Disputa de terceiro lugar só vale a pena nas Olimpíadas. Aquele judoca que perdeu as semifinais, mas conseguiu passar para a disputa do bronze e consegue chegar ao pódio. É orgulho nacional, festa, entrevista, a porra toda.
Mas, no futebol, disputa de terceiro lugar é só melancolia. Numa boa, alguém vibrou com a última disputa, na Copa do Mundo, de nossa Seleção pelo terceiro lugar? Duvido. Morgação total.
Foi esse sentimento de morgação que senti no último jogo do Santinha contra as barbies do Capibaribe. Sábado eu estava na Casa Azul, espaço literário e sebo de Samarone lá na Rua Treze de Maio em Olinda. Estava lançando meu livro A Tempestade que ganhou o I Concurso Nacional de Literatura da Afeigraf-SP.
Gerrá e Esequias estavam lá. Foi muito massa. Casa lotada, bons papos, muitos livros e muita cerva. Mas era estranho como havia certo desinteresse pela partida. Claro que alguém pode citar a importância desse jogo para entrarmos na Copa do NE. Contudo, a melancolia é ainda maior. Esse atrativo parecia não colar.
Acompanhamos o jogo entre um gole e outro de cerveja, mas num ostracismo absurdo. Nem os gols e nem a vitória pareciam capazes de apagar a mágoa da eliminação contra o Salgueiro e da incompetência esdrúxula contra os coisados do Do Recife.
Melancolia é um bicho estranho. Vai se enroscando na alma do cidadão, fazendo casa e querendo tomar conta de tudo. Por isso é preciso combatê-la. A vida, a despeito da melancolia, segue.
O vazio que está presente agora é temporário. Entretanto, é preciso lembrar que os erros cometidos nesse início de temporada devem ser revistos e analisados de maneira profissional, entendendo os limites de nosso amado clube. Mas alguma coisa – ou coisas – tem que ser feito imediatamente. Não dá para procrastinar.
Na Casa Azul, durante o lançamento, conversei com alguns amigos sobre a crise que se abate no futebol pernambucano. A crise crônica do Central, o desespero das barbies e nosso eterno passivo. Um amigo foi taxativo:
“Era preciso adotar o modelo capitalista da Espanha. Quase todos os clubes por lá são Sociedades Anônimas. Chamem um porra de um sheik cheio da grana e vendam esses clubes falidos daqui. Na hora vocês vão ver o negócio funcionar. Tem muito neguinho que só faz mamar a séculos nas tetas de nossos clubes. Essa incompetência crônica e essas dívidas eternas não são de graça…. são pensadas para que alguém se dê bem”.
Ficamos bebendo e discutindo sobre o jogo do Santinha contra o Atlético e a famigerada Séribê. A casa de Sama transpirava literatura e melancolia futebolística. Uma tarde maravilhosa com pessoas maravilhosas.
O refrigério dos livros nos obriga a pensar sobre as coisas. A vida segue: vamos torcer pelo terceiro lugar, claro; vamos torcer por uma vitória na Copa do Brasil e infernizar essa diretoria para ajeitar esse time para a Séribê porque ali, meus amigos, o negócio é mais complicado.
É pau na leoa!
Meus amigos tricolores, ainda estou meio bêbado de ontem. Foi muita cana e muita alegria. Vamos deixar política, crise, incompetência, falta de transparência, repetição tática e ruindade do meio de campo um pouco de lado e falar do que interessa agora: nossa vitória!
É muito bom, muito bom mesmo – quase um orgasmo transcendental – ganhar do Do Recife. Eu repito sempre que esse timeco coisado não mete medo em ninguém. São fraquinhos e só têm goga.
O melhor de tudo são os memes e as gozações que bombam nas redes sociais e no zapzap. Um amigo me mandou uma musiquinha:
“Chegando lá na Ilha do Retiro, a cobrinha vai mais uma vez enrabar… essa leoa… que gosta de pica… e vamos todos juntos celebrar”.
É greia. Greia geral. E essa greia toda só foi possível por causa da mística que envolve o clássico e a superação contínua que o Santinha sempre mostra nessas situações. Finalmente a bola chegou lindamente em Pitbull. Que lance magistral. Que categorial inesperada de André Luís. E que comemoração zoada de Pitbull. O cara só faltou cuspir naquela bosta de escudo.
O nosso time levou pressão no primeiro tempo e Jacsson fez uma defesa espetacular. Estou na dúvida quem é melhor: ele ou Júlio César.
O primeiro gol foi uma boa troca de passes. Thomás soube cruzar na medida e Léo Costa não deixou passar. Golaço!
Depois teve aquela enrolação de Diego Souza e o árbitro caiu. O bom é que, estranhamente, levamos um gol naquilo que somos melhores: bola parada.
Por fim, meus amigos, veio aquela pintura que citei antes. André Luís passa por três marcadores em diagonal – uma coisa que sempre falei aqui – e Pitbull, quando a bola chega, é Pitbull. Pega essa porra!!! E porrada na cara da leoa.
Linda a camisa de Eutrópio. Vestiu o espírito tricolor. Isso é muito importante e faz toda a diferença.
Quarta-feira que vem será semana de prova na faculdade. Isso significa que às 20h30 estarei largando. Ou seja, irei correndo direto para o Arruda. E podem vir os baianos e a porra toda. Vamos estraçaiar.
É muita alegria. Não quero nem pensar em crítica ou seja lá o que for para não estragar o momento. Agora é só comemorar e esperar ansioso o jogo da quarta.
“Chegando lá na Ilha do Retiro, a cobrinha vai mais uma vez enrabar… essa leoa… que gosta de pica… e vamos todos juntos celebrar”.
É muita onda, papai! Quem é o papai da cidade? É o Santinha, sim senhor!
Greve Geral e Futebol
A década de 70 viu o florescimento, crescimento e consolidação das teorias neoliberais de Friedrich von Hayek e Milton Friedman. A teoria se tornou prática com a ascensão de forças conservadoras e liberais ao poder: Ronald Reagan, Helmut Kohl e, especialmente, Margaret Thatcher. A ideia central era desregulação, privatização e abertura comercial.
Com a crise do capitalismo à época, a aposta neoliberal esmagou os sindicatos e retirou o poder dos trabalhadores com a flexibilização da legislação em favor do Capital. O poder de compra do trabalhador despencou. Solução: engenharia financeira. Os cartões e as linhas de crédito, bem como o endividamento do trabalhador, se multiplicaram. O mercado de capitais começou a ganhar proporções alarmantes e ditar o ritmo das economias do mundo. E os países da América Latina tiveram que ceder e obedecer a esse ditame anglo-saxônico.
São famosas as cartas de Friedman e Hayek para Thatcher. Para controlar os trabalhadores e garantir os lucros dos capitalistas, Hayek sugere que Thatcher adote as medidas recessivas e agressivas da América Latina. A resposta da Dama de Ferro: “Mas aqui, na Inglaterra, o povo é mais consciente”. O que dizer, então, das manifestações dos franceses contra a perda de direitos hoje em dia e que a GloboNews e a Veja nem sequer mostram?
Esse mesmo neoliberalismo bateu a porta de nosso país. Interessante que até mesmo o próprio FMI – Greenspan e companhia – afirmou recentemente que essa nova onda de neoliberalismo causará ainda mais desigualdades sociais. Mariana Mazzucato – no livro Rethinking Capitalism – chega à mesma conclusão. Mas ao bater em nossas portas, as estratégias foram ainda mais agressivas. Os antigos Atos institucionais se transformaram em PECs. Sem discussão com a sociedade, fizeram votações esdrúxulas numa rapidez alarmante.
Para variar, os trabalhadores vão sair perdendo. E muito. Reformas que poderão acentuar, ainda mais, o crescente processo de favelização de nosso amado país. Basta ler Paul Mason (Pós-Capitalismo) e Domenico Losurdo, (Liberalismo) para entender que isso não é brincadeira. Por isso, o Blog do Santinha – os que escrevem e os que escreveram aqui – apóia plenamente essa Greve Geral de hoje. Ou vamos para rua, ou iremos perder direitos importantíssimos. Se duvida, busque no YouTube: Entrevista com Benjamin Steinbruch de 2014. Esse senhor foi o antigo presidente da Fiesp e defendia a perda quase que geral dos direitos trabalhistas. Profecia que está se realizando em 2017. Não é de se estranhar que o senhor Rodrigo Maia queira acabar com a Justiça do Trabalho. Atrapalha demais os capitalistas desse país quase medieval.
Foi essa mesma engenharia financeira que modificou, a partir das décadas de 70 e 80, a feição do futebol mundial. O Capital estava na Europa e de lá saíram as grandes potências atuais com modelos de gestão agressiva. A periferia, como sempre, saiu perdendo. No Brasil, vimos a migração em massa de nossos craques para o universo do grande capital. Era preciso unificar o capital aqui e o soneto foi o famigerado Grupo dos Treze. Sempre a velha e odienta exclusão. No nosso Estado, as crises começaram a minar os clubes – por incompetência própria e por impossibilidade de participar das grandes fatias do bolo.
Hoje estarei nas ruas. Cada um é livre para defender o que quiser. Sim, nós aqui somos de esquerda e respeitamos as opiniões alheias. E, com a consciência de classe de um trabalhador da educação, irei brigar por meus direitos para não morrer sem direito algum.
Amanhã, outro dia como cantaria Chico Buarque, estarei torcendo pelo meu Santinha para que ele apague a desgraça da desclassificação contra o Salgueiro e meta uma pomba na leoa. Mas sempre ciente de que é impossível deixar de ser um ser político. Aristóteles é incontornável. Mesmo no estádio, mesmo torcendo, sempre um ser político.
Série C à vista.
O pior segundo tempo da década. Esta frase define bem o show de horrores que nos deparamos ontem. Gerrá me mandou a seguinte mensagem após o jogo:
“Time fraco, treinador limitado e salários atrasados’.
Uma pena que essa seja, infelizmente, nossa triste e dura realidade. O pior fator, creio, é esse eterno dilema que temos em pagar os salários em dia. Já estou cansado de falar em transparência no Santa Cruz.
Também estou cansado de falar sobre a limitação e falta de criatividade de nosso meio de campo. Se já era fraco, com salário atrasado se torna uma desgraça.
E será que tem algum tricolor coral que não esteja puto com a falta de empenho de Eutrópio em mudar algo no time durante a partida no Sertão? Fiquei com a nítida impressão de que faltou vontade – vontade geral, por parte de todos. E Eutrópio parece que capitaneou essa apatia.
Evidente que não tem como não reconhecer a garra do Salgueiro e o empenho do time. O que nos faltou em vontade, sobrou ao Carcará.
É preocupante ver essa realidade e pensar em nosso futuro. Se algo não for feito imediatamente, estaremos fadados a amargar um retorno inglório à famigerada Série C.
Assisti ao jogo com amigos num bar na Boa Vista. Como o bairro é também reduto de estudantes do Sertão, metade do bar estava torcendo pelo Salgueiro. A outra metade estava atônita com a incompetência exagerada de nosso elenco e de nosso treinador.
O segundo tempo foi a concretização de uma desgraça anunciada. O Santinha batia mais cabeça do que metaleiro no show do Sepultura. É preciso inventar um colírio para calo na vista.
No final do jogo, a palhaçada de Barbio foi a gota d’água. Uma palhaçada só comparável à sua péssima atuação em todos os jogos pelo Santa Cruz. Um torcedor disse ao meu lado:
“Demite esse filho da puta, porra!”
Se a direção não tomar uma atitude rápida – e digo isso em termos simples, ou seja, rever esse elenco e apelar para a base ou algo que o valha dentro dos limites apertadíssimos de nossos recursos financeiros – estaremos fadados a ter um 2017 amargo. Muito amargo.
Até que eu estava com esperanças. Sou um otimista nato. Mas a realidade – nua e crua – fala mais alto do que qualquer esperança. Também sou um realista nato.
Vou sair agora para tomar umas e esquecer essa porra de jogo. E inventar novos palavrões para xingar esse elenco, nosso treinador, a diretoria e a presidência. Hoje, realmente, estou puto da vida.
Mas sempre Santa Cruz. Sempre.
Se deixarem, a gente entra.
Meus amigos tricolores, estou preparando um texto, a pedido do amigo André Tricolor, sobre a relação do capitalismo globalizado com o futebol – tema de extrema relevância e que nos afeta diretamente. Por enquanto, vamos comentar a rodada desse final de semana.
A nossa vitória contra o Salgueiro revelou alguns pontos fundamentais: Primeiramente, nosso goleiro está se firmando como um verdadeiro paredão – os gritos da torcida no início do jogo corroboraram essa impressão. Percebi como Júlio César é inteligente na saída de bola. Muitas vezes, quando ia lançar a bola para um lateral e via a chegada da marcação, lançava a bola para o outro lado. E quando é exigido na defesa, não tem nem o que falar, perfeito.
A zaga está se mostrando uma grata surpresa. Bem posicionada e segura. Poucas as vezes que fomos atacados com perigo. E a mudança de posição de Thomás foi excelente. Ele precisa melhorar o fôlego para render os 90 minutos.
Mas nem tudo é um mar de rosas. A transição do meio de campo para o ataque continua sendo um problema sério. Parece que quando a bola chega no meio de campo, um branco total se abate sobre os jogadores. Ficam perdidos. O posicionamento é equivocado, a falta de talento para tocar a bola é alarmante e falta o mínimo de criatividade. É preciso resolver isso o mais rápido possível. A tal da séribê está chegando.
E essa nossa incompetência crônica afeta o desempenho do ataque. Não tem Pitbull, Hottweiler ou Doberman que dê jeito. Se a bola não chega, é isolamento na certa. O ponto positivo – e posso até dizer que assombroso – é nossa bola parada.
Na primeira falta, a bola estava bem longe da meta adversária. Meu amigo Fábio Martins, que estava comigo no Arruda, não acreditou:
“Tá muito longe”, ele comentou.
“Vai ser gol”, eu disse.
O velho Anderson Salles foi lá e quase faz uma pintura. A bola foi caindo, mudando de rota – por um triz não tivemos um golaço. Mérito do arqueiro adversário. Mas que foi uma cobrança linda, foi. O mesmo se deu na segunda falta. E no pênalti, não tem nem o que dizer.O Arruda gritava num misto de loucura, alívio e felicidade.
Não sei se os amigos tricolores perceberam, mas tanto na Rádio Jornal quanto na CBN, durante a narração do jogo, toda vez que o Santinha ataca entra uma porra de uma propaganda. Isso é para deixar o sujeito puto da vida. Fiquei sem entender essa.
No outro lado, o Capibaribe segue sua sina. Mas mostrou que o Do Recife não mete medo em ninguém. Fraquinho.
Por fim, como disse um professor amigo meu sobre o Mais Querido:
“Meu velho, o time não é lá essas coisas, mas se forem deixando, a gente vai colocando a cabecinha e seremos campeões”.
Isso mesmo.
Surrealismo pernambucano.
Meus amigos tricolores, era 22 horas quando sai da faculdade nessa quarta. Liguei o rádio e só escutava uma coisa: “Não tem ninguém na Arena”. O elemento ilógico desse campeonato traduz a estupidez de uma Confederação que precisa, urgentemente, mudar essa fórmula.
Em casa, liguei a TV para acompanhar esse estranho jogo entre o Santinha e o Belo Jardim. A cena era tão surreal que, a cada gol do Mais Querido, as câmeras mostravam os poucos torcedores rindo, alezados, parecendo que tinham fumado uma maconha pra lá de estragada.
Vencemos de 4 a zero. Vitória relativamente fácil, uma vez que esse Belo Jardim não faz gol em ninguém. O resultado, inegavelmente, foi muito melhor do que o primeiro encontro. E, ao menos, fizemos dois gols que não foram de bola parada. Na verdade, nem precisa comentar muito o jogo. Todo mundo já sabe do que precisamos. O cara da TV repetia irritantemente: “O Santa Cruz não possui intensidade e criação”. É nada?!
Para além das críticas, creio que é preciso discutir possibilidades. Principalmente no que se refere à nossa saída de bola e a criatividade e transição entre defesa, meio de campo e ataque. Venho conversando com alguns amigos tricolores da cobra coral e as ideias que vão surgindo variam de acordo com a loucura, criatividade e conhecimento de cada um.
Se Tiago Costa e Vítor, que possuem bom posicionamento e bom domínio e toque de bola, não se limitassem, na saída de bola, a uma distribuição em linha reta, mas corressem em diagonal para abastecer o meio de campo de nosso lado? Se Parra jogasse mais ao meio, centrado, do meio de campo para o ataque, distribuindo bola para Pitbull que se alternaria entre esquerda e direita?
Nininho é uma oportunidade de criação? O retorno da zaga principal vai manter ou melhorar o padrão defensivo? Elicarlos, que está em transição no DM, permitirá, enquanto volante, um maior volume de jogo na transição? Pereira, que está indo bem, pode compor o meio e alternar seu posicionamento para dar agilidade ao meio de campo? Léo Costa irá compor, em definitivo, o elenco nessa arrancada final do PE e do NE?
Pitbull, para dar mais consistência ao ataque, deve ser assistido por quem? André Luís e Thomás devem treinar mais passes e melhorar o condicionamento físico para garantir o segundo tempo? Alguém duvida que, em bola parada, Salles faz? São muitas possibilidades e, mais do que respostas, questionamentos. É isso que temos e é essa nossa realidade.
Da minha parte, acredito plenamente que sairemos campeões das duas competições. Mesmo que alguns temam os baianos, eles, para mim, não metem medo porque não possuem nossa garra. O Do Recife é que não me mete medo mesmo. A folha de pagamento deles não traduz futebol. Penaram feio diante de um time de séridê. Até nossos reservas deram pressão nesse timinho.
No Pernambucano, o jeito é esperar que as semifinais comecem logo e que esse show de horrores – surreal em si mesmo – acabe logo. No Nordestão, é jogar com garra, treinar para acertar o que tem que ser acertado, mesmo com pouco tempo, e fazer a alegria da torcida.
Sugestões?
A oitava maravilha do mundo.
Meus amigos tricolores, é uma alegria imensa estar no Arruda. Há algo de místico nesse lugar, algo de sublime. Finalmente tirei o gesso do pé e, mesmo mancando, fui ver meu Santinha em campo. E o melhor: o Arruda estava cheio de tricolor. Que coisa mais linda.
Comecei a tomar umas às 13 horas na Bodega do Abel que é um grande tricolor português. Havia um clima de confiança no ar. Todo tricolor que eu conversava dizia a mesma coisa:
– Estamos classificados, professor. Tem erro não.
Às 16 horas estava no Arruda. Fiquei tomando umas e comendo os salgados do velho Abílio enquanto escutava a resenha pelo rádio. Eu me senti como se estivesse em casa. Era uma sensação de ter voltado de uma longa viagem e, finalmente, respirar o ar de nosso lar.
Apesar de estar sozinho – não consegui encontrar Esequias, Gerrá ou Samarone – eu não me sentia só. Bastava me virar e tinha um tricolor para bater um papo sobre o jogo e nossa futura classificação. O otimismo era surpreendente. O clima era muito bom e não tinha como não seguir aquela onda de felicidade.
Entrei pelo portão 7 para as arquibancadas inferiores. Fiz meu ritual de sempre: cerveja, cachorro-quente (o melhor do mundo) e espetinho. O Arruda estava tomado por sua torcida.
O início da partida mostrou que Eutrópio entrou para ganhar. A marcação na saída de bola foi pegada – o Santnha queria jogo. O primeiro tempo finalizou com a certeza de que iríamos ganhar – só não sabíamos como.
Até que, meus amigos, a oitava maravilha do mundo surgiu no segundo tempo. Quando o juiz marcou a falta na entrada da área do Itabaiana, eu me virei para os meus novos amigos tricolores de 90 minutos e disse:
– Eita, porra. Vai ser gol de Salles, meu velho. Vai ser gol.
Todos se abraçaram antes da cobrança e riam com a alegria mais profunda que existe. E não é que Anderson Salles fez o que ele sabe de melhor: bateu a falta com uma precisão cirúrgica. Que golaço. O Arruda explodiu. Todo mundo se abraçava novamente, gritava, pulava e chorava de felicidade. Até Juninho Pernambucano se rendeu diante dessa oitava maravilha do mundo.
A transição do meio de campo para o ataque ainda está fraca? Sim. Pitbull está mais isolado do que Tom Hanks numa ilha perdida? Sim. Everton Santos, André Luís e Barbio são ruins que doem? Sim. Falta melhorar a zaga? Sim. Falta um homem de criação? Sim.
Mas não quero saber disso hoje. Quero apenas dizer ao senhor Ailton Silva que ele vai calar é a puta que o pariu. Aqui no Arruda quem manda somos nós. Aqui é Santa Cruz, porra.
A sexy e o homem de criação.
Meus amigos tricolores, será uma vergonha se não tivermos, ao menos, 20 mil torcedores no próximo jogo do Santinha contra o Itabaiana aqui no Arruda no próximo sábado no horário muito louco das 18h15.
Sai voando da faculdade. Assim que cheguei em casa, liguei a TV e coloquei os fones do rádio. Minha esposa disparou na hora:
– Que doidice é essa? Rádio e TV?
-É, minha doidice é o Santinha mesmo – disse de olho no jogo e ouvido na transmissão do rádio. Isso é que é uma vontade de estar no campo.
O que me chamou a atenção, de cara, foi a péssima qualidade do gramado e a torcida sergipana que lotou o estádio Eltevino Mendonça. Nossa torcida tem que ter vergonha na cara e invadir o Mundão do Arruda. Não tem desculpa. Tirei o gesso do pé e vou tomar todas matando a saudade do meu time e de meu amado Arruda.
Quanto ao primeiro tempo, creio que “horrível” é pouco. Um espírito de lezêra pairava no campo. Até que Tiago Costa se arretou, levou a bola na intermediária e sofreu falta da zaga. E aí, meus amigos, pode chamar Anderson Salles. Como disse Pitbull: é o cara que melhor bate falta no Brasil. Exageros à parte, a cobrança foi perfeita. Salles foi o homem do primeiro tempo.
O segundo tempo começou mais arredio, mas a qualidade do futebol passou longe. A lateral direita do Santinha estava perdida. Vítor estava firme e segurou a onda. Na lateral esquerda, ao contrário, Tiago Costa dava segurança. A marcação, nesse setor, estava bem armada. No ataque, alguém me explique como é que André Luís não consegue fazer um cruzamento ou um passe que preste? E Pereira não contribuiu muito quando entrou no lugar do perronha.
Gino me surpreendeu. Muita vontade e boa movimentação. Pitbull não comeu ração e tava mais morto do que peixe na Páscoa. Barbio pode ir pra equipe de Usain Bolt ou para a puta que pariu. Meu filho, quem disse que você joga bola? Vá ser corredor, vá!
Júlio César, como sempre, muito seguro. E bom saber que temos Jacsson como reserva. Estamos muito bem servidos de goleiros.
Mas tem uma coisa que todos concordam: pelo amor de Deus, quando vai aparecer um homem de criação nesse time? Não tem como render ou criar sem esse elemento. Precisamos de um homem de criação urgentemente.
Enquanto o jogo rolava, Gerrá me mandou uma mensagem da musa do Santa Cruz, Madelayne, publicada no Facebook. Ela é atriz e modelo – inclusive modelo da Sexy. Teve um rolo com um colégio aqui no Recife. O tal colégio a acusa de ir vestida de maneira “indecorosa”. Eu acho é que as mulheres dos pais dos alunos ficaram é putas com ela desfilando pra lá e pra cá no colégio e tacaram uma circular defendendo uma moral burguesa do século XIX. Ficaram com medo. E medo, meus amigos, gera cada assombração. Hipocrisia estilo século XXI.
O Blog do Santinha dá todo apoio à nossa musa. Esperamos que ela também esteja no Arruda no próximo sábado. Como disse, não tem desculpa. É o caminho do bicampeonato – sai da frente que a cobrinha vai entrar.
O Clássico dos Reservas
O Salgueiro está se consolidando como a quarta força do Estado. Sendo assim, o futebol pernambucano possui, atualmente, quatro grandes times: Santa Cruz Futebol Clube, Clube Náutico Capibaribe, Sport Club Do Recife e Salgueiro Atlético Clube. As denominações de Futebol Clube, Sport Club, Atlético Clube e Clube Náutico são definições universais. Há vários Sport Club, Atlético Clube,Clube Náutico e Futebol Clube espalhados por aí. Vide Corinthians, Paysandu, Internacional etc.
Sendo assim, Pernambuco tem os seguintes grandes clubes na atualidade: Santa Cruz, Capibaribe, Do Recife e Salgueiro.
O Santinha vai enfrentar o Do Recife nesse domingo na Ilha da Fantasia e dos Festejos. Eutrópio já disse que vai entrar com o time reserva. Até Jacsson vai entrar no lugar de nosso paredão, Júlio César. Do Recife também virá com um time reserva ou misto.
Está todo mundo de olho na Copa do Nordeste. Por aqui, torcendo para que o Campinense dê um chute na bunda do Do Recife novamente. E torcendo para que o Mais Querido possa “estraçaiar” o Itabaiana. O Capíbaribe, na última rodada, como disse o AQUI PE, ganhou como nunca e foi eliminado como sempre. Coisas do futebol.
Mesmo com todas as limitações de nosso elenco, dá para perceber que estamos, em alguns jogos, evoluindo. Basta jogar com raça. Os outros clubes estão mostrando que há uma mediania, independente do valor das folhas de pagamento. Inclusive soube que os salários dos jogadores do Santinha estão em dia. O que é muito bom para a moral e o bolso dos jogadores.
Mas antes da Copa do Nordeste, teremos esse estranho jogo contra os coisados. Só pode ter sido um gênio do mal que decidiu por esse formato do campeonato pernambucano. Trata-se mais de um jogo com cartas marcadas. Joga-se esperando apenas as finais, sem muita empolgação no meio do caminho. Uma pena que seja assim.
Não é à toa que Eutrópio e Daniel Paulista estejam apostando as fichas num campeonato em que a grana é melhor e o resultado mais incerto. É preciso foco. E essa atitude, que julgo sensata e necessária, possui um lado que vai deixar as coisas bem esquisitas: o Clássico das Multidões será o Clássico dos Reservas. Será que os gandulinhas serão os reservas também?
Os reservas terão uma grande oportunidade nesse clássico tão atípico. Entretanto, quem viu o treino dos reservas contra o Agap deve estar para lá de receoso. Possivelmente, o time será Jacsson; Gabriel Vallés, Jaime, Eduardo Brito e Roberto; Wellington Cézar, Gino e Júlio César; André Luís, Wiliam Barbio e Facundo Parra. Vamos ter que aturar Roberto e Barbio. Fazer o quê?!
Desde a semana passada que estou com o pé direito no gesso. Perdi os jogos contra o Central e a Campinense e vou perder esse. Vou comprar umas cervas, preparar o tira gosto, ligar a TV e o rádio, deixar o pé pra cima e torcer por mais uma vitória do meu Santinha.
Pode ser o Clássico dos Reservas, mas ganhar dos coisados do Do Recife é sempre bom e faz muito bem para a alma. Além do mais, vai dar moral para os reservas – o que é fundamental para um time que participa de mais de uma competição ao mesmo tempo.
Alguém imagina o que vai acontecer nesse Clássico? Difícil, não? Mas Santa Cruz é raça, força e espírito de guerreiro – e arrisco um palpite: vamos ganhar de 1 a zero. E sem auauauau!
Bate-papo do blecaute
Meus amigos tricolores, eu estava lendo os comentários aqui no Blog da postagem anterior de Gerrá. Uma coisa me assustou: estamos apontando as mesmas falhas desde janeiro. O blecaute que o Santinha sofreu ontem na Arena é muito sintomático: os problemas apontados não foram sanados.. Foi um dos piores jogos que vi na vida – e foi, sem dúvida, o pior segundo tempo que já tive o desprazer de assistir.
Já está ficando repetitivo falar da transição de bola entre os setores de campo, a falta de domínio de bola, os equívocos de posicionamento, a falta de ataque, o isolamento de Pitbull, as trapalhadas das laterais e a ruindade mesmo desse time.
O amigo Guilardo citou uma coisa importante: o velho Eutrópio parece que não tem variação tática nenhuma. Há um marasmo na estratégia que chega a ser temeroso.
Tricolor Revoltado deu nota zero para Primão, Everton Santos e Barbio. Alguém, em sã consciência, discorda disso? Ainda mais revoltado, eu daria zero para Roberto e Léo Costa que estava irreconhecível.
Eu demitiria todos esses, dando chance apenas para Léo Costa. O resto pode ir para a puta que pariu. E, sem delongas, podem levar Eutrópio também. Dizíamos que ele não conhecia nossa realidade. Esse medo parece que está se confirmando. Se continuarmos assim, podemos dizer adeus à Copa do NE.
Madson e Genivaldo apontaram de maneira correta a insistência e falta de visão de Eutrópio: por que danado insistir com os perronhas? E os meninos de base? Sumiram do mapa? Pelo amor de Deus. André Tricolor citou as possibilidades de colocarmos Marcílio, Sheik e Salles. Eutrópio passa a semana com frescurinha sobre o elenco e escala uma bosta de time desses. Não dá, meus amigos. Paciência tem limite.
Meus amigos sabem que sou um cara otimista. Mas, também sou filósofo, logo o pensamento crítico se faz presente. Um otimista realista tem que encarar a verdade, a realidade nua e crua. E nossa realidade, agora, não é das melhores.
Estou puto da vida com esse jogo. Perder para as barbies é foda. Alguns podem até acreditar que esse time é razoável para a Série B e que, ao menos, permaneceremos lá. Não, não é. Esse time está abaixo do razoável.
Se continuarmos nessa pisadinha, podem preparar a paciência e o saco para ver jogo da Série C em 2018.
Ou a mudança surge logo ou o gosto amargo da incompetência será o prato do dia por um longo tempo.
E já que esse post é um bate-papo, o que os amigos tricolores esperam de nosso futuro?
Irei ao Arruda dia 18 cabreiro com esse time. Imagino o coração na Série B.