Ontem foi nossa reunião de pauta. Desta vez, Samarone tomou vergonha. Comprou umas cervejas, abriu o apartamento e fizemos nosso encontro no seu escritório.
Depois de muito puxa-encolhe, resolvemos entrar na onda da torcida e sugerir ao treinador Vica nossas escalações.
Nessas horas de decisão toda ajuda é válida.
Inácio foi sorteado para começar a escalar nosso time.
— Vai que é tua, Inácio! – eu disse.
Samarone deu um risinho falso. Inácio tomou uma dose do seu Jim Bean e mandou ver. Parecia que estava com a escalação decorada.
— Eu entraria com Thiago Cardoso no gol. Everton Sena na lateral direita. Leandro Souza e Renan Fonseca. Zeca na esquerda. Memo, Sandro Manoel, Sorriso e Raul. Na frente é Leo Gamalho e Betinho.
Perguntei sobre Everton Sena na lateral.
— Tás doido, é França? – Samarone perguntou
O nobre escritor lembrou que na época de Marcelo Martelote, Everton Sena jogou muita bola naquela posição.
— Com Sena na lateral-direita a gente anula a ala esquerda deles. Zeca cuida do lado direito. E com Memo de primeiro volante e Sandro Manoel de segundo fechamos o meio. Sorriso faz o papel de Dedé, caindo mais pela direita. Só não arriscaria com Everton Sena de volante, o cara nunca jogou nessa posição.
E sobre tirar Caça-Rato, a justificativa é que nosso ídolo tem mais sorte quando entra no segundo tempo.
Continuamos a brincadeira. Estava um calor dos infernos. A sorte é que a cerveja era geladíssima e o pratinho de calabresa frita com azeitona e queijo coalho chegou na hora certa.
— Agora é tu, Gerrá! – Inácio falou.
— Eu não, é Samarone! – respondi.
— Por que sou eu, a vez é tua. – Samarone retrucou.
Ficamos nesse imbróglio. Então decidimos resolver no par ou ímpar. O cabeludo perdeu.
— O primeiro jogo é no Arruda e o segundo é na ilha, né?
— Agora fudeu… – disse Inácio.
— É! – eu falei.
Sama tomou um gole de cerveja. Fez cara de pensador e soltou sua escalação.
— A gente precisa garantir a rapadura já no Arruda. Eu botava o Paredão, Nininho, Everton Sena, Renan Fonseca e esse lateral que chegou. Sandro Manoel, Sorriso, Raul, Jeferson Maranhão, Renatinho, Caça-Rato e o nosso artilheiro Léo Gamalho.
Inácio bebeu seu uísque e mandou essa:
— Sim, e quem jogaria com a camisa 12?
— Como assim? – Samarone perguntou.
— Ô Pedro Bó, teu time tá com doze jogadores… – eu avisei.
— Ah tá. Então tira o Jeferson Maranhão.
Pronto. O esquadrão de Sama é: Thiago Cardoso, Nininho, Everton Sena, Renan Fonseca e Zeca; Sandro Manoel, Sorriso, Raul, Renatinho; Caça-Rato e Léo Gamalho.
Já era quase dez da noite. Rolou uma lapada de Ypióca. Inácio preferiu não misturar.
— Agora é tu Gerrá – Inácio avisou.
— Vai! – Sama falou.
— Rapaz, eu fosse Vica ía pra cima na pressão. E preparava uma surpresa. Era Thiago Cardoso, Oziel, Leandro Souza, Renan Fonseca e Zeca; Memo, Sandro Manoel e Raniel; Pingo, Léo Gamalho e Betinho.
Deu-se um pequeno rebuliço na sala.
— Pingo?! – eles perguntaram assustados.
— E então! Vocês se esqueceram daquela jogada de mestre, quando entramos com Branquinho e ele fez um gol por debaixo das pernas de Magrão?
Tomamos mais algumas. O tira gosto acabou. Fomos pra casa desviando dos bafômetros.