Prossegue a Copa, prossegue o bolão

O líder do bolão do Blog do Santinha, o senhor Carlos Eduardo Campos, parece ser aquele tipo de sujeito que se finge de morto para enrabar o coveiro. Depois de aparecer em primeiro lugar no bolão do Blog do Santinha ao fim da primeira rodada, ele aparentemente naufragou com seus palpites. Perdeu a liderança e depois foi caindo, caindo. De repente, de uma hora para outras, aos 49 do segundo tempo, eis que o cabra reaparece na frente depois de uma incrível sequência de chutes na mosca. Ele está com mais de 8.000 pontos, abrindo quase 500 pontos para o segundo colocado, Sandro Bartolomeu Cintra, que sentiu o gostinho de aparecer em primeiro por um dia.

Entre os blogueiros, Gerrá continua sendo um fracasso completo em 22º. Inácio França é o que faz menos feio, aparecendo em 7º lugar. Sama está em 10º, brigando ponto a ponto com o cunhado dele, seu Pedoca.

Abaixo, uma pequena contribuição do blog para ajudar os participantes na hora de dar os palpites para o placar de cada jogo das oitavas.

Brasil x Chile – A defesa do Brasil é bem sólida. A do Chile também, mas dizem que é bem baixinha. O Brasil só fez uma apresentação meia boca e duas de dar sono, enquanto que o Chile jogou muita bola em duas partidas. Mas o que parece ser vantagem pode virar desvantagem: a derrota no terceiro jogo contra a Holanda pode abalar a confiança dos chilenos. Em compensação, eles tem uma motivação extra para vir para cima babando e fazer história na casa alheia. Ou seja, pode ser que dê Brasil. Pode ser que dê Chile.

México x Holanda – Os mexicanos estão entusiasmados, parecem adaptados ao Brasil como se aqui fosse o quintal do sítio da avó de Chicharito, perto de Guadalajara. A Holanda está toda posuda depois de bons jogos na primeira fase e realmente tem um ataque de meter medo. Se Robben e Van Persie estiverem com a macaca novamente, os holandeses podem ganhar, quem sabe golear. Agora, se o goleiraço Ochoa estiver atento, aí o México não vai amarelar como sempre fazem e podem até vencer.

Uruguai x Colômbia – Os uruguaios devem estar mordidos com a punição a Suarez e vão considerar a vitória uma questão de honra. Isso pode ajudar a Celeste a vencer. Entretanto, Forlán anda meio devagar ultimamente, fora de forma talvez, e Cavani não está jogando nem pedra em santo. A Colômbia tem tudo para passar para a próxima fase, a não ser que perca sentindo o peso da responsabilidade sobre o jovem cracaço James Rodrigues.

Costa Rica x Grécia – Costa Rica tem mais futebol, mas bota mais futebol nisso e pode ser que ganhe. O problema é que, pela primeira vez, ela terá de enfrentar um time retrancado, capaz de tornar qualquer partida um tédio sem fim. Se os gregos se fecharem bem e irritarem os simpáticos time dos “ticos”, aí vai dar Grécia. Talvez.

Em breve, publicaremos nossos prognósticos definitivos para os outros quatro jogos.

 

 

Muito achismo em poucas palavras

Aqui vai um pouco do que achamos e esperamos de cada um delas a partir do que deu para ver na primeira rodada.

Brasil – Um time jovem,  talentoso e travado pela emoção. Se se soltarem, é candidatíssimo ao título. De 2018, pelo menos.

Croácia – O típico time que perde nas oitavas-de-final, se conseguir chegar lá. E depois que for embora, vai ser difícil alguém se lembrar.

México – Corajosos, insistentes e conseguiram a proeza de manter a calma depois serem roubados duas vezes pelo trio de arbitragem mais ladrão da Copa. Bom para cair nas oitavas-de-final e deixar todo mundo com peninha.

Camarões – Vieram para passear, beber e comer moqueca capixaba. Aposto que o elenco só vai deixar a preguiça de lado na hora de pegar as galegas torcedoras das seleções que vão permanecer na Copa.

Espanha – Tic-tac de cu é rola. Depois dessa Copa, a Espanha vai voltar a ser o Bragantino global: uma vezinha campeã e pronto, de volta ao pelotão intermediário.

Holanda – O ataque arrasou, não há dúvidas, mas a defesa parece a do Náutico. Quando pegar um time médio pode se complicar atrás.

Chile – Outro que só tem tampa de crush do meio para frente. Como nunca comeram mel, quase se lambuzam.

Austrália – Botar a bola no chão e partir para cima depois de levar um olé no primeiro tempo é coisa para fortes. Fortes e desengonçados. Quero ver um jogo de rúgbi dos australianos, pois de futebol já vi uma meia dúzia e sei que dali não sai nada.

Colômbia – Taí, gostei. Um time arrumadinho que jogou sério. Vão fazer graça e passar 20 anos dizendo “se Falcão Garcia tivesse vivo, seríamos campeões”.

Grécia – Se jogasse o Brasileirão da Série A, seria rebaixada para a Segundona. Do jeito que está a crise, deveriam ter naturalizado o time da Chapecoense inteiro. Sairia mais barato do que mandar o pessoal vir de lá.

Costa do Marfim – É a primeira vez na vida que um jogador entra só para dar apoio moral ao resto do time. Bom time para chegar nas oitavas e parar por aí.

Japão – Eles são uma gracinha, limpam o estádio, são simpáticos, fazem ótimos temakis, começam arrasando e terminam arrasados. Sinceramente, deu pena de novo, que nem ano passado contra a Itália.

Uruguai – Obdulio Varela baixou em campo, não encontrou um só jogador de azul-celeste compatível com sua alma, aí encostou nos costarriquenhos para não perder a viagem.

Costa Rica – Um time cheio de alma. Aquele Campbell encaixava à perfeição no ataque do Santinha ao lado de Leo Gamalho. E Tejada no meio junto de Sandro Manoel, puxando os contra-ataques, hein? Seria uma beleza. Mesmo sabendo que serão garfados, é um boa pedida para torcer.

Itália – Dois gols numa só partida? Isso é goleada para a Itália. O melhor escrete até agora. Se não comerem os fígados uns dos outros, aposto que vão longe.

Inglaterra – Melhor do que a média da Inglaterra dos últimos anos. O que não quer dizer muita coisa. Pelo menos agora Rooney não é mais uma eterna promessa, já é praticamente uma simples recordação.

 Suíça – O legítimo futebol suíço explica porque o país lidera o ranking mundial de suicídios: imagine você passar a vida num lugar onde ano a ano se disputa um campeonato em que os melhores jogadores fazem parte de uma seleção dessas?

Equador – O parceiro – ou cúmplice – ideal da Suíça. Quem poderia desequilibrar, ficou só na miguelagem. Além de tudo, um time covarde, sem grandes apetites. Se passar da primeira fase, eu xóxi.

França – Depende um jogador, Valbuena, que é uma espécie de Luciano Sorriso com meio metro e 10 anos a menos. O outro, Benzema, é especialista em fazer gols em jogos inúteis e farrapar em decisões. Tá duvidando? Procure no google.

 Honduras – Só não é o pior time da Copa porque batem bem. Caça-Rato seria titular desse time com um pé nas costas. Seleção para matar de vergonha Arzu e Chepo.

Argentina – Um ataque de fazer os gigantes babarem. Uma defesa que é uma gigantesca baba.

Bósnia – Uma equipe de sólida mediocridade. Os atacantes são pessoas tímidas, recatas, muito envergonhadas.

Irã – Quem comprou ingresso para os jogos da seleção iraniana deve estar muito puto. O pior time da Copa.

Nigéria – O que será pior? O pior time da Copa ou aquele que não consegue fazer um gol nele?

Alemanha – Timaço. Nos últimos anos se especializaram em amarelar para a Espanha, mas como os espanhóis devem se lascar antes, os alemães passam a ser favoritos.

Gana – Seria bom que alguém explicasse como e porquê o futebol africano travou. Vinha evoluindo, evoluindo… aí parou. Gana tem excelentes e experientes  jogadores, mas involuiu. Um palpite: a influência dos treinadores europeus continua a fazer mal aos africanos.

Portugal – Cristiano Ronaldo não é nenhum Romário nem um Maradona para ganhar uma Copa sozinho, carregando um time peba nas costas. Desde o banco até o ídolo narcisista e cheio de viadagem,  nada se salva.

EUA – Mais um caso de uma seleção boa para passar de fase e não fazer nem cosquinha na potência que vai atropelá-la nas oitavas. A sorte dos ianques é que o cruzamento vai ser com um grupo meia-boca.

Bélgica – Parece uma seleção treinada por Mano Menezes: muito toque pro lado, soberba, preguiça e absoluta falta de apetite. Depois, quando precisavam vencer, o desespero a deixou ainda mais parecida com o time do famigerado Mano.

Rússia – Como em toda seleção russa que se preze, o goleiro é a maior atração. Com Akinfeev a diversão é garantida. Quem quiser conhecer a alma russa, que vá ler Tolstoi ou Dostoievski. Não conte com a seleção russa para isso, ela nem sabe do que se trata.

Coréia do Sul – É a melhor das seleções asiáticas. O que isso significa? Nada.

Argélia – Tão ruim quanto Camarões ou Nigéria, mas pelo menos os argelinos estão levando a Copa a sério e não como turismo grátis.

 *****

 

 Breve parcial do Bolão do Blog após o final da primeira rodada

Carlos Eduardo Campos tá com a corda toda. Em primeiro lugar, ele tem 2405 pontos contra 2278 de André Castro. Dois tricolores estão pau-a-pau pelo terceiro lugar: Victor Nunes Gonçalves somou 2144 pontos e Amaro José Penna Moura vem bufando no pescoço dele, com apenas três míseros pontinhos a menos. Só para variar, os blogueiros são um fracasso: Inácio está oscilando entre a 17º e a 10º posição, mas agora está em 11º graças ao empate entre Rússia e Coréia do Sul. Gerrá, coitado, chegou a ser terceiro lugar, mas degringolou a tal ponto que está na zona de rebaixamento, em 20º. Samarone está sempre patinando do meio para trás e acabou a primeira rodada em 15º, mas já esteve pior.

Anotações inúteis sobre a Copa do Mundo*

Pelo porte de rei dá para saber quem é Didi na foto
Pelo porte de rei dá para saber quem é Didi na foto

Desde que me entendo por gente, adoro o futebol. É uma herança paterna das mais nobres. Onde morávamos, em qualquer cidade, era uma programação normal, ir ao estádio, ver os jogos, escutar os comentários dos mais velhos, torcer. Geralmente íamos meu pai, eu e meu irmão do meio, o Tonho, já que o Paulinho nunca foi propriamente um amante do futebol.

Foi assim ao longo da minha vida, até que completei 18 anos e vim morar no Recife, onde iniciei a “carreira solo” no futebol. Aqui, me apeguei ao Santa Cruz, que virou meu time do coração, e sigo indo regularmente aos estádios onde o Santa joga, especialmente o Arruda.

Desde que me entendo por gente, muitos intelectuais, jornalistas, muitos especialistas ou simples comentadores de Internet, classificados de “colunistas”, colocam o futebol como “alienação” ou “ópio do povo brasileiro”. Fazem cara feia para algo importantíssimo em nossa cultura. Agora, na Copa, prometem torcer contra a Seleção Canarinha.

Não sei que caráter eu teria, que homem eu seria, se não tivesse ido tantas vezes ao estádio, se não tivesse sido um menino acompanhando seu pai e irmão, em campos do Maranhão, Ceará, Pernambuco, fora os estádios pelo Brasil afora, além de outros tantos países que conheci.

Frustrações, glórias, derrotas, tristezas, euforias, uma quantidade enorme de amigos que fiz, que seguem sendo meus irmãos.

Não sei também como eu seria, aos 45 anos, se não jogasse peladas semanais, com meus amigos, onde corremos, suamos, praguejamos, discutimos, lamentamos derrotas e firmamos nossas amizades. Sempre joguei, sempre admirei e sempre lamentei tratarem o futebol nacional como coisa de cretinos. Cretinos são os que administram nosso futebol, não os milhões que o amam.

Parece que é preciso dar uma conotação de “falha de caráter” a essa nossa obsessão nacional pelo futebol. O mais engraçado é saber que essa não é uma característica brasileira – o futebol é uma obsessão mundial, que a cada dia movimenta mais bilhões, interesses, mídia.

Está aí, o Uruguai, celebrando há 64 anos um título em cima do Brasil, o “Maracanazo”. Já estive várias vezes lá e sei que aquela vitória, em 1950, ajudou a definir um certo caráter uruguaio, um pequeno país capaz de enfrentar um gigante.

Temos cretinos administrando nosso futebol. O presidente da CBF, um sujeito que se chama José Maria Marin, admirador confesso da Ditadura de 1964, foi capaz de embolsar a medalha destinada aos atletas da Copa São Paulo de Futebol Júnior de 2012. Não preciso citar Ricardo Teixeira, muito menos João Havelange e o agora o senhor Joseph Blatter, o “dono” da Fifa, quase o equivalente àqueles meninos ruins de pelada, mas que são os donos da bola. A biografia deles é de uma eloquência soberana.

Mas prefiro olhar para nosso povo e para esta suposta “alienação” que o futebol provocaria.

Ao contrário da ilusão, acho que a cada anos vivemos um sonho. O sonho de sermos os melhores do mundo, no esporte mais popular do mundo. Sabemos muito bem dos nossos problemas, da corrupção, dos escândalos, dos ônibus lotados. Desde junho nosso povo está nas ruas, protestando, reivindicando.

Desde que me entendo por gente, as interpretações rasteiras entre futebol e povo brasileiro vão se acumulando. Até hoje, nunca vi ninguém entender tão bem de Brasil e sua relação com o futebol como Nelson Rodrigues. O negro Didi, na Copa de 1958, nos resgatou das trevas, quando o Brasil levou o primeiro gol da Suécia. Ali sim, iríamos nos tornar eternos vira-latas.

Ele foi calmamente ao fundo da rede, pegou a bola e saiu caminhando como um rei, até o centro do gramado. Pouco falou. Apenas caminhou, como que dizendo – vamos simplesmente jogar nossa bola e mostrar quem somos. Pouco depois nascia outro rei, também negro, com 17 anos – Pelé. Ganhamos de 5 x 2 e fomos aplaudidos de pé pelos suecos.

Eu poderia escrever duzentas páginas sobre o futebol e nossa identidade, mas é tarde. Daqui a pouco começa mais uma Copa do Mundo. Desta vez, no Brasil.

Vou torcer ardorosamente em todos os jogos. Como um bom alienado, o hexacampeonato é uma obsessão particular minha.

*Texto publicado originalmente no www.estuario.com.br horas antes do primeiro jogo da Copa, contra a Croácia.

**

Cine Foot faz homenagem ao centenário do Santa Cruz! (veja a programação da abertura)

Domingo (15)

19h – Homenagem ao Santa Cruz Futebol Clube

“O pai, o filho e o espírito Santa” (10’, PE, 2013), de Brenno Costa e Lucas Fitipaldi

“Dossiê 50: comício a favor dos náufragos” (80’, RJ, 2013), de Geneton Moraes Neto

Local: Cinema São Luiz (Rua da Aurora 175 – Boa Vista)

Entrada Franca (Sujeita à lotação. Ingressos serão distribuídos 1 hora antes do início de cada sessão)

Um bolão para chamar de nosso

Senhoras e senhores (mais senhores do que senhoras, infelizmente),

na falta de assunto – apesar da dispensa de um ou outro jogador meia-boca do elenco tricolor – o Blog do Santinha criou seu próprio bolão (foto) da Copa do Mundo para poder render disse-me-disse e lero-lero entre os leitores ou curiosos.

Para dar seus palpites, basta entrar neste link aqui: http://www.vippredictor.com/pt-BR/Group/Index/56838 e fazer um daqueles cadastrozinhos meio chatos (até que esse não é dos piores). O bolão do Blog do Santinha está disponível para qualquer um que queira participar. É entrar e dar os chutes.

No final, quem ganhar vai levar um exemplar autografado do volume 1 da Trilogia das Cores, A raça é negra, acompanhado de uma lapada de cachaça.

Oba! Vai ter Copa!

Para tristeza de alguns e alegria de outros, vai ter copa e eu não vejo a hora da bola começar a rolar.

Quem me conhece sabe que estou incluído no grupo dos que estão alegres.

Tenho um amigo que até férias já tirou para acompanhar as partidas. Já o nosso preparador fígado comprou um desses aparelhos celular que tem TV para poder ver os jogos no trabalho.

Eu até vejo um jogo aqui, outro acolá, mas o que gosto mesmo é dos dias em que a seleção brasileira joga. As farras, as ruas enfeitadas, as apostas, as famílias reunidas, ameninada imitando os craques do Brasil. Quando eu era pequeno, no quintal de casa, eu brincava de bola com minha avó. Chutava pra ela agarrar e gritava: gooool de Tostão!

Comecei mesmo a acompanhar o Brasil, a partir da copa de 74, na Alemanha. Apesar de novo naquela época, tenho algumas lembranças. O finado Marinho e seu cabelo amarelado, a bomba de Rivelino nos 3 a 0 contra o Zaire. Rivelino de novo, numa falta contra a Alemanha Oriental.

Em 74, Leão era o goleiro. Tinha, também, Ademir da Guia, Jairzinho e Zé Maria.

A copa de 78, a que foi disputada na Argentina, me recordo perfeitamente.

Naquele ano meu pai nos fez uma grata surpresa. Comprou uma Sharp de 20 polegadas, à cores. Era a primeira televisão colorida da nossa casa.

No início nossa seleção não foi bem. Mas melhorou no decorrer da disputa. Dirceu jogou muito naquela copa. Pena que o Peru abriu pros argentinos e ficamos de fora da final, pois perdemos no saldo de gols para os donos da casa. Daí, nosso escrete foi disputar o terceiro lugar contra a Itália. Ficamos com o terceiro lugar. Um golaço de Nelinho de fora da área, que até hoje eu lembro.

Saímos invictos daquela copa. Diziam que havíamos sido campeões morais.

Mas sofrimento grande foi a eliminação na copa de 82, na Espanha.

Mesmo não concordando com a titularidade de Waldir Perez(se fosse hoje, Thiago Cardoso era titular naquele time de Telê Santana) e com a reserva de Paulo Isidoro, eu tinha plena confiança naquele time. Eu só não. Eu e o resto do planeta.

A rua que eu morava, era uma festa. E quando perdemos para Paolo Rossi e Cia., ela ficou em silêncio e chorou.

Daquele ano eu recordo das jogadas de calcanhar do Dr. Sócrates. Dos passes de Zico. Do antológico gol que Eder fez na Escócia. Aliás, a Seleção do Brasil só fazia gols bonitos. E lembro da música Voa Canarinho e de Pacheco, o bonequinho da propaganda da Gillete. “Pacheco, camisa 12, é o que vai a frente da seleção”.

Copa de 86. A geração de 1982 já não reinava mais. Telê Santana era o treinador, mas não tinha os talentos da Copa da Espanha. Caímos nos pênaltis contra a França.

Da Copa de 90, não vou nem falar. Pense num time ruim, aquele de Lazaroni.

Em 1994, nos Estados Unidos, fomos tetra. Toda uma geração viu pela primeira vez o Brasil campeão do mundo. Um time onde Romário era sem dúvida nenhuma, o melhor jogador. O baixinho garantiu nosso título. Tomei todas na Avenida Boa Viagem, vendo os jogadores desfilarem no caminhão dos bombeiros.

Mas deixemos as recordações um pouco de lado e vamos falar de 2014.

Estou confiante na seleção de Felipe Scolari. Essa turma nova joga muita bola.

Dos times que vieram jogar o mundial, só vejo duas seleções que podem complicar para o nosso lado. A Alemanha e a Argentina. Do resto, a gente ganha fácil.

Tenho pra mim que levantaremos a taça e seremos hexa.

Meu único receio é que nossos jogadores entrem nesse oba-oba que a torcida está fazendo lá na Granja Comary e esqueçam o futebol.

Além da desconcentração, o perigo é a turma ficar de sapato alto e entrar no clima do já ganhou.

Felipão precisa botar ordem, nessa história.

Felipão, meu nobre, se ligue aí, rapaz. Veja o que aconteceu com nosso ídolo Caça-Rato.

Depois que ficou famoso e não parou de ser assediado pela mídia e pelos fãs, o sucesso subiu pra cabeça do rapaz e ele nunca mais foi o mesmo. Seu futebol caiu vertiginosamente de produção e o Santa Cruz vem penando para fazer gols.

Pra que essa Copa do Mundo agora?

Amigos corais, escrever sobre o Santa Cruz é um exercício diário de contradição. O que se diz agora é desdito daqui a dois, três dias.

Vamos ao caso.

Outro dia eu estava aqui, nestes blog, clamando, berrando, desesperado pela chegada da Copa do Mundo. Via um cenário pantanoso, o time sem motivação, um amontoado de jogadores. O intervalo sem jogos durante a Copa seria, justamente, para o treinador arrumar aquilo que eu via, para um retorno mais alvissareiro após o torneio internacional.

Pois bem. O que faz o Santinha. Resolve jogar bola. Carlos Alberto decide que vai comer a pelota, vai distribuir jogadas, criar. Pingo decide que vai nos dar alegrias. O Santa descobre que pode ganhar fora de casa e que pode encarar qualquer time de frente. Demos uma lapada no Boa Esporte e ontem foi a vez da Ponte Preta.

De repente, o time embalou, ganhou consistência, o treinador conhece bem as peças, mexe bem no time, a torcida está empolgadíssima, Gerrá fez aniversário em pleno Arruda, e quando tudo parece nos levar para o topo da tabela, a maldita FIFA chega e decreta o recesso para a Copa.

Vai a minha pergunta inútil: Pra que essa Copa agora?

**

Ainda não tive a oportunidade de comentar, mas todos nós devemos dar parabéns ao setor jurídico do Santa Cruz, no caso que envolveu a morte de um torcedor do Sport. Como este país é movido por emoções, vinganças, decisões as mais estúpidas (para agradar à opinião pública), tudo levava a crer que nosso clube pegaria um gancho de dez partidas de portões fechados, e ficaria por isso mesmo. Não haveria nem recurso. Desde o início, a atuação do jurídico tem sido exemplar.

**

A questão que me ocorre agora é: Onde assistiremos os jogos da Copa? Falo da torcida coral. Aceito sugestões.

De volta ao Arruda, pra cantar parabéns

Eu sempre sonhei em comemorar meu aniversário num jogo do Santa Cruz, em pleno mundão do Arruda. Mas desde que eu me entendo de gente, nunca na história do futebol eu tive esta oportunidade.

Quando vi que o calendário de 2014 tinha marcado meu aniversário no mesmo dia que a CBF havia escrito na tabela da seribê que o jogo do Santa Cruz contra a Ponte Preta seria em 03 de junho e no Arruda, corri pra Primeira-dama e avisei: este ano, vou comemorar meu aniversário no Arruda.

E aí, justamente no ano que eu haveria de realizar meu sonho, a turma inventou de arremessar uma bacia sanitária na cabeça de um rubro-negro e por tabela jogaram água no meu chope.

Quando a interdição foi sacramentada e fomos punidos com perda de mando de campo, confesso que fiquei, digamos assim, um tanto frustrado. Além disso, a ruindade do time e o negativismo que tomou conta de nós, me deixaram desanimado.

Em outras palavras, morguei geral.

Mas eis que o time começa a reagir. Volta a vencer e jogar melhor. E surge a notícia que poderíamos voltar a jogar no Arruda.

O riso dá o ar da graça e o semblante dos tricolores corais santacruzenses fica mais bonito. Minha esperança vai reacendendo.

Ontem segurei os convites da festa e passei a tarde toda enviando e-mails e mensagens pros amigos, na vontade de receber uma boa notícia. “O jogo vai ser nos Aflitos ou no Arruda?”

Por volta das 18h46, meu celular sinaliza. Robson Sena, fotógrafo benemérito do Blog do Santinha, me manda o presente:  jogo no Arruda. Arquibancada superior R$ 15,00. Arquibancada inferior R$ 25,00. Sócio R$ 15,00.

Eu estava no trânsito da Avenida Norte, voltando do trabalho, e quase bati na traseira de um táxi, quando li a mensagem no celular.

Buzinei o tri-tricolor, tri-tri-tri-tricolor e abri o sorriso.

Meus amigos, na verdade, minha alegria não se resume a coincidência de ter meu anivresário no mesmo dia de um jogo do nosso Santa Crua no Arruda.

É muito mais do que isto.

Minha alegria é saber que o nosso estádio está reaberto.

Ali é nosso aconchego, é a nossa casa, o nosso templo sagrado.

É onde está nossa história. O nosso orgulho.

É no José do Rego Maciel que sentimos o pulsar das cores preta-branca-encarnada. Mesmo sem ser esse tal modelo padrão FIFA, ali temos nossos lugares marcados. Quem frequenta o mundão, já sabe onde senta, já sabe os caminhos, já conhece as manias do vizinho que está ao lado.

Hoje vou para o Arruda.

Atacando, defendendo, cobrando falta, batendo escanteio, chutando, cabeceando, estarei lá.

Vibrando com o Santa Cruz e comemorando meu aniversário.

Constatação óbvia: os cronistas corais estão fora de forma

Amigos corais, olhando as postagens das últimas semanas, diria que estamos totalmente fora de forma. É como se o Blog, nos dias de hoje, estivesse com Carlinhos Bala e Rosenblick na redação.

Explico.

O Santa Cruz vem de duas vitórias incontestáveis.  Dois a zero no Boa Esporte (27/05), fora de casa. O arremate veio na sexta (30/05): 2 x 0 no então bicho-papão Joinville, com um partidaço de Carlos Alberto, segundo me informou meu amigo Inácio França. Teve até olé, em pleno Aflitos.

Olhemos as postagens. A última é do dia 27 de maio, falando do tijolaço na Ilha do Retiro. Depois disso, um sepulcral silêncio. Nada. Uma linha sequer. Os cronistas mergulhados em seus afazeres, esqueceram de levantar a poeira que nos tapava o futebol. Justamente no momento em que surge um time, os três responsáveis por este Blog, olhavam a programação do São João 2014.

Sinceramente, é preciso um mea-culpa. Quando o time vai mal, escrevemos rios, os dedos sangram, há urros que são escutados até em Ouricuri. Milhares de comentaristas saem de suas casas, apartamentos, passam horas nas lan-house da vida, o treinador vira um resto de lixo de ontem, saem listas de dispensados por segundos, a vida vira um inferno.

Parece que não percebemos que o time está com novo ânimo, disposto, ganhando personalidade, que há algo novo no horizonte.  De repente, estamos na oitava posição e poderemos terminar esta primeira fase entre os quatro ou cinco melhores da Série B.

Liguei de Curitiba, onde estava, para saber como tinha sido o jogo contra o Joinville, Inácio França passou 90 minutos me contando o jogo, lance por lance. Parecia um louco. Gastei mais com o telefonema do que com o jantar, num restaurante bom pacas, chamado “Alemão”. Minha mulher achou ridículo eu ter conversado durante todo o jantar, com várias outras pessoas na mesa.

Sim, mas cadê isso aqui no Blog?

Andei por São Paulo, Curitiba, Gerrá estava empenhado em se apresentar pelas principais casas de forró do Sertão, Inácio França fazendo coisas pelo norte da Amazônia ou Goiás, não sei ao certo.

Não tem desculpa.

Os cronistas do Blog do Santinha estão fora de forma. Sejamos amenos – perderam o tempo da bola.

O mínimo que podemos esperar é um texto rasgando o marasmo, escrito pelo senhor Gerrá Lima, que faz aniversário amanhã, justamente no dia do jogo contra a Ponte Preta.

Aguardemos. Desta vez, o Blog não acompanhou o time.