É hoje!

A instigada Minha Cobra sai pelas ladeiras de Olinda. É hoje. Na frente da sede do calunga mais querido do Brasil, o Homem da Meia Noite, às 10 horas, a Troça Carnavalesca Mista Ofídica Etílica Erótica MINHA COBRA pinta de preto-branco-encarnado as ruas e ladeiras de Olinda.

No Arruda tem o Cobra Fumando. É folia tricolor coral santacruzense pra todos os lados.

Então, meus amigos, é vestir a camisa, colocar um adereço e sair para brincar o carnaval!

TRIIIII!

Evoé, Baco!

Meus amigos tricolores, chegou o Carnaval. Evoé, Baco. A festa da alegria, embriaguez, fantasia e loucura. E a maior loucura de todas: teremos jogo no sábado do Galo. Pense numa tabela feita por um cara muito doido.
Possivelmente estarei tão bêbado que terei que ver o jogo na manhã de domingo novamente para entender o que aconteceu. Mas não tenho dúvidas: iremos arrancar uma bela vitória.
Estava ontem em Seu Sebastião conversando sobre esse jogo contra o Uniclinic (Quem foi o maluco que colocou esse nome?) quando a troça Siri na Lata passou desenbestada na porta do ilustre bar tricolor. O frevo, meus amigos, ferve.
Fiquei instigado e sai em direção ao Levino. Essa troça é muito foda. Além de tocar as músicas do mestre Levino Ferreira – um dos maiores compositores de frevo de rua – possui um repertório que foge do lugar comum.
Eu estava me aproximando da 7 de setembro procurando uma passarinha para tomar uma cana quando ouvi alguém me chamando: “Zeca, porra, vem aqui!”. Era Juninho, um antigo amigo de colégio. Estudamos dez anos juntos no saudoso Nóbrega.
Amigo de colégio é uma coisa interessante. Você pode passar vinte anos sem ver o sujeito e, quando o rever, parece que o último encontro foi ontem. Ficamos tomando umas cervas e falando sobre o Santinha e sobre frevo. Juninho é um apaixonado pelo Santa Cruz e pelo frevo. Conhece tudo sobre nossa música maior – mas não é músico, uma frustração que foi resolvida com as filhas que estudam, agora, no conservatório.
E, como todo tricolor santacruzense, é o maior torcedor do Santinha. De repente, ele me saiu com essa:
“Zeca, já falei com Gerrá que tu é um alter ego que escreve no Blog. Tu nunca falava de futebol no Nóbrega”.
“Vai tomar no cu, Juninho. Tinhas quantos anos quando fosse ao Arruda pela primeira vez?”.
“Sete”.
“Se fudeu. Eu tinha cinco”.
E aí começou aquele lengalenga sobre quem foi mais a campo:quem viu Fu Manchu ou Ramón jogar; quem estava na inauguração da arquibancada superior; quem viu a inauguração do placar eletrônico; quem estava no jogo contra o Palmeiras que teve um público monstruoso; quem presenciou o cabaço da leoa voar e por aí afora.
“Juninho, eu não tinha saco de discutir futebol com vocês. Tu e Rostand (outro amigo do Nóbrega e torcedor coisado) viviam brigando na hora do recreio. O cara tinha que ter muito saco para entrar naquela frescura”.
O bloco saiu e seguimos a orquestra. Frevos maravilhosos. Juninho ia solfejando as notas que eram cuspidas pelos metais. Sou metaleiro de corpo e alma, mas o frevo está no sangue desde sempre. Antes de tudo, sou pernambucano com muito orgulho.
A noite seguiu. Assim como o frevo que invadia as ruas e as antigas calçadas da cidade. Foi muito bom reencontrar um grande amigo das antigas. Ainda mais um cara que é apaixonado pelo frevo e pelo Santinha. O início de Carnaval foi arretado. Espero rever Juninho logo para retornarmos a discussão sobre quem ama mais o Santa Cruz. E comentar nossa vitória desse sábado.
Acho que isso ocorrerá em Olinda na troça Minha Cobra. Vai ser cana.
Vamos embora que a alegria só acaba na quarta-feira ingrata. Evoé, Baco!
Um excelente Carnaval para todos. Na paz e na alegria, pois esse é o verdadeiro espírito de Baco, o deus do êxtase e da felicidade sem fim.

O Clássico das Tensões.

O Clássico das Multidões – que, no caso desse sábado, pode muito bem ser chamado de Clássico das Tensões – revelou uma nova faceta desse time do Santa Cruz e que segue aquilo que os amigos tricolores Genivaldo, Marcos e Arnildo disseram aqui no Blog: time macho do caralho!
A pilha que o menino Everton Felipe deu antes da partida foi salutar para nós. O Santinha entrou em campo como se estivesse entrando no octógono do UFC: sangue nos olhos, vontade de ganhar e dar porrada em todo mundo.
O nome da partida: Vítor. Puta que pariu, o cara estava endiabrado. Jogou com muita garra, uma disposição absurda e se revelando um talento para lá de qualquer expectativa.
Claro que a qualidade de Diego Souza foi fundamental para o gol do Do Recife (a coisa). Mas não tem quem me tire da cabeça a ideia de que Jaime deu uma puta vacilada no lance.
A expulsão de André Luís – com o placar desfavorável – parecia ter decretado, em definitivo, nossa primeira derrota. Uma porra. O time se superou. Ao contrário do que poderia se esperar, até jogou mais. E isso mesmo diante das lambanças da arbitragem.
E Pitbull, meus amigos, é Pitbull. Deu um mata leão nos coisados com um toque magistral. Três tricolores contra cinco leoas, mas um toque de bola refinado que acabou com o nosso gol. Que coisa mais bonita. Ele tem tudo para ser o nosso grande ídolo nessa temporada.
E Júlio César está cada vez melhor. Jogou muito. Fez defesas dificílimas que ajudaram a manter o empate. Estava envolvido com a partida, totalmente dentro do espírito do clássico.
Mas isso não quer dizer que está tudo bem. Muito pelo contrário. A garra do time foi muito maior – maior mesmo – do que a qualidade do nosso futebol. Claro que a qualidade do passe no meio de campo vem melhorando, mas há muito trabalho para ser feito.
É preciso equacionar os espaços entre defesa e meio de campo e entre meio de campo e ataque. E melhorar o domínio e saída de bola.
Barbio me pareceu mais perdido do que gringo no meio do Galo da Madrugada. Estabanado, afobado e sem noção de posicionamento.
Em campo, o jogo foi muito pegado. Aquele chute de Leandro Pereira em Jaime era para ter sido cartão vermelho. E ainda estou na dúvida se Pitbull estava realmente impedido. Magrão ia se fuder. Esse Rufino não me engana.
Por fim, vou dar meu palpite para essa temporada: Pitbull será o artilheiro e o Santa Cruz será o campeão do PE 2017. Eita porra, me arretei.

Os Hooligans no Clássico das Multidões.

Confesso que estou começando a ficar nervoso com esse jogo de sábado. O cara escuta a resenha no rádio, lê os jornais, assiste à TV e ouve, nas ruas, a torcida dizendo: “Pitbull vai estraçaiá a coisa. Au, au, au, au”.
Sábado será o teste de fogo para Eutrópio e para a torcida tricolor. O treino fechado mostra que é preciso ter a cabeça no lugar e acertar alguns pontos: espaços na defesa, conexão do meio de campo com o ataque e ir além da bola parada na hora de atacar.
Apostaram no argentino Parra e em Júlio César (que é meu aluno no curso de Direito). Espero que os dois mostrem serviço quando entrarem em campo nos próximos jogos.
Mas esse sábado é o dia do Clássico das Multidões. O dia em que o sujeito acorda eletrizado, só pensando na hora de entrar em campo e celebrar com a torcida. O zap explode de mensagens dos dois lados – a gozação sadia é fundamental para manter o espírito do futebol brasileiro.
Sábado é dia de marchar para o Arruda confiante em nossos guerreiros. Dia de lotar o Mundão e celebrar essa paixão no mês de nosso aniversário. Dia de ser feliz, comungar com a essência desse esporte maravilhoso e dessa torcida alucinada. Dia de tomar uma em Abílio, comer o cachorro-quente da arquibancada e acompanhar, com os nervos à flor da pele, o jogo também pelo rádio.
Uma pena que muitos torcedores ainda insistam em transformar essa festa tão linda num campo de batalha. Já escrevi aqui – na crônica “Meu dia de Mancuso” – que levei uma baita carreira da torcida dos coisados. Um amigo que torce pela leoa já foi espancado por torcedores do Santa Cruz só porque estava com a camisa do time adversário e entrou numa rua tomada por tricolores.
Uma tristeza a permanência desse clima medieval. Sempre fui a favor das torcidas organizadas. Essas surgiram para enaltecer a paixão do torcedor por seu clube. Elas embelezam a festa nos estádios, dão identidade ao time e calor na comemoração de um gol.
Mas os baderneiros confundem tudo. Os Holligans PE querem transformar essa festa em um inferno. Creio que seria muito salutar adotar a postura que o governo da Inglaterra tomou em relação a esse problema: tipificar essas ações como crime e punir de maneira severa, monitorar os arruaceiros e banir dos estádios aqueles que não querem amar, mas sim, lutar.
Futebol é lugar do amor, da paixão e da alegria. Por isso, acredito que seria também importante iniciar um trabalho de ação social para reeducar esses torcedores. No fundo, a paixão pelo time ainda está lá. E é essa que deve existir e ser glorificada.
Inegável que todo torcedor que for ao Arruda nesse sábado terá um pouco de receio da violência. Minha esposa sempre pede para, no Clássico das Multidões, eu ir sem a camisa do Santinha. Uma pena esse medo, essa invasão de nossa liberdade. Nós que queremos apenas torcer.
Resta torcer para que o esquema policial esteja bem montado e que o Estado faça sua parte. E que a festa, e apenas essa, seja a realidade desse sábado.
Paz nos estádios. Paz nos corações.
Futebol é amor. E Clássico, meus amigos, é Clássico. Tem que respeitar.

1914, um ano especial.

Meus amigos tricolores, 1914 foi um ano louco e especial a um só tempo. Para a maioria das pessoas, é o ano em que se inicia o absurdo da Primeira Guerra Mundial que culminaria, décadas depois, com as atrocidades do Nazismo. Mas teve coisa boa também.
Foi o ano em que se fundou a Seleção Brasileira de Futebol, o Ceará e o Paysandu.
Esse ano especial e louco viu o nascimento de Caymmi e, pela primeira vez, o aparecimento de Carlitos nas telas dos cinemas.
Não houve Prêmio Nobel de Literatura nesse ano. Porém, Aleister Crowley escreveu o célebre Livro da Lei e James Joyce, um dos maiores gênios da literatura, principiou sua obra-prima, Ulisses.
Mas, para nós tricolores, foi um ano fundamental: é o ano do nascimento do Santa Cruz Futebol Clube, o Terror do Nordeste, o Mais Querido, o Time do Povo, o Tricolor do Arruda.
No último dia 3 desse mês, estava em meu apartamento quando ouvi, no Largo da Santa Cruz, exatamente à meia-noite, fogos explodindo e gritos alucinados de “É tricolor!”. Coloquei minha camisa do Santinha e fui pra lá. Esequias e outros amigos estavam saudando o 103º aniversário de nossa paixão maior. Conversamos sobre o clube e os festejos.
No mesmo dia, às 18 horas, estava novamente no Largo, agora devidamente acomodado em Seu Sebastião, com Gerrá e Sama. As ruas estavam tomadas de vermelho, preto e branco. Que coisa mais linda de se ver.
Enquanto estávamos brahmeando e conversando sobre futebol, vi uma enorme inscrição numa janela no prédio que fica na esquina da Rua Velha: 1914. Que ano especial, pensei.
Podem dizer que o aniversário do Santa foi dia 3 e já passou. Eu comemoro durante todo fevereiro até cair de exaustão, embriaguez e alegria nas ladeiras de Olinda seguindo a troça Minha Cobra. Cada doido com sua mania.
E não é que os presentes de aniversário desse ano estão sendo bons? Demos uma lapada nas barbies e contra o Central demonstramos muita garra – espero que o velho espírito de guerreiros de nossa tradição tenha retornado definitivamente. Ontem, Pitbull (au, au, au, au) se arretou e ficamos na liderança do grupo. Acho que André Luís dançou.
O time tem muito o que melhorar, isso é inegável. A parte de conexão e criatividade tem que entrar nos eixos. O fato positivo é que estamos bem de bola parada. E creio que, com todos os prós e contras, a torcida está começando a se empolgar.
Dia 19 será o teste de fogo contra os coisados. Uma vitória no próximo domingo e o mês de aniversário será perfeito. Que assim seja!
E imaginar que essa paixão louca surgiu em 1914. Só temos que agradecer àquele grupo de jovens entusiastas que, em fevereiro daquele ano, fundaram o clube do povão, das massas, do coração e da vontade.
Te amamos, Santa Cruz.
Santa Cruz! Santa Cruz!
Junta mais esta vitória…

O jogo no Arquibancada Coral

Enquanto o carnaval não acaba, tenho uma dificuldade danada de acompanhar o Santa Cruz. Sempre foi assim. E agora é que ficou pior. Com essa avalanche de jogos e campeonatos, aí é que fica complicado.  Tem hora que você não sabe se o jogo é pelo Pernambucano, se é pela Copa do Nordeste ou se já é a Copa do Brasil.

Bom, uma coisa já consegui, decorar o nome dos titulares. Julio César, Vitor, Bruno num sei o que, Jayme e Roberto; Valdir, Elicarlos, Léo Costa; André Dias, Everton Santos e Thomás.

Mas ontem sobrou espaço na agenda e deu para ver o jogo. É o segundo que consigo assistir nesta temporada. Tinha visto aquele contra o Bom Jardim.

Me mandei para o bar Bom Marujo. Quem me deu o toque foi Esequias. “Gerrá, tou indo ver o jogo com a turma do Arquibancada Coral num bar perto da tua casa. Bom Marujo. Vamos nessa?”

De pronto, aceitei o convite.

Para os mais antigos, o Bom Marujo é no mesmo local onde funcionou o saudoso Rei do Cangaço.

Pense numa noite agradável. Conheci os caras do Arquibancada Coral e encontrei bons amigos da velha guarda do Blog do Santinha. Dani Tricolor, Tibério Azul, Marconi, Anízio!

Turma boa danada, essa do Arquibancada Coral. Dinho de Lima, Cassio Cavalcanti,  Edson Vinícius e Brivaldo Farias. Com o Santa na mente e no coração, os caras fazem uma espécie de mesa redonda com todos que estão no bar.  No calor da emoção, como deve ser o futebol, eles vão fazendo entrevistas, pedindo opinião sobre o jogo, notas pro jogadores, etc e tal.

Ao final da partida, para não perder a tradição, rola a escolha do melhor e do pior em campo e as notas pros jogadores. Everton Santos foi o melhor em campo e vários foram os piores. Eu, por exemplo, votei em Roberto como pior. Se esse rapaz tivesse um pouco de maturidade ou alguém para lhe ajudar, ele deixava o futebol e seguiria em outra profissão. Deixemos isso para lá.

No fim da jornada, Dinho, Cássio, Vínicius e Brivaldo fazem sorteios com todos que estão no bar. Até umas garotas que estavam numa mesa ao lado entraram na roda e ganharam um kit doado por Dani Tricolor. Carne de sol e linguiça de bode.

Fiquei imaginando uma história dessa acontecendo no meio da nossa torcida, em um jogo no Arruda. Na minha viagem, já visualizei o Arquibancada Coral fazendo sua parada nos vários setores do estádio. Um dia nas cadeiras, outro dia nas sociais, na arquibancada…! Uma mesa redonda no bar de Abílio, logo após o jogo. Puta que pariu, seria fantástico.

Só sei que voltei para casa feliz da vida! Faturamos os 3 pontos fora de casa. Metemos 4 a 2 no time do central. Everton Santos fez dois gols. Temos baterdo de falta. Pitbull é uma grata surpresa. E de quebra, ganhei uns brindes no sorteio.

E já avisei a Esequias para me avisar da próxima edição do Arquibancada. Vou levar a turma da Kombi Coral.

O Santa Cruz viverá eternamente

Em três de fevereiro de catorze, o céu do Recife se enfeitou, uma nova estrela surgiu naquele dia, nascia o meu tricolor!

Ah! Como eu queria ter estado naquele três de fevereiro de 14…

Sou um nostálgico. Daqueles que viajam  pelo túnel do tempo e vai para o passado. Do tipo que sente saudade até do que não viveu.

É assim quando estou no Bar Santa Cruz, lá no Largo de Santa Cruz e olho para Igreja de Santa Cruz. Sou tomado por lembranças das coisas boas que não vivi.

Nas vezes que ando pelo bairro da Boa Vista, sinto uma saudade danada. Das brincadeiras, das festas, da boêmia, do futebol no pátio da igreja.

Ah! como eu queria ter recebido um passe de Quintino Manda Paes Barreto. De ter feito uma jogada magistral com José Luiz Vieira. De ter recebido um cruzamento de José Glycerio Bonfim e ter tocado de primeira para Abelardo Costa.

Num lançamento em profundidade, eu deixei Augusto Franklin Ramos na cara do gol. Ele não foi fominha. Tocou para Orlando Elias dos Santos, que tocou para Alexandre Carvalho e que passou para Oswaldo dos Santos fazer o gol. Um golaço.

Ah! como eu queria ter abraçado todos, numa explosão d alegria.

Sou um sonhador. Queria ter nascido no dia 03 de fevereiro. Queria fazer aniversário no mesmo dia do meu querido Santa Cruz. Queria ter vivido o sonho junto com aqueles 11 ilustres rapazes.

Vivo o sonho de morar naquele lugar. De comprar a casa da Rua da Mangueira, para me reunir com dez amigos tricolores corais santacruzenses das bandas do Arruda e brincar de fundar o nosso Santa Cruz.

Todo 03 de fevereiro é assim:  vivo a eterna alegria de ser Santa Cruz. O Clube das Multidões. O Mais Querido. O Time do Povo.

Hoje, 103 anos depois, acordei sonhando em ser Santa Cruz até depois da morte, pois sempre lembro que “O Santa Cruz nasceu e vai viver eternamente!”

Parabéns, meu Santa Cruz. Muitas felicidades, muitos anos de vida!

Pedronito, o goleiro Pedrinho.

Eu estava tomando umas cervas com alguns amigos na Encruzilhada no sábado anterior ao jogo contra o Capibaribe (as barbies). Depois da farra, peguei um táxi naquele ponto que fica perto do Tepam para voltar para a Boa Vista. Assim que entrei, o motorista disparou:
“O senhor gosta de futebol?”, disse com o carro já em movimento.
“Sim, sou apaixonado por futebol. Sou tricolor. E o senhor, torce para que time?”.
“Para os três, pois joguei nos três”.
Fiquei desconfiado: “Qual o seu nome?”.
“Meu pai era Pedro e minha mãe era Anita. Daí me chamarem de Pedronito. Mas era conhecido como Pedrinho”.
“Mas o senhor é muito magro para ser o lateral do Santa. O grande Pedrinho”.
“Não, não. Fui goleiro. Joguei no Santa, Sport e Náutico. Joguei no Palmeiras, Maguary, Fortaleza e Calouros do Ar. Joguei com Ademir da Guia, Garrincha e Vavá”.
Minha desconfiança foi aumentando. Esse bicho está mentindo, pensei.
“O senhor sabe, ele disse, que motorista de táxi e mulher mentem demais”.
“E é?”
“Vou provar que é verdade o que estou dizendo”, ele disse quando paramos na Manoel Borba. O velho Pedronito, o Pedrinho, desceu do carro e abriu a mala. Fiquei surpreso: uma porrada de recortes de jornais das décadas 50 e 60.
“Tá vendo aqui?”, ele disse apontando para uma foto do Palmeiras. “Esse aqui sou eu”.
E ele foi mostrando as fotos e reportagens de uma época de ouro do futebol brasileiro.
“Fui campeão pelo Santa Cruz”, disse com muito orgulho.
“E o senhor jogou contra Pelé?”.
“Se joguei?”, ele perguntou com lágrimas nos olhos. “Tive a honra de levar um gol de Pelé. A maior alegria de minha carreira”.
Puta que pariu, até eu fiquei emocionado.
“Joguei com Coutinho, também”.
Que história linda! E que orgulho enorme trespassava suas palavras e gestos.
Me despedi de Pedrinho pensando na minha infância no Arruda. Saudade desse tempo. Hoje, depois desse jogo horrível contra o Belo Jardim, só me resta relembrar.
O velho poder da História com seus heróis e detratores.