Aí dentro, Sérgio Guedes!

Interrompi minhas férias e fui ao Arruda. Depois da copa das copas, esta foi a segunda partida que assisti do Santa Cruz.

Vi o jogo contra o Vasco e este de hoje.

Meus amigos, há algo de errado no paraíso.

Treinamos uns 40 dias, fizemos alguns amistosinhos, tivemos uma intertemporda que, tivesse seguido o rumo natural das coisas, serviria para melhorar ainda mais nosso futebol. Sim, de quebra contratamos alguns atletas para reforçar o elenco.

Antes do mundial, éramos um time invicto. Levávamos  poucos gols. Depois da copa, estamos com uma média de quase três gols levados por partida. Tenho pra mim que hoje somos os reis dos lances bizarros na defesa. Nosso sistema defensivo, parece o ballet da turminha do infantil 2.

Pelo visto, nossos jogadores não estão entendendo nada que o treinador fala. Acho até que o próprio Sérgio Guedes não entende direito o que ele diz.

Fico aqui pensando, como é a preleção deste indivíduo. Deve ser uma conversa de doido.

“Sena, a bola virá de todos os lados. Está é a dinâmica do futebol. Quem cuida deste setor, o da defesa, precisa estar atento aos bombardeios campestres e aéreos. Suas velocidades, parábolas e perpendicularidades. Quero você ligado e aceso, para no final termos o orgulho de sacramentar a objetividade do que queremos construir. Entendeu?”

Everton Sena: “Oxi!”

“Sandro, temos a expectativa de cobrir bem os alas e uma preservação dos elementos expoentes que estão na retaguarda. Além de possíveis armações no contragolpe. Então, é de extrema necessidade que joguemos de maneira compacta e composta, a fim de que, aquela expectativa e preservação, estejam de comum acordo. Ok?”

Sérgio Manoel: “agora lascou!”

“Léo, na conjuntura de ataque, estão os defensores adversários. São supostas barreiras que deverão nos enfrentar e com isso há um contrapartida de um estímulo adverso. Nós que fazemos parte do loteamento que está dentro do campo adversário, temos que plantar nosso esquema para ultrapassar barreiras. Beleza?”

Léo Gamalho: “hein?!”

Hoje, voltando do jogo, escutei parte da entrevista que o Sérgio Lero-Lero Guedes. Ao falar do nosso desempenho, ele disse mais ou menos assim: “perdemos para um time mais canchado, que soube administrar o resultado”. E ficou repetindo essa história de canchado. “A equipe deles é mais canchada do que a nossa”. “Canchado isso…”. “Canchado aquilo…”.

Quando perguntado sobre as falhas da defesa, respondeu: “isto é uma preocupação que eu passo a ter”.

Pois é, depois de levar onze gols em quatro jogos seguidos, ele passa a se preocupar com a defesa.

E falou outras besteiras.  Depois de umas três respostas, mudei a estação do rádio. Preferi música estrangeira.

E fiquei cá comigo matutando. Se eu encontrasse o treinador, diria a ele: “aí dentro, Sérgio Guedes”.

Vou curtir minhas férias que é melhor.

No nada para lugar nenhum

Amigos corais, estava em Garanhuns sábado, naquele friozinho que é na medida, liguei para um amigo para assistirmos ao jogo do Santa em algum lugar legal, mas acabou dando errado e assisti na casa do sogro, que também é tricolor.

A única novidade deste jogo em que perdemos para o lanterna da Série B por 3 x 2 foi esta – assisti na casa do sogro, em Garanhuns.

O resto foi aquele marasmo coral que já começa a me preocupar. Entramos no recesso com 7 empates e três vitórias, saímos dele com duas derrotas em dois jogos, com um buraco na rede maior que as contas da Previdência – 7 gols em dois jogos.

Nada de novo. Nosso treinador continua a dar umas entrevistas que nem minhas leituras do filósofo alemão Nietzsche consegue decifrar. Ele gosta de desenvolver um pensamento na integralidade, fala de conceitos que vem desenvolvendo ao longo das últimas décadas, mas eu botaria umas boas doses de esporros na conversa, a la Muricy Ramalho. Essa conversinha mansa, educada, explicações em cinco parágrafos, não servem para um time de massa como o Santa. De educado, já basta o presidente. Só o vi engrossar mesmo num debate na TV Globo, numa das eleições que era candidato. Mas foi só contra outro tricolor. Depois voltou à calma de sempre.

Ali na beira do campo, meu amigo, tem que gritar, espernear. Teve algum problema com o árbitro, o nosso treinador, passou uns 13 minutos fazendo uns afagos no quarto árbitro, talvez pedindo desculpas e já com remorsos. Nunca vi tanta gente educada no Santa. Teve um jogador, ao final do jogo contra o Vasco da Grama, que chegou a afirmar que o time tinha feito um bom jogo. Ok, meu jovem, mas um bom jogo que termina num vareio de 1 x 4?

Nada de novo na zaga, que mais pode ser batizada de “ninguém se entende”. O primeiro gol do Vila Nova foi com uma bola que atravessou o Buraco da Previdência que é nosso miolo, o sujeito só fez correr e tocar com o bico da chuteira. No último, a bola cruzou a área inteira, a bola ficou pedindo “me chuta, me chuta” e o sujeito do Vila Nova foi o único que escutou o pedido. O Renan Fonseca há tempos não é mais o mesmo zagueiro.

Nada de novo no ataque. Nosso Gamalho está mesmo precisando de um banho de sal grosso. Não faz gol desde a reinauguração do Arruda, em 1972. O que entrou no lugar dele perdeu uma cabeçada sozinho, com a barra mais aberta que os financiamentos das empreiteiras para as campanhas.

Fica então a informação. A única novidade neste Santa pós-Copa do Mundo é que assisti meu primeiro jogo na casa do sogro, em Garanhuns. É uma informação inútil como esse joguinho meia-boca do Santa, que vai nos levar para um lugar bem conhecido.

Se continuarmos assim, vamos rapidinho do nada para lugar nenhum.

A bola nossa de cada dia

Onde foi mesmo que a gente parou? Sete empates encangados e três vitórias encarrilhadas. Time invicto, do meio para cima da tabela, algumas contratações e as velhas esperanças de sempre.

Voltamos amanhã às nossas saborosas imperfeições, ao futebol para quem gosta de futebol. A partir de agora, quem estiver a fim de entretenimento, vá ao teatro, vá ver Planeta dos Macacos no cinema do shopping. Porque o futebol nosso de cada dia é para quem não tem medo das viver as emoções totais e absolutas, sem meio termo, sem maquiagem. 

O sofrimento que nos espera a partir de agora poderá, finalmente, ser traduzido nos piores e mais terríveis palavrões, em pé atrás do gol, sem que ninguém peça para o sofredor sentar. A glória que está reservada é a glória cotidiana, aquela que nos diz respeito. Nada de deuses do Olimpo, de declarações polidas pelos relações públicas, nada de metrossexuais estupidamente bilionários.

Agora, somos obrigados a admitir: a Copa do Mundo deixa um legado. O Blog do Santinha descobriu como fazer bolões em sites especializados e vai repetir a dose na Segundona. Criamos o Bolão do Acesso Coral, com todos os jogos da série B. O bolão é aberto ao público, só precisa fazer um cadastrozinho de nada (quem participou do bolão da Copa, nem disso precisa). O link é esse aqui: http://www.vippredictor.com/pt-BR/Group/Index/67925

Vamos providenciar prêmios para os três primeiros colocados (Gerrá e Samarone não gostaram da minha ideia inicial de dar um CD da Minha Cobra para o primeiro lugar, um CD da Minha Cobra para o segundo lugar e um um CD da Minha Cobra para o terceiro lugar).

Por falar nisso, o ganhador do bolão da Copa foi Carlos Eduardo Campos, que vai receber um livro da Trilogia das Cores devidamente autografado pelos blogueiros autores. Vamos combinar para entregar o livro para ele no primeiro jogo do Santa dentro de casa com o acesso liberado para a torcida.

 

Agora é o Santa Cruz, Presidenta!

Pra nós que fazemos o Blog do Santinha, eu, Inácio e Samarone, a copa acabou. Agora é o Santa Cruz. É Dilma fazendo o T e nós também.

E aproveitando essa onda de apostas e bolões da copa, estamos pensando em fazer um bolão para o restante da série B. Amanhã, estaremos reunidos para definir as regras e a premiação.

Sobre a lapada de hoje, este histórico 7 a 1 que tomamos da Alemanha, só temos a dizer que foi uma vergonha (eita rimazinha medíocre).

 

Marlene e a joelhada

Lendo algumas matérias, vendo alguns programas, até parece que o garoto Neymar vai se aposentar por invalidez.

É lamentável o que aconteceu, é claro. Mas esse dramalhão que estão criando como caso, já encheu o saco até de Marlene, a nossa empregada.

Assim como milhões de brasileiros, Marlene não entende porra nenhuma de futebol. Não sabe o que é impedimento, nem o que é um tiro livre indireto, nem quantas substituições uma equipe pode fazer no decorrer da partida.

Mas isto é o que menos importa.

Marlene torce feitou uma louca pelo Brasil. Dia de jogo, ela enfeita a casa, prepara uns brebotes, compra umas bebidas e faz a festa. Derrama lágrimas quando assiste na televisão a torcida canarinha cantando o hino nacional.

Marlene também torce pelos africanos. Segundo ela, seus bisavôs por parte de pai, são filhos de escravos e vieram da África.

Voltemos à contusão de Neymar.

Não acredito que o objetivo do colombiano era quebrar uma vértebra do rapaz. Por outro lado, não tenho a menor dúvida que o tal do Zuñiga  deu aquela entrada com a intenção de tirar nosso atacante do jogo. Já haviam usado recurso parecido,  na partida contra o Chile, pelas oitavas de final. Naquela peleja, foi pancada em cima de pancada, até que conseguiram acertar um tostão na perna de Neymar que o fez mancar o resto do jogo.

Tem gente por aí, dizendo que aquela jogada é comum no futebol. Sim, concordo. E acrescento mais algumas que são comuns, porém proibidas: dar cusparada. Pisar no pé. Meter o dedo no fiofó do adversário. Bater no tornozelo. Tostão. Entrar de sola. Dar cama de gato. Chegar junto no joelho. Pé no bucho. Mão na cara. Etc e tal.

Hoje pela manhã, tomando café, consultei Marlene.

– Marlene, e Neymar? Tu visse?

– Coitado! – ela disse.

– Um amigo meu acha que aquilo foi uma jogada normal…. – eu falei.

– E foi? – ela perguntou em tom de deboche.

– Foi. Tu tás vendo? – eu dei corda.

– É cada uma que a gente escuta. Pimenta no oiti dos outros é tempero.

Minha pequena interrompeu a prosa e perguntou:

– Mamãe o que é oiti?

– É uma fruta, minha filha. – Alessandra respondeu.

Marlene continuou.

– Queria ver se aquela voadora fosse nas costas do seu amigo, se ele iria dizer que é normal. Eu dou duvida que ele ía dizer.

– Mas tu acha que foi sem querer? – eu perguntei.

– Sem querer? Se aquele mau-elemento daquele time das Colômbia não entrou na malícia, eu xoxe. – ela afirmou.

Alessandra aproveitou o embalo e emburacou na conversa.

– Ei Marlene, mas tu não chorasse, não, né?

– Chorei não Dona Alessandra. Aquilo que aconteceu é de futebol, mesmo!

Fez uma pausa e resmungou;

– Eu já tou é abusada de tanto ver essa história de Neymar.

Costa Rica, Grécia e coxinhas: ó aqui pra vcs!

Desde o início da semana fiquei enchendo o saco dos amigos, atrás de ingresso para o jogo de Costa Rica e Grécia. Me atabaquei e entrei na onda da Copa do Mundo. Além disso, confiei no taco da turma de Costa Rica. No final da manhã de ontem, Sebba e sua companheira Dani conseguiram comprar um ingresso para mim.

Pois bem, pela segunda vez na minha vida, viajei para assistir a um jogo na Arena Pernambuco. Havia ido ver Santa Cruz e Luverdense, naquele jogo pela seribê, quando empatamos em zero a zero.

Desta vez, fui usufruindo do padrão FIFA. Com direito a BRT entupido de gente, cerveja Brahma ao preço de dez reais, lugarzinho marcado, bagunça no banheiro, gente querendo aparecer a todo custo no telão, essas coisas.

Chegamos à Praça do Derby por volta das duas da tarde.

Tudo bem organizado. Filas para comprar a pulseirinha que permitia o acesso ao ônibus, fila para entrar no coletivo, orientadores educados dando as dicas e mostrando as direções.

Os crentes aproveitavam para fazer suas pregações e os camelôs para vender suas bebidas e lanches.

Uma linda tarde de domingo. Com o Recife sem engarrafamento e sem ruas alagadas.

Ainda na fila para pegar o BRT, cravei Costa Rica no bolão. Eu só não, todo mundo que conheço apostou na seleção costarriquenha e acreditou que iria ver um belo futebol. O menor placar que ouvi foi 2 a 0 pros latinos.

Nos iludimos, bonitinho! A seleção de Costa Rica jogou um futebol horrível.

Aquilo que vi ontem deu calo na vista. Foi uma das piores peladas que já presenciei. A coisa foi tão feia que de uma hora pra outra comecei a torcer pela Grécia. Lá pras tantas, me vi torcendo pela decisão por pênaltis, pois só assim, os duzentos e vinte reais que paguei valeriam a pena.

Naqueles dois times, Carlos Alberto, Léo Gamalho, Sandro Manoel e até Pingo seriam titulares. Oziel, Raul e Betinho, tranquilamente teriam vaga no banco.

Pior do que a peleja foi ter que conviver durante 120 minutos com um bando de tabacudo falando besteiras perto de mim e umas meninas dando gritinhos histéricos. Ao meu lado tinha uma galeguinha que vibrava com qualquer ataque. Seja de quem fosse, a moça se empolgava.

– Você está torcendo por quem? – eu perguntei.

– Pela Costa Rica, mas também pela Grécia. – ela disse.

“Agora foi que fudeu a tabaca de xola”, eu pensei.

Três coisentos se danaram a querer puxar o grito de guerra deles. Ninguém acompanhava, mas eles insistiam com aquela chatice. Virei pra um deles, um gordinho de boné e perguntei em alto e bom som:

– Ei nobre, é tudo mesmo? diz aí, é tudo mesmo?

Um paulista careca, vestido com uma camisa do Corinthians, cheio de álcool no juízo, e que também falava suas merdas, quis botar fogo na história.

– Olha aí, manô. Tu vai deixar o Cobra Coral tirar onda? Ô loco, meu!

O gordinho deu uma recuada e quis ser educado:

– Aqui somos todos pernambucanos. Estamos na copa. Isso é o que interessa. O que vale é a amizade.

“Amizade de cu é rola”, eu pensei. Mas deixei para lá. Não dei bola e tentei me concentrar na pelada que estava acontecendo no gramado.

Na minha fileira, a fila V, havia um grego. Um grandão branquelo que gritava a pleno pulmões um negócio que ninguém entendia. “Eloz”. “É nós”. “Elhós”. Sei lá.

O Zé Ruela do corintiano quis puxar conversa, outra vez. Olhou pra mim e disse:

– Ô meu! Esse é o time do Caça-Ratô? É o time que desceu para seridê?

Pensei “vai te fuder” e respondi:

– É o time que tem a maior média de público no Brasil e que tem a maior torcida do Norte e Nordeste. Aqui a gente não abre time do sul, não!

O sujeito quis tirar onda e começou a baixar o nível.

– Ô loco! Eu soube que o governo aqui paga pra vocês irem pro jogo. Qualquer dia vou te convidar pra ir numa favela lá em São Paulo.

Encerrei o papo com a categoria de um beque de usina.

– Vou não, meu velho. Tou a fim de comer cu de paulista, não!

Resolvi o problema, aliás, os dois. O paulista deu uma pipocada e desapareceu. A galeguinha que torcia pelo espetáculo e dava gritos finos no meu pé do ouvido, saiu de mansinho e não voltou mais.

Alguns me deram total apoio. Um cara que estava na minha frente apertou minha mão. Outro sujeito fez um legal pra mim. Sebba gargalhou de alegria. Sossegados, podemos ver as cobranças das penalidades entre Costa Rica e Grécia, que por sorte, foi na barra onde estávamos.

O jogo terminou. A Costa Rica se classificou. E a cerveja acabou.

Voltamos para casa morrendo de fome e espremidos dentro de um BRT lotado de idiotas.