Não precisa brilhar, precisa apenas jogar

Quem quiser que comemore o empate. Eu não tenho nada para comemorar. Saí do Arruda numa mistura de raiva e alivio. Pra mim, esse empate serve apenas para não ficarmos entre os últimos na classificação geral e para mostrar ao elenco e ao treinador que Serie C é mão no bucho e pé na cara. Por pouco não levamos uma lapada dos paraibanos. Uma equipe que tem como capitão um idoso de 44 anos.

O cidadão que foi ontem para o Arruda e que não havia assistido ao jogo contra o Fluminense, deve ter ficado desconfiado do que disseram do nosso futebol contra os cariocas. Já quem foi na quinta e foi ontem, ficou mordido de raiva com a postura e lerdeza do Santa Cruz contra o Treze Tapetão Clube.

É claro que não brilharemos sempre. Nisto eu concordo com o que o treinador do Santa falou. Mas meu nobre, não é necessário brilho nenhum para conseguir vencer um time como este do Treze.

Nesse jogo de estreia, nosso lado direito parecia uma BR-101 sem trânsito e sem lombada eletrônica. Por todo o primeiro tempo, os caras passavam tranquilos e calmos, do jeito que queriam e ninguém fazia nada.

No meio campo, criação zero.

No ataque, somente o esforço de Pipico e Augusto.

E Jô? Alguém precisa explicar que aberração é esta. Este rapaz não consegue cruzar uma bola certa. Não sabe driblar nem um cone e quando perde uma jogada, se joga no chão.

Jô é apenas um peladeiro ruim que teve a sorte de ser o cara que fez o primeiro gol e que iniciou a jogada do segundo gol no jogo contra o Fluminense. E que, por este fato histórico, hipnotizou e iludiu o técnico do seu time.

“Ele fez um gol e deu o passe para o outro gol”, assim disse Leston Jr na coletiva, justificando a escalação do desgraçado.

Nem o mais humilde torcedor se iludiu com a tal façanha de Jô. Antes do jogo de ontem, o que mais se ouviu foi: “puta-que-pariu, Jô vai entrar de frente”. Durante a partida, a turma se esgoelava na arquibancada: “vai te fuder! Que jogador ruim do caralho! Tira Jô, treinador burro. Tira essa miséria”!

Se for pelo raciocínio do nosso técnico, no jogo de ontem, Neto Costa e Guilherme Queiroz conquistaram a titularidade. Os caras entraram e fizeram os gols e nos salvaram de uma estreia vergonhosa na sericê.

Indo por essa lógica aí, quem também vai conseguir um espaço nas quatro linhas é o cachorro Muriçoca. Ele entrou em campo, desmantelou o time paraibano e garantiu uns minutos de descontos pra gente fazer o gol. Não sei como é que vão fazer para levar Muriçoca para os jogos fora do Recife. Mas do jeito que tem loja de animais pela cidade, dá para conseguir um patrocinador, tranquilamente.

Este texto era pra ter entrado ontem. Mas o blog precisou ficar fora do ar.