Apoiado, deputado!

Amigos corais, pelo menos uma boa notícia nos chega. E vem, pasmem! da Assembléia Legislativa!

É o seguinte. Segundo o Jornal do Commercio de sexta-feira passada, a cerveja pode voltar aos estádios de futebol. Leram isso direito? Esfreguem os olhos: A cerveja pode voltar aos estádios pernambucanos!

Vamos ao texto:

“O projeto de lei 2153/2014, que regulamenta a venda de bebidas alcoólicas dentro dos estádios de futebol pernambucanos a partir de duas horas antes das partidas, foi publicado no Diário Oficial do Estado”, no dia 20 de novembro.

O texto é do nobre deputado Antônio Moraes (PSDB), e deve ser votado até o final do ano.

Há poucas semanas ele recebeu a visita do presidente da Federação Pernambucana de Futebol (FPF), acompanhado de dirigentes do Santa, Sport e representantes da Arena Pernambuco. Evandro levou um dossiê para mostrar o que todos nós, frequentadores de estádios, sabemos há muitos anos – não há associação entre o consumo de álcool nos estádios com a violência.

Além disso, outros três estados já voltaram a vender a cerva gelada em seus estádios: Bahia, Rio Grande do Sul e Maranhão.

“A visita de Evandro e outros dirigentes só reforçou o meu entendimento de que a violência nos estádios pernambucanos não tem nada a ver com as bebidas alcoólicas. Por isso, decidi reapresentar o projeto agora. Acredito que, desta vez, ele será aprovado”, disse o nobre deputado.

Outra análise de Moraes que reflete bem a realidade que vivemos, nós que adoramos um bom jogo com o copão gelado na mão:

“Os arredores dos estádios viraram verdadeiros bares a céu aberto. Como sabem que não poderão beber no interior dos estádios, vários torcedores ´enchem a cara´no lado de fora e ficam bêbados, antes mesmo de a bola rolar. Não é pior?”

É sim, deputado. É o que todos os meus amigos têm feito, desde que esta proibição começou a valer, em janeiro de 2009. Todos bebem tudo o que podem, porque sabem que durante duas infinitas horas, só vai ver pela frente ambulantes vendendo pipoca, picolé e água. Quem, em sã consciência, vai ao estádio comer pipoca e chupar picolé? Só se for com os filhos, claro.

Se esses deputados tiverem juízo, vão aprovar na hora o projeto. Eles não sabem, mas o lugar mais seguro para um torcedor é justamente dentro do estádio. Frequento as arquibancadas há anos, especialmente as do Arruda, e o grande sofrimento que passamos é quando a torcida do Santa resolve toda ir ao estádio no mesmo dia. É tumulto para entrar e para sair. A dita “violência nos estádios”, geralmente acontece fora dele. Vem de longe, com a galera marcando briga e arrumando confusão a quilômetros de distância, fazendo arrastão etc.

O presidente do Santa, Antônio Luiz Neto, apóia o projeto, já que é uma importante fonte de renda para o clube. O presidente do Náutico, Gláuber Vasconcelos, também é favorável, mesmo sabendo que não vai ganhar um tostão a mais. É que o contrato com a Arena Pernambuco não prevê o repasse do dinheiro das lanchonetes para o clube. Ele acha que se a torcida do Náutico quer beber, tem este direito. O presidente do Sport, João Humberto Martorelli, é o único do trio contrário à venda da cerva gelada, “principalmente por causa da violência nos estadios”.

A redação do Blog do Santinha já está fazendo seus contatos para entrevistar o deputado Antônio Moraes. Queremos os detalhes, a cópia do dossiê e mais divulgação sobre isso. Esse deputado, no mínimo, tem um pé na realidade.

Nosso secura, ao que parece, está a caminho de acabar. Até hoje não entendi esta proibição, que prejudicou enormemente minha relação com o futebol.

Cresci com meu pai me levando a diferentes estádios. Era a época de uma cerveja gorduchinha, de vidro mesmo. Nunca vi uma confusão por causa disso. Depois virei adulto e assistir jogos do Santa, às quatro da tarde, em pleno sol recifense, pedia uma boa cerva gelada.

Tiraram nossa alegria, mas o nobre deputado vai virar essa página, tenho certeza.

Se eu fosse presidente do Santa Cruz…

… a primeira providência era botar Adilson e o tal de Marlon pra fora. Logo depois, chamaria Nininho, Memo, Renatinho, Leandro Souza, Ailton e outros, e mostraria a porta de saída do clube.

Sandro Barbosa e Adriano, também pegariam o beco.

Todas as indicações para contratação passariam por mim e por uma comissão composta por alguns amigos que conheço e sei que entendem de futebol.

Usaria a internet e redes sociais pra checar todos os atletas que viessem a ser oferecidos ao nosso Santa Cruz. Para isto, chamaria Allan Araújo, Esequias Pierre e Anizio, e pediria a colaboração deles.

Qualquer treinador ou jogador que tratasse mal a nossa torcida, seja com gestos ou palavras, levaria uma boa chamada. Se o fato se repetisse, o elemento seria sumariamente demitido.

Por falar em treinador, três nomes estariam completamente descartados de serem contratados: Zé Teodoro, Sérgio Guedes e Bagé.

Quinzenalmente, eu conversaria com os torcedores. Seria um café da manhã ou almoço ou jantar. Para isto funcionar, de 15 em 15 dias, a gente sortearia alguns sócios em dia e bateria um bom papo sobre o Santa Cruz.

Traria de volta as Tricoletes. Só que ampliaria esse projeto para botar as garotas dançarinas não só na frente das sociais, mas também do lado que fica a arquibancada. As meninas seriam escolhidas democraticamente num evento realizado na beira da piscina.

Por falar em sociais e arquibancada, se eu fosse o presidente, os sócios em dia poderiam ir assistir aos jogos na arquibancada.

Para estimular os sócios, eu modernizaria os bares das sociais e colocaria jovens e educadas gasoseiras para venderem bebidas e lanches.

Outra medida que tomaria em relação aos torcedores era que as torcidas visitantes não sentariam de forma algum nas cadeiras. Podia ser a torcida que fosse, podia ser a do Íbis ou a do Barcelona, ela ficaria atrás da barra.

Eu mandaria reabrir a churrascaria Colosso.

Convocaria Inácio, Samarone e Laércio Portela para, junto com Jamil, ficarem responsáveis pelo Setor de Comunicação. Um dos projetos que eu pediria que eles elaborassem era o de um programa esportivo oficial do clube. O outro era um estudo sobre a viabilidade de termos uma rádio oficial.

Uma das minhas prioridades seria criar um departamento de marketing.

Traria de volta a quinta santa.

Os ingressos dos jogos também seriam vendidos pelo site oficial.

Acabaria de uma vez por todas com rifas, jantares e almoços de adesão.

E por fim, conversaria com a empresa que fez o álbum de figurinhas, a Panini, para confeccionar uma edição especial onde tivesse a figurinha de Bráulio de Castro. Não entendo como é que um compositor do quilate de Bráulio, que tem mais de uma dezena de músicas enaltecendo o Santa Cruz Futebol Clube, fica de fora da galeria de ilustres artistas que torcem pelo Santa.

Se eu fosse presidente do Santa…

Se eu fosse presidente do Santa Cruz Futebol Clube, a primeira coisa que eu faria seria chamar todos os profissionais corais das mais diversas áreas para ajudar no que fosse preciso. Advogados, publicitários, jornalistas, profissionais liberais seriam estimulados a dar idéias, implementar projetos, mudar a visão do clube, que parece andar sempre com um pires na mão;

Publicaria mensalmente valores arrecadados e gastos no site do clube;

O clube, por sinal, teria um site decente;

Minha gestão seria cercada de colaboradores os mais diversos, o Arruda estaria de portões e portas abertos para quem quisesse ajudar com alguma coisa;

Nos momentos de maior dificuldade, chamaria a Imprensa para dizer à torcida quais os problemas que estaríamos vivendo, para não acontecer o que vem acontecendo desde o jogo contra o América-RN, quando começamos a perder a chance de classificação e vivemos no mundo da especulação;

O Conselho Deliberativo teria que funcionar e dar suas contribuições mensalmente, sem intervenção da presidência, cobrando e fiscalizando as ações da diretoria;

O presidente do clube, ao final, não poderia mais ser presidente do Conselho Deliberativo e não poderia haver reeleição;

Montaria uma Comissão Eleitoral independente para que qualquer torcedor-sócio em dia pudesse se candidatar. Como não haveria falcatrua, o clube viveria alternância de poder ou, no mínimo,uma discussão decente sobre erros e acertos;

O Marketing do Santa seria uma equipe grande, com vários profissionais, que iriam trabalhar de forma profissional, recebendo salário proporcional ao que fosse levantado para o clube;

Trataria melhor a torcida em dias de jogos decisivos;

Faria de tudo para liberar a venda de cerveja no Arruda, além de bandeiras, papel picado, bolas etc;

Obrigaria Inácio França, Gerrá Lima, Laércio Portela, Kiko, Jota Peruca, João Valadares, Júlio Vilanova, Esequias Pierre, Robson Sena, Pedro Leite, Gerino Xavier, Bruno Fontes, Adilson, Stênio, Naná, Seu Vital, a turma da Kombi Coral e mais uns 100 tricolores das bandas do Arruda, gente da melhor espécie, a fazer parte da diretoria, dando plantões com dias estabelecidos numa planilha, inclusive aos finais de semana;

Nota: Gostaria de ser lembrado como o presidente mais maluco que o Santa já teve;

Mas eu nunca serei presidente do Santa Cruz e o próximo presidente já está eleito – as urnas de dezembro não foram abertas mas já dão uma larga vantagem de 300 votos ao advogado Alírio Moraes.

Que ele faça uma boa gestão, porque o ano do centenário foi um desastre. A melhor lembrança vai ser um álbum de figurinhas.

Se eu fosse presidente…

Não deve ser fácil presidir um clube de futebol, principalmente uma estrutura desmantelada como a do Santa Cruz. É pressão por todos os lados: torcedores cobrando resultados, jogadores a fim de seus salários, treinador querendo comissão técnica nova e outros jogadores, oficiais de justiça batendo na porta, o pessoal da manutenção pedindo dinheiro para consertar o banheiro da geral, dirigentes vaidosos querendo aparecer mais do que os outros.

Mas deve ter alguma coisa boa também, pois não me lembro de ter faltado candidatos disponíveis para o cargo.

Mesmo sem saber como é estar no meio desse furacão, aqui da tranquilidade do meu quarto-escritório, ao lado de um janela de onde posso ver ninhos de passarinhos na galharia de algumas árvores, me dou o direito de imaginar o que faria nesse momento de tensão se eu fosse presidente do Santinha.

Pois, bem, se eu fosse presidente…

…eu tinha escolhido um jogador para ser linchado pela torcida. Antes do jogo, chegava ali na avenida Beberibe com dois caras arrastando um sujeito do elenco. Podia ser qualquer um que não fizesse falta nenhuma (são muitas as opções). Dizia que ele tava querendo entregar o jogo e a turba ignara que resolvesse. Pronto, os 11 que entrassem em campo iriam dar o sangue metaforicamente para não ter de dar o sangue no sentido literal da coisa.

…eu instalaria um painel ali perto da entrada das sociais com o modelo, cor e placa do carro de cada jogador. Facilitaria o trabalho da torcida e evitaria injustiças. Duvido que o cabra tivesse coragem de fazer corpo mole, de zagueiro tentar tirar a bola da área dando cabeçadinha xôxa,  de artilheiro dar bombão na hora de colocar ou atrasar a bola pro goleiro na hora de bater forte.

…eu tirava Oliveira Canindé e botava no banco aquele cachorrão marrom que todo santa dia se espreguiça ao lado do portão da sede. O vigia me contou que ele é manso de dia e uma fera sanguinária à noite, não deixa ninguém sair nem entrar do clube quando se enfeza. Com certeza as substituições seriam mais eficientes, com a vantagem do cachorro não deixar o jogador substituído sair do campo. Jogaríamos com 14 (o inconveniente dessa decisão é que precisaríamos saber o que fazer quando as partidas fosse à tarde).

…juntava uma turma para invadir a Casa da Moeda para imprimir dinheiro e pagar os salários sempre em dia.

…oferecia um vaga de contínuo a Adilson no meu gabinete da Câmara Municipal. Jogador a gente já sabe que ele não é, quem sabe vinga como barnabé.

 

Apesar dos pesares, eu vou!

Eu até levei fé, quando Oliveira Canindé foi contratado para comandar nosso time. Ele havia feito um bom trabalho na Copa do Nordeste, no Campinense e no CSA. Além disso, nada poderia ser pior do que Sérgio Guedes.

Seu Canindé chegou falando que treinar nosso Santa Cruz era um sonho da vida dele. Rasgou elogios a nossa torcida. Etc e tal.

E o time até que melhorou.

Deu uma engrenada e encarou a Ponte Preta e o Joinville fora de casa. Empatamos as duas.  Depois disso, na Arena do Defunto vencemos o Vasco e enfiamos uma goleada no Vila Nova. Para finalizar a sequencia, ganhamos do Ceará, lá em Fortaleza.

Definitivamente, saímos de perto do grupo que vai descer e nos aproximamos da turma que está lutando pelo acesso.

Ficamos a uma vitória para entrar de vez no G-4 e com chances reais de não sair mais. O povão se empolgou. Botamos quase 40 mil pessoas no Defuntão para selar nossa ida para Série A.

Mas aí, Oliveira Canindé incorpora o cientista maluco e começa a fazer experimentos mirabolantes na equipe.

No último jogo, contra o fraquíssimo Bragantino, nosso técnico aproveitou que estava sem poder escalar alguns titulares e entregou sua monografia do curso “Futebol é ciência”.

Conversando sobre isso com Cobrão, ele me ajudou e refrescou minha memória.

Em questões de segundos, ele elencou todos os experimentos feitos por Canindé.

Tudo começa com a escalação de Adilson no ataque e a invenção de ter colocado Everton Sena numa posição que nem ele sabia qual era.

Colocou de frente, o tal Adilson. Além da ruindade, um jogador que não havia jogado uma só partida inteira no Santa Cruz.

Meus amigos, como é que alguém que se diz treinador de futebol escala Adilson no lugar deixado por Léo Gamalho?

Esse Adilson não tem vaga, nem na pelada que Lins organiza todo sábado de manhã, lá no Jiquiá.

Não deu outra, o cabra não fez nada e foi sacado no intervalo.

Seu Canindé, pra limpar a sujeira que fez, queimou uma substituição e colocou Betinho que estava há três meses sem jogar bola.

Improvisou Everton Sena que ficou perdido em campo. Daí, começou a distribuir pancadas e levou cartão amarelo.

O treinador tenta resolver a lambança que fez e queima outra substituição no intervalo. Só que ele tem a brilhante ideia de botar um dos mais famosos perronhas oriundos da nossa divisão de base, Memo.

Nosso time precisando vencer, o sujeito ao invés de colocar Natan, resolve botar o tal Memo.

E aí, deu no que deu.

Vou parar por aqui. Relembrar o jogo contra o Bragantino faz mal pra saúde. Hoje à noite eu preciso estar bem, pois apesar dos pesares eu vou pro Arruda ver o Santa jogar contra o Sampaio Correia, um time que tem Siloé como titular.

Um time sem caráter

De cara, me veio a ideia de escrever um texto sobre a impossibilidade de contratar raça, garra ou vontade. Jogador de qualquer posição o clube até encontra, nem que seja na Bolívia. Raça não se encontra por aí. Era por esse caminho que pretendia alinhavar meu raciocínio.

Besteira.

Resolvi deixar a pseudofilosofia de lado quando li as declarações dos jogadores do Santa dizendo “que não estavam abatidos” e que “ainda há possibilidade de acesso”. Não tenho mais dúvidas: esses caras estão tirando onda.

Ontem à tarde, durante o primeiro todo, só me vinha uma pergunta à cabeça: por que um time faz um gol logo no começo da partida e depois se comporta daquele jeito, sem ânimo, dormindo em campo, rifando bolas fáceis? Como? Por quê?

Pois bem, tenho certeza que a resposta não está dentro de campo, mas na cabeça de cada jogador: o time do Santa Cruz não quer subir. Não é uma metáfora, estou sendo literal: esse elenco não tem qualquer comprometimento, envolvimento ou desejo de fazer o clube jogar a primeira divisão do Campeonato Brasileiro em 2015.

A razão disso, não sei. Pode ter sido o episódio dos salários atrasados, pode ser divisão no elenco, pode ser ciumeiras, pode ter sido alguma merda que o treinador falou ou fez (as que vimos foram muitas, imagine então nos bastidores), pode ser emputecimento do grupo com a postura de um dirigente qualquer.

Pode ser qualquer coisa, mas na verdade pouco importa. Por um motivo ou por outro, um Arruda vazio os aguardará na próxima terça. Para eles, isso também não importa, afinal, com atrasou ou não, o clube tem de pagar os salários de qualquer maneira.

Seria fácil chamar de frouxo um time que tem três chances consecutivas de entrar no G4 e refuga os três obstáculos como um Baloubet de Rouet dos pobres. Mas o futebol (!?) jogado pelo Santa nessas partidas, mostra que não é só isso.

Gols perdidos cara-a-cara foram muitos. A falta de pegada do time é tão constante quanto irritante. As bolas lançadas para o vazio a todo ataque é coisa de quem quer se livrar da bola, fingir que fez alguma coisa, que tentou sem ter tentado.

E não me venham falar de falta de qualidade dos jogadores. Perdemos para dois times horríveis, que lutam contra o rebaixamento. E se houver algum elenco forte nessa Segundona, por favor me digam de quem se trata, porque até agora não entrou em campo. O que existe são dois times com vontade.

A cara de “tô nem aí” do artilheiro revela muito mais do que esconde.

O que falta não é coragem. Falta caráter.

Quando o futebol é uma festa…

Como estou cá no Uruguay há alguns dias, fiz amizade com o pessoal do hotel. Um deles torcedor fanático do Clube Nacional. O outro, do Peñarol, ficava enchendo o saco dele, dizendo que os torcedores do Nacional são “galinhas”.

Graças ao amigo do Nacional, fomos juntos ver o superclássico Peñarol x Nacional. Apesar do clima quente envolvendo as torcidas, da enorme preocupação das autoridades, o que mais impressiona é a liberdade dos torcedores para levarem suas bandeiras, instrumentos musicais, papel picado. As arquibancadas são ocupadas por pessoas que ajudam a embelezar o estádio. Quase tudo é permitido dentro do estádio.

Do jeito que as coisas andam, brevemente a polícia vai proibir até radinho de pilha…

Ainda tenho esperança de ver o Arrudão cheio de bandeiras, bumbos, música, sem precisar ser de uma torcida organizada.

Pois bem. O Peñarol ganhava de 1 x o até os 43 do segundo tempo. O Nacional empatou aos 45 e virou com um gol de falta nos acréscimos. Meu amigo quase morre.

Como fiquei fora do ar desde aquele sábado desgraçado em que perdemos para o time de Natal, não sei como está nossa chance de classificação, os jogos que temos pela frente etc. Alguém pode ajudar a este torcedor coral a milhares de quilômetros de casa?

Ps. Informo ao amigo Inácio que já comprei a camisa do Peñarol de Bruno, mas ainda não consegui acertar a visita ao Mujica, para pedir o autógrafo dele…

Nós vamos é pro bar

Da turma que eu conheço, somente dois amigos estão se mexendo para ir ao jogo de sábado na Arena do Defunto. Marconi e Allan Robert.

Tinha Naná, também. Ele estava pensando em ir. Até me ligou querendo saber se eu iria, para botar meu nome na lista da Van.

Naná não sabia que o mandante do jogo era a turma da barbie. Achava que ia ter ingressos de sócios do Santa Cruz.

Quando eu disse a ele que o ingresso era cinquenta reais, o gordinho arretou-se. Mandou a Arena se foder e desistiu da aventura.

Bom, quem quiser que vá! Afinal, gosto e sovaco, cada um tem o seu.

Mas eu e Inácio, além de Claudemir, Esequias, Thiagão, Stênio, Robson Sena, Julio Vila Nova, entre tantos outros, não iremos.

Estamos mesmo é procurando um bar que transmita a partida.

Mas não é um bar qualquer.

Queremos um bar que sirva aguardente e cerveja de garrafa, daquelas de 600 ml. Sim, e que tenha copo americano.

Não precisa ter um cardápio estiloso com entradas, petiscos, pratos rebuscados e sobremesas.

Pra nós, basta apenas um bom tira-gosto, que está tudo certo. E, claro, tem que ter o tradicional e saudável caldinho de feijão.

Estamos procurando um estabelecimento onde os garçons não sejam esses seres humanos robotizados que vemos nos restaurantes e bares de grã-finos. Garçom bom é aquele que tira onda, que conversa com o freguês, que não deixa faltar cerveja na mesa.

Não precisamos de luxo, de ar-condicionado, nem de muita modernidade. Não precisa nem de televisão de última geração.

Quanto a localização, que seja um bar que não esteja situado fora do Recife. Que não fique localizado a quilômetros de distância do centro da cidade, isolado onde o vento faz a curva. Um bar que a gente possa ir sem ter que enfrentar maiores problemas. Que a gente consiga chegar nele de ônibus, táxi, bicicleta, a pé, de moto, etc, sem ter que ficar procurando atalhos e caminhos que facilitem nosso acesso.

Não queremos o bar da moda. Queremos apenas, um bar.

Um bom boteco que tenha o cheiro, a cor, a cara e o jeito da torcida do Santa Cruz.

Quem souber, nos indique!

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Samarone está em Porto Alegre. Se por acaso alguém souber de um bom lugar na capital gaúcha, onde ele possa assistir à partida, favor avisar também.

– Se eu estivesse pras bandas de Bezerros, assistiria ao jogo no Bar Lá em Casa.

– Aproveito pra dar os parabéns à Koala, não sei nem se ele tá vivo depois de mais uma virada histórica do Atlético Mineiro. Koala é folião e colaborador da Troça Minha Cobra e tem um carinho enorme pelo Santa Cruz.

 

É hora de voltar para casa

“Nunca fui na Arena, não vou, não irei. Nem de graça. Não vou, não quero saber como se faz pra ir e tenho raiva de quem já foi. Quero que a Arena se lasque”.

É o que vive repetindo meu cunhado. Sempre com ênfase, sempre taxativamente.

Pensei que no jogo em que o Santinha poderia entrar no G4, ele cederia. Não resistiria aos encantos da recuperação sob os cuidados de Oliveira Canindé. Dois dias antes, com o ingressos já comprados, quis saber se o irmão de minha mulher já tinha mudado de ideia. A resposta: “Quero bem ao cunhado, mas não vou não. Não perdi nada naquele fim de mundo. Comprei o pêi-pé-viu do Sportv só para ver os jogos do Santa naquela desgraça”.

Admiro a coerência, mas não dei a mínima. Ele está antecipando o velho ranzinza que, certamente, será. Foi o que pensei, afinal que mal faz o cara experimentar, abrir a alma para o novo? Nem que seja para provar suas próprias hipóteses.

A partida acabou e eu já tinha mudado de ideia. Eu estava errado. E ele certo. Mais do que certo. Certíssimo, aliás.

A Arena Pernambuco é um erro grotesco. Não o estádio, mas sua localização estapafúrdia, seu entorno e o grave problema de mobilidade e trânsito que sua construção criou. Mas um, como se a Região Metropolitana do Recife já não os tivesse aos montes.

Os jornalistas esportivos e os marqueteiros do governo (e da empresa parceira, a Odebrecht) vivem repetindo um mantra: “a Arena proporciona ao torcedor uma nova e moderna experiência para assistir a um jogo de futebol”. Com poucas variações, é mais ou menos essa a frase. Não há dúvidas disso.

Antes da Arena, ninguém precisava consultar mapa, GPS e sair perguntando para descobrir o melhor caminho para chegar em um estádio de futebol. Realmente uma experiência novíssima.

Antes da Arena, ninguém pagava dez contos por um saco de pipocas de microondas.

Antes da Arena, o elemento podia chegar ao Arruda, por exemplo, usando não sei quantas linhas de ônibus, táxi, bicicleta ou pedir para a mulher deixar por perto, quando fosse para a casa da mãe. Conta-se nos dedos as linhas de ônibus que levam pra lá. De táxi, nem pensar, a não ser que o torcedor cague dinheiro. De bicicleta, só se o ciclista for do time olímpico. E mesmo que sua sogra more em Paudalho, duvido que sua mulher vá topar o engarrafamento na BR só para facilitar sua vida.

A mais inovadora das novas experiências fica para depois do jogo. Sair de lá é pior do que chegar. Muito pior. Bota pior nisso.

Antes da Arena, o sujeito pagaria cinco ou dez contos para o guardador de carro que já conhece há anos, acaba o jogo e vai embora. Se for no Arruda, enfrenta um engarrafamento tamanho M ali pelo Rosarinho ou em Campo Grande, caso tenha de passar por esses lugares. Se morar muito longe, tipo Piedade ou Rio Doce, em quarenta minutos está em casa.

Na Arena, quarenta minutos depois você permanece dentro do estacionamento, sem poder ir para lugar nenhum, a não ser que tenha desistido da partida 10 minutos antes do fim. Se foi de ônibus, você estará dentro do ônibus, parado, num calor da pleura,  sem ir a canto nenhum.

Sábado foi assim: quase uma hora e meia depois da partida, permanecíamos no estacionamento, cujo preço é três vezes maior do que aquele cobrado pelos honrados guardadores do entorno do Arruda, ou da Ilha, ou do extinto Aflitos. E olhe que foram 34 mil torcedores, metade da multidão que enche o Arruda quando é pra valer.

No final das contas, saí de casa às 13h30min. Voltei às 21h. E isso tudo para ver Oliveira Canindé errar no atacado em suas substituições, para ver Tiago Costa se esconder do jogo, para ver Léo Gamalho no mundo da lua, para ver Wescley não conseguir se desmarcar, para ver quatro gols perdidos embaixo da barra, para ver os potiguares descerem o sarrafo, para ver o juiz fingir que o jogo não foi violento.

Enfim, para ver o time acovardar-se e ter medo de ser feliz.

Pelo menos a derrota serviu para silenciar a tabacudice de que “a Arena dá sorte pro Santa”. Não dá não, nem para quem construiu ou mandou construir.

Por tudo isso, é hora de voltar para o Arruda. Esqueçamos a Arena. De preferência, para sempre. Porque toda viagem, por melhor que seja, enche o saco e dá vontade de voltar para casa.

ArenaEngarrafada
Estacionamento da Arena Permambuco, às 19h15, quase uma hora depois do fim da partida Santa Cruz x América-RN