Não é brincadeira não.

A séricê não é lugar para se brincar em campo ou se preocupar em jogar bonito. Na verdade, com esse atual elenco do Santinha, fica muito difícil imaginar uma partida com beleza futebolística.
A séricê é lugar de se preocupar com a pontuação, em focar na tabela e entender que os jogos são pegados porque são nivelados por baixo. A garra e a força de vontade falam mais alto do que tudo.
O Santa Cruz perdeu uma grande chance de sair com 3 pontos desse último jogo contra o Botafogo. Robinho até que mostrou a cara, colocando bola na trave, mas logo em seguida nossa zaga sofre uma hemorragia cerebral e levamos o primeiro gol. De uma infantilidade gritante.
O golaço de Carlinhos Paraíba alegrou os 14 mil torcedores que deram exemplo de amor ao clube. Esses jogos nesses horários de doido são foda. O segundo tempo parecia promissor. Robinho, de novo, mostrou a cara e fez um golaço também. Artur Rezende até tentou algumas vezes, mas sempre passando perto.
Aí, meus amigos, o apagão se instaurou de vez. O segundo gol do Botafogo repetiu a incapacidade crônica de nosso meio de campo em marcar e de nossa defesa em evitar um gol simples. Ninguém chegou em Dico – é preciso pegada, meus amigos.
O terceiro gol foi o ponto culminante que demonstra como nossa defesa fica perdida em alguns momentos (ou muitos). Inacreditável como se leva um gol daqueles. É para o cara ficar muito puto da vida.
É preciso corrigir o posicionamento, a tática e, principalmente, a vontade de ganhar a bola dessa defesa. Temos que ser realistas, pois a regra é clara: só tem tu, vai tu mesmo. Olha só: Vitor, Sandoval, Augusto Silva, Henrique Ávila e Charles. Não tem milagre, mas mudar de atitude mental ajuda muito. Séricê não é brincadeira não. Sem garra e vontade, como pedir para que a torcida chegue junto? E só assim para que a galera volte a ter ânimo como bem lembrou Marcelo Almeida.
Bem, terça que vem estarei em aula à noite. Só saberei do resultado no final da partida. Mas vamos torcer. A grana é boa e nosso Mais Querido precisa de cada centavo que entrar.
NOTA: Quero externar meu apoio a Juninho Pernambucano que levou uma dura ao vivo da direção do SporTV após chutar o pau da barraca e falar umas verdades sobre a imprensa esportiva brasileira. É preciso ter coragem para dizer a verdade e Juninho teve. Uma pena que ele saiu do programa – gente que pensa, nesse país, parece que faz mal a muita gente.

Quem vai?

E aí, tu vai?

— vou, mas é lógico!

— e eu nunca deixei de ir. Sábado tou lá!

— meu amigo, pode dar cachorro em trinta, mas sábado eu vou é pro Arruda. É jogo de seis pontos. E pense numa raiva que eu tenho de time da Paraíba!

— cinco hora eu tou largando e é direto pro Arruda. Eu vou!

— vai eu, a mulher e Netinho!

— oxi! E isso é pergunta! Tomo uma de leve na sexta. Acordo cedo no sábado. Dou aquela trepada, depois vou na feira. Meio-dia, começo a calibrar o fígado. Três horas tomo um banho, visto o manto sagrado e me mando. Dois a zero. Carlinhos Paraíba vai fazer o dele. E terça vou de novo!

— rapaz… o cabra que não for é mulher do padre! A pessoa só não vai pra um jogo desse em caso de morte ou doença grave. Tem que ir.

—  se jogar igual a jogou no segundo tempo contra o Globo, a gente ganha! Eu tou pensando que vai ser 3 a 0. Mas pode ser de meio a zero, o que interessa agora é vencer e garantir os três pontos pra ficar sempre no G-4. Se o Santa embalar não tem quem segure a gente.

— eu eu tou doido de não ir? Quem quiser que assista pela televisão. Eu vou é pra o Arruda!

— olhe, tem uma turma que reclama quando o time perde, quando empata e quando ganha. Mas agora é apoiar e jogar junto. Tem que ir todo mundo!

— tenho um trampo à noite. Mas já desenrolei a parada. Vou pro jogo e de lá corro pra tarefa.

— vou fazer a concentração no Posto. De lá pra arquibancada, pertinho do escudo.

— lá de casa, são cinco. Vai todo mundo! Até papai se animou. Simbora pro Arruda.

— tenho pra mim que Robert vai tirar a inhaca! Estarei lá.

— se o Santa Cruz vencer, vai ficar com moral! Eu não vejo nenhum elenco melhor do que o nosso. Tá faltando a gente encaixar. Tou confiante pra sábado. Sim, é claro que eu vou. Lugar de torcedor do Santa Cruz é no Arruda.

— quero nem saber quem vai ser o goleiro, o zagueiro e nem o atacante. Eu só sei que vou pro Arruda. É a gente que vai garantir a vitória. Vai ser no grito.

— mulher, ah mulher, você não precisa me esperar, eu vou chegar fora de hora, pois hoje o meu Santa vai jogar…

Bom, aqui em casa, vamos todos. Samarone também vai. Robson, Marconi, Odilon, Claudemir, Inácio, Esequias, Lukinha, Anízio, Micrurus, Coronel Peçonha, Ivonaldo, Zeca, João Valadares, Chiló, Pedoca, Jr. Black, Flávio, Victor, todos irão.

Campeonato doido, ingrato e cruel

No meio da semana, Samarone me perguntou quem seria nosso próximo adversário. Respondi que era o Globo.

Ele perguntou qual o dia. Respondi que seria na próxima segunda-feira.

Pra finalizar o questionário, Sama quis saber se o jogo era no Arruda.

Sexta-feira, foi Naná. Encontrei com ele no forró de Seu Vital.

O gordinho deixou de beber cerveja e agora só toma aguardente. Pelo que entendi, um tratamento de acupuntura está fazendo ele deixar de ter vontade de tomar cerveja e ativando um ponto que gosta de cachaça. Naná disse a mim e a Chiló: a gente não pode abandonar o Santa Cruz. Tem que tá junto.

Concordamos.

Ele emendou: quando é o próximo jogo? É no Arruda?

Outro dia, a minha filha menor estava se lamentando. “Papai, nunca mais a gente foi pro jogo do Santa. Ele vai jogar quando?”.

É, meus amigos, essa tal sericê é ingrata e cruel com nós torcedores. Praticamente o seu time do coração só joga de oito em oito dias. É tanto tempo de uma partida para outra que a gente até esquece que vai ter o próximo jogo, quando vai ser e com quem iremos jogar.

Eu mesmo, quase todo dia consulto a tabela. Faço isso pra não esquecer dos jogos e para não esquecer que estamos disputando o campeonato brasileiro da terceira divisão. Ocupo meu tempo ocioso, vendo jogos da seribê e sericê.

Assistir aos jogos da segundona do brasileiro me deixa de baixo astral. Cada time ruim danado e a gente fora dessa festa.

Por outro lado, ver as partidas da terceirona me trás esperança que temos condições de avançar. Até agora não vi nada do outro mundo. Nos times que estão na cabeça, não tem nenhum craque. No máximo um bom jogador. O que tem de sobra é muita raça e um feijão com arroz bem feito. Nada além disso.

Hoje, o Remo do velho Giva meteu 3 a 1, de virada,  no Botafogo da Paraíba. O jogo foi em João Pessoa. O Atlético do Acre goleou o Juazeirense, 5 a 0. E o Capibaribe, que muita gente achava que estava morto, venceu o Salgueiro por  3 a 0, no sábado, na Arena.

Nessa segunda, a gente joga contra o Globo. Só pelo nome, esse time merece perder. A depender do resultado, o nosso Santa Cruz pode ir pro G-4, pode ficar em sétimo lugar ou pode se encostar (toc, toc, toc) nos que estão para descer pro inferno.

Só sei que essa tal de Sericê é um campeonato doido da porra! A turma que se ligue, porque só são 18 rodadas e quem não ficar entre os quatro primeiros colocados de cada grupo, em agosto vai entrar de férias e deixará a torcida órfã por seis meses (toc, toc, toc).