Foram doze dias fora. Batendo pernas, comendo, bebendo, conhecendo gente e visitando lugares.
Só eu sei a agonia de estar distante do Arruda numa fase tão boa como esta. De longe, sem conseguir ficar conectado em todos os momentos, passei por picos de ansiedade e angustia.
No dia do jogo contra o Bahia, eu e minha mulher vestimos nossos mantos sagrados e saímos para passear. O tempo foi passando e o Santa Cruz martelando nas nossas cabeças. Olho para o relógio que ainda marcava a hora daqui e vejo que o jogo havia começado. Do nada, senti a palma da mão molhada. Como quem estava cronometrando a partida, fiquei olhando de instante em instante o meu “cronometro”. Dei os devidos descontos e as seis em ponto falei para Alessandra: “o jogo acabou”!
Daí para frente, ficamos feito aqueles protagonistas da propaganda em que os caras entram numa pizzaria e um deles tenta entrar na rede wi-fi do estabelecimento e o outro fica enrolando o garçom com uma conversa sem pé, nem cabeça. Era assim a gente.
Depois de umas quatro ou cinco tentativas sem sucesso, pegamos um táxi e voltamos para o hotel. Naquele momento, passeio nenhum era mais importante do que saber do resultado do jogo. Quando vi 1 a 0, gol de Grafite, me bateu uma saudade daquelas. Lembrei de um monte de gente, mandei uns zaps e fomos comemorar. Da noite do domingo para a noite da quarta-feira, não tinha restaurante, não tinha museu, nem novidades que tirasse nosso pensamento da partida contra a barbie. Os amigos, o Arruda, a movimentação era o que nos vinha à mente. O tempo, esse insistia em não passar.
Na quarta-feira, no dia do primeiro embate da semifinal do pernambucano, pra não ficarmos feito dois doidos atrás de wi-fi, voltamos para o hotel a tempo de ver logo o resultado.
“Carajo, ganhamos de 3 a 1. Puta que los pariu!” – eu gritei.
Pulamos feito loucos no saguão do hotel. O cara da recepção sem entender nada, nos aplaudiu. Usando um portunhol, expliquei a ele que “nuestra equipo estava quasi em las finales de campeonato estaduale”.
Nessa hora, me lembrei de El Cabrón, que em outras épocas era figura assídua nos comentários do blog.
No último domingo, apesar de estarmos mais tranquilos, o roteiro foi praticamente o mesmo. Saímos para as últimas turistadas e no roteiro estava voltar para o hotel no máximo até às 19h de Brasília. Para nossa sorte, onde a gente tava havia internet grátis e praticamente acompanhei todo o segundo tempo. Ali mesmo, pedimos uma cerveja e brindamos. Interagi com o sorridente garçom. Mostrei a ele algumas fotos no meu celular e meti um portunhol: “mira, este és el Santa Cruz. Conoces Rivaldo? Foi jugador desta equipo. Santa Cruz Futebol Clube. De Re-ci-fe. Per-nam-bu-co. Fre-vo. Forró. Lu-iz Gon-za-ga”.
“Bueno, Bueno” – ele respondeu.
A verdade é que nessas horas a saudade chega com força. Os olhos marejam, o coração acelera, a pernas bambeiam.
Quando cheguei na madrugada desta terça, quase que ía direto para o Arruda.
Cheguei de lá agora. Revi a massa coral, encontrei os amigos, senti o cheiro do preto-branco-encarnado, me emocionei com Spok e Mastro Forró e ajudei meu Santa Cruz a juntar mais uma vitória.
Campina Grande, te prepara! Aí vamos nós!