Menina pega aqui na Minha Cobra…

Em 2016, a Minha Cobra vai homenagear Chico Science. Se vivo fosse, o Mangueboy estaria completando 50 anos.

O interessante foi como o tema surgiu. Marcamos uma conversa com Wictor (1Outro), grafiteiro de primeira, para fechar com ele a arte da camisa. A gente havia conhecido Wictor no Largo de Santa Cruz, numa comemoração que fizemos por lá.

Papo vai, papo vem, lá pras tantas ele nos perguntou qual era a ideia do desenho. A verdade é que não tínhamos nenhuma e ficamos naquela enrolação. Ele foi certeiro, “por que vocês não homenageiam Chico Science? Ano que vem ele completaria 50 anos!”.

Pronto, estava escolhido nosso tema para o carnaval. Daí, pra frente, Wictor se juntou com seu amigo Muchacho e eles mandaram brasa na arte da camisa.

O que pouca gente sabe, é que a nossa T. C. M. O. E. E. Minha Cobra correu o risco de não fazer seu tradicional arrastão nas ladeiras de Olinda. A tal da crise, quase pega a Minha Cobra de jeito.

Mas a danada encarou a bronca de frente, serpenteou, levantou a cabeça e ficou em pé. Deu um drible na crise, conseguiu uns apoios e garantiu mais uma segunda-feira de carnaval com as cores preto-branco-encarnado.

Evoé!

Bráulio de Castro, compositor do nosso hino, fez até verso novo, pra comemorar o acesso a primeira divisão.

“Menina pegue aqui na Minha Cobra

Ela tem cabeça, tem pescoço e ainda sobra

Tem cobra pra leão, tem cobra pra timbu,

Direto do Arrudão, tem cobra até pra tu

Menina…

Minha Cobra é coral

É coral da verdadeira

Subiu, subiu, subiu,

Subiu, tá na primeira.”

Então, senhores, nesse próximo domingo, dia 13, vamos festejar.

Lançaremos a camisa de 2016, comemoraremos o acesso a série A e faremos nossa confraternização.

A farra começa as 11h, no Poço da Panela. Quem quiser, é só chegar, a festa é aberta. É festa de rua.

O ponto de referencia é a igreja que fica na frente de Seu Vital.

Sim, estaremos vendendo o primeiro lote das camisas de 2016.

Curiosidades…

Eu continuo em festa. Pensando leve, comemorando, rindo a toa e satisfeito da vida. Já comprei meus ingressos para o jogo de sábado. Um jogo com cara de amistoso, mas que vale a segunda colocação na seribê e uma chance real de entrarmos na sulamericana do ano que vem.

Por falar em ano, em se tratando de Santa Cruz, este 2015 foi bem curioso.

Nessa seribê ganhamos fora para o Bragantino, Boa Esporte, Bahia e Botafogo. Todos começam com a letra B. “B” de boca, bunda e buceta.

Para sacramentar nosso acesso, depois da vitória histórica contra o Botafogo lá no Engenhão, vencemos o Oeste e o Mogi Mirim. Oeste começa com “O” de oiti e orifício. Já o Mogim Mirim começa com a letra “M” de meter.

Coincidência ou não, essa sequência fez a Cobra subir.

Outro fato bastante curioso foi levantado por Inácio França.

Inácio, através de um estudo, fez um levantamento cujo título é: “Ganhou no Arruda, se fudeu!”.

Vejamos.

Este ano, cinco times venceram o Santa Cruz no Arruda. Sport, Salgueiro, ABC, Paysandu e a Barbie, ops, o Nautico.

Sport e Salgueiro no Pernambucano. Os demais, no brasileiro. Literalmente, todos tomaram no papeiro.

Na estreia do estadual, em pleno Arruda, o time da leoa nos venceu por 3 a 0. Daí pra frente, foram eliminados do pernambucano. Disseram que o importante era o bi do Nordestão. Aí, foram eliminados e alegaram que se concentrariam no bi da Copa do Brasil. Foram despachados da Copa do Brasil e alardearam que o foco era a Sulamericana. O final dessa história, vocês sabem.

Já o Salgueiro inventou de ganhar pra gente de 1 a 0. Um jogo malassombrado, onde metemos três bolas na trave. O Cárcara definhou na final disputada contra nós. Além disso, quase eram rebaixados para seridê.

Na seribê, perdemos três jogos. Literalmente, os três times que ganharam para o Santa Cruz, se fuderam.

A primeira equipe a nos vencer dentro do Arruda foi o ABC. Ainda era a quarta rodada do campeonato. A seribê nem acabou e time das letrinhas está rebaixado para sericê.

Nossa segunda derrota foi para o Paysandu. Os caras chegaram aqui com pinta de quem iria subir e nos derrotaram por 2 a 1 com um gol de Betinho. ficaram várias rodas brigando pelo acesso. Depois disso, disputaram 13 jogos, só ganharam 16 pontos e deram adeus ao acesso.

Por fim, a turma dos aflitos. Se meteram a besta e nos venceram na nossa casa. Botaram pra fora sua tradicional arrogância. Na rodada seguinte levaram uma cipoada de 4 a 1, foram perdendo pontos e no final morreram na praia.

Volta por cima

*Texto do cineasta Ugo Giorgetti, publicado hoje no Estadão.

Não gosto muito de pesquisar nem de me preocupar com datas precisas. Mas acho que foi mais ou menos há de dez anos que um clube grande e respeitável começou sua caminhada para o inferno.

Por essa época o Santa Cruz do Recife, caiu para a Série B do Brasileiro. Foi um golpe para sua enorme torcida, mas que não podia saber o que ainda a esperava nas sucessivas temporadas.

O Santa foi caindo, primeiro para a Série C, o que já era uma tragédia para um time tão vitorioso, e depois, último degrau descendente, para a Série D. Pouca gente ouve falar na Série D do Campeonato Brasileiro. Lá é o último círculo do inferno. De lá ninguém volta, dizem os mais aterrorizados pela sua ameaça. De fato, descer para além da D é impossível. Alguns times grandes e tradicionais foram parar na Série B, houve até quem despencasse para a Série C, mas nunca para as profundezas da Série D, que eu saiba. A não ser o Santa Cruz.

Depois de uma derrocada dessas o que sobrou do clube? Um estádio de 60 mil lugares, o Arruda, “o mundão do Arruda”, e uma torcida acostumada a lotá­lo, mas completamente desesperada. O desespero durou pouco. Compreendendo que o Santa só contava com ela, a massa passou a lotar o estádio. Nunca em jogos da Série D, houve tanto público, nunca caravanas de abnegados torcedores se deslocaram do Recife para viajar mais de 500 quilômetros para ver um jogo esquecido por imprensa, televisões e demais órgãos.

Assim aos poucos, num sacrifício alegre, a torcida se impôs o dever de reerguer o Santa. Seu acesso à Série C foi comemorado discretamente. A não ser pela parte da torcida que mais sofria, pelo pessoal do Blog do Santinha, por exemplo, uma espécie de diário do sofrimento e também da alegria e da exaltação de torcer pelo Santa.

Nesse blog há os relatos incríveis das peripécias para ver jogos além da imaginação. O Santa foi caminhando e chegou à Série B: daí houve comemoração. A grande torcida percebeu nessa ascensão um sinal de que as coisas poderiam ser outras. O Santa estava vivo. O Arruda já abrigava lotações incríveis durante todo o tempo em que o time perambulava pela Série C.

Na Série B a coisa continuou como se a caminhada fosse única e o fim da estrada já fosse visível. Desacostumado ao convívio com times importantes a trajetória do Santa na Série B foi cheia de obstáculos.

O sabor da tragédia ainda às vezes pairava sobre o Arruda. Uma derrota inesperada ou surpreendente desencadeava uma nunca inteiramente sufocada desconfiança no pior. Mas a torcida engolia e ia em frente.

Neste ano comecei a achar que a hora tinha chegado quando o Santa trouxe de volta o Grafite, para comandar seu ataque. Não só pela contratação em si, mas pela manifestação da torcida na estreia do jogador: foi de assustar. A torcida em peso comunicava ao time que esperava, ansiava e, mais do que isso, sabia que o Santa tinha ressuscitado. De repente foi como se nada mais pudesse deter a viagem rumo à Série A. Inácio França me mandou duas gravações feitas no aeroporto de Recife na chegada do time depois da vitória por 3 a 0 sobre o Botafogo, no Rio. Era um jogo decisivo, mas não o derradeiro. No entanto, a comemoração era de campeonato. É daquelas imagens que ao vê-­las fica uma vontade grande de estar lá e ver tudo com os próprios olhos. Pensei em ir para Recife ver o jogo final, não pude. Pensei em ir para o último jogo, da festa, da volta por cima, da restauração do time, agora ocupando seu lugar junto aos demais grandes. De novo, não pude.

Não importa. Fica para uma outra vez. Porque haverá outra vez. Depois de ter cumprido essa epopeia, ao ter deixado a Série D e, sempre no campo e às suas próprias custas, voltado à elite do futebol, não me causaria surpresa se o Santa não parasse mais e um dia desses ganhasse também a Série A. Nesse dia vou estar lá.

http://esportes.estadao.com.br/noticias/geral,volta-por-cima,10000003280

Voltamos, a Poeira subiu!

Voltamos. Subimos. Primeira. É seriá!

O povão está em festa. A poeira subiu.

“Ui papai, o Santinha já chegou!”. “Ei, você aí, avisa a elite que a mundiça já subiu”.

O texto de hoje será escrito por nós. Aqueles que nestes dez anos, suaram paixão e transpiraram amor.

Nós que, na doença, na dor, na miséria e na tristeza, não abandonamos o Clube Querido da Multidão. Esse movimento popular chamado Santa Cruz.

Parabéns Santa Cruz. Parabéns Alírio, Tininho, jogadores, comissão técnica, diretores, colaboradores, todos que fazem o Mais Querido. Zés, Marias, Severinos e Anas. Parabéns a torcida mais apaixonada do Brasil.

Hoje, cada comentário, cada palavra, cada sentimento, é a nossa crônica.

Morte e vida Santa Cruz

* Texto enviado por Danilo Marinho, Tricolor Coral Santacruzense das Bandas do Arruda, exilado em São Paulo. 

O meu nome é Santa Cruz, não tenho outro de pia. Mas como há muitos Santa Cruz, símbolo de sofrimento, salvação, nome de cidade, igreja, templo, colégio e até viação, passo a ser o Santa Cruz que de divisão emigra.

Mas de quê morreu este Santa Cruz anos atrás, irmãos das almas, que nesta rede levastes de letra em letra até esta cova rasa e sem série? Morremos de morte matada, irmão das almas.

Afinal, somos muitos Santa Cruz, iguais em tudo e na sina. E morremos de morte igual, a mesma morte que se morre de falta de vontade antes dos 15′, displicência antes dos 30′, de ódio aos 90′ e de cartolagem um pouco por dia.

Desespero, pancada, silêncio e queda. Ressurreição e mais lapada, e outra queda. Crise.

Assombração. Queda e mais queda. Fundo do poço, pavor da Ameriquização, medo do fim.

Não podia ser a parte que nos cabia deste latifúndio.

União. Povo na rua e no estádio, povo no piscinão. Maior torcida do Brasil. Cabeça em pé, trabalho, redenção.  A saga passa rapidamente na cabeça, como a subida pra a B passou pela de Caça Rato.

Distante do Recife, nós Cobras Corais retirantes na Paulicéia, pouco a pouco, a cada jogo, ganhamos fama de pés quentes.

Fomos a Bragança Paulista arrancar a primeira vitória fora de casa no campeonato. Ocupamos a Vila Madalena. O bar era o Empanadas, onde garçons tricolores servem generosas doses de uísque e as mais geladas cervejas para a torcida Coral.

A reação estava começando. Bambeamos contra o Oeste, tudo no Santa Cruz é difícil, mas ao final fomos recompensados: poder estar nas duas partidas decisivas pra a subida. RJ era logo ali, e vimos uma vitória maiúscula. Vibramos vendo o Santinha triturar o campeão. Festa da poeira no Engenhão.

E, nesta semana que está durando um século, vejo a chegada de mais Cobras Corais pra se juntar à nossa torcida por estas bandas, pra a decisão contra o Mogi.

Ansiedade, insônia, agonia, movimentação. Sábado que não chega. Alugamos uma Van, veio mais gente, trocamos por um micro ônibus e o tempo não passou.  Mais memórias, mais ansiedade.

Como o fim desta saga ainda não foi escrito pelas linhas da história, deixo-os com os versos finais da obra prima do poeta João Cabral de Melo Neto. O criador do Severino retirante, que foi Campeão Juvenil, jogando de center-half, pelo Santinha em 1935.

E, correndo, como ensinaram os caranguejos, seguiremos na esperança e na torcida pelo começo de uma nova vida. E que seja esta a explosão de uma Vida Santa Cruz.

Fragmento de Morte e Vida Severina

O CARPINA FALA COM O RETIRANTE QUE ESTEVE DE FORA, SEM TOMAR PARTE DE NADA

Severino, retirante,

deixe agora que lhe diga:

eu não sei bem a resposta

da pergunta que fazia,

se não vale mais saltar

fora da ponte e da vida;

nem conheço essa resposta,

se quer mesmo que lhe diga

é difícil defender,

só com palavras, a vida,

ainda mais quando ela é

esta que vê, Severina

mas se responder não pude

à pergunta que fazia,

ela, a vida, a respondeu

com sua presença viva.

E não há melhor resposta

que o espetáculo da vida:

vê-la desfiar seu fio,

que também se chama vida,

ver a fábrica que ela mesma,

teimosamente, se fabrica,

vê-la brotar como há pouco

em nova vida explodida;

mesmo quando é assim pequena

a explosão, como a ocorrida;

como a de há pouco, franzina;

mesmo quando é a explosão

de uma vida Severina.

Levanta Tricolor, estamos voltando

* O texto abaixo é de autoria do nosso amigo Eduardo Tiburtius, cuja bermuda branca aparece na foto.

Nesta longa caminhada no caminho de volta a elite do campeonato brasileiro, inúmeras foram as viagens que a torcida coral fez para acompanhar o seu time.

Por muitas vezes, eu tinha a sensação que não éramos apenas torcedores, mas responsáveis para a continuação da existência do clube. Vez por outra escutávamos sobre a teoria de que em Pernambuco não havia espaço para três times ou sobre a diminuição de clubes que outrora já foram respeitados em seus estados.

Difícil dizer nestes dez anos qual a viagem mais marcante.

Alguns se lembrarão de nossa estreia na série C em 2008 contra o Campinense e aquele mar de carros em uma romaria tricolor. Outros vão comentar sobre o jogo em João Pessoa, em que as fortes chuvas interditaram a BR 101 de volta ao Recife.

Para mim, esta viagem ao Rio de Janeiro, está no mesmo nível das citadas acima.

Desde o aeroporto percebíamos que seria uma viagem diferente.

Logo após imprimirmos nossos cartões de embarque, fomos abordados por um jovem. Mochila nas costas, bermuda e chinelo, ele nos perguntou: estou doido para ir para este jogo, como eu faço?

Indicamos a loja da companhia aérea e até achamos graça da inocência do rapaz. Tamanha foi nossa surpresa, quando identificamos ele como o último passageiro a embarcar no avião.

Alguém perguntou: velho, quanto você pagou na passagem?

— Mil e duzentos Reais só a ida, ele respondeu.

Ao desembarcar no Rio, todo contente com o manto coral, ele seguiu direto para o Engenhão. Nós, seguimos para Copacabana, onde ficaríamos hospedados. O taxista, vascaíno, nos confessou que estava doido para jogar novamente com o Santa, só que desta vez na série A.

Chegamos, deixamos as malas e fomos nos encontrar com nosso amigo Fred Arruda.

Fred já tinha organizado o local onde iríamos almoçar e as vans que nos levariam ao Engenhão. Entre tantas conversas, Fred nos disse como eram difíceis as vezes que ele vinha para Recife e tinha de voltar para o Rio. A saudade da família e do Santa Cruz pesam muito, confessou.

Três da tarde, hora de seguir para o Engenhão. Na viagem aquela greia que muitas vezes você vai se lembrar mais que o jogo.

Nosso amigo Beto gritava: pra que ter jogo, só isto aqui já bastava.

Mal sabia que o melhor estava por vir.

Chegamos ao Engenhão. Quatro coisas chamaram a atenção. Primeiro, a quantidade de tricolores presentes. Não que isso seja novidade, mas sempre impressiona. Segundo, como fomos bem tratados pela torcida do Botafogo. Do início ao fim, fomos cumprimentados e referenciados. Clima da mais completa harmonia, como sempre deveria ser. A terceira observação é como o Engenhão é um estádio ruim. A visibilidade de quem está nos locais mais baixos é nula. E por fim, uma grata surpresa: lá vende cerveja com alcool dentro do estádio.

Começa o jogo e o clima é de festa na torcida do Botafogo. Pelas ruas, vimos bancas de jornal vendendo a Placar do Botafogo Campeão.

Mesmo equilibrado, o adversário tem as melhores chances. Dani Moraes salva uma bola que tinha direção certa. Outra bola passa por cima de Tiago Cardoso e milagrosamente vai para fora. Contamos os minutos para terminar o primeiro.

No início da segunda etapa os resultados nos favoreciam e o empate já parecia um bom resultado. Mas algo estava diferente. O adversário já não agredia mais e como nos últimos jogos, o Santa crescia no momento decisivo. Veio o primeiro gol, êxtase total. Nos celulares as mensagens pipocavam. Abraços. Gritos. Confiança.

Logo depois Luisinho dispara e fica cara a cara com o goleiro, ao invés de finalizar, rola para Grafite que com tranquilidade manda para os fundos das redes. Nos abraçávamos sem acreditar que aquilo estava acontecendo.

E então, veio o derradeiro gol. Cruzamento da esquerda e entre o toque da chuteira de Bruno Moraes e a bola no fundo da rede, parece que passa uma eternidade. Eternidade que pareceu passar os anos difíceis. Das quedas consecutivas. Dos anos da série d. Da bola sair da cabeça de Caça Rato e entrar no gol do Betim.

Emoção que pode ser expressada nesta foto. De nós que descemos ao inferno e estamos tão próximos do paraíso. Que nunca nos ausentamos. E como dizia a frase estampada nas camisas da Coralnet, na época da série C e D: “E se você cair eu posso não consegui te segurar, mas com certeza eu te ajudo a levantar”.

Levanta meu amigo tricolor, estamos voltando para a série A.

Falta apenas uma vitória

Quando acabou o jogo de ontem, a casa de Boy já estava em festa. A turma já havia gritado olé, “chupa barbie”. Já havíamos cantado “ui papai, o Santinha tá chegando” e o “tri-tricolor”.

O terceiro gol do nosso “General” Bruno Moraes, botou todo mundo pra festejar antes da partida terminar.

Após abraços, brindes, apertos de mão e gritos de guerra, estanquei por alguns segundos uma lágrima que tentava escorrer pelo meu rosto e fui lembrando esses últimos dez anos.

A felicidade em 2005. As decepções. A esperança. Nosso anel superior interditado. O gol de Caça-Rato contra o Betim. O inferno da Série D. Nossos três títulos estaduais. Sem ordem cronológica, um roteiro de recordações foi sendo montado na minha caixola.

Quem não lembra da nossa épica viagem para João Pessoa?

Ontem, por várias vezes, me lembrei daquele momento. Chuva, inundação e a gente lá pra resgatar nosso Santa Cruz do fundo do poço.

Em todas as cenas que me vieram, nosso maior patrimônio e nossa maior riqueza, se fez presente: a torcida do Santa Cruz, seu amor e sua paixão.

De 1914 até hoje, é ela o ator principal da nossa história.

Uma torcida que não nega fogo, nem mede distância. Que caminha por cima de pau e pedras e nunca abandona seu maior amor.

Quando ganhamos, é dela que lembro. É por ela que me orgulho. É sobre ela que quero falar e escrever.

Meus amigos, não me canso de ver os gols, os lances e a entrevistas de ontem.

Estamos há três pontos da Série A. Falta bem pouquinho. Apenas uma vitória. Ganhando o próximo jogo, concluímos essa longa e dolorosa jornada e estaremos de volta.

Um horizonte preto, branco e encarnado embeleza nossa paisagem. O povão está em festa. E a cidade está feliz.

Que seja assim e que continue assim.

Difícil vai ser viver esta semana, sem pensar no Santa Cruz.

Uma linda vitória

Ainda estou em êxtase. De alma lavada e com o coração transbordando de felicidade. Estou assim…, de bem com a vida, distribuindo abraços e espalhando sorrisos.

Senhores, que vitória. Que raça. Uma vitória que só merece aplausos.

Hoje, para o nosso Santa Cruz, eu jogo confetes, abro uma cerveja, faço um brinde e estampo no peito o orgulho que tenho de torcer pelo time do povo. Aquele que quando joga a poeira se levanta.

O triunfo desta tarde ensoralada, eu tomo a liberdade de dedicar a garota anônima que passou por mim no supermercado, reparou a minha camisa e perguntou quanto foi o jogo. Seu olhos brilharam de alegria.

Dedico a Delmes Herval, meu sogro, que esta semana sofreu um AVC, está internado, mas hoje fez questão vestir nosso manto sagrado e mandou sintonizar a televisão do quarto do hospital para ver o Santa ganhar.

Dedico a Zé, a João, a Maria e Severina.

A toda zona norte. A sul, a leste e a zona oeste.

A minha linda Mariá que não tirou os olhos da televisão e viu toda a partida junto de mim. Pulava, gritava, comentava. E da maneira mais pura, aliviou o meu nervosismo com sua confiança no time.

Só sei que quando a gente ganha, meu mundo fica em paz.

Suas avenidas, becos e ladeiras se iluminam. Janelas e portas ficam abertas. Os poetas declamam na praça. As pessoas se abraçam e conversam na calçada. Os meninos jogam bola no meio da rua.

Quando o Santa Cruz ganha desse jeito, eu lembro de Pablo do Bar Raízes que, depois do jogo, cheio dos paus, ligou para mim pra saber se Samarone tinha morrido.

Lembro de Raul Holanda, Danilo, Birigui, Fred Arruda e todos os tricolores corais santacruzenses das bandas do Arruda que estão exilados pelos quatro cantos do mundo.

Lembro da alegria da Portão 10, do bandeirão da Inferno.

Lembro da piscina quarada de gente nas nossas conquistas.

Lembro de Bráulio de Castro, Maestro Forró, Spok, Jr Black, Bruno Pedrosa, Gildo Brasáfrica, Cannibal e tudo que é artista do Santa Cruz.

Quando o nosso querido Santinha ganha desse jeito, eu tento apagar alguns dias do calendário. Fico contando os minutos e tento acelerar o relógio para apressar o tempo, na vontade que o próximo jogo chegue logo e eu corra para o Arruda, para ter o prazer de ver o meu Santa jogar e voltar a recordar de tudo que é bom nessa vida!

P.S.: Soube agora que o time chega por voltas das 10h e já tem um monte de gente se organizando para ir até o aeroporto.

Daqui pra Sábado, vou curtir minha irracionalidade

Pra onde a gente olha tem torcedor fazendo conta, arriscando palpite e tentando adivinhar quem vai subir para primeira divisão. Entre otimismo, lamentações, esperança e nervosismo, cada um dá seu pitaco.

Só sei que toda vez que procuro lógica nos resultados dessa seribê, fico mais perdido do que cego em tiroteio, cheio de dúvidas e na certeza que futebol nunca será uma ciência exata.

Vejam como são as coisas.

A barbie vence a gente no Arruda, depois leva uma enfiada de quatro a um do Botafogo na Arena e, quando todo mundo achava que elas estavam mortas, vão lá em Salvador e vencem o Vitória. Vitória que recebe mais de 20 milhões de cota e que até pouco tempo era dado como certo na seriá de 2016.

E mais, mesmo tomando uma sonora goleada do Luverdense lá em Lucas do Rio Verde, a barbie ainda tem chances de subir.

Sim, esse mesmo Luverdense não conseguiu nos vencer lá na casa deles, mas estreou no campeonato ganhando para o América de Minas que agora está na segunda colocação e é treinado pelo velho conhecido Givanildo Oliveira. Ontem eles ganharam fácil do  Paysandu que passou algumas rodadas no G-4 e agora parece que saiu de vez.

O Paysandu é uma doidice. Vence o Botafogo no Maracanã, mas é incapaz de vencer o Mogi Miri e o Macaé em Belém do Pará. Vem aqui no Arruda, nos vence com gol de Betinho, mas perde de Bragantino, Boa Esporte e Atlético Goianiense. Nenhum desses três conseguiu ganhar da gente na casa deles.

Vamos a outro concorrente nosso. O Bahia Futebol de Bastidores. Clube que também recebe seus vinte e tantos milhões de cota da televisão.

Eles vieram jogar contra nosso Santa Cruz e chegaram aqui em Recife por cima. Saíram com 3 a 1 na sacola. Perderam fora para o Bragantino, apenas empataram com o América em casa e ganharam para o Criciúma no apagar das luzes. Esse Bahia levou duas lapadas do seu rival em Salvador, o Vitória. 4 a 1 no primeiro jogo e 3 a 1 no segundo.

Quem está comendo pelas beiradas é o Sampaio Correa. Está em colado no G-4.

Nesse campeonato eles não conseguiram vencer nosso time, mas em compensação foram lá em Natal e derrotaram o ABC, com o qual a gente apenas empatou. No  Maranhão o Sampaio perdeu para o América de Minas que perdeu para o Santa no Arruda.

Por fim, o Botafogo. O time mais rico do campeonato. Falam que recebeu da TV mais de quarenta milhões.

Não sei o que pensam os botafoguenses, mas pelo que vi dos resultado do time carioca, a turma por lá deve ser uma lamentação só. Como mandante eles perderam pontos diante de equipes como: Oeste, Luverdense, Boa Esporte,  Criciúma e já agora na reta final, perdeu para o quase rebaixado Ceará. Já era para estar com o acesso garantido.

Pois é, meus amigos…! A essa altura do campeonato, doido é quem fica procurando lógica para dar seu palpite.

Eu vou apenas torcer, rezar e beber. Sejamos irracionais.

* * * * * * * * * *

Pra continuar ajudando a Samarone no projeto de reedição do livro Zé é só clicar aí www.catarse.me/ze_apml

É hora de secar e de “apoiar”

Hoje é dia de usar o secador no volume máximo. Não só contra o Bahia Futebol Axé Music, mas contra todos que estão por perto do nosso Santa.

Não tem muito o que ficar filosofando. Não tem outra pedida. É secar, torcer, rezar, azarar, fazer despacho, promessa, etc e tal. Fora isso, o resto é conversa paralela.

Por falar em conversa paralela, um dos fundadores deste espaço, está com um projeto na rua. O escritor, poeta, jornalista, peladeiro e frequentador assíduo das arquibancadas do Arruda, Samarone Lima, pretende reescrever o livro Zé. Publicado há 17 anos, hoje este livro artigo raro.

Para isto, Sama resolveu buscar apoio e patrocínio junto aos amigos reais e virtuais, através de um financiamento coletivo (crowdfunding). Na prática, podemos dizer que um crowdfunding é se usar as redes sociais para se conseguir dinheiro para execução de um projeto.

Bom, a empreitada do cabeludo está bem explicadinha no seguinte endereço https://www.catarse.me/ze_apml. Tem até um vídeo, onde Samarone fala sobre o projeto.

Pra saber, contribuir, apoiar e compartilhar é só clicar no link acima e mandar brasa.