Cerveja nos estádios: Agora depende da gente (Parte I)

Amigos corais, na semana passada entrevistei o deputado estadual Antônio Moraes (PSDB). Não o conhecia pessoalmente. É um senhor de 61 anos, muito educado, gentil, conversa franca, me deixou boa impressão. Torce pelo Náutico e é uma voz quase solitária na Assembléia Legislativa, quando o assunto é o retorno da venda de bebidas nos estádios de futebol de Pernambuco.

Caso vocês não saibam (embora estejam sofrendo na goela), desde abril de 2009, foi proibida a venda de qualquer bebida alcoólica em nossos estádios. O projeto de lei 13.478 , apresentado pelo deputado Alberto Feitosa (PR) foi aprovado com tranquilidade (na verdade, quase por unanimidade). Estamos há seis anos vivendo com essa bobagem monumental.

Pois bem. Em 2013, Moraes resolveu ir à luta. Convocou uma audiência pública e levou para a Assembléia o Ministério Público, Federação Pernambucana de Futebol, Juizado do Torcedor (que se posicionou a favor, inclusive mostrando números favoráveis). Não havia nenhuma conexão real entre venda de cerveja x aumento da violência, porque neste período de abstinência, teve gente morta a tiros (defronte aos Aflitos) ou vítima de arremesso de uma privada (no Arruda).

O deputado descobriu que o projeto tinha grande chances de ser aprovado. Naquele momento, tinha apoio da Federação Pernambucana, dos clubes, do Governo do Estado (até porque a Arena construída em São Lourenço se chama “Arena Itaipava”). Começou a tramitar com o projeto, que já fora aprovado, inclusive, por três comissões da AL.

Com o passar do tempo, viu que “ninguém botava a cara nem se posicionava”. Ele defendia a volta da cerveja aos estádios, apresentava os argumentos, mas, na mídia, “era o único que mostrava a cara e levava chumbo”. Pela falta de apoio, decidiu tirar de tramitação. Se avançasse e fosse derrotado no plenário, era o fim do projeto (pois teria que começar da estaca zero, passar por três comissões novamente etc).

No dia 18 de novembro de 2014, sentiu que era o momento. O Brasil sediara uma Copa do Mundo que teve cerveja em todos os estádios. Pediu o “desarquivamento do Projeto de Lei 2153/2014”. Peguei uma cópia do documento. Há um parágrafo lindo:

“II – é autorizada a venda e consumo de bebidas alcoólicas em bares, lanchonetes e congêneres destinados aos torcedores, bem como nos camarotes e espaço VIP dos estádios e arenas, sendo que a venda deve iniciar 02 (duas) horas antes de começar a partida;”

Desta vez, uma novidade: o presidente do Sport se posicionava contra.

O projeto foi a votação. No plenário, estavam 25 deputados. Para ser aprovado e já valer, precisava de maioria simples – 13 votos.

“A gente tinha 18 votos certos”, lembra Moraes.

Mas há, na Assembléia, a “Bancada Evangélica”, com 10 deputados. O discurso deles é que vai aumentar a violência, que é um retrocesso etc. “Eles acabam influenciando outros deputados que nunca foram a um estádio”, diz Moraes, que é torcedor do Náutico e gosta de ir a campo.

Na hora da votação, o deputado Clodoaldo Magalhães decidiu “pedir vistas” para estudar mais o projeto e dar seu voto. Como estava encerrando a legislatura, o projeto foi arquivado.

Bem, para a conversa não alongar muito, o projeto já foi aprovado em duas comissões, está na Comissão de Saúde, e caminha para uma nova votação. Há uma possibilidade real de aprovação, mesmo com a posição contrária do Sport e o “em-cima-do-murismo”, do Governo do Estado (que não mostra a cara, mas se for aprovado, vai gostar muito).

Além disso, Alberto Feitosa, considerado “um calo” na tramitação do projeto, se afastou da Asembléia. Em fevereiro, assumiu a Secretaria de Saneamento da Prefeitura do Recife. Que faça uma grande obra de saneamento na nossa cidade e nos deixe, nós torcedores, em paz com nossa cerva gelada os 90 minutos.

Para Moraes, não faz o menor sentido continuar tendo esta proibição de vender bebida nos estádios de Pernambuco, quando estados como Ceará, Rio Grande do Norte, Santa Catarina, Bahia, já liberaram. “Há estados que nunca proibiram, como Goiás”, diz.

“O que está acontecendo é que o entorno dos estádios se tornou um imenso bar a céu aberto. As pessoas enfiam o pé na jaca antes de entrar. Não está ajudando nada, o torcedor esta, isso sim, é bebendo muito mais, chegando em cima da hora. Além disso, os clubes estão tendo uma perda financeira enorme. O próprio Estado, que tem uma Arena batizada de “Itaipava” poderia ser beneficiado, já que a Arena está dando prejuízos”.

Para a aprovação (sem data certa para ser votada), Moraes conta com um único aliado de verdade – o torcedor, que vai a campo, acompanhar seu time.

“As redes sociais têm grande força”, diz.

Em outras palavras, a bola agora está com a gente. Vamos mexer?

(Contato do deputado: antonio_moraes@alepe.pe.gov.br)

Vitória dentro e fora de campo

Amigos corais, costumo levar o radinho para o estádio, mas no jogo de ontem, fiquei surpreso. Ante de começar o jogo, o repórter entrou ao vivo, para entrevistar o presidente Alírio Moraes, que recebia nas tribunas do Arruda Jane Andrade dos Santos, coordenadora e parte da equipe técnica do escritório do Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância) para os estados de Alagoas, Paraíba e Pernambuco.

Unicef? Santa Cruz?

Eu não tinha bebido nada. Pensei estar delirando, já que acusam o presidente coral de ser um “Delírio”.

Não estava. Era uma ação estratégica de comunicação e marketing do clube, sob a batuta de Jorge Arranja, Inácio França e Laércio Portela.

“O convite foi feito em razão do novo momento pelo qual passa o clube”, explicou-me o senhor Inácio França, em entrevista exclusiva hoje de manhã, após a XII Corrida das Pontes.

A lógica é simples, mas nem todo mundo consegue associar simplicidade com a marca de um clube centenário como o nosso.

“Com a política de zerar o déficit do clube, o Santa Cruz está saindo da “clandestinidade” administrativa e fiscal. Por isso, precisa estar aberto para a sociedade, assumindo as responsabilidades de um clube de futebol na formação dos valores de todas as crianças e adolescentes, não apenas da sua torcida”, continuou Inácio, enquanto mastigava uma singela barrinha de cereais e lembrava do aniversário do filho Bruno.

Após pegar a medalha por ter completado bem a prova (não me disse o tempo), França seguiu detalhando a iniciativa, e o que ela pode representar.

“Uma das responsabilidade de todos os clubes de futebol, não apenas o Santa Cruz, é o de reconhecer que tem um papel de formação moral e social das crianças, adolescentes e jovens. Por isso, o santa se coloca à disposição do Unicef  para eventuais campanhas e projetos que envolvam o esporte educacional. Afinal, um clube de futebol pode alcançar corações e mentes de uma forma que nenhuma outra instituição consegue”.

Creio que só amanhã, com as matérias dos jornais e TVs, teremos uma ideia de como isso repercutiu na mídia.

A vitória dentro de campo e a classificação nos deixaram aliviados nesta caminhada de 2015. Demos um enorme passo para fortalecer o grupo de atletas, o treinador e todo um trabalho, que está apenas começando.

Fora de campo, o Santa Cruz começa a pensar em outros caminhos, novos rumos, horizontes.

Ou seja, nada nos impede de sermos um grande clube dentro e fora de campo.

Ps. Já tive oportunidade de trabalhar como consultor do Unicef, o suficiente para dizer que Jane Santos é uma grande mulher, amiga e torcedora apaixonada da Cobra Coral, filha de outro grande torcedor. Imagino a emoção que viveu, ao ser convidada pelo presidente para se associar ao programa “Sou Santa Cruz de Corpo e Alma”. Vou pedir que escreva sobre esta experiência.

Vai pra cima deles Tricolor!

Amigos corais, estou contando nos dedos os pontos para a classificação. Depois, começa outro campeonato.

Este ano, temos algo no horizonte esportivo, dentro e fora das quatro linhas. Vejo, sinto e percebo, na torcida rubro-negra, uma preocupação que beira ao pânico.

“A cobra coral não está morta!. Eles podem passar para o quadrangular final!”

Pior: O Santa cruz pode chegar à final do Estadual de 2015.

Sim, estou botando o carro em cima dos bois, mas quem deve ser razoável e racional é um economista, advogado, engenheiro, médico. Cronista coral não pode ter nada disso em seu cérebro. Deve ser totalmente irracional. Deve prever sempre o melhor, o imponderável, o impossível.

Os comentaristas de plantão vão dizer que temos problemas em várias posições do time, que o treinador é isso, que falta aquilo, há uma seleção de resmungões profissionais aqui no Blog do Santinha, mas o fato é que o Santa Cruz mudou, nos últimos anos, o equilíbrio emocional com o rival preto e vermelho.

Foram três lapadas seguidas, que deixou o time leonino na lona. Só perdemos aquela semifinal do ano passado porque aquele triste do Vica resolveu se acovardar. Nem gosto de lembrar daquele jogo fatídico, que nos levaria à beira do tetra.

Cada vez que encontro um rubro-negro e começamos a conversar sobre os muitos problemas nacionais, sinto no ar aquela nuvem escura em cima deles. É aquele incômodo existencial:

“Será que essa praga do Santa Cruz vai para a final com a gente, de novo?’, é o que sinto o rubro-negro pensando.

E uma suor frio de tensão vai escorrendo pela testa.

Então, camaradas, vamos logo comprar os ingressos para sábado. É jogar bem, ganhar e avançar na classificação e pensar nas finais.

Da arquibancada, já sinto o grito ecoar:

“Ôôôôôôô… Vai pra cima deles Tricolor!”

É tudo ou nada, doutora…

Amigos corais, ser cronista do Mais Querido tem suas alegrias e suas tristezas. A pior dela é a falta de assunto.

Eu, Gerrá e Inácio já gastamos uma fortuna com o celular, discutindo algum assunto para escrever, mas o time parece que transfere, para a torcida e para os cronistas corais, a falta da raça. O time está sem ritmo de jogo, a torcida está amuada e os cronistas estão caçando assunto. Essa derrota para o Salgueiro, parodiando o velho compositor, foi “de amargar”.

Lá vamos, mais uma vez, no domingo, para o “tudo ou nada”.

Hoje à tarde, terminando o tratamento dentário, a Dra Lúcia resolveu dar uma limpeza geral nos tártaros e descobriu uns pontos pretos atrás da arcada.

“O senhor toma muito café ou fuma?’

Tenho uma sorte danada para dentista que me faz perguntas com aquela broca roncando na minha boca.

“Hummmmmaaannns, respondi.

Quando fui cuspir, ela disse que não tinha entendido.

“Tomo muito café, mas em jogo decisivo do Santa Cruz, fumo dois ou três cigarros, por causa do nervosismo”.

“Ah, e já está tendo jogo decisivo?’, disse ela, acelerando a broquinha.

“Hummmchhhtrooo”. continuei.

Eu tentava dizer à dentista que o Santa vive uma fase que é cruel – todo jogo é decisivo. Cada ponto é de vida ou morte. O pênalti perdido por Betinho, contra o Náutico, nos custou dois pontos. O gol que levamos contra o Salgueiro, domingo, mais um (estava caminhando para o empate). Era para estarmos com três pontos a mais.

Mas de que adianta? “Era” e “Se” não funcionam para o futebol. Aliás, não funcionam para porra nenhuma na vida. Ficam entre o passado e o impossível.

Só tem uma saída. O time entrar comendo a grama, domingo, se impor como time grande, e ganhar. Precisa alguém que grite, dentro de campo, que puxe a responsabilidade.

A outra saída é a torcida se invocar e encher o Arrudão, empurrar o time, e arrancar a vitória. A torcida tem que dobrar o tamanho dos pulmões.

Fazer como aqueles dentistas brutais, que arrancam o dente na marra, usando aquele alicate alemão.

Se o Santa ficar entre os quatro, começa outo campeonato. Essa frase é típica de cronista fora de forma.

Mas vale.

Não negociem nossa alma!

Amigos corais, não sei quem negocia (ou negociou) os jogos do Santa Cruz com a Arena Pernambuco. Não sei quem é consultado. Não sei se o tal “Conselho Deliberativo” delibera alguma coisa. Não sei quanto entra (ou entrou) de dinheiro a cada jogo – e para onde vai (ou foi)  este dinheiro. Não sei de nada sobre essa estranha forma de tratar nossa casa, que é o Arrudão, um dos maiores estádios particulares do mundo.

O que está acontecendo, amigos, é que estão negociando nossa alma.

Quando saio de casa, para ir ao Arruda, saio rindo. Sou tomado de uma alegria particular, só minha, como o sujeito que recebe uma declaração de amor da mulher que ama, antes de sair de casa. Sei que vou encontrar a minha torcida. O meu povo. A massa coral, tão múltipla e indecifrável, quanto bela.

Tomo uma latinha de cerveja aqui em dona Nita, na frente do prédio, vou andando até o Parque 13 de Maio, pego um ônibus na Cruz-Cabugá – que já vem lotado de corais -, e em dez, quinze minutos, estou na porta do Arruda.

No entorno, barracas de cerveja, espetinho esfumaçado, macaxeira com charque, latão, latinha, promoção, aqueles sandubas misteriosos que o sujeito só come na beira do Arruda, ônibus passando, carro chegando, bandeiras, bandeirolas, casas com gente na calçada, tomando umas, escutando “Santa Cruz/Santa Cruz/Junta mais essa vitória…”

Ouso dizer que a Zona Norte do Recife, uma das mais povoadas da cidade, muda todo o seu cotidiano. Os morros descem. A geografia se modifica. Uma nuvem de paixão e poesia ronda e arranca as pessoas de casa.  É uma procissão de apaixonados. O Arruda, por sinal, pode ser visto de vários bairros, de muito longe.

Encontro com os amigos, biritas, enfrento a complicada entrada no estádio. Vou por debaixo das arquibancadas, aquele corredor que lembra um “túnel da torcida”, que vai mesmo entrar em campo, até que chego às arquibancadas e um portal se abre. Está lá, o graminha verde coral, o cheiro da torcida, a nossa casa. As figuras que conhecemos, mesmo sem saber o nome direito. A certeza de que, naquele lugar, muitas glórias aconteceram, muitos craques passaram, gerações se abraçaram, riram, choraram, se emocionaram, cantaram. Ali, nossa felicidade se multiplica, e nossa dor é amparada.

Agora, temos esta novidade, esta petulância – os atravessadores da nossa alma.

Somos obrigados a deixar nossa casa para assistir jogos numa “Arena” asséptica, fria, distante, com jeito de primeiro mundo, fruto de uma soberba do poder. Um estádio distante de tudo, construído para as elites, que sonham com os 90 minutos numa cadeira confortável. Um estádio que provoca, no torcedor coral, um sentimento trágico – ele sai de casa já irritado, chega irritado, assiste a um jogo deslocado (parece que está na casa de um primo rico e boçal), e volta pra casa ainda mais irritado. Mesmo que o time vença, o sujeito chega em casa puto, dizendo que não vai mais.

Falta tudo no entorno da tal “Arena”. O que seria uma “Cidade da Copa” é um descampado, incapaz de oferecer um reles boteco, um fiteiro, um muquifo, para o sujeito escorar o cotovelo e pedir uma cerveja, uma moela, uma cabidela. Um estádio para quem tem carro. Para quem tem dinheiro. Para quem tem paciência vendendo e sobrando. Para quem é corno manso.

Fui uma vez, no jogo contra  a Luverdense, e prometi nunca mais voltar.

Depois da primeira vitória contra o Náutico, me animei para ir, botei meu nome na Van que saía do Poço, mas aos poucos fui pensando melhor:

“O que eu vou fazer naquele fim de mundo, se temos a nossa casa, que é o Arruda?’

Arranjei uma desculpa fajuta e não fui. E não vou nunca mais.

A decisão é simples. Quero que qualquer dirigente do Santa Cruz, em qualquer tempo, qualquer gestão, seja qual for seu partido, ideologia, classe social, saiba que a nossa alma está no Estádio do Arruda, e com isso não se negocia.

Dizem que já “venderam” cinco jogos da Serie B deste ano para a Arena. Isso, para mim, é um crime contra o clube e sua imensa e apaixonada torcida. Precisamos juntar nossas forças para reverter isso o mais rápido possível.

No último domingo, escutei o jogo pelo rádio. A única coisa que eu pensava era como estaria o Arruda, no mesmo horário. Todos sabemos como estaria o Arruda. Estaria cheio. Estaria em festa.

Minto – pensava em outra coisa – na grande sacanagem que é botar a massa coral dentro daquela Arena gelada e sem alma.

Repito – não negociem a nossa alma.

Quero o meu Arruda de volta. Arena nunca mais.

Nem eu!

Amigos corais, sou um distraído convicto, por isso já me livrei de muitas frias. Não percebia as picuinhas nas redações de jornais, conversava amenidades com quem queria me ferrar e perder vôos, esquecer malas e outras coisas, a gata fora de casa, são fatos já assimilados como normais pela minha companheira Sílvia.

Quando o assunto é futebol, sou o mesmo. Teve um jogo em que fiquei  soltando os cachorros num lateral direito, chamava-o pelo nome direto, ele não acertava um cruzamento, até que teve uma hora que um torcedor tirou o fone do ouvido e me disse:

“Fera, esse cara não está jogando hoje não”

Glub.

Domingo passado comecei a me redimir. Fui ao estádio com radinho de pilha e tudo o mais, para saber o nome de todos os atletas corais e depois falar de cada um, em nossa mesa-redonda coral, que está em fase de conclusão.

Que maravilha! Logo me encantei com o futebol de um sujeito chamado “Biteco”, que tem cara e jeito de Santa Cruz. Cabeludo, cheio das manhas, toques rápidos, habilidoso. Estava botando fogo no jogo.

No segundo tempo a coisa, quero dizer, a situação, melhorou. O Santa mudou o lado do campo, e pude ver Biteco bem de perto, perdão pela frase desaprumada.

Demais. O sujeito literalmente pedia a bola. Estava com fome de bola. Toques rápidos, passe bom, eu já tinha meu primeiro ídolo de 2015 – Biteco.

Tinha um bufão debaixo da barra chamado Bruno. Não sei qual foi o insight de genialidade para trazer, como titular, um sujeito que está, literalmente, em fim de carreira. A todo instante, o peseudogoleiro passava insegurança ao time. Sempre dando socos na bola, hesitando, fora que não conseguia bater um tiro de metal. Era cada bola osso para Renatinho, que eu vou dizer. Na primeira chance que teve, fez uma lambança (fez que saiu mas não saiu numa bola fácil) e levamos o gol. O castigo.

Mas estávamos a 15 minutos, teríamos uma boa meia hora para empatar e virar. Eu estava confiante. Biteco estava afim de jogo.

Pois bem.

“Substituição no time do Santa”, anuncia o locutor.

Quem será, pensei. Quem será que vai chegar junto para fazer tabelinha com Biteco e furar a retranca salgueirense, pensei de novo.

“Sai Biteco”, diz a rádio.

Aqui vai outra confissão, meus amigos. Eu não entendo uma vírgula de sistema tático, a diferença entre um volante e um meia me parece uma raiz quadrada, mas faltou pouco, neste momento, para que eu jogasse o rádio no chão.

Soltei o maior palavrão que me ocorreu. Saí andando pelas arquibancadas, pensando “estou doido, estou doido, só eu vi esse cara jogando uma partidaça”.

Foi quando a massa coral, num fôlego só, começou a gritar:

“Burro! Burro! Burro!”

Não, eu não estava doido.

Se eu fosse o Ricardinho, chamaria o quarto árbitro e diria:

“Ei fera, baixa essa placa que errei a numeração do jogador que vai sair”.

Lá vai Biteco, abandonando o campo. Cada passo que ele dava, rumo à lateral do campo me dava ganas de chorar – mas era de raiva!

Perdemos a partida.

Neste momento, o Santa Cruz Futebol Clube era para estar na terceira posição, com seis pontos, um a menos que o Central.

Estamos na lanterna, numa situação perigosíssima.

Nem eu, meus amigos. Nem eu faria uma desgraça daquela com o time e com a massa coral…

Noite emotiva

Amigos corais, eu não entendo esses editores do Blog do Santinha. Ontem à noite, estava meio cansado de tanta prévia, liguei para Inácio só para constar. Sabia que ele tinha operado recentemente o joelho, estava de molho em casa, era quase impossível ir à festa de 101 anos do Santa, na sede.

“Tô só esperando Gerrá, que vai passar aqui para me pegar”.

A frase foi meio problemática, mas tudo bem.

Eu estava na Rosa e Silva, entrei num posto e peguei uma Heineken. Se Inácio, recém-operado, vai ao Arruda numa terça-feira à noite, eu é que não vou vacilar. Gerrá pegou Inácio e me deu carona.

Chegamos lá, tomei foi um susto. Uma baita organização, à beira da piscina, palco, música de ótima qualidade, um mar de torcedores do Mais Querido. Luciana Félix esteve à frente da iniciativa, e mostrou como se faz uma festa bonita, organizada, de qualidade. Fora isso, uma Itaipava gigante de plástico e os garçons passando com a bichinha gelada.

Reencontramos vários amigos, conversamos muito, mas um momento realmente emotivo foi quando fomos apresentados a Fátima Albuquerque, filha de Sebastião Rosendo, autor da inesquecível canção “Santa Cruz de corpo e alma”.

Ela veio do Rio de Janeiro, para prestigiar o evento. Estava emocionada, feliz, radiante, com a lembrança.

Falou com orgulho do pai, que fez uma música em 1942, e que segue emocionando a massa coral.

Depois, André Rio cantou e a galera acompanhou este que é um hino afetivo do Santa, que o sujeito ensina ao filho antes mesmo dele nascer, e que onde o sujeito estiver, e ela tocar, ele fica arrepiado.

Só para relembrar:

“Eu sou Santa Cruz
De corpo e alma
E serei sempre de coração
Pois a cobrinha quando entra no gramado
Eu fico todo arrepiado grito com satisfação

Sai,sai Timbu
Deixa de prosa,
O seu Leão
Periquito cuidado com lotação
Que matou pássaro preto

Santa Cruz é campeão”.

ps. pedimos a Fátima que escrevesse um texto sobre a noite de ontem. Aguardemos.

O que dizem nossos leitores sobre o clássico

Amigos corais, os três sócios deste blog farraparam miseravelmente ontem, e acabaram perdendo o jogo. Cada um com seu motivo.

Inácio França- Se recupera de uma torsão no joelho esquerdo, na pelada que joga toda sexta-feira, na AABB (joga no ataque e dizem que é melhor que o atacante coral que estava em campo);

Gerrá Lima – Estava curtindo o último dia das férias com a família, na praia dos Coqueiros e só chegou hoje de manhã. Me ligava a cada cinco minutos para saber de alguma novidade;

Samarone Lima (este que vos escreve) – Foi para duas prévias, durante o dia, e à noitinha já estava confundindo urubu com meu louro. Sáo lembra de ter ligado o rádio e escutado que o “pênalti do Bileu foi absolutamente desnecessário), e que, ao final do primeiro tempo, o comentarista disse que “o time da coisa, digo, do sport,  não chutou uma bola para o gol do santa nos primeiros 45 minutos”.

De formas que resolvemos deixar com os nossos leitores uma parcial do que eles viram no primeiro jogo do Santinha de 2015, recolhidos dos comentários. Vamos lá:

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Cadu

Mas eu vou dizer uma coisa: Apesar de perder o jogo eu gostei do time.

– A zaga esteve bem;
– Esse Edson Sitta é bom jogador;
– O ataque é arisco e deve melhorar com entrosamento.
– O goleiro esteve inseguro no primeiro tempo, melhorou no segundo e não teve culpa nos gols.
– Enquanto estávamos em igualdade no placar o time era até melhor.
– O time não se acovardou. Jogou pra frente;
– Renatinho é melhor que Pedro Castro;
– Raniel é titular fácil no lugar desse Tiaguinho.

Sei que tá todo mundo arretado, mas tenho a impressão que esse time vai engrenar.
Desanima não. Tem jeito!

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marcelo almeida

Apesar da derrota, também me surpreendeu positivamente, até Bileu começar a ser infeliz ou sentir saudades, sei lá…O ataque também taca pesado e lento, são bancos…Pedro Castro e Tiaguinho pareciam um velocipede comparado a velocidade de REGIS…

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Coral

eu saí animado com o time que parece promissor. isso sim. Ricardinho não se acovardou. Só não concordei com Betinho e Pedro Castro entrarem de frente.

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alexandre Dias

fevereiro 1, 2015

A coisa joga igual ao Santa Cruz de 2011/2012 (ZT). A única diferença é a melhor qualidade técnica.

alexandre dias

POSSO PROVAR O QUE DIGO COM BASE BI JOGO DE HOJE (ontem)

A coisa se manteve na defesa no 1º tempo e sequer teve chance de gol. Não deu sequer um chute e o perigo de gol se dava nas lambanças do goleiro Bruno. O uniforme da coisa facilita essa observação. Eles marcam muito quando o adversário está com a bola e sabem contra atacar.

Eu só vi um time fazendo isso antes da coisa de Eduardo Baptista: O Santa Cruz de ZT. Ele era auxiliar na coisa em 2011/12 e parece que observou bem demais com um agravante: a melhor qualidade técnica de seu plantel.

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Mande seu comentário.

Vamos à luta

Amanhã recomeçamos a luta.

Todas as especulações, divagações, análises, expectativas, vão ser resolvidas já nos primeiros toques da pelota, no Mundão do Arruda.

Será que o time vai entrar mordendo?

Será que os novos contratados vão honrar o manto coral?

Será que a massa coral vai estar virada no “mói de coentro”?

Não sei.

Já teve começo de campeonato que o Santa era o mais lascado, o mais quebrado do trio da capital, e foi pelas beiradas, aos poucos, e papou o campeonato.

Quem vai?

Espero que domingo, tenhamos um ótimo material para publicar neste velho blog, que por sinal vai caminhando para seus dez anos…

Pré-temporada do Blog do Santinha

Amigos corais, a exemplo do nosso amado, idolatrado, louvado e centenário Santa Cruz, fizemos uma reunião de avaliação, no Pátio da Santa Cruz e decidimos que é fundamental a torcida fazer uma pré-temporada. Os cronistas corais também. Não podemos chegar ao primeiro jogo do amo fora de forma ou sem ritmo de jogo.

Por isso, estamos de volta à temporada 2015 do Blog do Santinha.

O novo time

Não posso comentar sobre as contratações, treinamentos, os que estão em fase de negociação, porque cada ano é um mistério a ser resolvido. Qual será o time do Santa deste ano que chega? Isso, nem o pai Bené de Ogum sabe.

Quem imaginava, por exemplo, que na época das vacas magricelas nós conseguiríamos um tricampeonato em cima do principal rival, sendo duas decisões na casa deles?

Quero que seja um time pegador, marcador, raçudo, que não deixe o adversário nem respirar em campo, e que tenhamos um matador lá na frente.

E não esqueçamos que teremos dois amistosos pela frente, precisamos chegar junto.

Dim dim

Uma boa notícia é que, com o bom resultado do Santa na Timemania, temos R$ 350 mil por mês para manter o salário da galera em dia.

Minha Cobra

Em entrevista à rede norteamericana CNN, o cronista Gerrá Lima disse que a Troça Carnavalesca Etílica Minha Cobra, Minha Vida” está garantida no Carnaval de 2015. Foram inúmeras tentativas negadas de patrocínio, mas a turma botou quente e já está tudo encaminhado. As camisas já estão sendo pintadas e a orquestra vai sair pelas ruas de Olinda pegando fogo.

TV Coral e programa de debates

Os integrantes deste Blog foram convidados para ter uma mesa redonda da TV Coral, e os procedimentos burocráticos estão nos detalhes finais (Gerrá pediu luvas bem altas e uma zabumba nova e Inácio cismou de querer que os dois filhos também participem, para aumentar a renda familiar), e devemos começar já no final de janeiro.

De formas que vamos ao glorioso ano de 2015, em busca de mais um título estadual e de mais outro nacional, o de campeão da Série B, para finalmente entrarmos em 2016 na série A.

E que os deuses do futebol estejam com o manto coral…