Adiar o jogo vai ser bom para a torcida, para o time e para Inácio França.

Amigos corais, são 14h em ponto e teremos um jogo do Santa às 19h30.

Por conta da greve dos motoristas de ônibus e dos rodoviários, fazer qualquer coisa na cidade do Recife está inviável. Outras categorias paralisaram suas atividades para protestar contra o projeto de Terceirização, que está sendo encaminhado pelo Congresso. Até os camelôs, que são a última ponta da terceirização, já foram pra casa.

Pois bem: soube que até o senhor Inácio França parou tudo, em adesão ao movimento, e está deitado na sua rede, lendo o segundo volume dos “Irmãos Karamazov”.

Gerrá já me ligou. Daqui a pouco sai do trabalho para uma fisioterapia no braço. Não entendo isso. O sujeito joga pelada toda quarta-feira e o problema é no braço. Freud explica.

Então, me parece que o mais lógico, o mais decente, o mais sensato, é adiar o jogo de hoje à noite (que não vai dar ninguém) e remarcá-lo para amanhã (um dia muito mais propício à prática futebolística e torcidística, por sinal).

Como a CBF foi pega com a mão na massa pelo FBI, e o atual presidente saiu correndo da Suiça (com medo de também ser algemado), talvez eles não tenham tempo (nem paciência) de decidir isso. Contemos, então, com a força jurídica do presidente Alírio.

Se adiar, Inácio vai chegar ao final do segundo volume da obra de Dostoiévsky antes da novela das 21h.

Pelos meus cálculos, vai ficar faltando apenas um livro para ele bater no peito e dizer que já leu “toda a obra de Dostoiévsky”.

Com um argumento desse, não tem quem discuta com Inácio. Já começou perdendo por séculos de história da Rússia.

É bem possável que ele fique chato pacas. Mas de que adianta, se ele não sabe nem o que é um “Lá e lô” no dominó?

Aguardemos as decisões superiores, que geralmente não levam em questão duas palavras que, quando andam juntas, ajudam bastante nossas vidas: bom + senso.

Ps. Acabamos de saber, pelo nosso incansável Arnildo Ananias, que vei mesmo ser realizado o jogo. Ele acrescenta algo importante:

“Vai haver jogo. Vai existir esquema especial de onibus. Haverá promoção de de taxis através do 99taxis a partir das 17h código: torcida99pe”.

Faltou dizer o que é esta promoção. O cara pega o táxi e ganha o ingresso de brinde? É isso?

 

Santa Cruz, versão Seleção Brasileira

Só encontrei esta foto mesmo...
Só encontrei esta foto mesmo…

Amigos corais, antes do jogo tomei umas na casa do amigo Zeca. Feijoada, umas lapadinhas, cerveja gelada, enfim.

Iria assistir ao jogo com os amigos num bar da Avenida Norte, mas acabei me instalando num boteco defronte ao Parque 13 de Maio.

Sentei, pedi uma cerva e fui ao banheiro. Quando voltei, o Santa tinha levado já o primeiro gol.

Pedi o protetorzinho da cerveja. O garçom chegou: 2 x 0.

Tomei uns goles, olhei a paisagem, tinha uns corais vendo o jogo.

Vou pedir uma lapadinha para esquentar o juízo, pensei.

Goooolllll do América: 3 x0.

Que porra é essa,? – foi o que pensei.

Um coral que bebia no balcão, com o radinho de pinha ao ouvido, não resistiu:

“Isso é o Santa Cruz ou é a Seleção Brasileira contra Alemanha?’

Ainda veio o quarto gol. Fizemos um.

Nunca tive tanto medo de um segudo tempo.

Quem deve estar feliz é Givanildo. Seria demitido ontem, se perdesse o jogo.

Não entendi nada. Se alguém puder me explicar, fique à vontade.

Minha nova obsessão: o camisa 10

Foto: Antônio Melcop
O craque-guerreiro sangrando

Amigos corais, ser cronista do Santa Cruz implica em algumas obrigações, que faço com rara felicidade.

Ir a todos os jogos em casa (não tenho um superprograma de milhagens para viajar Brasil afora) e ver tudo o que acontece dentro e fora das quatro linhas;

Ter reuniões semanais de pauta com os demais cronistas Inácio França e Gerrá Lima;

Levar alguns esporros monumentais de Inácio, porque posto crônica sem foto;

Acompanhar as notícias sobre o Santa;

Ver as novidades da TV Coral, que agora é de uma velocidade incrível;

Desenvolver e tratar alguma obsessão semanal envolvendo nosso clube.

Pois bem. Minha obsessão atual é nosso craque da camisa 10.

Minha é forma de dizer. É a obsessão da massa coral, o craque João Paulo.

**

Ouso dizer que nosso título começou a nascer na Ilha do Retiro, quando ele fez o gol de cabeça nos acréscimos, botando a cabeça sem medo e rasgando o rosto com uma botinada do zagueiro adversário. Saiu batendo no peito e sangrando. Quando vi a imagem, pensei:

“Começamos a pensar no título”.

Ele não sentia dor nem nada. Só pensava no empate, que calou a torcida adversária. Depois vi as imagens da TV Coral, no vestiário. Os jogadores eram uma alegria só.

Assisti a partida contra o Paraná acompanhado de uma sucessão de gemidos, lamentos. A cada matada de bola do nosso 10, a cada passe rasteiro, no pé de algum atacante coral, aquele tipo de bola que só falta o sujeito dizer “toma, faz o teu”, eu escutava um sofrido comentário.

“Meu Deus, vão levar ele!”

João Paulo dava um drible, alguém sussurrava ao meu lado:

“Sei que o miséria do Sport está já está de olho!”

Um passe, uma dividida, e um senhor com ar grave, dois lances de arquibancada acima do escudo soltava:

“Tem que proibir passar jogos do Santa na TV. Se ele aparecer jogando, vão levar na hora”.

A cada gol do Santa, a comemoração durava trinta segundos. Logo se instalava uma mesa redonda do pessimismo.

As especulações são as mais malucas. De que o contrato dele está prestes a acabar. Que podem leva-lo por qualquer trocado. Que o Santa precisa fazer um contrato mais longo, fora as perguntas biográficas as mais diversas. De onde ele veio. Como Tininho foi encontrar o rapaz, que estava meio abandonado no Goiás. Quanto custa para levá-lo.

Macumbas as mais diversas estão sendo feitas para o Sport tirar o olho grande, até porque dificilmente eles acertam, quando vêm com ingresias para o nosso lado. Vejam o caso de Anderson Pedra. Levaram e deu errado. Há vários outros casos históricos.

Por trás disso tudo, de especulações e sofrimentos antecipados, devemos reconhecer o trabalho nos bastidores dessa selva futebolística para garimpar –  no meio de milhares de jogadores, procuradores, blefadores, pilantras – um craque da camisa 10.

Temos um craque no Arruda, e o nome dele é João Paulo.

Anotem no caderninho de vocês o que digo, neste 18 de maio de 2015, já segunda-feira. Se nosso craque ficar e o moleque Raniel jogar na fase final da Série B, a gente começa 2016 na série A.

Deus queira que eu tenha conseguido colocar a foto. Caso contrário, Inácio vai descer a lenha, na hora do almoço.

 

 

O Santa, essa eterna criança

Muito se dirá e se escreverá, ao longo dos dias, sobre este monumental título coral. Mas eu gostaria render uma modesta homenagem a duas pessoas que já entraram na história do Santa Cruz – o presidente Alírio Neto, e sua mulher, Fernanda.

Ontem, no Poço da Panela, eu estava em Seu Vital, tomando umas, antes de voltar ao local da nossa concentração, a “Sede”, comandada pelo gorducho Naná. Quando voltei, para ver como estavam as vendas da “Trologia das Cores”, alguém me avisou:

“O presidente está aí”.

De longe reconheci aquele olhar sereno de Alírio, acompanhado do sorriso generoso de Fernanda. Recebi um abraço apertado pelos meus 46 anos, comemorados no exato dia da decisão. Depois de várias fotos com a galera coral lá do Poço, fomos visitar o velho da nossa aldeia, que é Seu Vital. Ele estava invocado em uma daquelas duras jornadas do dominó, e quando viu o presidente, abriu um largo sorriso, tirou fotos, conversou.

Pouco depois, a orquestra “Venenosa” chegou ao largo do Poço, onde estava começando um casamento. Vários convidados ficaram eufóricos, porque a noiva, disseram, era tricolor das bandas do Arruda, como diz Gerrá.

Só o Santa, com essa eterna vocação para o lirismo, é capaz de desaprumar um casamento para celebrar a alegria de sua torcida.

Em pouco tempo, alguns amigos chegaram, e formamos pequeno grupo, em torno de Alírio, que queria escutar,  muito mais que falar. Eram pessoas que tinham observações, comentários, sugestões, movidos, creio, por esta febre de mudanças, de novos paradigmas que se abrem para o clube. Fernanda, ao lado, compartilhava a intensidade que o dia presenteava. Tenho para mim que o sujeito tem que ser muito bom do coração, para ser o presidente de um clube de multidões como o nosso. Além disso, precisa que sua companheira seja uma guerreira. E Fernanda, de fato, é uma  mulher valente, que vai junto com ele, na vitória ou na derrota.

Já de volta à Sede, Alírio comentou comigo que gostaria de voltar, outro dia, para conversar com essas pessoas com mais calma. Muita coisa interessante, de fato, tinha sido dita. A incansável Fernanda, por outro lado, fazia inúmeras perguntas sobre redes sociais a Esequias Pierre, que tem ajudado a turbinar as redes sociais da massa coral. Não é por acaso que somente dois clubes renderam publicamente homenagens ao grande escritor Eduardo Galeano, por ocasião da sua morte – o Clube Nacional, do Uruguay (o time dele), e o Santa Cruz.

Após um batalhão de fotos, o horário do jogo foi avançando, era preciso voltar ao Arruda. Nos despedimos e desejei sorte para a gente.

Sobre o jogo, vocês sabem bem da minha deficiência de fazer qualquer análise. Até o final da partida, estava elogiando o “golaço de Betinho”. Sou ridículo, não sei como ainda não me demitiram deste blog.

O fato é que, de vira-lata nessa matilha futebolística estadual, o Santa foi roendo seu osso e criando forças. Na final. o Carcará se assustou com o Arrudão lotado, o manto coral cresceu e levantamos mais um título.

Hoje de manhã, com a faixa ao lado da cama, acordei rindo. Quando desci para verificar onde tinham se escondido os rubro-negros (impressionante como eles têm a capacidade de se tornarem invisíveis, nas conquistas corais), li a entrevista de Alírio, publicada no JC:

“Acabou essa história de time pobrezinho e coitadinho. O Santa Cruz é grande e não vai pedir esmola para mais ninguém”, disse o mandatário, ainda no gramado da conquista, até como tom de desabafo pelas críticas que recebeu no início do seu mandato, quando houve problemas financeiros.

No meu aniversário, ganhei um título já inesquecível, porque sei que ele trará repercussões evidentes dentro e fora das quatro linhas. É o fortalecimento de um projeto de gestão de um grande clube de futebol, que não pode viver de mão estendida e bolso vazio.

Não sei se vocês perceberam, mas durante a cerimônia de entrega da taça, uma chuvinha fina começou deslizar do céu, abençoando jogadores, diretoria e a torcida, abençoando nossa conquista.

A minha impressão é que o Santa Cruz, com essa vocação popular, lírica, poética, com sua incansável história de lutas, é uma eterna criança que nunca esquece de sorrir.

Obrigado, Alírio, obrigado Fernanda, por cuidarem dessa criança.

Decisão, aniversário, feijoada, livros, orquestra de Frevo. Com o Santa Cruz é assim, meu bem

Previsão: engarrafamento de gente domingo
Previsão: engarrafamento de gente domingo

Amigos corais, desde ontem olho para o relógio. Os ponteiros estão pesando 15 quilos, cada. Hoje é sexta, feriado, dia do Trabalhador. Já se passaram 15 dias, e agora são 10h48. O domingo vai demorar décadas a chegar. Mas ele haverá de chegar, junto com nossa luta heróica pelo título.

Pois bem. Por essas obras do destino e do desatino, no dia 3 de maio de 2015 completo 46 anos.

Já vi um monte de comentários mau-humorados aqui neste blog, mas agora não é momento de vacilos. Nosso time era o mais desacreditado do campeonato, as previsões eram terríveis e estamos a 90 minutos do título. A hora é de vibrar com o time.

Não sou muito adepto de organizar festa de aniversário e sou notório farrapeiro em eventos do tipo, mas como o Santa Cruz está em questão, vamos aos fatos e ao convite.

Todo jogo decisivo do Santa, Naná e uma galera do Poço da Panela organizam uma festa pré-jogo, para esquentar o cabeção e sair de lá já cuspindo fogo. Fazem contato com a Pitú, que fornece seu produto básico (adivinhem qual), acompanhado de uma suculenta feijoada e, de quebra, uma orquestra de frevo, a “Venenosa”.

O evento começa às 10h, e a entrada é franca, bastando, para isso, estar vestido com o manto coral.

Lá pelas tantas, quando a “Venenosa” está em ponto de bala, os músicos dão uma volta pelo Poço, e tudo que é de tricolor do mundo vai aparecendo. Ô torcida que não para de crescer, meu Deus…

Vou aproveitar para festejar com os amigos e convido os leitores deste afamado blog. O local é conhecido como “A Sede”, que pode ser entendido como um local, a sede de algo, ou como a “sede” de ter muita sede de beber, coisa bem comum no Poço da Panela. É uma casa. Fica localizada a poucos metros da igreja do Poço. De longe dá para ver as bandeiras e o som da orquestra.

Conversei com os senhores Inácio França e Gerrá Lima, e botaremos exemplares da “Trilogia das Cores”, de nossa autoria, para serem vendidos no local, com direito a dedicatória e um copinho de caldo de feijoada grátis.

Há especulações sobre uma possível presença da Sanfona Coral, mas o sanfoneiro Chiló, como se sabe, agora só sai de casa após olhar a previsão do tempo e passar protetor solar.

Quem quiser beber cerveja, leve algumas, porque grátis, só mesmo a velha e boa Pitú mesmo. Como a Sede fica a poucos metros da venda de Seu Vital, é só ir lá e pegar. Seu Vital, por sinal, faz aniversário hoje e é notório torcedor do Mais Querido.

Depois, é se mandar para o Arrudão e lutar com todas as forças pelo título, com o Arrudão lotado até o último degrau. Vamos fazer uma recepção igual à dessa foto.

Se nossos atletas comerem a grama e jogarem com o espírito dos grandes guerreiros corais, espero acordar na segunda com a faixa de campeão ao lado da cama e a lembrança de um aniversário para sempre inesquecível, fruto de um time para sempre eterno.

Alguém tem notícias do cronista coral Inácio França?

Qualquer informação será importante para este blog.
Qualquer informação será importante para este blog

Amigos leitores, estamos realmente preocupados com a ausência longa do senhor Inácio França, fundador e escriba do Blog do Santinha. Escrevemos um texto levantando suposições e dúvidas sobre o paradeiro do nosso amigo. Aguardemos algum retorno.

Especulações de Gerrá Lima

Andam me perguntando por Inácio França. A última vez que o encontrei foi nas ladeiras de Olinda, no dia da saída da Minha Cobra.

De lá pra cá, nunca mais vi aquele bicho.

Nem através de textos nesse Blog, tenho visto Inácio. Não lembro qual foi a última crônica que ele postou aqui.

O cabra não responde e-mails, mensagens e não retorna ligação.

Por zap-zap é impossível encontrá-lo, pois o celular dele é do tempo que existia a Telemar. O aparelho que ele usa não tira nem fotos.

Na última segunda, encontrei com Samarone e conversamos sobre o assunto.

“Sama, que fim levou Inácio?”

“Rapaz, faz tempo que não vejo. Tá difícil falar com França! Parece que ele tá escrevendo um livro. E aí fica trancado num escritório na Boa Vista, sem contato com o mundo. Tu num sabe que aquele frangolino é meio doido!”

Pelo que conheço, Inácio deve estar cheio de nó pelas costas.

Também pudera, o sujeito tem três filhos para administrar, precisa garantir a bolacha dos meninos e ainda vive arrumando coisas para fazer. Sempre tem uma reunião para tratar de algum futuro quase projeto.

E tem mais, se o Santa Cruz estiver a perigo, ele fica azedo, ácido e impaciente. É de um mau humor, triste! Por qualquer besteira, é capaz de mandar um “vá se fuder” sem medir distância.

Mas sábado passado, depois da goleada que demos no time de Caruaru, avistei Inácio de longe. Vestia o manto coral e uma calça jeans. Parecia bem animado.

Fiquei até na expectativa que ele fosse publicar um daqueles textos irados sobre nossa vitória.

Liguei pra ele na segunda-feira e, de novo, o telefone só dava fora da área.

Então, meus senhores, se algum de vocês esbarrar com Inácio França, um cara magro, sem barba e bigode, que tem um bucho grande e usa óculos, por favor avisem que o Blog do Santinha tá procurando ele.

**

Especulações de Samarone Lima

Não tenho informações precisas, porque está difícil de encontrar com o velho amigo França.

Temos um programa toda sexta-feira, na Rádio JC, a partir das 21h30 (“Para gostar de ler”), nos encontramos meia hora antes, para discutir a pauta, ver os convidados, mas ele só fala de literatura. Suspeito que ele esteja com um projeto paralelo, envolvendo mídias sociais, sites, mas é um mistério danado. Puxo assunto, mas ele começa a falar de Dostoievski (está lendo o segundo volume de “Os irmãos Karamazov”, imaginem) e pensa em agarrar “Guerra e Paz”, de Tolstoi (outros dois volumes).

Tem hora que toca o celular dele (que é do tamanho de um Atari), mas ele se afasta e começa a conversar com um ar grave com um sujeito que ele apelidou de “Cetico”. Nunca diz o nome do cara. Temo ser algum laranja. Puta merda, o França na Lava-Jato?

E tem um papo sério com um tal de “Archteg”. De vez em quando cita esse nome nas conversas com esse sujeito misterioso. e o “Archteg” está bem, se tem aparecido bem etc. Em meus delírios de grandeza, pode ser que ele esteja na comissão técnica coral, monitorando revelações do Campeonato Alemão. Mas isso precisava de tanto mistério?

Sei que ele lugou uma sala aqui pelo centro, e que está escrevendo um romance e sua autobiografia (em sete volumes), mas não revela o endereço nem a pau. Parece mais aqueles guerrilheiros da década de 1960/1970, que tinham “aparelhos” para escapar da repressão.

Textos no Blog do Santinha, nem para remédio.

Agora estranhei algo. No jogo passado, que iniciaria às 18h30, ele já estava no Arruda as 16h.

Depois, vi o amigo dele, o tal “Cético”, no gramado, em pleno intervalo. À saída, ele estava apreensivo com algo. Declinou da cerveja que ofereci. Isso depois de uma goleada por 4 x 0.

O senhor Inácio França está escondendo alguma coisa. Quem souber de algo, favor informar nos comentários deste valoroso blog.

Por precaução, vamos manter nossa equipe de advogados de plantão.

 

 

 

 

 

Uma Polícia contra uma torcida – o caso da PM de Pernambuco

Amigos corais, cada vez que saio de casa me pergunto – como será que estará o humor da Polícia Militar de Pernambuco de hoje? Como será a organização dos camaradas da Tropa de Choque no entorno do estádio? Teremos cavalos em cima de homens, mulheres e crianças? Teremos spray de Pimenta?

Bem, agora temos uma novidade (se é que não perceberam ainda) – PMs armados com rifles que disparam balas de borracha. Tem gente que fica cego com isso. No jogo contra o Sport, na Ilha do Retiro, atiraram em pessoas a dois metros de distância.

Além de torcedor do Santa Cruz Futebol Clube, sou, essencialmente, um jornalista. Vou a qualquer lugar da minha vida com um bloco de anotações no bolso esquerdo e duas canetas no bolso direito (para o caso de uma falhar). São minhas armas. Eu anoto tudo. Do camburão que levou um garoto de uma organizada ao número do ônibus que queimou a parada porque tinha “apenas” um velhinho.

Ontem, resolvi fazer o seguinte – vou ver como a PM vai receber a torcida do Santa.

18h: Chego à “Beira Canal”, o famoso portão 9, onde entra a maior parte dos  torcedores que pagaram, no último jogo, R$ 40,00 (arquibancadas). Há uma fila enorme, inacreditável, num jogo contra um time do interior, praticamente sem torcida adversária.

Resolvo pegar uma cerveja e sentar junto à entrada, para ver o trabalho da PM. Ver e anotar o que acontece rigorosamente em todo jogo: desorganização, falta de planejamento, de estratégia, truculência.

Antes,  ao passar pela entrada do anel superior, o caos habitual. Milhares de pessoas se aglomeram, esperando a chance de entrar no estádio. Uma confusão enorme. Ligo o radinho e tem um torcedor indignado com o trabalho da PM de Pernambuco.

Decido que vou esperar e ser o último da fila, para ver quanto tempo de jogo perderei, mais uma vez.

18h15: Beira canal: Em meio à enorme fila, carrões chegam, para entrar no estacionamento do Arruda. Atravessam a caótica fila. É óbvio que em qualquer estudo de acesso, impediria carros entrando naquela rua. PM estudar estratégias de acesso a um estádio, em Pernambuco, é pedir inteligência em quem trabalha com multidão.

18h25: PMs circulam com armas que parecem rifles. Já sei – são as tais armas que disparam tiros de borracha. Mas que cegam. A fila segue enorme caótica.

8h30: A rua Beira Canal tem uns 500 metros, até o portão 9. Só a 20 metros tem uma estrutura de ferro, para organizar a fila. O restante da fila é um caos. Vários amigos de classe média estão ali. Quantos teriam a coragem de levar suas mulheres e filhos para esse caos? Como só bem perto da entrada eles usam estruturas para organizar a fila, dezenas de pessoas passam na frente. Um ou outro (não sei o critério) é pego e mandado de volta.

Escuto os fogos. O Santa Cruz está em campo. Milhares de torcedores, como eu, saíram de casa e não conseguiram entrar no estádio do seu time após trinta minutos de fila.

18h38: “Parô!” “Parô!”, grita um PM, segurando a multidão. O Santa já está em campo há 8 minutos. O policial está num nível de estresse absoluto. Ninguém ali está preparado para conviver com multidão. Está preparado para bater em multidão.

18h42: Passa por mim um PM com um chicote grosso, de bater em cavalo. Passa ameaçando um torcedor. Eis uma metáfora de nossos tempos. Somos tratados como cavalos.

18h 52: Fico aguardando. Os torcedores são maltratados, humilhados. Há gritos, ameaças. Quem falar, ali, pode ser preso ou apanhar. Eu já fui preso porque perguntei a um PM quem era o “chefe da guarnição”.

18h56: Aos 26 minutos de jogo, a fila vai acabando, e resolvo entrar no Arruda.

Resolvo dar uma de “estrangeiro”. Um torcedor que veio de outro estado, e não sabe das regras. Vou chegando perto do pelotão que fica antes das roletas. Um PM não diz nada. Vou chegando e ele grita:

“A camisa!”

Pergunto o que é “a camisa”.

“Levanta a camisa!”

Levanto. Ele olha me deixa passar. Se eu tivesse uma arma, bebidas, drogas, entrava na boa. A seleção é pela cor da pele.

Uma moça vai passando, abraçada ao seu namorado. Estão felizes, rindo, vão ver seu time lutar para chegar às finais. São gente do povo. Perto já das arquibancadas, três policiais chegam, abordam a mulher e descobrem algo incrível – ela tem um cabelo aloirado, que cai pelo ombro esquerdo. Debaixo dos cabelos, na camisa, tem um minúsculo escudo da Inferno Coral.

Ela tem que sair do estádio. Fim da alegria, da noite que prometia ser de uma grande festa. Os dois saem, cabisbaixos.

É isso que vai reduzir a violência nos estádios de Pernambuco?

19h: Chego à arquibancada. Perdi meia hora de jogo. Um aperto do caralho. Olho para a torcida do visitante, do lado direito das arquibancadas. Há um espaço enorme reservado para os poucos torcedores do Central. Ficamos num aperto absurdo, como se o Arruda estivesse lotado.

19h10: Os PMs que estavam cerrando fileiras à entrada do portão 9 entram nas arquibancadas, empurrando todo mundo. Não existe o “com licença, senhor” de um servidor público no meio de uma multidão. Quem tiver juízo, que saia da frente. Eles sobrem um monte de degraus e descobrem que um sujeito tem um pequeno escudo da Inferno Coral, em sua camisa. É retirado como se fosse um criminoso.

Um deles diz: “Missão cumprida”.

Finalzinho do primeiro tempo: Gooooooooooooooooool do Santa. Pelo menos uma alegria, nesse mar de arrogância.

Intervalo do jogo: Olho de novo para o espaço do Arruda. Um grande vazio existe, entre as arquibancada do Arruda e as sociais. No mínimo, 20 PMs estão ali, fazendo absolutamente nada, já que a torcida visitante é mínima.

O segundo tempo é mais tranquilo. O time coral embala e faz a festa da torcida: 4 x 0.

Fim do jogo. Um portão enorme, que é o da saída das arquibancadas, claro, está fechado. Deve dar um trabalho imenso, abrir um portão para facilitar a saída de milhares de pessoas, em um evento esportivo. Qualquer confusão, ali, resultaria numa tragédia.

Saímos à Beira Canal.

Faltava a cereja do bolo: Três ônibus da PM de Pernambuco estão saindo na rua, exatamente na hora em que uma multidão esta saindo do estádio. Vamos nos espremendo, em meio aos veículos, que, claro, têm prioridade;

Ou seja: uma multidão tem que se espremer entre veículos da corporação – que não deveriam estar ali.

Dez minutos antes do fim da partida ou meia hora depois, seria uma grande contribuição para nós, torcedores.

Se fala muito em “violência nos estádios”.

Não há violência maior do que ser maltratado pela inoperância de uma polícia incapaz de facilitar o acesso a 24,814 torcedores.

Temos, aqui em Pernambuco, uma Polícia que age contra um time de multidões.

Mas vocês acham que o comandante da Tropa de Choque vai ler as minhas inúteis anotações?

Hora de “esquentar” a relação

Amigos corais, todo mundo sabe que qualquer casamento tem altos e baixos, cismas, brigas, grandes momentos de euforia completa, acusações, desentendimentos. Em muitos casos, há separações irreversíveis, choro e ranger de dentes.

Mas o casamento clubístico é para sempre. É uma das poucas coisas eternas da vida.

Tenho amigos que casaram e separaram uma par de vezes, mas algo é sagrado – na hora da mudança, o manto coral vai junto, em busca do próximo guarda-roupa, mesmo que comprado à prestação, mesmo que seja naquela dolorosa volta para a casa da mãe “só por uns meses”.

Creio que é o momento da massa coral “esquentar” a relação com o amado Santa Cruz, nosso casamento irreversível.

Vivemos uma pré-temporada de torcida que parece não ter fim. O time está nas semifinais do Estadual, está evoluindo, temos reais condições de chegar às finais do campeonato estadual (o que sobrou para 2015), mas falta algo, uma chispa, um calor, uma centelha. Parecemos aqueles torcedores burocráticos, tediosos, sem ânimo, que vão ao Arruda como quem vai ao supermercado, com a lista de compras.

No Arruda, há silêncios clamorosos, poucas canções, a agitação da multidão empurrando os jogadores anda em banho-maria. Os jogadores estão a ponto de pedir aos parentes que cheguem junto, para escutar um grito de apoio.

Estamos, do ponto de vista de torcida, em total impedimento.

Vamos tratar de marcar encontros pré-jogo, como se fosse reencontrar a namorada, a amada, a amante.

Tomar uma cerva gelada com um galeto, mentalizar gols, jogadas de efeito, passes milimétricos. Vamos sequestrar os três integrantes da “Sanfona Coral” e só libertá-los caso aceitem tocar nos dois próximos jogos, sob risco de não devolvermos mais a sanfona do senhor Chiló, que está virando não o rei do baião, mas o “Rei do Pantim”.

É hora de sacar as bandeiras, vestir o manto coral, comprar o ingresso extra, para quem está liso (a situação do país está braba), chamar os velhos camaradas de ofício para a missão inicial de 2015 – vencer as duas batalhas contra o Central.

Precisamos esquentar essa relação.

Não podemos fazer como o Congresso Nacional, que pretende terceirizar tudo.

A paixão coral não se terceiriza. O ano, de verdade, está apenas começando.

A cobra coral está chegando…

Amigos corais, acabo de desligar o rádio sem sofrer um colapso cardíaco. Gol de empate no apagar das luzes e a massa coral fazendo festa na Ilha.

Saí à janela do meu apartamento e gritei:

“A cobra coral está chegando, porra!”

Depois, abri a primeira latinha do dia (é verdade, se eu beber durante transmissão pelo rádio, fico meio louco), vim escutar os jogadores do Santa, saindo de campo.

Peitos estufados. Discurso da raça. Que iriamos buscar a vitória até o fim o jogo. Que vamos fortes para a semifinal.

E o detalhe típico coral. O atleta João Paulo com a camisa sangrando, no lance do gol.

Sangue e suor.

Os críticos de plantão vão botar defeito nisso, naquilo, mas o importante é que o time saiu da Ilha com um empate que teve gosto de vitória. Jogamos grande parte do jogo com um jogador a menos.

Agora é contar os dias para o primeiro jogo. Arruda entupido de corais.

ps. Agora começou a choradeira do Náutico. Não tenho paciência.

Cerveja nos estádios (II): o falso moralismo e a liberação em outros estados

é a fraca!
Damos prioridade a quem patrocina o Santa!

Nada como uma Sexta Feira Santa para seguir minha breve (e inútil) série de textos sobre a imbecilidade que é proibir a venda de cerveja nos estádios, sob o argumento de que ela gera mais violência.

Os diversos comentaristas deste afamado Blog são rápidos nas críticas à situação financeira do clube, como se isso – a falta de dinheiro – não tivesse relação com a capacidade administrativa de gerar soluções, prever problemas, conseguir pagar atletas de maior qualidade. Nossos apaixonados corais esquecem que temos pouquíssimas (e fracas) fontes de renda. Ou será que o PSG é um dos melhores do mundo só por causa da eficiência administrativa?

Nossas fontes: o dinheiro dos sócios em dia (que não é lá essas coisas); o dos jogos no Arruda (que não estão sendo muitos), e o da cota da TV (que é uma merreca, se olharmos o tamanho do Santa).

O dinheiro da venda de cerveja, pelo clube, é uma fonte importantíssima de renda para o Santa, que tem uma torcida que costuma lotar seu estádio. Outro dia conversei com um especialista da área e ele me informou que o cálculo é simples – uma média de três latinhas por torcedor. Ou seja, um público de 15 mil pessoas = 45 mil latinhas. Faz falta não? Do ponto de vista estratégico, essa aprovação vai ter um impacto enorme nas finanças corais.

O Sport, nosso principal rival, recebe seu cheque de R$ 3 milhões por mês. Vai se preocupar com o trabalho de vender cerveja? O Santa, este ano, vai receber, salvo engano, R$ 300 mil (por mês) de direitos da TV pela Série B. Além disso, começamos o ano sem dois patrocinadores: Copa do Nordeste e Copa do Brasil. Só com o time em campo, entra dinheiro no Arruda.

Depois escreverei sobre outra aberração em nosso futebol, que é a tendência à “espanholização” do futebol brasileiro, com base no excelente estudo de Emanuel Ferreira Leite Júnior, intitulado “As cotas de televisão do Campeonato Brasileiro: O “apartheid futebolístico” e o risco de “espanholização”.

Mas voltemos ao tema.

Se Pernambuco seguir a tendência nacional, a aprovação da venda de cerveja nos estádios vai ser até natural. Vejamos alguns exemplos de liberação que não representaram incremento nenhum na violência nos estádios:

Bahia – Liberou. Felizes os baianos;

Rio Grande do Norte – Liberous. Viva os potiguares;

Goiás – Uma liminar na Justiça garante a venda da cerva gelada. Grandes goiano;

Rio Grande do sul – Em 26 de fevereiro, a Câmara de Vereadores de Porto Alegre aprovou a venda (faltava a sanção do prefeito). Cerveja com chimarrão;

Espírito Santo – Venda liberada após votação na Assembléia Legislativa, em dezembro de 2014 (dos 24 deputados, 20 votaram a favor). O governador, que tem nome de jogador, Casagrande, já sancionou o projeto. Viva o Espírito Santo;

Paraná – A caminho, graças à união dos três grandes (que deveria acontecer aqui).

Vejam que ótima iniciativa. No começo de março, Atlético Paranaense, Curitiba e Paraná se juntaram, contrataram um escritório de advocacia fuderoso e entraram na Justiça, para liberar a venda de cerveja nos estádios paranaenses, proibida desde aquela onda conservadora-proibitiva que assolou o país, entre 2009 e 2010);

Pernambuco – Em tramitação. A favor, somente Náutico e Santa. Federação Pernambucana e Governo do Estado apoiam na surdina, mas não se pronunciam.

O projeto está agora na Comissão de Saúde, esperando o voto da relatora Simone Santana, para ir a votação em plenário. Vale lembrar que a cervejaria Itaipava, que patrocina a Arena Pernambuco, tem um contrato anual de R$ 10 milhões, e já pensa em sair. Como o sujeito vai patrocinar a sua marca de cerveja se o seu produto é proibido?

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Nestas muitas pesquisas que fiz, li inúmeros artigos, consultei portais, mas no portal do Grêmio na ESPN, assinado por Fernanco Risch (www.espnfc.espn.uol.com.br/grêmio) que encontrei alguém que pensa parecido comigo. Como hoje é Sexta-Feira Santa, e ainda nem molhei o bico com vinho, não vou ficar gastando meu latim. Vejam o que diz o nobre gremista:

“Autor do projeto que criou o veto às bebidas alcoólicas nos estádios, o deputado estadual Miki Breier (PSB-RS) já refuta a decisão da Câmara, alegando que, com a liberação, haverá mais violência nos estádios. Além disso, o deputado, em sua conta no Twitter, afirmou: “Vereadores de Porto Alegre poderiam ajudar na busca de segurança, restringindo o consumo de álcool ao
redor dos estádios, não liberando”.

Segundo a lógica do conservador Breier, para diminuir a violência, há de se proibir o álcool, pois ele seria a força motriz que leva uma pessoa a dar um soco no rosto da outra. Concordo que o álcool desinibe o ser humano a ponto de coisas absurdas, mas não é assim que se resolve um problema”.

Ele cita um fenômeno que ocorre nos estádios que têm proibição, e que já vi várias vezes (onde eu viajo, vou a estádio);

“Mas, já que o assunto aqui é bebida alcoólica, algo que ainda não é proibido no Brasil ao ponto de algum Al Capone contrabandear uísque, há também o álcool nos estádios. Torcedores entram com luvas cirúrgicas, cheias de vodka ou uísque, escondidas nas cuecas. Não é algo que se detecte, por mais que se reviste bem. No estádio, compram um refrigerante e misturam a bebida. Ninguém
percebe”.

E prossegue:

“Na Arena, já vi um torcedor abrir uma garrafa de cachaça na minha frente. Uma garrafa nova de cachaça. Eu ouvi o rótulo se romper. Depois de servido em um copo de Coca Cola, fui oferecido com a bebida. Tomei um gole pra ter certeza. Posso dizer que uma cervejinha teria caído bem melhor”.

Ele cita o caso da Copa do Mundo, onde adversários, lado a lado, assistiam aos jogos sem confusão.

“Não é a cerveja que dá um soco, é um ser humano estúpido”.

“Argumentos como este do deputado Miki Breier, que para diminuir a violência basta proibir o álcool, é compatível em dizer que, para evitar que as mulheres sejam estupradas na rua, elas devam ser atadas no pátio de casa, para que não corram riscos transitando pela cidade; argumentos como este são os mesmos que pedem torcida única nos clássicos, para evitar que adversários se digladiem”.

Para encerrar meu texto de hoje, pesquei o comentário do meu conterrâneo, o cearense e blogueiro Gabriel Lobo, no texto de Risch.

Ele diz que o vice-líder do Governo, Evandro Leitão, deputado estadual e ex-presidente do Ceará, propôs uma votação sobre o tema na Assembléia Legislativa. Ele é a favor da venda de bebidas, alegando que seu uso não é a principal causa de violência nas praças esportivas.

“No entanto, nesta semana, um grande absurdo chegou a ser debatido por uma deputada completamente lunática, Silvana Oliveira, pedindo uma votação estúpida (ao meu ver). A deputada, além de ser contra a venda de bebidas, sugeriu que nos estádios de futebol do Ceará sejam colocados bafômetros nas entradas para impedir que o torcedor que ingeriu qualquer tipo de bebida possa adentrar para assistir ao jogo”, diz Lobo.

Amigos, vamos à luta. Se a idéia da deputada chegar à AL de Pernambuco, estamos é perdidos.

Já pensaram, chegar ao Arrudão e encontrar um Bafômetro, junto à entrada? Seria a glória do falso moralismo, que vai reinando país afora.

Eu não sei como seria nas sociais, mas as arquibancadas ficariam às moscas.

Feliz Páscoa e vamos pra cima da coisa tricolor!