De um tempo pra cá, uns amigos meus se goumertizaram. Cerveja só se for importada ou artesanal. Cachaça boa é a mineira. Comidinha de food-truck. Essas coisas…
Lasca é que os caras, a maioria torcedor coral santacruzense das bandas do Arruda, se tornaram gourmet até no futebol. Preferem ficar em casa, coçando a cabeça do cachorro, sentados no sófá e vendo futebol na TV ao invés de irem para o estádio.
— Fulano, tu vai hoje?
— Gerrá, acho que não. Vai passar na TV, né?
— Sei não. Virasse goumert, foi? Lugar de tricolor é no Arruda.
Nessas horas a vontade que dá é dizer um bocado de desaforo, pra ver se o individuo acorda!
Não passa pela minha cabeça, trocar a grandeza do Arruda pelo conforto do sofá.
Foi sentindo o cheiro da grama, o calor da massa coral e o aconchego daquele lugar que me tornei Santa Cruz.
Na minha família, na família da minha mulher, na dos nossos irmãos e em várias que conheço, desde cedo, a gente mostra aos nossos filhos e filhas os caminhos que nos levam ao nosso estádio. De quebra, ainda levamos os amiguinhos que têm pais gourmet. Levamos até os filhos dos torcedores adversários, pois se derem bobeira, a gente trás os pirralhos pro nosso lado.
Ali, o Arrudão, é o nosso reduto. O nosso templo sagrado. A casa desse movimento popular chamado Santa Cruz Futebol Clube.
Nossas cores estão espalhadas por todos os rincões de Pernambuco e pelos quatros cantos do mundo.
Neste sábado, pensaremos somente na vitória, daremos somente o apoio, mostraremos nossa força.
Pretas, brancos, vermelhos. Altos, baixas e magras. Gordos, velhas e moços. Seremos um só movidos pela paixão e o amor ao Clube Querido da Multidão.
Neste sábado, somos todos nós contra eles. Apoiaremos, jogaremos, empurraremos nosso esquadrão.
Neste sábado, meus nobres, ninguém vai nos calar. Afinal, desde 1914, faça chuva, faça sol, em todos os momentos, nosso grito e nossa força permanecem vivos. E permanecerão eternamente.