse.me, para conseguir financiar uma nova edição do meu primeiro livro, publicado em 1998, intitulado “Zé – reportagem biográfica”, e que há alguns anos está esgotado.
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Resumindo cinco anos de pesquisa (1993 a 1998):
Zé era o apelido do José Carlos Novais da Mata Machado, mineiro que teve uma grande atuação durante a Ditadura Militar (1964 a 1985). Filho de um grande jurista mineiro, Edgard da Mata Machado, o Zé cresceu respirando política, acabou se tornando uma das lideranças da Ação Popular (AP), foi preso no Congresso da UNE de 1968, cumpriu a cana, e quando saiu, e mergulhou na clandestinidade.
Ele foi preso em 1973, quando militava na APML e morto no DOI-CODI do Recife, após brutais sessões de tortura, na madrugada de 27 para 28 de outubro de 1973. O DOI-CODI funcionava onde agora é aquele Hospital do Exército, ali perto do Parque 13 de maio.
O que tornou a história mais dramática foi que o cunhado do Zé, Gilberto Prata, aceitou trabalhar para a repressão. Foi um “infiltrado” na APML para repassar informações. Foi por causa disso que ele foi encontrado pela repressão. Várias pessoas morreram por conta dessa infiltração. Dois deles eram pernambucanos: Eduardo Collier Filho e Fernando Santa Cruz, presos em 1974 e desaparecidos.
O livro conta a história dele, desde a adolescência em Belo Horizonte, até a morte. Em uma passagem pelo Recife, o Zé fez vários amigos, que consegui entrevistar, para construir a narrativa. Na verdade, conta várias histórias e como era o país, debaixo de uma ditadura.
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Agora, quero reeditar o livro, com muitas novas informações sobre o caso, que a Comissão da Verdade de Pernambuco já conseguiu. Coisas que a gente não tinha acesso, como jornalista, na década de 1990.
Aos que compartilham meus textos, aqui no Blog, ou que já leram algum dos meus livros, peço uma pequena pausa para ver um vídeo que postei no site, além do texto que embasa o pedido de financiamento coletivo. O link é:
É bem simples e fácil. Você pode doar valores que vão de R$ 20,00 a R$ 5 mil (mas corra, porque só tem duas vagas para este tipo de doação).
Mas uma grande ajuda, de verdade, é também espalhar o link do projeto em suas redes sociais. Tenho até dia 29 de novembro para conseguir a meta. Se não alcançarmos o valor, tudo é devolvido para quem colaborou.
A vida me levou a esta história incrível, de um sujeito que passou por tudo, lutando por aquilo que acreditava. Foi líder estudantil, preso, virou clandestino, casou, teve filho, passou fome, até que foi preso e massacrado até a morte.
Seu corpo foi enterrado como indigente no Cemitério da Várzea. Coube a uma valente advogada, Mércia Albuquerque, encontrar o corpo e lutar, em nome da família, para que os restos mortais fosse exumados e enviados para Belo Horizonte. A família recebeu um caixão lacrado, para que não vissem o que tinham feito com ele.
É isso o que pretendo – trazer de novo essa história. Quando vejo algumas pessoas, de forma tresloucada, pedindo “intervenção militar”, em manifestações públicas, acho que precisamos saber mais sobre como foi aquele período.
Como jornalista e escritor, me coube também este cargo de cronista do Blog do Santinha, coisa que me enche de orgulho.
Peço a vocês que me ajudem, nesta empreitada. Se você acha que R$ 20,00 é pouco, basta ver o número de comentário deste blog. Se 90 pessoas doarem R$ 20,00 é uma puta ajuda.
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Amanhã, o Blog do Santinha volta a se dedicar à nossa obsessão infinita – o Santa Cruz Futebol Clube.