Me desculpe, os que querem ficar punhetando com essa história de Raniel, mas eu vou é traçar umas linhas respeito do jogo de ontem.
Pois bem, quando confirmaram meu curso aqui em Brasília, tratei logo de mandar um recado para Pablo.
“E aí, meu nobre, o jogo contra o Boa vai passar no Raízes? Tou na área”
“Claro. Venha pra cá.”
O Raízes é um dos lugares que sempre visito quando venho a Brasília. Conversa boa, música de qualidade, cerveja gelada, tira-gosto barato e uma energia preta-branca-encarnada circulando no ar.
Saí da aula nas carreiras e me mandei pra W3-Norte. Aqui pra nós, não me acostumo com essa cidade. Prefiro ruas com nomes de flores, arvores, ao invés desses códigos que usam na capital de país.
Voltemos ao assunto.
Vesti a camisa do Santa Cruz e fui pro Arrudinha (é assim que a turma daqui chama o bar Raízes).
A televisão já estava no local de sempre. Do lado de fora do bar e em cima de quatro grades de cerveja enfeitadas com uma bandeira do Santa Cruz.
O melhor de tudo é que Pablo deixa TV sem som. Aí, o jogo rola e a gente é poupado de estar ouvindo as besteiras que o comentarista fala. Ao invés da locução chata, é o jogo passando na tela e música no ouvido. Cascabulho, Nação Zumbi, Bob Marley, etc e tal.
Pablo fica pra lá e pra cá. Atende um, troca uma ideia com outro, senta pra ver o jogo, toma cerveja, levanta…
O primeiro tempo não foi lá essas coisas todas. O melhor da primeira etapa foi uma garota que chegou e perguntou quanto estava o jogo.
– Está zero a zero – Pablo disse.
– Vai fazer um gol agora, o Santa!
Foi a moça terminando de falar, Luizinho cruza e Bruno Moraes fuzila. A garota foi ovacionada.
Terminei minha primeira caipirinha, justamente na hora que perdemos o penalti.
Resenhamos um pouco. Um rasta chega e fala mansamente, “esse Santinha é do caralho!”
Começa o segundo tempo. O time é outro. Joga pra cima. Alegre. Dominando o adversário.
Um senhor chega oferecendo cigarros. Ninguém da mesa deu atenção.
Dois a zero.
– Será que hoje vamos golear? Faz tempo que não vejo o Santa golear fora de casa. – diz Valter Ananias.
Pablo manda uma cortesia pra mesa. Um prato de calabresa acebolada.
O garçon trás uma cerveja.
Três a zero. O jogo é nosso.
Mas o Santa Cruz não perde essa mania de dar seus apagões e leva um gol besta.
Bate o receio.
A partida termina. Dava pra fazer pelo menos mais um golzinho.
– esse gol que levamos, vai tirar uns cinco mil torcedores do jogo contra o Ceará. – sentencia Valter.
Achei um exagero.
Só sei que estou doido pra chegar em Recife, esquecer um pouco as mazelas daquela Arena e sábado viajar pra São Lourenço da Mata.
A hora é de apoiar. Quem tiver seus azedumes que fique assistindo no pêi-per-viu.