De volta ao Arruda, pra cantar parabéns

Eu sempre sonhei em comemorar meu aniversário num jogo do Santa Cruz, em pleno mundão do Arruda. Mas desde que eu me entendo de gente, nunca na história do futebol eu tive esta oportunidade.

Quando vi que o calendário de 2014 tinha marcado meu aniversário no mesmo dia que a CBF havia escrito na tabela da seribê que o jogo do Santa Cruz contra a Ponte Preta seria em 03 de junho e no Arruda, corri pra Primeira-dama e avisei: este ano, vou comemorar meu aniversário no Arruda.

E aí, justamente no ano que eu haveria de realizar meu sonho, a turma inventou de arremessar uma bacia sanitária na cabeça de um rubro-negro e por tabela jogaram água no meu chope.

Quando a interdição foi sacramentada e fomos punidos com perda de mando de campo, confesso que fiquei, digamos assim, um tanto frustrado. Além disso, a ruindade do time e o negativismo que tomou conta de nós, me deixaram desanimado.

Em outras palavras, morguei geral.

Mas eis que o time começa a reagir. Volta a vencer e jogar melhor. E surge a notícia que poderíamos voltar a jogar no Arruda.

O riso dá o ar da graça e o semblante dos tricolores corais santacruzenses fica mais bonito. Minha esperança vai reacendendo.

Ontem segurei os convites da festa e passei a tarde toda enviando e-mails e mensagens pros amigos, na vontade de receber uma boa notícia. “O jogo vai ser nos Aflitos ou no Arruda?”

Por volta das 18h46, meu celular sinaliza. Robson Sena, fotógrafo benemérito do Blog do Santinha, me manda o presente:  jogo no Arruda. Arquibancada superior R$ 15,00. Arquibancada inferior R$ 25,00. Sócio R$ 15,00.

Eu estava no trânsito da Avenida Norte, voltando do trabalho, e quase bati na traseira de um táxi, quando li a mensagem no celular.

Buzinei o tri-tricolor, tri-tri-tri-tricolor e abri o sorriso.

Meus amigos, na verdade, minha alegria não se resume a coincidência de ter meu anivresário no mesmo dia de um jogo do nosso Santa Crua no Arruda.

É muito mais do que isto.

Minha alegria é saber que o nosso estádio está reaberto.

Ali é nosso aconchego, é a nossa casa, o nosso templo sagrado.

É onde está nossa história. O nosso orgulho.

É no José do Rego Maciel que sentimos o pulsar das cores preta-branca-encarnada. Mesmo sem ser esse tal modelo padrão FIFA, ali temos nossos lugares marcados. Quem frequenta o mundão, já sabe onde senta, já sabe os caminhos, já conhece as manias do vizinho que está ao lado.

Hoje vou para o Arruda.

Atacando, defendendo, cobrando falta, batendo escanteio, chutando, cabeceando, estarei lá.

Vibrando com o Santa Cruz e comemorando meu aniversário.

Jejum, pedras e biritas

Até agora, neste ano de 2014, Sérgio Guedes disputou quinze partidas. Ganhou dois jogos, empatou oito vezes e levou cinco lapadas. Em seis jogos ele estava à frente do comando do time do Oeste. No Santa Cruz são nove embates, uma vitória e oito empates.

Muitos ainda acham cedo para apedrejar o treinador. Eu tenho minhas dúvidas a respeito disto. Mas se formos olhar para o “currículo” dele, fica difícil acreditar que com este técnico, nosso time consiga deslanchar na competição.

Mas deixemos esse assunto pra depois da copa. Vou aqui regando a minha esperança e acreditando que a parada por causa do mundial de futebol vai fazer com que o treinador conserte nosso time.

Por falar em apedrejar, no domingo passado, no jogo na Ilha do Retiro, voaram pedras e metralhas. Uma delas acertou em cheio o carro do quarto árbitro, Sebastião Rufino Filho. Tivesse acertado a cabeça de alguém, teria feito um estrago grande no crânio e muito provavelmente o filho de Sebastião Rufino teria morrido.

Fiquei sabendo que o fato foi parar na súmula da partida. Mas o interessante é a pouca repercussão que isto teve na mídia. Uma nota aqui, uma postagem acolá e mais nada. Os holofotes não se interessaram em transformar o ocorrido em manchetes sensacionalistas.

Tivesse sido outro vaso sanitário ou uma pia ou uma grade de cerveja, teria virado notícia mundial.

Falando em cerveja, acabo de ver a tabela de preços que vai vigorar nas lanchonetes das Arenas durante os jogos da copa aqui no Brasil.

É uma lista bem grandinha de comes e bebes, com preços bem salgadinhos.

Tem Rippled Potato Crisps e Cheese Tortilla Chips. Cada pacote de 100g custará R$ 8,00.

Tem também alguns sandubas: Double cheeseburger, turkey and cheese  e o famoso cachorro quente que custará somente R$ 10,00.

Ali em São Lourenço da Mata, vão vender tapioca ao preço de R$ 8,00 e Guava cake a R$ 5,00. Lá em Salvador vai ter acarajé sendo vendido ao preço de R$ 8,00 e a Coconut sweet será 5,00.

Fui baixando a vista e cheguei ao que mais me interessa, o cardápio dos drinks. A coca-cola será vendida a R$ 8,00, uma Crystal Water de 500 ml vai custar apenas R$ 6,00 e um Matte herb iced infusion sairá ao preço de R$ 8,00.

Aí, pra minha surpresa, a FIFA repete o que fez na Copa das Confederações e arrota na cara da CBF e de quem mais vier com essa conversa mole de proibir venda de bebidas nos estádios. Está escrito no cardápio Budweiser e Brahma Beer.  Isto mesmo meus amigos, vão vender cerveja nos jogos. Cerveja com álcool. Né lasca?

Eu só espero que alguém tome a iniciativa e provoque a discussão sobre essa história de não se poder vender bebidas durante os jogos.

Espero também que Sérgio Guedes consiga acabar com seu jejum e traga os três pontos.

Sobre as pedras e pedaços de concreto arremessados pela turma da torcida jovem, lanço a bola para Inácio França, pra ele finalizar a jogada.

A greve acaba e o Coronel dá as caras

Texto escrito pelo Coronel Peçonha. Torcedor do Santa Cruz, sócio em dia, frequentador assíduo do Arruda, Advogado e militar nas horas vagas.

Confesso que já esperava um ano de centenário difícil; parece praga e não é o primeiro caso no Brasil.

Mas não tanto.

Primeiro, perdemos três mandos de campos porque uma tal organização (não é torcida, apesar de ser organizada) brigou lá em Maceió e o Santinha amargou um prejuízo de mais de um milhão de reais.

Depois, o caso da privada e a morte de um ser humano na saída do estádio. E de logo saliento meu total respeito, minha solidariedade e minhas condolências aos parentes do falecido, porque talvez escreva algo que não se gosta de dizer em momentos tão difíceis para quem perde um ente próximo e querido.

Na minha opinião, a mesma ideia “moralizadora” que proíbe a venda de bebidas alcoólicas nos estádios é a que pune agora o Santa Cruz com a perda de cinco mandos de campo com portões fechados e mais multa de R$60.000,00 agora.

Puramente hipócrita.

Os três envolvidos no homicídio de um torcedor de outro time após o término da partida foram identificados e presos, servindo tal fato apenas como “atenuante” e não excludente da responsabilidade do clube, segundo o julgamento ocorrido hoje no STJD.

Se o clube vai responder por conta da atitude de três pessoas que agem sorrateiramente quando já acabada a partida e liberadas as torcidas, arrancam uma bacia sanitária (não era um pedaço de algo que estava solto) e atiram de um local já considerado esvaziado até pela Polícia Militar, perdoem-me a piada de mau humor, mas então o Santa Cruz é o primeiro clube de Pernambuco a incentivar atletas para as Olimpíadas de 2014 no Rio de Janeiro, permitindo o arremesso de peso em suas dependências.

Não tem graça por conta de se tratar de um homicídio (inaceitável em qualquer situação), mas não tem graça também o Santa Cruz virar bode expiatório de uma situação nacional.

Defendo até a infeliz tese de que se a morte fosse ocasionada pelo arremesso de uma pedra ou advinda de um tiro de arma de fogo, o caso se juntaria a tantos outros similares e o clube perderia um mando de campo, no máximo, quando muito.

Lembro também que a vítima estava no Arruda descumprindo expressa e conhecida determinação do Juiz da 5ª Vara da Fazenda Pública da Comarca de Recife/PE, que estabelecera que as principais torcidas organizadas se abstivessem de comparecer aos estádios dos três grandes do Recife (http://s.conjur.com.br/dl/juiz-impede-torcidas-organizadas.pdf). Sim, porque ninguém está falando, mas a vítima, ao comparecer ao Arruda não na condição de torcedor ou mero espectador e sim como representante de uma torcida organizada – dando suporte e apoio à torcida organizada do Paraná – infringia a proibição judicial.

Destaco isso porque no julgamento de hoje, um dos auditores chegou a aventar a possibilidade de a multa pecuniária ser destinada aos familiares da vítima.

NÃO! Não por isso, porque a condição da presença dele não era correta… representava uma facção idêntica à dos integrantes daquela que tanto prejuízo nos gerou e que o matou.

Não estou abrandando o homicídio, por favor, apenas alertando para esse fato, até porque a vítima poderia ter sido até um Policial Militar, que estava apenas cumprindo o seu trabalho naquela noite fria e com muita chuva, isto é, o crime horrendo não é diminuído pela condição da vítima.

E o que fazer?

Começo elogiando o trabalho do Jurídico do clube, que, estou certo, tanto reduzirá/extinguirá a punição imposta, quanto entrará com pedido suspensivo da aplicação da pena, ou seja, o Santa Cruz entra com recurso e pede para que só cumpra as partidas com perda de mando de campo com portões fechados após o julgamento final no STJD (hoje foi uma Comissão Disciplinar, cabe recurso ao Pleno).

Assim, o clube jogaria as partidas que faltam até a Copa dentro de seu campo e esperaria por um julgamento final do STJD menos hipócrita após o Mundial. O efeito suspensivo não é invenção, está previsto até no Código Brasileiro de Justiça Desportiva, arts. 147-A e 147-B.

Pela repercussão, é possível que o Santinha só consiga efeito suspensivo parcial, cumpriria apenas duas partidas de portões fechados (somente uma então, porque uma já o foi), o que já é muito bom diante do quadro geral atual.

Como disse, a hipocrisia diminuirá no STJD. Nosso clube – Presidência e Deliberativo – também poderá provar que não tem ligação alguma com a torcida organizada que só este ano está nos privando de quase ou mais de dois milhões de reais, além de um abalo na imagem que a torcida do “Santinha” tem pelo mundo afora.

Ora, vamos entrar com a ação judicial de indenização por danos morais e materiais contra a torcida organizada cujos integrantes realizaram o hediondo crime, bem como contra a torcida organizada que enviou integrantes ao Arruda, porque estes também não podiam estar nessa condição. Será uma prova a mais de que o clube nada teve a ver com a atitude dos assassinos!

Existem danos morais contra pessoas jurídicas e o Santa Cruz está sendo atingindo em sua honra e bom nome por conta do incidente. Os danos materiais decorrem das privações financeiras decorrentes das perdas do mando de campo. E as duas torcidas organizadas são responsáveis por seus membros quando eles atuam como representes delas.

Que acham?

“O Santa Cruz é minha pátria”

Recife, 15 de maio de 2014.

Coronel Peçonha

 

Bonintinho, mas ordinário

Me animei todo pra ir assistir ao jogo contra o tal Luverdense e tempo ajudou fazendo um sol daqueles de verão.

Organizamos Van, chamamos os amigos, juntamos a família. A hora era de dar apoio ao Santa Cruz e de quebra, conhecer a polêmica Arena Pernambuco.

Já na sexta-feira à tarde me mandei pro Arruda pra comprar meus ingressos e os de Samarone, Stênio e da família de Julio Vila Nova.

Até então, meu telefone não parava de tocar.

“Gerrá, fulano disse que o filho dele não vai mais”, avisava Naná.

“Ei tricolor, ainda tem vaga na Van? Eu e meu pirralho”, perguntava Odilon por mensagem.

No sábado pela manhã, a pisada foi a mesma. Fui ao Arruda comprar mais ingressos. Desta vez pro meu pai e meu irmão. E de novo, o celular ficava a perguntar se tinha vagas na Van, de que horas ia ser a concentração, avisava que sicrano havia desistido, essas coisas!

Sei que partimos para o município de São Lourenço, era por volta das duas e meia. Saímos em caravana. A Van e o carro de Cobrão. A Van não tinha ar-condicionado, mas tinha um ventilador azul, daqueles que a turma botava nos táxis na época em que o efeito estufa não era tão rigoroso.

Ainda na Cidade Universitária paramos para abastecer o tanque. Compramos diversas cervejas e alguns petiscos. E água para criançada.

Nem bem chegamos na 232, o engarrafamento já deu sinal de vida. Muito parecido com a Avenida Norte em dia de clássico no Arruda. A diferença é que sábado passado não era clássico.

A paisagem do Curado me lembrou um pouco os altos e morros que vejo quando vou ao José do Rêgo Maciel.

A Arena é até bonitinha. Mas não é a beleza de arquitetura que alguns pernambucanos dizem por aí. Se tivesse as barracas vendendo cerveja, os camelôs com suas camisas e bandeiras, o salcinhão, o espetinho e outras coisas ornamentando o caminho pra chegar ao portão de entrada, talvez ela ficasse mais bonita.

Eu sei que depois de muito andar, entramos no estádio.

Enquanto uns tiravam fotos e postavam na rede, minhas meninas não estavam nem aí pra Arena. A menor disse logo que gostava mais do Arruda. A maior fez cara de indiferença. Lá pras tantas confessou que estava achando chato, pois não tinha o moço vendendo bombom.

Odilon reclamou do som. Realmente, se aquilo for padrão FIFA, os caras que organizam a Copa não entendem nada de sonorização. Robson Sena arrumaria algo muito melhor.

Minha digníssima Primeira-dama, não parou de xingar o aperto das cadeiras e do corredor estreito entre elas.

E é verdade. Eu me levantei pra comprar água mineral e pisei no dedão de uma senhora. Ainda bem que ele me desculpou. Botou a culpa no governo e esculhambou o governador Eduardo Campos.

Pra completar, a depender do lugar que você esteja, tem que ficar levantando para ver o jogo. Foi assim que aconteceu conosco.

O gramado é um tapete, sejamos justos.

A volta pra casa é complicada.

O telão tem uma ótima resolução, não resta dúvida. Mas um placar eletrônico pra mim já basta, pois eu gosto é de ficar olhando para o campo. Passando a vista em tudo que acontece. As mugangas do treinador. O pique de Catatau. E tantos outros detalhes que não passam na tela.

Aqui pra nós, vai ser difícil eu me tornar um frequentador assíduo daquele lugar. Até porque minha filha mais nova hoje de manhã disse assim: “papai, eu não gostei daquela viagem de ontem. Aquela pra ver o Santa Cluz!”

O advogado da palavra abalizada

Nos últimos dias, os holofotes da mídia estão apontados para a morte do torcedor nos arredores do Arruda, logo após o término do jogo entre o Santa Cruz e o Paraná.

Diante de tantos comentários, teses e opiniões, resolvemos fazer um bate-bola com o advogado Fred Dias, enfocando as questões jurídicas.

Fred já fez parte do Depto. Jurídico do Santa Cruz e dedica parte do seu tempo estudando Direito Desportivo. Sim, e lógico, ele é Santa Cruz de corpo e alma.

Segue a conversa:

– Qual o grau de culpa que o Santa Cruz Futebol Clube tem no episódio da morte do torcedor Paulo Ricardo?

É preciso separar as coisas. Existem neste caso três tipos de responsabilidades. A civil, a penal e a desportiva. A responsabilidade civil do clube, qualquer clube, neste caso é objetiva, independe de culpa, mas também são responsáveis a CBF e os dirigentes das duas entidades, conforme reza o Estatuto do Torcedor.

Na esfera penal, a responsabilidade é do autor do fato criminoso e daqueles que se omitiram na possibilidade de impedir que tal ato fosse praticado, de acordo com suas responsabilidades.

Nos dois casos acima, civil e penal, a justiça, através do devido processo legal, do contraditório e da ampla defesa é que definirá os culpados e as penas, não cabendo a nenhum de nós apontar qualquer tipo de responsabilidade neste momento.

No âmbito desportivo, que na verdade é um processo administrativo e não judicial diferente dos casos acima, a responsabilidade dos fatos ocorridos dentro do estádio é do mandante do jogo. O que a legislação desportiva prevê, entretanto, é que o mandante deve comprovar que atendeu a todas as exigências previstas na legislação para que a partida transcorresse e que em caso de tumulto, desordem ou lançamento, possa identificar os infratores para que se exima de sua responsabilidade.

– O STJD puniu preventivamente o Santa Cruz para dar uma resposta à opinião pública ou realmente há base jurídica e legal para punir o clube com dois jogos com portões fechados?

Na verdade não existe previsão na legislação ordinária da punição “portões fechados”. A lei Pelé no seu art. 50 é taxativa quando diz quais as punições que devem ser impostas no âmbito da justiça desportiva. Essas mesmas punições são previstas no Código Brasileiro de Justiça Desportiva, que não é uma lei ordinária, mas uma Resolução do Conselho Nacional do Esporte, ou seja hierarquicamente é inferior à lei Pelé.

Na verdade a punição “portões fechados” existe no Código Disciplinar da FIFA, mas não existe na legislação brasileira.

Somente para as competições em 2014 a CBF passou a incluir em seu Regulamento Geral de Competições (um ato normativo administrativo interno da CBF) um artigo que recepcionava o Código da Fifa no tocante a possibilidade de punir com “portões fechados”.

Entretanto, isso é totalmente discutível no âmbito jurídico já que uma lei inferior não pode se sobrepor a uma superior hierarquicamente, nem podemos recepcionar legislações estrangeiras sem a chancela do Congresso Nacional.

Dessa forma, entendo que a punição dada de forma preventiva ao Santa Cruz, além de ilegal é uma antecipação de julgamento, sem direito de defesa e sem o devido processo legal, ferindo princípios constitucionais e certamente foi prolatada em virtude da gravidade da situação (a morte de uma pessoa) na ânsia de uma resposta rápida das autoridades competentes, sobretudo em virtude da ampla cobertura internacional da tragédia ocorrida.

– O Atlético Paranaense e o Vasco receberam alguma punição pela briga na última rodada do Brasileirão 2013 ou, como não morreu ninguém, o STJD fez vista grossa?

Ambos foram punidos rigorosamente. As penas só foram reduzidas após recurso ao pleno do STJD. O Vasco teve a pena reduzida de oito perdas de mando (sendo quatro com portões fechados) para seis mandos – três deles sem torcida. Já o Atlético, punido inicialmente com a perda de 12 mandos – seis com portões fechados -, teve a punição diminuída para “apenas” nove partidas – quatro sem a presença de torcedores.

O STJD também decidiu reduzir as multas aplicadas a ambos os clubes. O Vasco, multado em R$ 80 mil no primeiro momento, passou para R$ 50 mil. Os paranaenses, que inicialmente foram condenados a pagar R$ 120 mil, passou para R$ 80 mil.

Reafirmo o posicionamento, inobstante as punições acima, que ainda mais em 2013, não há previsão legal no ordenamento jurídico brasileiro para a punição “portões fechados”.

– Qual medida e quais argumentos o Santa Cruz precisa usar para reverter a punição do STJD?

Pelo que consta, o Santa Cruz foi denunciado nos seguintes artigos: 191 – inciso I; 213, I e III e parágrafo 1º e 211, caput, na forma do artigo 183 todos do CBJD.

O art. 191, inciso I, trata de “Deixar de cumprir, ou dificultar o cumprimento de obrigação legal” Nesse caso deve ser apurado na leitura da denúncia qual obrigação legal não foi cumprida ou teve seu cumprimento dificultado pelo clube.

A pena para a condenação neste artigo é multa de R$ 100,00 (cem Reais) a R$ 100.000,00 (cem mil reais), com fixação de prazo para cumprimento da obrigação.

O art. 211 trata de “Deixar de manter o local que tenha indicado para realização do evento com infra-estrutura necessária a assegurar plena garantia e segurança para sua realização.” A pena em caso de condenação é multa, de R$ 100,00 (cem reais) a R$ 100.000,00 (cem mil reais), e interdição do local, quando for o caso, até a satisfação das exigências que constem da decisão.

Nesse caso deve ser apresentado pelo Santa Cruz, caso existentes, os laudos da Polícia Militar, Corpo de Bombeiros, CBF e demais órgãos que aprovaram e atestaram as condições do clube em realizar eventos no estádio.

Já o artigo 213, I e III, trata respectivamente de tumulto e (ou) desordem na praça esportiva e lançamento de objeto no gramado. Neste caso, a própria lei informa que “A comprovação da identificação e detenção dos autores da desordem, invasão ou lançamento de objetos, com apresentação à autoridade policial competente e registro de boletim de ocorrência contemporâneo ao evento, exime a entidade de responsabilidade, sendo também admissíveis outros meios de prova suficientes para demonstrar a inexistência de responsabilidade.”

O art. 183 apenas informa que quando o agente, mediante uma única ação, pratica duas ou mais infrações, a de pena maior absorve a de pena menor, ou seja, a pena maior é que deve ser cumprida, mesmo que o clube venha a ser apenado em todos os artigos.

De toda forma, como já mencionei acima, o grande problema é a gravidade do fato, pois estamos falando da perda da vida de um ser humano e da proximidade da copa, mas também entendo que o departamento jurídico do Santa Cruz é formado por pessoas competentes que saberão conduzir o processo da melhor forma para o clube.

 Qual o artigo da Justiça Desportiva Brasileira que prevê jogos com portões fechados?

Não existe essa previsão na legislação ordinária (lei Pelé) ou no Código Brasileiro de Justiça Desportiva, apenas no Regulamento Geral de Competições 2014 da CBF (que é um ato administrativo da entidade) que recepcionou a possibilidade deste tipo de punição conforme reza o código disciplinar da FIFA.

 Por que o Estado foi rápido em passar toda a culpa do episódio para o Santa Cruz? O que a Polícia deveria ter feito e não fez?

Penso que naquele momento e com todo o aparato policial, a polícia poderia ter ordenado o cerco ao estádio e solicitado a guarda patrimonial do clube que fechasse os portões e iniciasse uma varredura no mesmo.

Não há como de forma subjetiva adentrarmos no mérito do Estado passando a culpa para um ou outro, ou ainda, os motivos que levaram a polícia a não agir naquele momento do fato. Talvez o fato do Estatuto do Torcedor trazer as figuras dos responsáveis pela segurança pública e policiamento como figuras necessárias para elaboração do plano de segurança para o torcedor e a eventual responsabilização destas pessoas nas esferas civis, tenham levado a esse posicionamento, mas entendo que estas perguntas devam ser feitas às autoridades constituídas.

– O que a torcida pode fazer, neste momento, para ajudar o clube?

Muito tem se falado em torcedores entrando com ações contra a interdição preventiva, para garantir o direito de assistir ao jogo, mas neste momento, além da dificuldade de serem recepcionados no âmbito judicial local, esses processos certamente não teriam tempo hábil de serem julgados até a data do jogo.

No meu entendimento, neste momento a melhor forma é tentar mostrar nos meios de comunicação e nos jogos que a torcida do clube não pode ser equiparada a pessoa que praticou tal ato e procurar tentar afastar a mancha na imagem que ficou do clube no cenário nacional em virtude do fato praticado.

– E o Santa Cruz, pode “dançar” nessa história?

Creio que em virtude da gravidade da situação, a perda de uma vida, e pela proximidade da Copa, com todas as atenções internacionais voltadas ao Brasil, o clube deverá sofrer uma punição severa, nos moldes das sofridas por Vasco e Atlético Paranaense – que pode ser ainda maior se o clube não comprovar que cumpriu as exigências que a procuradoria requisita na denúncia ou identificar os infratores – principalmente no primeiro julgamento, sendo que no segundo a tendência é termos uma revisão da punição para diminuí-la. Mas penso que independentemente do clube vir a ser punido ou não, deve ser apurado a responsabilidade de todos os entes e agentes previstos no Estatuto do Torcedor e que passemos a exigir que todos os estádios do Brasil, não só o Arruda, sejam fiscalizados de forma mais rigorosa, para que eventos como esse não voltem a ocorrer.

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P.S. Na próxima sexta-feira, com novo layout e nova diagramação, estaremos de volta ao antigo endereço: www.blogdosantinha.com.br

A Emoção é Branca, mas é ruim demais ser destro

Texto enviado por André Batista. Leitor do Blog do Santinha. Frequentador do cimento do Arruda.

Se eu tivesse nascido no medievo, ao fazer meus primeiros rabiscos com a mão esquerda, chamariam vigário, padre ou cardeal para com a Santa Cruz em mãos, expulsar os demônios que faziam de mim, um sinistro. Somente na contemporaneidade, teóricos exorcizaram a ideia de espiritualidade associada à sinistralidade.

Coitado do meu tio Borges, que apanhou de Dona Iraci, lá pelas bandas de Jardim São Paulo, simplesmente por escrever com a mão esquerda.

Experimentei esta semana como é ruim ser destro. Imobilizei a mão esquerda após um entorse no polegar, neste mesmo dia, recebi o Vol 2 da Trilogia das Cores do Blog do Santinha.

Acordei no dia seguinte às 07 da manhã, já com o livro na mão e iniciei o descabassamento da obra.  Comecei a ler antes de dar aquela mijadinha matinal, 10 minutos depois, levantei-me com certa dificuldade para apoiar as mãos no chão e fui ao banheiro, ao fim da urinação, na tradicional balançadinha, foi mijo pra todo lado, tinha pingo na bacia, chão, no box, pense numa mão direita miserável. Voltei à sala, pensando no sermão que escutaria quando minha senhora acordasse.

Quando vi a capa do livro, lembrei-me de um dos encontros com  Samarone, quando estava em preparação para o lançamento de “ O Despertar do Gigante”.

Fui até o espaço Parságada, a casa da infância de Manuel Bandeira, era praticamente o quintal da casa dos meus pais, pois moram na rua da união há 30 anos e minha infância foi toda por lá, no nostálgico e apaixonante bairro da boa vista. Lembro de jogar barrinha em frente ao Pasárgada e um de nossos divertimentos era acertar a cabeça de Manuel Bandeira com a bola, o que não era tarefa difícil, mas tínhamos que correr bastante, quando um guarda patrimonial aparecia e gritava…”Maloqueiro Fiiii da rapariga”….. Aguardei um pouco na recepção e fui saber do Sama suas impressões sobre a leitura da obra, após dar mais voltas que a roda gigante da festa de São Cristóvão, me disse que faltava molho no texto, pensei que gastronomia literária não é pra todo mundo.

Meus textos são mais lentos que Raul, parece que joga com um saco de cimento nas costas e inflexíveis como Renan Fonseca, parece que engoliu uma vassoura.

Diferente dos textos destes poeteiros etílicos e estilísticos do blog, que fluem com a velocidade do Vitória de Alex Alves e a maestria do Palmeiras de Edmundo na inesquecível final de 93, indefectíveis.

Resta portanto a leitura de A Paixão é Vermelha, nesta saga em três cores, melhor que A queda do governador em The Walking Dead.

Faltam três dias para tirar o gesso, respirei aliviado quando fui ao caixa eletrônico, pois a mão direita era só o que  precisava, na leitura biométrica, para realizar o saque da grana do ingresso para Santa x Paraná, nossa primeira vitória, rumo a Série A.

Nóis sofre, mas nóis goza

Estudei com Bruno Cara de Vassoura. Gente da melhor qualidade. Tricolor coral Santacruzense das bandas do Arruda.

Em se tratando de futebol, para ele todo diretor é ladrão, todo jogador é cachaceiro e todo técnico é burro. Mulher de rubro-negro só fode com tricolor e o náutico é um time de moças.

Bom de bola, era titular absoluto no time do colégio. Jogava no ataque. Exímio cabeceador e chutava bem pra caramba com a canhota.

Numa partida pelos jogos estudantis, lá no campo da UFRPE, fez dois golaços. Foi contra o Salesiano, Marista, sei lá! Enfim, um desses colégios de padre. A gente perdia de um a zero e ele virou o placar. O primeiro gol, uma cabeçada certeira no ângulo. O segundo, uma cipoada de fora da área, daquelas que o goleiro não ver nem o azul da bola. Neste gol, Cara de Vassoura foi expulso porque comemorou mostrando o pau pra torcida adversária. Mas conseguimos segurar o jogo e vencemos.

O bicho era meio doido, impaciente e esparrento. E presepeiro, também.

Certa vez, num amigo secreto da turma do segundo ano, ele deu de presente a uma colega nossa, uma calcinha bem escrota com o escudo do Santa Cruz.

— Isto aqui é pra você usar quando a gente for campeão! – ele disse querendo ser carinhoso.

A garota jogou a calça no chão e foi uma confusão dos infernos. A menina não gostou da brincadeira. Nem lembro o nome dela e não sei se ela torcia pelo Santa.

Mas Bruno era estudioso. Até passou no vestibular. Foi cursar Engenharia Cartográfica, depois mudou para Administração de Empresas. Eu fui para o curso de Ciências Econômicas. Quase sempre a gente matava as aulas da sexta-feira e tomava uma no Abacaxi.

Fazia tempo que eu não via Bruno Cara de Vassoura. A última vez, se não me falha a memória, foi na saída do jogo contra o Betim, no ano passado. Falei rápido com ele.

E não é que ontem, eu encontrei aquele sujeito!

Era perto das quatro da tarde. Fui resolver uma bronca em um cartório na Siqueira Campos e por obra do destino, dou de cara com Cara de Vassoura. A mesma barba, o mesmo bigode, meio careca e mais gordo.

O mesmo esparro de sempre.

— EI TRICOLOR! Tás perdido? – ele falou chamando a atenção de todo o cartório.

Me deu um abraço.

— Diz aí, Cara! Tás bem? Novidade boa. Tens feito o que da vida? – eu perguntei.

Cara de Vassoura se separou, tem mais ou menos três meses. Depois de quase dez anos de casado. Enquanto organiza as coisas, está morando na casa da mãe.

— Tou na casa de mamãe. O perigo sou eu me acomodar e ficar por lá. – ele sorriu.

E fomos por ali, pelos arredores do Diário de Pernambuco. A Praça do Diário, a Igreja de Santo Antônio, a Dantas Barreto, a 1º de Março, a Duque de Caxias, as putas, os crentes. Caminhamos até o Pátio de São Pedro, sentamos numa mesa e pedimos uma cerveja. Era perto das seis horas da noite.

— Meu velho, e o nosso Santa Cruz? Eu não imaginava nunca que o time iria decepcionar desse jeito. – eu disse.

— Fale não. Mas tu não sabe, fui bater em Caruaru, na decisão da Copa do Nordeste  -tomou um gole e continuou – tou com uma figura por lá. Vinte e sete anos, separada também. Implorou para eu ir ver o jogo por lá. Meu amigo, a tal da boceta é um negócio que vicia. Eu nem sabia que ela gostava de futebol e muito menos que era rubro-negra. Só sei que passamos a noite fazendo amor. Mas depois da final do estadual eu dispensei. O negócio tava ficando complicado. A figura tava querendo exclusividade.

Lembramos de uma vez que ele, numa calourada da Universidade, só pra se agarrar com uma boyzinha do curso de Odontologia, jurou que torcia pela barbie.

Bruno Cara de Vassoura é um sujeito sacana.

Conversamos outras amenidades. Pedimos a saideira.

Ele tomou o rumo da estação do metrô. Eu me mandei para o lado da Avenida Guararapes.

Nunca mais eu havia andado pelo centro da cidade.

Notícias para Samarone

Samarone, cabra bom! Voltei!

Não sei se Inácio já retornou. Sexta-feira ele telefonou pra mim, todo animado. Estava na 232, indo para um hotel fazenda na região do Agreste.

Eu saí do Recife já na quinta-feira.

Juntei a família, entupi a mala do carro de comidas, bebidas, roupas, ventilador e brinquedos, pendurei duas bicicletas na traseira do veículo e me mandei para praia.

Peguei leve na noite da quinta, apenas um vinhozinho e uns petiscos com a patroa!

Mas na sexta, enfiei o pé. Incentivado pelo marido de uma prima minha, entrei na aguardente. O sujeito é lá de Santa Cruz do Capibaribe e é daqueles que tem a cachaça como bebida preferida, depois vem o uísque e por último a cerveja.

Passavam das 10 horas, quando chegamos à praia. Mal sentei e ele foi pedindo uma cerveja e um quartinho de cana. Eu ainda tava sentindo o gosto da vitamina de banana que havia bebido no café da manhã.

No começo, peguei leve. Só que o miserável saboreava a Pitú e vez por outra, lavava a goela com um copo de cerveja. Fui entrar na onda do fela-da-puta e quase me lasco. Minha sorte foram os mergulhos e uns caldos que levei das ondas do mar. Puxei o freio de mão e fiquei só na cerveja pelo resto do dia.

Voltamos pra casa e aí, puxei do frei de mão. Fiquei só na cerveja pelo resto do dia. Tacamos um pen-drive cheio de bregas e forró, e ficamos bebendo e comendo.

E sabe quem tava?

Parral.

Meu amigo, pense que o bicho bebeu e comeu! Eu tenho pra mim que o estoque de tomates acabou naquela tarde.

E tu não sabe da maior, não é que no sábado resolvi ir pro jogo no Arruda.

Liguei pra Claudemir oferecendo carona e ele topou ir junto. Arrastei meu pai e o marido da minha prima, também. Fazia mais dez anos que eles não iam ao nosso estádio.

Pois é, meu amigo! Fui ver o último jogo da era Vica.

Vou lhe dizer, não fosse o futebol um esporte tão dinâmico e cheio de surpresas, eu apostaria que o Santa Cruz e o ABC iriam brigar pra ver quem chegava em último lugar nessa seribê.

E lhe digo mais, pelo que vi, se a gente não descer, eu já me dou por satisfeito.

Pra não dizer que foi de tudo ruim, o garoto Raniel mostrou serviço. O bicho só precisa pegar mais uma musculaturazinha e um pouco mais de experiência. Mas o menino tem futuro.

Voltando para praia, depois que deixei Claudemir, pelas ondas do rádio eu ouvi Vica entregando o cargo. Na hora que ouvimos, meu pai foi prático e objetivo: “rapaz, com esse time, não tem treinador que dê jeito. Precisam trazer uns seis jogadores que saibam jogar bola”.

Bom, hoje eu fiquei sabendo que contrataram Sérgio Guedes e trouxeram Sandro Barbosa de volta.

Tomara que dê certo.

Mais tarde vou para decisão do terceiro lugar.

Quanto ao que vem pela frente, eu só digo uma coisa: quem for de beber, beba! Quem for de rezar, reze!

Faltou dignidade e sobrou covardia

A frase que mais se encaixa para vergonha de domingo, é uma que foi dita por Vanderley Luxemburgo: o medo de perder, tira a vontade de ganhar!

Senhores, eu não lembro a vez que vi o Santa Cruz se apequenar tanto num jogo de futebol. Nem no auge das retrancas de Givanildo Oliveira, muito menos nos esquemas defensivos de Zé Teodoro.

Vica conseguiu superar estes dois treinadores.

Para mim existe uma diferença grande em jogar recuado e jogar com medo. Domingo, fizeram a opção por jogar com o rabo entre as pernas, como cachorro vira-lata da mais baixa categoria.

A história foi tão exagerada, o medo de jogar foi tão grande, que o zagueiro Renan Fonseca, perto dos 35 minutos da primeira etapa, levou amarelo por estar catimbando.

As substituições feitas pelo treinador indicam o seu temor. Inácio no outro texto, com categoria pontuou as mudanças.

Ficou evidente até para os deficientes mentais que ele, o medroso e limitado Vica entrou exclusivamente para empatar.

Como bem disse Esequias Pierre num e-mail enviado pra mim, o time e o treinador foram convardes.

Domingo passado nosso esquadrão foi formado por uma porção de frouxos, anêmicos de medo, que colocaram os cus na parede e ficaram se borrando no gramado. Tudo devidamente orientado e ensaiado pelo comandante, o treinador.

Ouvir o treinador dizer ao final do jogo de ontem que perdemos por um detalhe e que tudo estava perfeito até levarmos o gol é ter a assinatura de Vica, com firma reconhecida, para a mediocridade que vimos na tarde deste domingo.

Antes o time titular tivesse ido jogar no meio da semana, no interior de Sergipe, pela Copa do Brasil. Só assim não teria tido tempo suficiente de treinar e assimilar esse esquema fundamentado no medo.

Não meus amigos, não somos acostumados e não compactuamos com a covardia.

O Santa Cruz sempre foi conhecido pela superação. Nossas vitórias e conquistas têm alma. Nossa história é calcada na raça.

A covardia não faz parte da nossa cultura. A covardia nos envergonha. Nos deixa com raiva.

Faço minhas as palavras escritas por Dimas no Blog Torcedor Coral, nós torcedores do Santa Cruz não temos vergonha de derrotas. Nós ficamos indignados é com postura covarde.

O medo de ganhar banha nosso coração de ira.

Foi por isso que meu pai, um senhor pacato, no auge de seus quase oitenta anos, ainda nos primeiros minutos do segundo tempo, chamou raivosamente os jogadores de safados e o treinador de frouxo. E previu o que o mais incompetente dos profetas teria a capacidade de prever: se continuar assim, vai levar um gol.

Thiagão, presidente de honra da Troça Minha Cobra, por motivos banais, inconscientemente descarregou seu ódio na namorada. Quase foram as tapas. Quase acabam o namoro.

Gilvan, gente da melhor qualidade, amigo meu, um sujeito da paz, me confidenciou que nunca havia tido vontade de matar alguém. Ontem, sentiu vontade de atirar em Vica e de enforcar alguns atletas.

Artur, nosso estagiário de contabilidade definiu Vica de fuleiro. Paulo, zelador do condomínio, chamou Vica e jogadores de sebosos.

Toda esta revolta tem explicação: a forma medrosa e covarde que o nosso time jogou ontem.

Só espero que Antônio Luiz Neto, Tininho e Jomar sejam tão torcedores quanto nós e que tenham tido a capacidade de enxergar o que todos os espectadores viram ontem: que Vica e alguns jogadores não tem dignidade para vestir nossa camisa.

 

Pra quem vai ou não vai pro jogo, a farra é no Poço

Desde 2011, a pisada é essa: decisão dia de domingo, o Santa Cruz jogando, a farra é no Poço da Panela.

Frevo, forró, cerveja, Pitú, mesa de frutas e uma suculenta feijoada. Certa vez, até churrasco de Capivara teve.

Domingo que vem, pra quem vai pro jogo, é só aparecer e engrossar a corrente de tricolores corais santacruzenses das bandas do Arruda.  A partir das 12h37, a turma bate o centro e começa a preliminar.

Aos que não forem para ilha da fantasia, o que não falta no Poço da Panela é televisão para assistir a peleja. Noventa e três por cento da população daquele lugar torce pelo nosso Santa Cruz Futebol Clube.

Dizem até que vão colocar um telão na sede.

Depois do jogo, é correr para o abraço e comemorar mais uma vitória.

Naná avisa que bebidas alcoólicas, bandeiras do Santa Cruz e petiscos são sempre benvindos. Sim, é obrigatório estar trajado com nossas cores.

É lógico!