Podem acreditar, mas quase que eu fazia a besteira de ir para o jogo de ontem lá naquele fim de mundo.
Para minha sorte, me lembrei que o mando de campo era da Barbie e que nossa torcida iria ficar pendurada atrás da barra. E lembrei também que havia marcado um papo com Samarone e uma turma boa que colabora com o projeto da Biblioteca Comunitária do Poço da Panela.
“Gerrá, a gente faz a reunião em Seu Vital e depois vai pra casa de Boy pra ver o jogo”.
“Beleza, Sama!”
Estrategicamente, encaminhamos a conversa para terminar às 20h15. Pedi um pão com queijo coalho. E nos mandamos.
Havia algo estranho no ar. Eu, Samarone, Esequias e Robson estávamos com o carburador sem combustível. Naná tinha tomado apenas um cafezinho.
Na casa de Boy e Ninha, nada de cerveja. Nem Lula Pezão estava bebendo.
O primeiro tempo segue dando calo na vista. O Santa Cruz, aquele que subiu para série A parece que ainda está em Chá Grande. O time que tava jogando ali na tela da televisão é outro. Burocrático, displicente, sonolento.
Aos vinte e poucos minutos o primeiro sinal de impaciência. “Esse Daniel Costa é um morto. Chupa sangue do carai”.
Minutos depois, o segundo sinal. “E essa porra desse Raniel, vai deixar de ser promessa quando?”
Boy mostra nervosismo, “ei, vocês não vão beber não?”
E assim o primeiro tempo acabou. O Santa Cruz fazendo raiva.
No intervalo alguém comentou que a morgação da gente tinha contaminado o time. Então, Naná e Lula saíram para tentar resolver o problema.
Voltaram com alguns litrões de cerveja na mão e uma garrafa de cachaça com um caju dentro.
Não teve jeito. O time continuou a mesma desgraça. E, como já era esperado, levou outra lapada da turma dos Aflitos.
Ainda bem que não fui.
E já resolvi, futebol pra mim só depois da quarta-feira de cinzas.
Hoje é o Urso Boa Pinta. Amanhã tem o Paraquedista. Quinta-Feira o Escuta Levino. E sexta a folia começa de verdade.
Eu vou é brincar meu carnaval que é melhor.