O Santa Cruz mandou nos chamar

Perdi quase todo o primeiro tempo de ontem. Assim que entrei no carro para ir pra casa, liguei o rádio e ouvi o  locutor anunciar que o Santa Cruz perdia por um a zero. Desanimei na hora.

Pra morgar mais ainda, o comentarista avisa que com aquele resultado a gente ficava na lanterna. Pensei até em mudar de estação e ouvir música.

Mas aí, o rádio grita goooool do Santa e a esperança faz um retorno e vola. Aumento o volume do rádio, piso no acelerador e consigo chegar em casa a tempo de ver os  melhores momentos.

Começa o segundo tempo. O Raniel joga muito, falta apenas uns pequenos ajustes. Moisés é de uma ruindade inexplicável. Vejo que nosso time tem chances claras de vencer o jogo.

E fiquei ali, sentando na cama, com os olhos grudados na TV e torcendo feito um condenado.

Quando Betinho fez o gol da virada, por pouco não acordei o condomínio com meu grito. Minha mulher cochilava do lado. Tomou um susto arretado, mas logo em seguida abriu o sorriso e disse:

— domingo a gente vai, né?

— tem calma. o jogo não acabou, ainda.

Partida encerrada e a doidice toma conta da massa coral. Meu zap-zap não para apitar.

“Ô, Ô,Ô, Betinho é matador”.

“Essa catita é minha freguesa. Desde 2013 é só lapada”.

“Triiii”.

“Domingo, eu vou”.

“Eu também”.

“Quem mais vai, sou eu”.

Samarone, cheio de cerva na cabeça, telefona. O bicho ainda estava na casa de Pedoca, onde assistiu ao clássico. Sama faz uns comentários sem pé nem cabeça sobre o jogo.

Comento com ele que em 2013 nossa arrancada começou justamente com uma lapada no Clube Barbie Capibaribe. Aviso que já estamos no G4

Nosso poeta sentencia.

“Gerrá, agora é com a torcida. Sempre foi assim. Domingo pode ser aonde for, mas a gente tem que ir”.

Ele está certíssimo.

Tenho pra mim que até Inácio vai.

Hoje cedo, Naná já ligou pra saber se vamos alugar uma Van.

Não sei se de Van, metrô ou táxi, só sei que eu vou.

A hora é de deixarmos um pouco de lado as convicções e a coerência, de dar folga a chatice e nos mandar para o jogo de domingo. O Santa está nos chamando.

 

 

 

 

Não conheço ninguém que vai

Quase toda semana, marco com alguns amigos para trocar umas ideias no intervalo do meio-dia e manter a amizade acesa. Hoje, pra evitar discussões bestas, resolvemos barrar dois que são torcedores do Club da Abdias.

Na roda da conversa, o prato foi o jogo de logo mais contra a Barbie.

Coincidência ou não, nenhum dos presentes vai para o jogo.

— Meu amigo Gilvan mora perto da Arena. Não vai para o jogo. Artur, estagiário de Contabilidade, mora em Camaragibe e também não vai. Aí eu pergunto: imaginem eu? Vou não! – mandei minha fala.

— Vou nada. Só se fosse para dormir lá e voltar de manhã. – disse Moacir.

— Eu também, num vou! Cinquenta reais o ingresso! Tu é doido. Dou não. E ainda tem transporte, água e outras porra! Vou nada! – falou Jaime.

— Já combinei com um esquema. A gente vai assistir pela televisão, tomando cerveja, comendo uns tira-gostos e fazendo amor. – afirmou Adalba.

Stanislau foi mais enfático. Ele é revoltado com a construção daquele estádio.

Mandou algumas autoridades para a putaqueopariu, meteu o pau no ex-governador, esculhambou a Federação e a Globo, culpou também os cartolas e a CBF.

Ficou invocado. Em alguns momentos deu até murro na mesa.

— Só fui naquela desgraça, uma vez. No jogo contra o Vasco. Foi sufoco pra chegar, para entrar e para sair. Vai te fuder! Vou nem a pau. Não tem uma barraca do lado de fora pro cara tomar uma cerveja. Um breu do carai, quando acaba o jogo. Tudo caro, lá dentro. Aquilo ali já nasceu morto.

E continuou.

— Aquela Arena é uma das maiores vergonhas que já se produziu em Pernambuco. Muito pior do que a Dantas Barreto, o Parque Dona Lindu ou o Memorial Arcoverde. Um bocado de besta foi atrás da conversinha mole de Dudu e caiu no conto do vigário. Taí, os cofres do governo pagando pra fechar a conta da Arena. VTNC!

Concluiu com a seguinte frase.

— Quem quiser que vá. Gosto e sovaco, cada um tem o seu!

Levantamos, pagamos a conta e saímos à passos lentos. Na Rua da Moeda cumprimentamos Chico Science.

— Esse aí tem a cara do Santa Cruz. Lá no clube, devia ter umas estátuas dessa turma que torce pelo Santa Cruz – comentou Moacir.

E seguimos driblando o calor.

Paramos na esquina da Mariz e Barros com a Vigário Tenório, assistimos a uma partida de dominó.

Depois nos separamos e seguimos de volta para o trabalho. Até agora, não encontrei ninguém que vai se aventurar a ir para o nosso jogo hoje à noite.

Nem eu!

Amigos corais, sou um distraído convicto, por isso já me livrei de muitas frias. Não percebia as picuinhas nas redações de jornais, conversava amenidades com quem queria me ferrar e perder vôos, esquecer malas e outras coisas, a gata fora de casa, são fatos já assimilados como normais pela minha companheira Sílvia.

Quando o assunto é futebol, sou o mesmo. Teve um jogo em que fiquei  soltando os cachorros num lateral direito, chamava-o pelo nome direto, ele não acertava um cruzamento, até que teve uma hora que um torcedor tirou o fone do ouvido e me disse:

“Fera, esse cara não está jogando hoje não”

Glub.

Domingo passado comecei a me redimir. Fui ao estádio com radinho de pilha e tudo o mais, para saber o nome de todos os atletas corais e depois falar de cada um, em nossa mesa-redonda coral, que está em fase de conclusão.

Que maravilha! Logo me encantei com o futebol de um sujeito chamado “Biteco”, que tem cara e jeito de Santa Cruz. Cabeludo, cheio das manhas, toques rápidos, habilidoso. Estava botando fogo no jogo.

No segundo tempo a coisa, quero dizer, a situação, melhorou. O Santa mudou o lado do campo, e pude ver Biteco bem de perto, perdão pela frase desaprumada.

Demais. O sujeito literalmente pedia a bola. Estava com fome de bola. Toques rápidos, passe bom, eu já tinha meu primeiro ídolo de 2015 – Biteco.

Tinha um bufão debaixo da barra chamado Bruno. Não sei qual foi o insight de genialidade para trazer, como titular, um sujeito que está, literalmente, em fim de carreira. A todo instante, o peseudogoleiro passava insegurança ao time. Sempre dando socos na bola, hesitando, fora que não conseguia bater um tiro de metal. Era cada bola osso para Renatinho, que eu vou dizer. Na primeira chance que teve, fez uma lambança (fez que saiu mas não saiu numa bola fácil) e levamos o gol. O castigo.

Mas estávamos a 15 minutos, teríamos uma boa meia hora para empatar e virar. Eu estava confiante. Biteco estava afim de jogo.

Pois bem.

“Substituição no time do Santa”, anuncia o locutor.

Quem será, pensei. Quem será que vai chegar junto para fazer tabelinha com Biteco e furar a retranca salgueirense, pensei de novo.

“Sai Biteco”, diz a rádio.

Aqui vai outra confissão, meus amigos. Eu não entendo uma vírgula de sistema tático, a diferença entre um volante e um meia me parece uma raiz quadrada, mas faltou pouco, neste momento, para que eu jogasse o rádio no chão.

Soltei o maior palavrão que me ocorreu. Saí andando pelas arquibancadas, pensando “estou doido, estou doido, só eu vi esse cara jogando uma partidaça”.

Foi quando a massa coral, num fôlego só, começou a gritar:

“Burro! Burro! Burro!”

Não, eu não estava doido.

Se eu fosse o Ricardinho, chamaria o quarto árbitro e diria:

“Ei fera, baixa essa placa que errei a numeração do jogador que vai sair”.

Lá vai Biteco, abandonando o campo. Cada passo que ele dava, rumo à lateral do campo me dava ganas de chorar – mas era de raiva!

Perdemos a partida.

Neste momento, o Santa Cruz Futebol Clube era para estar na terceira posição, com seis pontos, um a menos que o Central.

Estamos na lanterna, numa situação perigosíssima.

Nem eu, meus amigos. Nem eu faria uma desgraça daquela com o time e com a massa coral…

Goleiro ruim não merece segunda chance

Voltei.

E voltei em dúvida: desço a lenha em Ricardinho ou no goleirinho? Começarei com o vigia da barra, mesmo achando que o verdadeiro responsável tem cabelos grisalhos, é metido a bem educado e estava do lado de fora do campo.

Escolho o goleiro porque estou com vontade de mudar o nome do meu filho caçula. Não estou conseguindo chamá-lo de Bruno. Da avenida Beberibe até em casa vim chamando o pirralho de pirralho. ‘Pirralho, quer comer alguma coisa?” ou “Vai tomar banho pirralho”. Se for chamar de Bruno vai ser pra mandar à puta que o pariu. E o bichinho não merece isso. Nem a mãe, uma verdadeira santa (apesar da gente ter chegado do jogo às nove horas e ela ainda não estar em casa).

Quando se está com raiva é preciso cuidado pra não perder o fio da meada.

Toda vez que Tiago Cardoso se machuca é esse deus-nos-acuda. Sem o paredão, não subimos em 2012. O esforçado Fred até que faz o trivial básico, mas não milagres. No ano anterior, suportamos as trapalhadas do mã0-de-lodo André Zuba, um rapaz que tinha tudo para ser bancário ou comerciante de secos & molhados, mas inventou de pegar no gol. Pior: no nosso gol.

Agora. esse tal de Bruno. É uma sina.

Mais do que sina, é bola cantada. Quando anunciaram a sua contratação, a primeira coisa que todos tricolores lembramos foi a imagem dele com bola passando por debaixo das pernas, num jogo do Palmeiras na Libertadores. Um peru clássico. Como se contrata um goleiro que se notabilizou por um frango? Goleiro tem que ficar conhecido por uma defesa arrojada, por uma saída corajosa, por um pênalti que espalmou. Ninguém contrata um atacante famoso por perder muitos gols.

E goleiro que papa frango não merece segunda chance. Essa frase é de Gerrá e eu a roubei para usar aqui.

Verdade se diga: Bruno vinha se esforçando para engolir uma bola desde o primeiro jogo. Só escapou porque Bileu, Léo Veloso e a zaga foram mais incompetentes que ele. Contra a Salgueiro, o inevitável aconteceu.

A insegurança do frangueiro é tão grande que a torcida, com um humor finíssimo, comemorava como se fosse gol toda vez que ele saía do gol e segurava a bola, sem socá-la desesperadamente. Quem estivesse do lado de fora, pensaria que estávamos vencendo de goleada.

Acabo de ler o que ele disse no fim do jogo (um elogio: ele se comportou com dignidade, dando entrevistas a torto e a direito enquanto escutava as vaias a que fazia juz) e concordo que a culpa não pode ser jogada só sobre seus ombros. Quem o escalou, o escalou errado. Pronto, eis minha deixa para descer o pau em Ricardinho. Aliás, não só em Ricardinho, mas na comissão técnica e nos diretores que contrataram um goleiro peba, um lote de atacantes hospitalizados e nenhum lateral que preste.

O Ricardinho é uma góga só. Fala bonito, com voz grossa e diz que é o principal responsável. E tem tudo para marcar época com o pior início de campeonato estadual da história recente do clube e pela mais estúpida substituição jamais feita em Pernambuco. Não lembro de uma reação tão instantânea e violenta dos torcedores como a que explodiu no exato instante em que acendeu o luminoso com o número de Biteco.

Numa tacada só, ele desmontou a organização no meio de campo, tirou o jogador que injetava tesão e aumentou a pressão sobre os que ficaram em campo.

Chamá-lo de”burro” foi pouco.

 

 

 

 

Começou o ano!

Sob o efeito da ressaca de carnaval, consegui assistir ao jogo. Como quase todo mundo, estava torando aço. A torada foi maior quando vi que o time ia com Betinho na frente.

“Pqp, se empatar já vai ser um grande negócio”, eu pensei.

Demorei uns cinco minutos para entender a escalação. Renatinho tava na lateral-esquerda e Emerson Santos fazia a dupla de ataque junto com o perronha do Betinho. Enfim, pra mim que só começo a acompanhar futebol depois do carnaval, tive que esperar aparecer a escalação na tela da TV para saber quem estava em campo. E não me animei. Com dez minutos de jogo, pensei em desligar a televisão.

“Pqp, tá foda, vou dormir”, pensei.

Pra completar, Inácio me manda mensagem pra lá de desanimadora. “Renatinho tá louco. A zaga é de manteiga. Biteco é um mole. Emerson e João Paulo estão de ressaca”.

Entrei na sintonia dele e respondi. “E esse Moisés tá na profissão errada”.

E tá mesmo, faz tempo que não via um lateral-direito tão ruim quanto esse. Esse Moisés deveria estar trabalhando como corretor de seguros, vendedor da Eletroshopping ou algo parecido. E quem o contratou deveria ser chicoteado na entrada da nossa sede.

Pensei em dormir e quando vou me aprumado no travesseiro e pego o controle para desligar a televisão, eis que Betinho tem um lampejo de pivô e ajeita a bola para Biteco mandar com categoria no canto do goleiro.

Corri pra lavar o rosto, dei uma mijada e me posicionei de novo para ver a partida. Três minutos depois, numa pixotada de Alemão e do já citado lateral-direito. (Jogadorzinho sem alma, esse Moisés. Preparem-se, porque este indivíduo ainda nos vai dar muita tristeza e revolta).

Fiquei tão invocado que perdi o sono. Fui tomado por um pessimismo tão grande que torci fervorosamente para que o jogo acabasse já no primeiro tempo.

Mas eis que o futebol é realmente uma caixinha de surpresas.

O Santa Cruz volta do intervalo com uma formação corajosa. Três atacantes.

Ricardinho mostra que não é frouxo e vai pra cima, afinal de contas só a vitória interessava.

Nosso escrete mostra outro futebol. Alemão e Edson Sitta são nossos rotrweillers. Pra minha alegria, baixam o pau no adversário. Bileu concerta o buraco na lateral-direita. Renatinho dá o sangue na esquerda.  João Paulo mostra compromisso e vai ajudar na marcação. Biteco comanda as armações de jogada. E eu começei a ver que o nosso gol sairia a qualquer momento.

E saiu. De novo, Betinho faz o pivô e ajeita pra João Paulo. Golaço.

Estou acordadíssimo. “Esse João Paulo sabe jogar”, eu penso.

Samarone telepaticamente concorda comigo e manda uma mensagem. “Gostei desse João Paulo”.

E vamos seguindo, dominando Caruaru, consolidando nossa vitória.

Raniel entra e já mostra o cartão de visitas. Faz uma jogada espetacular. Com a bola colada no pé, o garoto parte do meio-campo driblando tudo que aparece na frente, pena que não fez o gol. Como joga bola esse menino.

“Raniel tem um namoro com a bola”, Sama comenta pelo celular.

O juiz apita o final do jogo. Durmo tranquilo e calmo.

E assim, começa nosso ano.

Com raça e jogando pra frente, juntamos mais uma vitória.

Sábado, faço minha estreia no Pernambucano. Estarei no Arruda!

Nosso décimo carnaval foi assim

Sorrisos, abraços, brincadeiras, fotos, entrevistas, imagens.Aos poucos o povo foi chegando. Coronel Peçonha foi um dos primeiros. Segundo me falaram, eram umas nove horas e o Coronel já estava na função. Sentado debaixo de um toldo, bebendo uma skol.

Pra nossa surpresa, Jesus Tricolor chega trazendo um dos diretores da Naza Coral. O bom sujeito nos presenteia com algumas camisas.

Pois é, lá em Nazaré da Mata também tem carnaval preto-branco-vermelho. Assim como tem em Pesqueira, com o Paixão Coral e em Bezerros o Tricoloucura.

Vai um parênteses. (Tenho pra mim que além da torcida mais apaixonada, somos os que tem o maior número de Troças e Blocos que reverenciam um time de futebol).

Voltemos a ontem.

Inácio chega com sua tropa. Mulher, filho, pai e mãe.  Dudu Paiva, também. Naná traz a turma que segura a Cobra. Boy e Ninha organiza o lanche da galera.

Marconi Glauco veio com seu cunhado e com o ator Edmilson Barros que é irmão do nosso preparador fígado, Stênio.

—  ele é aquele cara que trabalha em Malhação? – pergunta uma moça.

— sei não. Só sei que torce pelo Santa Cruz. – eu disse.

Hugo Moura dar o ar da graça. Me dar um abraço e solta: – quanto mais bate, mais a troça cresce. Eles não conseguem entender isto.

Certíssimo. Eles, os outros, não conseguem entender nossa paixão.

Samarone, ninguém sabe como, desta vez conseguiu aparecer.

E tantos outros vão chegando. . .

Uns ainda querem camisas. Alessandra e Maria estão debaixo de uma árvore vendendo as últimas unidades.

Guardei a camisa de Bacalhau, mas ele não veio. Nesses dez anos de carnaval da Minha Cobra, é a primeira vez que aquele maluco não vem. Quinta-feira vou ver se faço contato com ele, pois fiquei preocupado.

Vejo Carlinhos. Amigo e vizinho de tempos atrás, o cara tem um verdadeiro clã de tricolores corais santacruzenses das bandas do Arruda. Com Carlinhos brinquei alguns carnavais. Pátio de São Pedro, Praça do Diário e Olinda. Na volta, carona no ônibus do Quinteto Violado. Éramos conhecidos do motorista.

Meu telefone toca. É Flávio, meu cunhado, querendo saber se já saiu. Pablo manda uma mensagem dizendo que vai se atrasar e pede o percurso. Stênio telefone pra saber que horas sai. Desliguei o celular para ter um pouco de paz.

Chiló trouxe sua pequena Izabel e uns amigos torcedores do Porto de Portugal.

Perto das 10h,  o Largo do Bonsucesso já estava pintado com as cores preto-branco-encarnado. A TV Coral já está mandando brasa nas imagens.

Digão chega com sua câmera fotográfica. Não trouxe Diguinho. O pirralho tava de ressaca.

Anizio e seu buchão vai compartilhando as cenas.

Corro com Claudemir até o Largo do Amparo pra ver se a orquestra chegou.

— tá faltando, somente três. mas estão vindo. – Maestro Carlos nos avisa.

Uma chuva lava a nossa Cobra e a nossa alma.

Alguém no mais puro humor negro diz:

— vamos levar a Minha Cobra pra São Paulo.

Era quase meio-dia. Os metais tocam o Mais Querido de Capiba e contagia a massa coral. Uma chuva de papel picado nos homenageia no início da Rua do Amparo. Nosso carnaval começou e Olinda ficou mais bela.

Salve a nossa paixão. Viva a Minha Cobra.

Em 2016, no dia 8 de fevereiro, a gente se encontra de novo.

Eu quero saber é da Minha Cobra

Enquanto o Santa Cruz levava uma nova enfiada de 3 a 0, eu brincava carnaval pelas ruas do Poço da Panela, tocando minha zabumba, no Boi Marinho de Hélder. Nem senti a lapada que tomamos do Serra Talhada.

Não assisti ao jogo. Não vi os gols.

Só soube do resultado quando cheguei em casa e fui dar uma olhada nas mensagens do celular. Tentei ligar para Inácio, para saber o resumo da partida, mas deu fora da área.

No zap-zap, meu cunhado perguntou como vai ser botar a Minha Cobra no carnaval, depois de duas derrotas seguidas.

“A gente foi até quando era série d. Agora é que a gente vai mesmo”.

Porque tricolor coral santacruzense das bandas do Arruda que se preze não se esconde e só aparece na boa. Nós somos Santa Cruz de corpo e alma.

Quem não lembra aqui daquela época em que estávamos na série D? Fosse outra torcida, teria guardado as camisas, entocado as bandeiras e abandonado o cimento da arquibancada.

Nós estávamos lá. Levando sol, chuva, poeira e o que mais viesse. Passando por cima de pau e pedra. Jogando com o time em qualquer lugar que ele fosse.

Bom, só sei que futebol somente depois da folia. Nosso Santa só jogará na quarta-feira de cinzas.

Então é botar a camisa do mais querido e cair no carnaval.

Pra quem acha que a Minha Cobra vai amolecer porque o time apanhou duas seguidas, a gente vai logo avisando: a Minha Cobra tá vivinha da silva.

Já são dez carnavais que ela faz a segunda-feira ficar colorida de preto-branco-encarnado.

E, como manda a tradição, a Minha Cobra vai subir e descer as ladeiras de Olinda, no próximo dia 16.

Pra quem ainda não sabe, a T.C.M.O.E.E Minha Cobra sai do Largo do Bonsucesso. Quem estiver meio perdido, é só chegar no Amparo e perguntar onde fica a sede do Homem da Meia Noite. O Largo do Bonsucesso é na frente e a turma da Minha Cobra vai estar por lá, a partir das 9h47, fazendo a concentração da Troça.

E quem vier tirar onda, a gente canta:

Menina pega aqui na Minha Cobra/ela tem cabeça/tem pescoço/e ainda sobra/tem cobra pra leão/ tem cobra pra timbu/ direto do arrudão/tem cobra até pra tu.

p.s.: Ainda restam algumas camisas. É 30 reais. Quem quiser comprar, deixa uma mensagem nos comentários ou manda um e-mail para gerralima@gmail.com.

 

 

 

Noite emotiva

Amigos corais, eu não entendo esses editores do Blog do Santinha. Ontem à noite, estava meio cansado de tanta prévia, liguei para Inácio só para constar. Sabia que ele tinha operado recentemente o joelho, estava de molho em casa, era quase impossível ir à festa de 101 anos do Santa, na sede.

“Tô só esperando Gerrá, que vai passar aqui para me pegar”.

A frase foi meio problemática, mas tudo bem.

Eu estava na Rosa e Silva, entrei num posto e peguei uma Heineken. Se Inácio, recém-operado, vai ao Arruda numa terça-feira à noite, eu é que não vou vacilar. Gerrá pegou Inácio e me deu carona.

Chegamos lá, tomei foi um susto. Uma baita organização, à beira da piscina, palco, música de ótima qualidade, um mar de torcedores do Mais Querido. Luciana Félix esteve à frente da iniciativa, e mostrou como se faz uma festa bonita, organizada, de qualidade. Fora isso, uma Itaipava gigante de plástico e os garçons passando com a bichinha gelada.

Reencontramos vários amigos, conversamos muito, mas um momento realmente emotivo foi quando fomos apresentados a Fátima Albuquerque, filha de Sebastião Rosendo, autor da inesquecível canção “Santa Cruz de corpo e alma”.

Ela veio do Rio de Janeiro, para prestigiar o evento. Estava emocionada, feliz, radiante, com a lembrança.

Falou com orgulho do pai, que fez uma música em 1942, e que segue emocionando a massa coral.

Depois, André Rio cantou e a galera acompanhou este que é um hino afetivo do Santa, que o sujeito ensina ao filho antes mesmo dele nascer, e que onde o sujeito estiver, e ela tocar, ele fica arrepiado.

Só para relembrar:

“Eu sou Santa Cruz
De corpo e alma
E serei sempre de coração
Pois a cobrinha quando entra no gramado
Eu fico todo arrepiado grito com satisfação

Sai,sai Timbu
Deixa de prosa,
O seu Leão
Periquito cuidado com lotação
Que matou pássaro preto

Santa Cruz é campeão”.

ps. pedimos a Fátima que escrevesse um texto sobre a noite de ontem. Aguardemos.

Dia 03 de fevereiro, dia de festa!

Faz 101 anos. Em três de fevereiro de catorze, nasceu o Santa Cruz. Clube querido da multidão, do povo e  da poeira. Time da torcida mais apaixonada do Brasil.

Neste dia 03, é vestir o manto sagrado e saudar o nosso Santa Cruz Futebol Clube.

Abaixo, segue a programação oficial da festa.

06:00 – Salva de fogos;

08:00 – Culto Ecumênico (Local: Auditório Aristófanes de Andrade);

09:00 – Campanha de Doação de Sangue (Local: Sala da Presidência e da Vice-  Presidência);09:30 – Café da Manhã;

12:00 – Salva de fogos;

17:00 – Festa para o Torcedor Curumim Coral;

18:00 – Salva de fogos;

19:00 – Inauguração da Sala de Futebol de Mesa e da Lan House;

20:00 – Descerramento da placa em homenagem a Sebastião Rosendo *

(Local: Auditório Aristófanes de Andrade);

20:30 – Corte do bolo de aniversário do Clube e um coquetel (Local: Parque aquático)

21:30 – Show de André Rio e convidados.

*Sebastião Rosendo é o compositor da música “Cobrinha no gramado”.

“Eu sou Santa Cruz de corpo e alma/ E serei sempre de coração/ Pois a cobrinha quando entra no gramado/ Eu fico todo arrepiado/ E torço com satisfação – Sai, sai,timbu/ Deixa de prosa, oh seu leão/ Periquito, cuidado com lotação/Que matou pássaro preto/ Santa Cruz é campeão”.

O que dizem nossos leitores sobre o clássico

Amigos corais, os três sócios deste blog farraparam miseravelmente ontem, e acabaram perdendo o jogo. Cada um com seu motivo.

Inácio França- Se recupera de uma torsão no joelho esquerdo, na pelada que joga toda sexta-feira, na AABB (joga no ataque e dizem que é melhor que o atacante coral que estava em campo);

Gerrá Lima – Estava curtindo o último dia das férias com a família, na praia dos Coqueiros e só chegou hoje de manhã. Me ligava a cada cinco minutos para saber de alguma novidade;

Samarone Lima (este que vos escreve) – Foi para duas prévias, durante o dia, e à noitinha já estava confundindo urubu com meu louro. Sáo lembra de ter ligado o rádio e escutado que o “pênalti do Bileu foi absolutamente desnecessário), e que, ao final do primeiro tempo, o comentarista disse que “o time da coisa, digo, do sport,  não chutou uma bola para o gol do santa nos primeiros 45 minutos”.

De formas que resolvemos deixar com os nossos leitores uma parcial do que eles viram no primeiro jogo do Santinha de 2015, recolhidos dos comentários. Vamos lá:

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Cadu

Mas eu vou dizer uma coisa: Apesar de perder o jogo eu gostei do time.

– A zaga esteve bem;
– Esse Edson Sitta é bom jogador;
– O ataque é arisco e deve melhorar com entrosamento.
– O goleiro esteve inseguro no primeiro tempo, melhorou no segundo e não teve culpa nos gols.
– Enquanto estávamos em igualdade no placar o time era até melhor.
– O time não se acovardou. Jogou pra frente;
– Renatinho é melhor que Pedro Castro;
– Raniel é titular fácil no lugar desse Tiaguinho.

Sei que tá todo mundo arretado, mas tenho a impressão que esse time vai engrenar.
Desanima não. Tem jeito!

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marcelo almeida

Apesar da derrota, também me surpreendeu positivamente, até Bileu começar a ser infeliz ou sentir saudades, sei lá…O ataque também taca pesado e lento, são bancos…Pedro Castro e Tiaguinho pareciam um velocipede comparado a velocidade de REGIS…

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Coral

eu saí animado com o time que parece promissor. isso sim. Ricardinho não se acovardou. Só não concordei com Betinho e Pedro Castro entrarem de frente.

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alexandre Dias

fevereiro 1, 2015

A coisa joga igual ao Santa Cruz de 2011/2012 (ZT). A única diferença é a melhor qualidade técnica.

alexandre dias

POSSO PROVAR O QUE DIGO COM BASE BI JOGO DE HOJE (ontem)

A coisa se manteve na defesa no 1º tempo e sequer teve chance de gol. Não deu sequer um chute e o perigo de gol se dava nas lambanças do goleiro Bruno. O uniforme da coisa facilita essa observação. Eles marcam muito quando o adversário está com a bola e sabem contra atacar.

Eu só vi um time fazendo isso antes da coisa de Eduardo Baptista: O Santa Cruz de ZT. Ele era auxiliar na coisa em 2011/12 e parece que observou bem demais com um agravante: a melhor qualidade técnica de seu plantel.

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