Depois do empate com Avaí, Gerrá da Zabumba passou o final de semana passado, a lendo e escutando entrevistas. Ele me contou que queria entender a razão do ataque do Santa Cruz ser uma coisa tão sem tesão, tão sem vontade.
Realmente, quando vejo nossos meias, laterais e atacantes chegando perto da área adversária, fico achando que fazer gols é uma coisa enfadonha, uma obrigação chata. Algo como entrar na fila do cartório para reconhecer firma de terceira via ou telefonar para o call center do plano de saúde. Não sei se é assim, sempre fui zagueiro e ruim de bola. Se fiz meia dúzia de gols na vida, foi muito.
O problema é que Gerrá viu e leu tanto o que Sérgio Guedes que, na segunda-feira mesmo, acabou escrevendo que vai do nada ao lugar nenhum. Um lero-lero igualzinho ao do nosso treinador.
A equipe Blog do Santinha resolveu então organizar uma coletânea do raciocínio vivo de Sérgio Guedes e desconfiamos que ele está criando sua própria escola filosófica, o Mesmismo, que seria segundo Samarone, que entende dessas coisas, a base conceitual da mesmice.
Devem ser lindas as preleções nos vestiários. Decididamente, não é fácil ser jogador de futebol.
Abaixo o melhor do Mesmismo:
“A gente fez dois trabalhos táticos para dar uma característica boa para um jogador que não tenha como principal característica fazer aquilo. O adversário joga com muita virada e agressividade e temos que neutralizar isso. Só tivemos um posicionamento defensivo bem específico e queremos dar liberdade ofensiva. Muita liberdade ofensiva”.
. Temos que tirar proveito das condições do jogo e aproveitar as oportunidades. O Santa Cruz não vai em busca de um resultado igual. Vamos em busca da vitória. Dependendo das condições um empate pode ser bom.
“Eu sempre falo a eles que, por mais que tenham treinador, alguém que comande, é importante que haja o entendimento daquilo que se pede”.
“Soubemos defender quando foi preciso e aproveitar o espaço quando eles apareceram.”
“Quando não vencemos, é preciso administrar e vir aqui justificar. Mas quando as vitórias acontecem, é preciso dizer que houve entendimento, que os atletas realizaram aquilo que se pediu. É um momento de reflexão, porque a vitória nos dá confiança e moral, mas as razões que nos levaram aos três pontos não foram essas e sim a intensidade e a disposição dentro de campo”.
“As razões pelas quais não atingimos o esperado é porque estamos administrando muitas coisas. Não é fácil fazer isso. Inicialmente a equipe se mostrou desconfortável, esperando o adversário e depois teve iniciativa de sair no contra-ataque. Quando começamos a desarmar e atacar, tivemos mais ocasiões, só que não ocorreram os gols”
“Poderia ter sido melhor, mas os jogadores estão ganhando ‘lastro’ e estão em processo de evolução”
“Nós começamos desconfortáveis e esperando a iniciativa, mas depois nos estabelecemos e poderíamos ter tomado melhores escolhas nos contra-ataques. No segundo tempo se repetiu. Quando começamos a roubar a bola, criamos os contra-ataques, mas passamos novamente a conviver com a possibilidade de uma melhor escolha para fazer o gol”.
“As dificuldades são enormes, mas o Santa Cruz está na briga. Em São Luís, por exemplo, jogamos contra o adversário que tem dimensões de campo ultrapassadas e acabamos o jogo bem condicionados”.
“Eles precisam entender que não é discurso vago. Eu também joguei uma divisão menor e fui crescendo. A competição exige a cada partida uma entrega a mais. A dificuldade é maior no próximo jogo. Você vai ter que ser um pouquinho mais entregue em campo. E eles interpretarem bem o jogo, o Santa Cruz vai estar no caminho certo”
“O nosso sistema defensivo estava bem postado e novamente por algumas ocasiões não conseguimos marcar. Fica o sentimento que poderia ter sido melhor, pois tivemos espaços. Não saio frustrado, pois estamos numa transposição de competição. Eles são capacitados e basta acreditar”
“As dificuldades são enormes na Série B. A invencibilidade de quatro jogos é louvável, mas não era a pontuação desejada. Avaliando os resultados, nós temos recursos para chegarmos longe. Temos caráter, valor e perspectiva. O Santa Cruz é muito forte coletivamente e queremos uma torcida jogando junto. Alguma considerações precisam ser feitas para o produto final acontecer. Somos capazes de fazer mais e queremos o respaldo de todos. Iremos atuar em casa e a torcida já está escalada para ajudar nós”
“Temos equilíbrio, mas falta eficácia. Quando você tem a vantagem numérica acaba surgindo espaços. A equipe teve capacidade de saber a hora de contra-atacar. O entendimento precisa ser durante todo o jogo, pois a Série B requer isso. Os jogadores precisam funcionar mais para que a gente transforme em vantagem durante a partida. Por um detalhe ou outro não fomos eficazes. Trabalho requer ajustes e precisamos ficar atentos”.