Uma tempestade de otimismo e esperança

Acreditem!, quando estacionei o carro, São Pedro mandou uma tonelada de água e quase dei meia volta. Olhei para Alessandra e ensaiei ir embora para casa. Levar chuva na saída, voltar pra casa molhado, imagina se o Santa Cruz faz uma presepada, estes e outros argumentos quase me fizeram desistir de ver a partida. No meio da falação, apelei dizendo que Sofia iria se molhar, e gripe, e virose, e etc e tal.

Nossa filhota foi logo dizendo, “não papai! Não tem problema! Eu boto um saco na cabeça!

Pronto, resolvemos ficar. O carro ficou pertinho da rapaziada da P-10. Pode chover canivete que os caras não perdem o pique.

Entrei no posto de gasolina para sacar dinheiro e comprar brebotes para Sofia. Avistei Sérgio Travassos. O bicho tá é gordo. Ele estava bebendo umas cervas com um amigo. Trocamos umas palavras, sintonizamos o otimismo e na saída eu disse: anota aí, vai ser 3 a 0 pra gente!

Minha filhota corrigiu logo: três não, vai ser de quatro!

Saí da loja de conveniências e dei de cara com Marcel. Fazia tempo que não via aquele cabra. Satisfação danada ter encontrado ele. Gente boa é ali. Batemos um papo rápido. Marcel já tava bem calibrado de cerveja e animado feito pinto no lixo. Repeti a frase que eu havia falado para Sérgio Travassos, “anota aí, vai ser 3 a 0 pra gente!”. A pequena rebateu: “papai, vai ser 4. Qua-tro a ze-ro”. Alessandra me puxou. Saímos driblando as poças e avexados. A chuva tava engrossando.

Na entrada do clube vejo Julio Vila Nova. Uma moça estava tentando fazer a cabeça dele para conseguir ajuda para o Projeto Camisa 12. Ela, vestida com uma blusa preta, uma calça preta modulando a parte inferior, cabelos longos, toda formosa. Ele, de bermuda, uma camisa do Cordas e Retalhos, um copo de cerveja na mão e uma cara de lobo mau. Me lembrei do filme A bela e a Fera.

Bem perto, estava Samarone. Pra variar, já tava daquele jeito. Hoje, ele me perguntou ao telefone se eu tinha ido ao jogo.

Corri para comprar o ingresso.

Numa noite fria e chuvosa, todos transpiravam fé na vitória.

A cada encontro, em cada rosto, um clima de otimismo e alegria acenava pra gente.

Comprei os bilhetes. De longe ouvi um grito de guerra vindo de Abílio. Apressamos o passo. No caminho para as cadeiras encontro Tiburtius.  Trocamos um abraço. Era outro que compartilhava sorrisos. Parecia ter a certeza dos três pontos.

Subimos. Fomos para as cadeiras brancas. Quase sempre, quando vou para as cadeiras cativas, fico nas brancas. É onde encontro Vavá e cia. Ontem, ele tava com a filha Patrícia, o neto Diogo e o genro Guilherme. Guila é um dos maiores pé quentes que conheço. Não lembro ter perdido um jogo ao lado dele. Pertinho deles, exatamente atrás, estavam Inácio e Pedro França. Quando vi a turma ali, pensei “caramba, hoje é vitória certa” e fiquei junto deles. Ganhamos. Não foi 3 a 0, nem os 4 de Sofia. Mas foi lindo. Na raça, como nós, os tricolores corais santacruzenses das bandas do Arruda, gostamos!

Há quem não acredite muito nessas coisa. Eu muitas vezes sou bem descrente. Mas essa história de pensamento positivo e otimismo coletivo, parece que funciona no futebol. Ontem vi isso de perto. No meio dos quase quatro mil torcedores que foram ontem ao Arruda, encontrei alguns bons amigos da velha guarda do Blog do Santinha. Todos estavam molhados de otimismo e esperança.

Lista de treinadores

Toda vez que o Santa Cruz está procurando técnico, eu vou consultar minha lista de 100 nomes. Pois é, eu tenho uma lista com mais 100 nomes de treinadores. Chamo lista de 100 nomes, pra ficar mais fácil. Já até publiquei aqui no Blog, faz tempo.

Comecei com essa mania, depois que vi tanto técnico ruim passar por nosso comando. Se não me falha a memória, iniciei esse “hobby” quando o Santa Cruz contratou um tal de Bagé.

Quem daqui se lembra daquela invenção de botarem como técnico a dupla Ricardo Rocha/Zé do Carmo?

E Ferdinando Teixeira? O sujeito era sociólogo. Naquela época, quando ele veio pro Santa, eu fui num desses programas esportivos que a turma faz em bar, lanchonete, restaurante, essas coisas. Saí de lá com a sensação de ter conhecido um daqueles professores gente boa que aprova todo mundo sem maiores problemas e que, nos jogos comemorativos de final de ano, ele foi ser treinador do time dos terceiranistas.

Me recordei agora de Sabugosa. Sérgio “Sabugosa” Guedes. Ali era comédia. Um dos piores que já vi passar por aqui. Nas entrevistas que ele dava, era um lero-lero só. “As razões pelas quais não atingimos o esperado é porque estamos administrando muitas coisas. Não é fácil fazer isso. Inicialmente a equipe se mostrou desconfortável, esperando o adversário e depois teve iniciativa de sair no contra-ataque. Quando começamos a desarmar e atacar, tivemos mais ocasiões, só que não ocorreram os gols”, professor Sabugosa depois de um jogo contra o Avaí.

Mas, enfim, sempre que estamos precisando contratar um novo técnico, abro minha lista e vou procurando nomes. Tem de A a Z (Aderbal Lana, Artuzinho, Cairo Lima, Dado Cavalcanti, Klisman da Silva, Parreira, Roberval Davino, Zé Teodoro).

Nela, eu separo alguns profissionais por categoria.

Tem, por exemplo, a categoria Cientista Maluco. Neste grupo estão nomes como o de Milton Mendes, Lisca e o do ex-treinador Ferdinando Teixeira.

Tem o grupo Futibó é futibó. Givanildo Oliveira, Geninho, Zé Teodoro, Aderbal Lana e outros fazem parte desta categoria.

Sérgio Guedes está na categoria lero-lero.

Quando anunciaram que Junior Rocha seria treinador do Santa, corri para ver se o nome dele constava na minha lista. Pois bem, o senhor Dilceu Rocha Junior constava na lista, mas ainda não tinha sido incluído em nenhuma categoria.

Depois da desgraça que foi sua curta passagem por aqui e de ouvir tanta besteira dita por este treinador Jr Rocha, fico na dúvida se incluo ele no grupo dos cientistas malucos, se boto ele junto de Sérgio Guedes ou se crio a categoria “Técnico Nutella”. A única certeza que tenho é que quero que ele nunca mais venha vestir nossa camisa.

Sim…., se a diretoria quiser uma ajuda, posso enviar minha listinha com os nomes. Nela tem exatamente 123 professores de futebol.

A velha e boa emoção.

A final do Campeonato Pernambucano foi contra todas as previsões. Ambos os jogos estavam cheios. Tudo o que se pensa sobre a ausência da torcida nos campos – transmissão da TV, transporte público, violência das torcidas, conforto do sofá de casa, a porra toda – não valeu na final.
Qual a razão dos estádios lotados na final? Muito simples: a boa e velha emoção. Pois é. Uma das coisas fundamentais no futebol. O que achei estranho – e isso estava conversando com Sama e Gerrá – é que na final eu só escutava neguinho gritando e vibrando com os gols da Patativa. Mas foi a emoção de ambos os lados que incendiou a final e trouxe o torcedor de volta aos campos.
Tá, legal isso. Mas vamos ao que interessa: o Santa Cruz.
Estava na casa de meu amigo Fábio Martins tomando umas e falando sobre o Santinha. Fábio também é tricolor coral das bandas do Arruda. Enquanto a gente brahmeava, ele soltou essa:
“De boa, qual foi a última vez que tu vibrasse feito um louco com um gol do Santa?”.
Ficamos pensando e comentando os últimos gols do Santa. Depois ele antecipou:
“Por isso que não acompanho mais nada do futebol pernambucano. Acabou-se a emoção. Não tem graça ir ao estádio para ver um time ruim da porra desses. Dói na vista”.
Fiquei pensando sobre essa dura afirmação. E não é que é isso mesmo. O que falta é a velha e boa emoção. Claro que o Todos com a Nota criou uma ilusão de torcida apaixonada. Mas também temos que pensar que a grande massa tricolor coral é sofrida, meus amigos. Esse fator é fundamental para pensarmos na torcida do Santinha.
Mas a falta de emoção é decisiva. Se estou nas arquibancadas ou nas sociais, sempre escuto alguém berrando:
“Que jogo feio da porra!”
“Que perronha do caralho!”
“Esse técnico é um imbecil!”
Para mim, a emoção não bateu ponto no jogo de nossa estreia na séricê, É preciso esperança, é preciso fazer política, é preciso exigir uma porrada de coisas que já chegamos à exaustão discutindo aqui.
Temos que fazer uma confissão: a galera aqui do Blog ficou morgada com o PE desse ano. Triste. Falava com Gerrá e Sama: bora escrever, porra! E ninguém tinha tesão. Depois eu lia os comentários aqui e acho que se tivesse o Google do Blog do Santinha e fôssemos buscar as palavras mais usadas aqui, a expressão mais usada que apareceria seria “time pequeno”.
Pois é, meus amigos. Nossa peregrinação começou. Os loucos como nós estarão lá apoiando o Santinha. E uma pena que a grande maioria esteja desinteressada do Mais Querido. Mas sem emoção, realmente é complicado. Lembre da foto aqui publicada e será fácil compreender isso.