Passado de glória. E o presente?

Vocês se lembram do Bangu de Castor de Andrade? Fundado em 1904 – 10 anos mais velho do que o Santa Cruz – o clube carioca tinha destaque no futebol brasileiro nas décadas de 60 e 70. O estádio Moça Bonita foi palco de jogos antológicos e o Banguzão protagonizou cenas inesquecíveis dentro de campo quando o bicheiro mais famoso do Brasil mandava por lá. Tinha até Escola de Samba homenageando os alvirrubros.

Mas, assim como a Portuguesa que teve seus dias de glória, o Bangu decaiu tanto que hoje é quase esquecido na quarta colocação do grupo A7 da Série D. Essa competição desumana que conta com 8 grupos, tem em seu plantel equipes como o Moto Club, América-RN, Central, ASA, Gama e Joinville brigando feito cachorro louco para sair do inferno.

Parece quase natural que surja a seguinte questão: será que o Santinha, que já teve seus grandes dias de glória, está fadado a amargar o mesmo ostracismo futebolístico do Bangu? Evidente que há um quesito que nos distingue dos infortunados cariocas: a nossa enorme torcida.

Mas sem jogar, como a torcida pode ajudar seu time com a renda? E para  ter um número razoável de sócios em dia é preciso, antes de tudo, uma boa administração do futebol e que os resultados venham. Só marketing – e isso se bem feito – não é suficiente para motivar ninguém a gastar uma grana extra sabendo que a zona está comendo solta.

Digo isso porque no último dia 20, após o Santinha se lascar nos pênaltis contra o Floresta, o presida Joaquim Bezerra apareceu em uma entrevista ao vivo no programa Jogo Aberto Pernambuco. Foi uma das falas mais sem noção que ouvi na vida. O cara vai se afastar, não vai renunciar, pois há um CEO vindo que vai fazer o que ele está fazendo – e ele tem que se afastar para que o cara faça o que ele não fez – para depois ele voltar depois de 30 dias para fazer o que o CEO passou 30 dias aprendendo a fazer. Puta que pariu, que papo para boi dormir do caralho.

Seria muito mais honesto se ele dissesse: “Fui vice de ALN, lutei como vice com Albertino e meu sonho sempre foi ser presidente do Santa. Usei o ProSanta para me eleger. Vocês não se lembram que antes da eleição eu nem era carta do baralho? Realizei meu sonho, mas reconheço que quem nasceu para vice não pode ser presida. Reconheço minha incompetência e que tudo foi uma armação arretada. Vou seguir o conselho de Gerrá do Blog do Santinha: venho a público pedir para cagar e sair”.

Já corre solto nas redes sociais que Joaquim vai dar o lavra e nunca mais vai retornar. Na torcida.

Em outra entrevista, o novo CEO – adequadamente chamado aqui de Cargo Erroneamente Oferecido pelo DJ Magrones – Marcelo Segurado apareceu com um papo mole de coach que ninguém é idiota para achar que aquilo é o que ele chamou de “estamos fazendo o planejamento para 2022”.

O caba foi gerente de futebol do Goiás e Ceará e teve bons momentos no cargo e outros medianos. Mas, para além desse histórico, é bom lembrar a grana que transitava por lá e que, por aqui, será uma realidade bem diferente. Segurado vai ter que segurar o cu para lidar com a tromba de uma folha de 250 mil e problemas internos que parecem devastar e minar a cada dia o Mais Querido.

Temos um Conselho Deliberativo sobre o qual não sabemos nada, a tal transparência tão celebrada era balela, não temos uma política de responsabilidade fiscal e administrativa – algo que falamos desde sempre – e talvez seja necessário criar uma organização dos sócios para discutir nosso futuro. Acreditar que um nome apenas – e ouvi falarem em ALN, Alírio e Mirinda (o retorno dos que não foram) – seria a nossa salvação, é ingenuidade demais.

Clubes grandes entraram na linha de decrepitude futebolística e se reergueram com projetos coletivos, muita organização e verdadeiro conhecimento da ciência da administração de futebol. Vemos times como o Grêmio, Santos, Cruzeiro e o Do Recife em uma crise eterna por má administração e dívida que só a porra.

Por aqui, temos que pensar e agir porque, até ano que vem, não tem jogo para comentar. É só chanha de bastidores, política e administração. Pau na moleira.

Salve – e salvemos – o nosso Santinha!

PQP na norma culta.

Depois de 586 dias, a noite prometia ser de alegria, de reencontro da torcida coral com o Santinha. O clima era para lá de ambíguo: havia um entusiasmo que tropeçava na desconfiança de tanta má gerência.

Cheguei cedo na Arena e encontrei meu amigo Lampi e sua filha, Anna Sophia (pense em uma torcedora instigada). Comprei uma porrada de ticekts de cerveja, tomei meu assento e me emocionei quando o Santa Cruz, o Mais Querido, entrou em campo. “Porra, eu pensei, que sensação fuderosa essa de estar novamente no estádio. Uma pena que não tenha sido no Arruda”.

O jogo, no início, me surpreendeu. Lelê e Tarcísio pareciam cheirados de um pó das bandas do Rio de Janeiro. Pipico estava dando o sangue como eu não tinha visto na Série C. Qualquer um pensaria: “Porra, agora vai. Vamos ganhar”.

Mas creio que a maldição do ProSanta é maior do que tudo. Pense em uma zaga de bosta. Inacreditável. Leston Jr realmente conseguiu armar o time e parecia que a energia da galera estava diferente. Havia esperança no ar. Não sei se a esperança é a primeira ou a última que morre, mas sei que ela tomou no rabo.

Não há como culpar nosso treinador. Nossa zaga, esta sim, foi de uma incompetência absurda. Claro que perdemos uns dois a três gols feitos, mas os vacilos da nossa zaga foram de deixar cardíaco internado vendo o Insta do Recife Ordinário e espumando de raiva.

Antes do jogo, acompanhava o Escrete de Ouro da Rádio Jornal e ouvia meu amigo Marcelo Araújo perguntando sobre Freud e a psicologia esportiva. Com O ProSanta, minhas amigas e meus amigos, não tem psicologia que dê certo. Não dá. O nível de amadorismo, incompetência e nulidade dessa galera bateu todos os recordes que qualquer gestão – e isso penso nas piores das piores – possa ter alcançado.

Lampi postou no grupo de amigos do Nóbrega uma foto nossa na Arena. O grupo de malucos se chama 4.4 e ébrios do Nóbrega. 4.4 era como chamávamos os 4 amigos que sempre bebiam juntos na saudosa Via Veneto. Esse tempo bom parecia reverberar nessa noite. Alegria da porra. Acreditamos, sim. Mas nos fudemos.

Além da maldição do ProSanta – algo como um filme de terror de Christopher Lee e Peter Cushing misturando Edgar Alan Poe com Lovecraft – ainda temos que aguentar a porra da maldição de Pipico. Sinceramente, já deu. Valeu, Pipico. Foi massa. Mas hasta la vista, baby. Perder a porra de um pênalti em um jogo desses é foda.

No final do jogo, a Inferno Coral deu o caralho, invadiram o campo, os vestiários e foi uma confusão arretada. Estamos fudidos e mal pagos com essa diretoria. Realmente, nunca vi um pessoal tão inepto quanto essa galera do ProSanta.

Gerrá, em texto anterior, pediu para Joaquim e companhia pedirem para cagar e sair. Tentei ser racional até agora. Mas, de boa, encheu o saco. Não dá mais. Está na hora dessa turma de aventureiros reconhecerem que não entendem porra nenhuma de futebol e desaparecer do Santa Cruz. Não é só sair, não é impeachment… sei lá. É desaparecer mesmo.

Como diria o grande mestre Wittgenstein: sobre aquilo que não se pode falar, deve-se calar. O ProSanta provou, para si mesmo e em si mesmo, que são apenas uma turba arrogante de ineptos. Meu respeito a Leston Jr. Acredito que ele se fudeu de trabalhar para organizar essa bosta de time.

Paulinho e Didira. Porra… como esquecer? Essa noite da Arena foi frustrante demais. Como disse Gerrá – sempre Gerrá – é preciso dizer um PQP bem grande na norma culta do zap. Mas a hermenêutica nos mostra que pode ser para o bem ou para o mal. Em relação ao ProSanta… um PQP gigantesco de desprezo.

Nota: Cadê Alexandre de Vitória da Conquista, Wlad, Madson e Tricolor Revoltado (que deve estar revoltado pra caralho agora e que faz uma falta danada com as notas que dava para cada jogador). Voltamos, porra. Bora reclamar.

Ingresso é no Futebol Card.

Consegui comprar meu ingresso para o jogo de terça-feira contra o Floresta. Creio que foi um dos ingressos mais caros que comprei na vida: 75 paus para sócio. E uma mini odisseia se desenhou para essa conquista. Entrei no site do DNA Coral e não era possível comprar por lá. Nas redes sociais, havia uma confusão e desinformação de como efetuar a compra.

O ProSanta não consegue nem se valer de uma comunicação razoável para explicar para a torcida como fazer uma coisa simples como comprar uma porra de um ingresso. É incrível. Tive que ir ao Arruda me informar. Uma funcionária, extremamente simpática, me informou: “Você deve ir ao site do Futebol Card. Faz o cadastro e efetua a compra”. Aí, sim.Comprei.

Ainda bem que a pressão da torcida coral foi atendida e colocaram uns ingressos mais baratos a 40 reais. Claro que em uma crise dessas, e sabendo da realidade de nossas torcedoras e torcedores, não é tão barato assim. Estão cobrando ingresso de Série A para um jogo pré-Nordestão. Mas, mesmo assim, todos os ingressos desse setor foram vendidos. Pense em uma torcida arretada e muito louca.

Passado o perrengue, era hora de se concentrar no time e tentar entender como será a escalação contra o Floresta. Com carências de pontas, um meio de campo desarrumado e um ataque que ainda depende de Pipico, Leston Jr está se virando para conseguir montar um time minimamente competitivo.

Temos 3 jogadores brigando por uma posição: Ytalo Borba. Frank e Matheus Anderson. Se Matheus encarnar o Mr. Anderson, o Neo de Matrix, vai ser uma chuva de gols. Como a realidade não imita a ficção, é melhor ter dois pés atrás e pagar para ver.

Marcos Martins deverá compor a lateral. O caba conquistou o acesso à Série B pelo Botafogo de São Paulo. Que essa estrela de ascensão possa brilhar na Arena caso ele entre em campo. Digo isso porque, sinceramente, não tenho a menor ideia de como será nossa escalação.

Novos reforços foram anunciados como o zagueiro Maurício que jogou pelo Salgueiro. É tanta mudança com essa direção que não sabemos se acreditamos ou se os erros irão se multiplicar. O time voltou a treinar no CT Ninho das Cobras. Por falar em CT, a última inauguração não teve o presida presente, mas quem apareceu foi “vocês sabem quem” que deu as ordens por lá. Eita tempos difíceis.

Entretanto, o clima interno parece que melhorou bastante. Quero acreditar nisso. O meio-campista Tarcísio disse que acredita que irão fazer um bom trabalho e aposta na classificação para a Copa do Nordeste. Lembrou-me a célebre frase de Chico Buarque em Cotidiano: “Todo dia ela faz tudo sempre igual”. Tem momentos em que entrevista com jogador parece uma coisa gravada.

Bem, teve treino reforçado no feriadão, muito discurso bonito e motivacional. Uma pena que o jogo não será no Arruda. Não poderei comer o melhor cachorro-quente do planeta e nem sentir aquela aura mágica que envolve o estádio. Vamos peregrinar para a Arena, comprar cerveja cara e torcer, xingar feito loucos, berrar até ficar afônicos e espero – vocês sabem que sou um otimista inveterado – que possamos sair com a vitória.

Cara torcedora e caro torcedor, se você é uma dessas pessoas que está louca para comprar o ingresso e não sabe onde porque ninguém lhe disse nessa caralha, segue o link do site do Futebol Card. Basta se cadastrar e direcionar para o jogo do Santinha.

O site: www.futebolcard.com

E salve meu Santa Cruz. O Mais Querido!

Da lama ao caos.

Em 1986 surgiu uma banda que causou furor na cena musical brasileira por usar latas na bateria, misturar maracatu e funk com rock e berrar as letras como se fosse um lamento negro. Não, não é a galera do Mangue Beat que surgiu em 1991. Trata-se de uma banda de Sorocada, a icônica Vzyadoq Moe.

Muito possivelmente você nunca ouviu falar nessa banda. Mas é sabido que Chico Science era fã da banda paulista Fellini e vivia garimpando os sons de São Paulo. O Vzyadoq Moe antecipou tudo, é a verdadeira fonte.

Cheguei a tocar com Chico na sua primeira banda, Lostau, no Oasis, bar ao lado do Hotel Quatro rodas. O baixista faltou e fui convidado para dar uma palhinha. Caso você ache que estou dizendo lorota sobre a importância da banda de Sorocaba, basta pesquisar no Youtube:  Vzyadoq Moe, Rompantes de fúria.

Mas o que diabos isso tem a ver com o nosso amado Santinha? Bem, creio que a nação coral leu a notícia de que há um movimento de impeachment contra Joaquim Bezerra e que possivelmente ele deva ser afastado do cargo por 60 dias. O Conselho Deliberativo do Santa (seja lá o que danado isso queira dizer) vai colocar essa pauta em votação.

Ou seja, a melhor definição do que está acontecendo agora no Santa Cruz só pode ser a célebre frase do Mangue Beat: da lama ao caos. Como o vice pulou fora do barco – depois de atos de violência – é o presidente do Conselho Deliberativo quem deve assumir o cargo e convocar uma eleição suplementar. Se o impeachment for aprovado, será aberta uma votação para os sócios.

A lama já era uma realidade quando caímos da B para a C. Na verdade, quem esquece os salários atrasados na época de Grafite, Keno e João Paulo? Das cabeças, caímos feito uns doidos para a série B. Daí foi tanto erro de gestão – e o Blog do Santinha sempre esteve em cima dessas lambanças – que caímos para a C e aí permanecemos, amargando desgraça atrás de desgraça até chegarmos ao fundo do poço da série D.

Joaquim Bezerra é culpado? Sim, e muito. Todo o ProSanta e sua incompetência também o são. Mas quem o apoiou, acreditando que entendia de política no clube, que acreditou que era a inovação em pessoa, também é culpado. É preciso fazer um Mea Culpa nessa porra.

A culpa é das péssimas e destrambelhadas gestões passadas. É culpa dessa diretoria atual que – não canso de repetir isso – não entende nada de gestão de futebol e sempre esteve descolada da realidade.

Mas o caso do impeachment, eu, sinceramente, nunca tinha ouvido falar dentro do Santa Cruz. Quem tem que sofrer impeachment é Bolsonaro e sua corja que afundaram o Brasil, negaram a ciência e empurram cloroquina goela abaixo do povo,  entregam nossas riquezas, dilapidam os direitos da classe trabalhadora, destroem a educação pública, alcançaram a pior inflação em 25 anos, desemprego nas alturas, economia fudida e, pasmem, chegam a negar absorvente para mulheres carentes e se lambuzam em 15 milhões de leite condensado. É isso mesmo: 15 milhões.

Gostaria de saber de onde surgiu essa gana pelo impeachment dentro do Santa Cruz. Eu quero que o ProSanta vá para aquele lugar, mas defender o impeachment por causa de uma queda é abrir precedente histórico: com essa lista absurda de más gestões que passaram por aqui, não vai ter presidência ou diretoria que dure uma temporada. O bagulho é tão doido que o próprio Joaquim admitiu que vai conversar com o Conselho e pede união, um nome que possa reunificar o que foi esfrangalhado.

Que nome, meu caro leitor e minha cara leitora, vocês acham que poderia ocupar essa função e conduzir o time para fora da série D? Difícil, não? Será que esse povo que manda aí não tem nada além de vaidade e egoísmo perverso? Será que é impossível, em um clube tão grandioso e com uma história tão linda, que não se pense, antes de tudo, no Santa Cruz? Para o Santa Cruz e pelo Santa Cruz?

Pois é, da lama ao caos com rompantes de fúria. Assim seguimos nós em meio a uma tempestade de imbecilidade.

Autoestima.

Como eu havia prometido para mim mesmo, quitei minha mensalidade atrasada de sócio e estou em dias com o Santa Cruz. Sócio é uma coisa fundamental para o bom funcionamento de qualquer agremiação futebolística. Mas, sejamos sinceros, sem uma direção que pense no clube como um todo, estamos lascados e mal pagos.

Enquanto isso, a vida segue. Leston Jr. está pedindo a recuperação da autoestima dos jogadores do Santinha e assinala para a necessidade de planejamento para que possamos conquistar uma vaga na fase de grupos do Nordestão. Veio uma galera nova com ele: o assistente Jeferson Ribeiro, o preparador físico Gustavo Shiroma e o fisiologista Rodolfo Santos. Torcer para que acertem.

Os dois pedidos de Leston são justos e mais do que necessários em meio às lambanças que foram feitas nessa temporada por uma diretoria descolada da realidade e sem nenhuma noção de gestão de pessoas. Mas se não reconhecermos nossos erros e procurarmos ajustar o que precisa ser consertado, poderemos amargar uma eliminação precoce e passar o resto da temporada jogando com times de várzeas. E sejamos claros: autoestima é uma coisa tão essencial quanto respirar. Sem ela, o fracasso galopa. Com ela, dá para acreditar.

Com a saída de Frutruoso, Godoy e outros membros da alta cúpula – um enredo digno da trilogia John Wick – o nosso presidente, em entrevista recente, afirmou que busca, agora, harmonia interna do clube e afasta qualquer chance de renúncia. Pede união quando, de fato, o próprio ProSanta conseguiu dividir tudo e conquistar nada. E tu achas que iriam largar o osso assim, do nada? Chance zero de isso ocorrer. Nesse ínterim, estão buscando um nome para preencher a vaga do executivo de futebol. Cara torcedora, caro torcedor, qual sua sugestão para essa vaga? Pingaram os nomes de Luciano Mancha, Marcelo Segurado e Fred Gomes.

Na nossa situação atual, temos 23 atletas à disposição do treinador. Jadson e Ytalo Araújo são crias da casa, das divisões de base. Bora ver. Por falar em base, a uma questão que, no Twitter, tem muita gente reclamando que é o fato de nosso CT não ser nosso porra nenhuma e que uma galera de times de pelada é que manda. É preciso investigar isso aí. Trata-se de uma coisa séria, uma vez que a torcida chegou junto e muito para tornar esse antigo sonho coral em realidade.

Por falar em realidade, perdemos a chance de disputar a Copa do Brasil por causa da eliminação na semifinal do Pernambucano. Daí é concentrar energia para seguir na Copa do Nordeste. Teremos que passar por duas fases para alcançar uma vaga entre as 16 equipes que terão o privilégio de seguir na competição. E você, meu amigo e minha amiga, acredita que vamos conseguir passar? Depois de tantos erros, o melhor a fazer é entregar o jogo e se resignar? Ou o Santa Cruz é tão gigante que se dane a situação atual e vamos acreditar sim, pois há um DNA de guerreiros que perpassa nossas veias? Dá tua opinião aí.

Por fim – já que esse texto surge em meio a um interregno que incomoda e significa falta de receita – resta lembrar que o Governo do Estado liberou a entrada nos estádios. Será permitida a presença de 2.500 pessoas. Eita ansiedade arretada. Quem vai conseguir entrar nesse jogo decisivo? Vai ser lapada que só a porra, tipo os sopapos que ocorreram quando o sub-20 do Santinha venceu o Do Recife. Espero que organizem isso aí. E que, com o tempo e a população vacinada, possamos voltar logo à normalidade, seja em que série for e seja onde for. Santa Cruz, torcida, é coisa de louco. De doido mesmo. Uma doce e arrebatadora doidice cheia de uma autoestima que deve, a todo custo, ser recuperada.

Salve meu Santinha!

Doidice coral.

Eu estava tomando um chope na saudosa Budega do Abel quando vi Samarone entrando com uma porrada de livros na mão. Ele estava divulgando A Trilogia das Cores, 3 volumes que traziam uma caralhada de textos do Blog do Santinha escritos por ele, Gerrá e Inácio França. Uma seleção das melhores crônicas desse blog. O ano era 2015.

Eu já vinha realizando algumas parcerias filosóficas, literárias e artísticas com Sama. Essa parceria se tornou ainda mais ativa quando ele abriu o também saudoso Sebo Casa Azul nas ladeiras lisérgicas de Olinda.

O nosso amado Santinha estava em processo de eleição e a galera maluca do Poço da Panela – capitaneada pelo mais que saudoso e gigante Naná – começou a realizar umas feijoadas regradas a muita cana para divulgar as chapas. A maioria da galera estava apostando em Alírio.

Não tem jeito, somos seres de esperança. Ainda bem. Diante de uma crise, de má gestão, de desacertos e ruindade escancarada, a boa e velha esperança surge em nosso socorro. Conheci Alírio e sua trupe e acompanhei a vitória da chapa que, como sempre, prometia transparência, boa gestão e bons resultados em campo.

Uma das coisas que considero inegavelmente boa nessa gestão foi a contratação de Sama e Inácio para a comunicação do clube. É preciso entender que ambos são jornalistas formados, grandes profissionais que possuem todo o respeito da classe. Possuem inteligência, honestidade, clareza e um puta talento para escrever.

Foi aí que Sama veio falar comigo: “Zeca, a situação da grana tá meio apertada e recebi uma proposta de emprego foda: trabalhar na comunicação do Santinha”.

“Caralho, eu disse, que arretado, meu velho. Muito boa essa notícia”.

“Mas tem um problema, ele me disse, não poderei mais escrever no Blog do Santinha. Trata-se de uma questão ética. Tu sabes que o Blog é muito crítico, uma greia geral e não dá para conciliar as duas coisas”.

“Então, eu questionei, o blog vai fechar?”.

“Fechar uma porra, ele respondeu de uma tacada só. O Blog vai continuar. Pensamento crítico é uma coisa que nunca podemos desistir. Ainda mais quando falamos do Santinha. Por isso queria te convidar para entrar no blog e continuar nossa tarefa. Não posso escrever e descer a porrada, mas tu podes”. Daí ele me deu a Trilogia de presente. E que presente!

Puta que pariu, eu pensei. Que responsabilidade do cacete. Assumir a escrita em um blog que tem leitoras e leitores cativos e que vai perder, por uma questão mais do que natural que é a necessidade de grana, dois grandes escritores de uma tacada só. Os fundadores dessa bagaça. Mas aceitei o desafio na hora. Tricolor coral santacruzense das bandas do Arruda não arrega nem com a porra. Vamos nessa.

Escrevi meu primeiro texto. Sama deu algumas dicas de tamanho do artigo e orientações que só um jornalista foda sabe e publicamos meu primeiro texto. Antes disso, eu reli a Trilogia de um fôlego só. Percebi que Inácio era o racionalista do grupo. Sama era o torcedor porra louca apaixonado e Gerrá possuía uma crítica ferina e muito humor no sangue. Acho que, inconscientemente, terminei agregando essa doidice coral toda.

Que fique claro para aqueles que acusam Sama ou Inácio de se “venderem” à diretoria de Alírio: eles são profissionais e precisam de grana. Trabalham com orgulho e uma honestidade acima de tudo. Basta ver o Marco Zero Conteúdo. Se eles tivessem deixados a rebeldia de lado, recebido um cala boca vergonhoso, teriam encerrado o blog. Mas por uma questão de ética profissional incontornável – a não ser que o sujeito seja alma sebosa – perceberam que poderiam contornar essa situação e me chamaram.

Podem me acusar da puta que pariu, mas nunca deixei de ter pensamento crítico e amor pelo Santinha. Para o bem ou para o mal. Ou melhor, parafraseando Nietzsche, para além do bem e do mal.

Sabem quanto ganhamos escrevendo aqui? Nada. Nadinha. Porra nenhuma. É só paixão mesmo. Paixão por essa torcida maravilhosa recheada de pessoas loucas e cheias de amor. Paixão por esse clube único e sua história. Paixão pelo pensamento e pela escrita. Fazemos isso de coração. Amor por compartilhar, pelo desabafo, pelas gargalhadas e pelas críticas sempre presentes.

Espero que o Santinha volte logo a campo e que possamos nos encontrar em Abílio antes dos jogos. Todos vacinados, com a cara cheia de cerva e o coração vibrando de alegria.

Salve meu Santinha! Salve Sama e Inácio!

Amor sem divisão.

Assim que o Santinha foi rebaixado para a Série D, o Maestro Forró – um tricolor coral apaixonado – declarou seu amor incondicional ao Mais Querido: “Amor sem divisão”. O compositor do clássico Vulcão Tricolor está certíssimo: o amor ao Santa Cruz transcende as crises atuais. É algo atávico, aquilo que nos constitui, um elemento incontornável de quem somos.

Mas isso não pode significar que devemos entender que o clube é algo abstrato. Ao contrário, um clube de futebol tem sua história construída por pessoas muito concretas, absolutamente reais. Todos estão envolvidos nessa construção: torcida, time, comissão técnica, investidores, instituições e diretoria.

Como sempre afirma meu grande amigo Leonardo Neves, é preciso ter um pensamento hedonista crítico. Isso significa que aquilo que nos dá prazer, aquilo que amamos deve ter como norte um olhar sempre crítico. Pensar o amor ao Santinha sem colocar na mesma balança o pensamento crítico é algo que considero descabido, uma vez que há o elemento político, gerencial e administrativo dentro de uma organização que disputa campeonatos.

Não podemos ser masoquistas quando estamos falando de futebol. Crítica, ação, colaboração, planejamento e inteligência são elementos fundamentais. Evidente que nossa situação atual é terrível. O ProSanta teve mais erros do que acertos. Em um artigo recente publicado no GE de Daniel Gomes e intitulado  “vestiário do medo”, lemos desabafos de jogadores e funcionários que compuseram essa atual temporada.

Parece unanimidade entre os que foram ouvidos que o clima dos bastidores era o pior possível: pairava uma ameaça constante de demissão, algo que só quem vive em uma empresa privada que possui esse clima sabe como é. O medo é real – assim como a irritação, frustração e impotência.

Declarações como “a gente trabalhava sempre com medo de ser demitido do dia para noite” parecem frutos de uma péssima gestão de pessoas. O ProSanta nunca deve ter ouvido falar de Peter Drucker, Peter Senge, Lencioni ou Chiavenato, pensadores clássicos da administração do capital humano.

A demissão autoritária e equivocada de Paulinho e Didira, bem como o desmonte gradual da antiga comissão técnica causaram mais danos ainda. Como relatou um ex-jogador sobre a demissão de Martelotte: “Cara, Martelotte tinha o grupo na mão. […]O grupo do WhatsApp ficou ‘nervoso’ de tanta mensagem. Ali, a gente via que isso estava errado”. Além disso, os jogadores reclamavam que havia mais gente de gravata dentro dos vestiários do que atletas. Por fim, o ultimato dado pela diretoria: “Ou produz, ou está fora”. E, no texto do Daniel, uma constatação que traduz muito nosso tempo atual: “Todas as pessoas que foram ouvidas pela reportagem usaram a mesma expressão para definir a diretoria de futebol: ‘Não é da bola.’ Na linguagem do boleiro, não sabem sobre futebol”.

Essa falta de tato com as relações interpessoais custou muito caro. Gestão de pessoas em um âmbito esportivo é algo que parece quase natural de ser efetivado. Essa ausência deve ser corrigida, é preciso conversar com profissionais da área, rever os erros graves, médios e pequenos, planejar o futuro a partir do caos presente, entender a si mesmo, reconhecer as limitações e usar ao máximo aquilo que é um de nossas maiores características: a razão.

Óbvio que a torcida está puta com a atual diretoria. Nada mais natural. Entretanto, estou lendo postagens no Twitter defendendo o impeachment de Joaquim Bezerra e toda a chapa. Isso é um grave erro. Primeiro por causar uma instabilidade política na essência da condução histórica do clube que pode produzir um resultado péssimo e permanente. Tudo bem que estejamos frustrados, mas usar do mecanismo de impedimento por causa do rebaixamento é algo quase imoral. Por que? Ora, se toda vez que uma direção tiver uma má ou péssima condução do futebol vamos fazer o processo de impedimento? Sendo assim, desde a nossa primeira queda à Série C que não tinha uma diretoria que se sustentasse na temporada.

Segundo, o pleito que colocou o ProSanta na direção foi legítimo. As lambanças anteriores foram diretamente responsáveis por esse resultado. Os torcedores e as torcedoras votaram na esperança de mudanças, de inovação e resultados. É preciso sopesar o que há de bom e mau com sobriedade e não motivados por uma raiva passageira. Talvez essa seja uma das grandes lições dadas pelo Maestro Forró em sua declaração de amor.

Repensar sempre o nosso futuro porque a Copa do Nordeste bate à nossa porta. O Capibaribe já assinalou para negociar Jordan, Pipico e Jailson. Desses, confesso, só sentirei saudades de Jordan. Temos que reafirmar sempre: planejamento inteligente e crítico para sairmos do fundo do posso. E sempre pautado pela racionalidade. Tanto é que em outubro vou quitar minha mensalidade atrasada e voltar a pagar como sócio em dias. Cada um contribui como pode – a raiva não pode nos dominar.

No mais, é sempre bom lembrar o Poeminha do Contra de Mario Quintana:

“Todos esses que aí estão

Atravancando meu caminho,

Eles passarão…

Eu passarinho”!

Salve meu Santinha!

Herança maldita.

Presidente do conselho deliberativo do Mequinha, vice de ALN em 2010 e candidato à vice de Albertino em 2017. Quem é? Pois é, meus amigos e minhas amigas, nosso presidente. O que isso significa? Significa que o nosso atual estado de coisas não tem nada de novo. Sempre do mesmo.

Esse discurso de que a culpa de nossa decadência é devido a uma herança maldita não se sustenta. E isso por duas razões.

Primeiro, como bem lembrou o torcedor coral Arthur Silva no Twitter, Joaquim Bezerra apareceu em uma live, ao assumir o cargo,  dizendo que o cenário era melhor do que eles esperavam. O Santinha tem uma das maiores folhas da Série C e foi, temos que admitir, uma competição nivelada por baixo.

Parece que um espírito amador, falta de conhecimento de mercado diante da competição e desacertos contínuos de gestão marcaram, em definitivo, nosso modo de encarar o futebol. E vale lembrar que se não fosse a nossa base herdada de gestões anteriores, possivelmente a nossa realidade fosse ainda pior.

Inegável afirmar que as diretorias anteriores não foram boas. Creio que essa sensação tinha que ser combatida e foi um dos fatores fundamentais para a eleição do ProSanta que soube muito bem conduzir esse sentimento da torcida.

Como bem argumentou Marcelo Almeida aqui no blog, faltou compreensão das dificuldades do que é disputar uma Série C e uma necessidade descabida de fazer uma varredura na comissão técnica e jogadores da temporada anterior. Até hoje tento entender a razão dos desligamentos de Paulinho e Didira. Além das contratações exageradas e equivocadas feitas a posteriori.

Segundo, se o argumento de uma herança maldita for levado a sério, então não poderemos votar em mais ninguém, pois a mesma sempre estará lá. Que os exemplos do Flamengo e do Cruzeiro – tão antagônicos – possam nos servir de inspiração. Acusar o passado imobiliza as ações do presente.

Se alguém for se candidatar, é óbvio que deve ter em mente os problemas atuais do clube. De minha parte, acreditei em Alírio e no ProSanta, confesso. Mas agora não tem torcedor que se ache o entendedor de política do clube, o maior tricolor coral de todos, aquele que vive e respira o Santinha que me convença a votar e acreditar em chapa alguma. Só acreditarei, no futuro, em resultados. Só assim irei apoiar essa ou aquela diretoria. Para mim já deu acreditar e sempre me deparar com desastres. Vivendo e aprendendo.

Prometeram o acesso à Série B como o grande objetivo desse ano e recebemos um vergonhoso rebaixamento para a Série D. Sim, o final de semana foi terrível e não teve fé ou esperança que nos ajudasse. O Floresta empatou e perdemos para a Tombense.  A Jacuipense perdeu, mas já estava decretada nossa queda.

Vamos penar na Série D novamente e não acredito em milagres quando se refere ao nosso atual quadro humano de tomada de decisões.

Nossa situação não é boa, mas torcedor e torcedora tricolor coral das bandas do Arruda jamais vai perder a paixão, o amor incondicional que nos alimenta e que nos move com tanta força. Sim, são em tempos sombrios que o espírito se reinventa, se agiganta e dá a volta por cima.

Como diz a célebre letra do samba-canção Volta por cima de Paulo Vanzolini: “Reconhece a queda e não desanima, levanta, sacode a poeira e dá a volta por cima”.

Que tenhamos forças para sair desse inferno assim como o fizeram Orfeu e Sísifo. Com inteligência e vontade, quase tudo é possível.

Salve meu Santinha!

Credo quia absurdum est.

O aniversário de minha netinha de 4 anos será amanhã. Será um dia para celebrar, de alegria, brincadeiras e muita glicose no sangue com doces, bolos e refrigerantes (coisa que nunca faço durante o ano). Precisarei  malhar muito depois dessa. Apesar de muita gente pensar que sou o pai dela – o que faz muito bem para a vaidade do ego – eu, na verdade, me sinto como um pai renovado, uma nova e poderosa paternidade.

Mas o que isso tem a ver com o Santinha? Pois, meus amigos e minhas amigas, tudo. Pois esse sábado será um dia de descontração, um dia para relaxar e, sem aglomeração, estar junto com poucos familiares. O que será bem diferente do domingo quando o Mais Querido entra em campo com uma missão quase impossível, digna de Tom Cruise e suas ações mirabolantes.

Enquanto o sábado será só júbilo – isso se o Floresta perder para o Volta Redonda no sábado, jogo às 15 horas – o domingo representará sua antítese: um dia tenso onde a esperança, quase morta, dará seus estertores na busca de mais sobrevida. Se o Floresta empatar ou ganhar, já era. E a tarefa, para o Santinha,  não é nada fácil.  Após muita lambança de nossa atual diretoria de futebol, a nossa situação na Série C é periclitante: faltando apenas duas rodadas para encerrar o certame, temos apenas 11 pontos em 16 jogos, 2 vitórias, 5 empates e nove derrotas. São apenas 9 gols marcados contra 16 sofridos, um saldo negativo de 7 tentos. Nada animador.

E, caso, por um milagre inexplicável (como deve ser todo milagre) consigamos vencer, nosso martírio não terminará nesse jogo contra a Tombense que está em terceiro lugar no grupo. Além de torcer contra o Floresta, no sábado,  e a Jacuipense, no final do domingo,  ainda teremos, no dia 25, a última partida contra o Botafogo da Paraíba – e ainda tendo que torcer contra nossos adversários diretos. E isso nos melhores dos cenários.

Nesse momento de agonia, é bom lembrar a frase de Tertuliano, um cristão fervoroso: “Credo quia absurdum est”, ou seja, eu acredito porque é absurdo. Para o pensador nascido em Cartago, a fé, ou esperança, era superior à razão. Para Nietzsche, ao contrário, essa frase representava a bandeira de um fanatismo extremado. Fernando Pessoa, que não era besta,  transformou-a  poeticamente: “Nunca fui mais que um boêmio isolado, o que é um absurdo; ou um boêmio místico, o que é uma coisa impossível”.

E aí, cara leitora, caro leitor: você é alguém que ainda acredita, apesar de absurda e muito improvável nossa continuidade na Série C ou acha que acreditar, assim como demonstrou Roberto Fernandes na sua entrevista após a derrota contra o Altos, é coisa de fanático? Vale a pena ter esperança nessa fatídica reta final ou devemos jogar a toalha e nem ligar mais?

Irei acompanhar as resenhas durante a semana e tentar entender – o que acontece a cada jogo – qual será nossa escalação para essa tarefa quase inglória. Creio que nem o mais fanático torcedor do Santinha soube, de cor, todas as escalações nessa temporada. Era mudança que só a porra.

No domingo, após a alegria do sábado, começarei o dia tomando umas no Mercado da Boa Vista e depois em Seu Sebastião no Pátio da Santa Cruz. Irei para casa meio chapado para assistir a essa peleja que, queiramos ou não, possui algo de histórico. Só saberemos se o final de semana foi todo bom no final do domingo após os jogos do sábado e do próprio domingo. Ou se o final de semana trará uma nova tragédia para tricolores corais das bandas do Arruda.

Só o tempo dirá, além do time em campo, claro… e da sorte. Tem que ter muita cerveja gelada, um coração muito forte e uma porrada de palavrões para serem gritados durante o jogo. Bora ver. De minha parte, apesar de filósofo e prezar, antes de tudo, pela racionalidade, vou me entregar ao poder transcendente do futebol e da paixão pelo Santa Cruz – e olha que já há um elemento místico aí – e me permitir acreditar um pouco. Muito pouco mesmo. Quem sabe? Credo quia absurdum est ou Credo quia Santa Cruz est.

Salve meu Santinha!

Um casamento e um funeral.

O ProSanta surgiu como uma promessa de inovação, transparência e excelência na administração do clube. Cansados de uma história crônica de má gestão e a falta de bons resultados em campo, a galera de Frutuoso demonstrou que realmente sabe fazer marketing e que possui cacife político para ganhar uma eleição.

Antes das eleições, eu tomava umas no Pátio da Santa Cruz quando me encontrei com Esequias. Ele vaticinou: “Zeca, essas chapas são como o Centrão e a Direita no Congresso. Sempre do mesmo”. Na hora, eu pensei que era pessimismo dele, já que estávamos calejados com os tropeços anteriores.

Eu cheguei a acreditar em Alírio e me decepcionei. Não acreditei em Tininho, logo não houve decepção. E acreditei muito no ProSanta, confesso. Com as eleições ganhas, eu portava um sentimento de confiança, apesar de que Joaquim Bezerra soava estranho no meio de uma concepção de inovação, arroubo jovem e criatividade. E ainda havia o assombro do Mequinha.

As reuniões virtuais com todos os sócios, a luta pelas mudanças no estatuto, a transparência com a contabilidade, o direito ao voto e minhas conversas semanais, via WhatsApp, com meu amigo Juninho indicavam que era o casamento perfeito. Realmente, força de vontade e transparência é algo que não posso negar que há nessa turma.

Mas há um fato incontornável quando se quer fazer política em um clube de futebol: é preciso ganhar os jogos. E rebaixamento é a tradução de incompetência, limitação e equívocos. Foi Fábio Mendes do Jogo Aberto Pernambuco que traduziu o que já sabíamos: os erros contínuos da diretoria de futebol anunciavam um desfecho trágico para o Santinha. Fabiano Melo, ao assumir a gestão de futebol, não conseguiu acertar. Já estávamos lidando com uma porrada de treinadores sendo trocados e, agora, era uma penca de contratações aleatórias. O mesmo que havia sido feito por Tininho. Fim do poço à vista.

Para piorar a situação diante da torcida revoltada com tantas derrotas e com um péssimo aproveitamento em casa e com o fantasma da Série D batendo à porta, velhos medalhões do Santa Cruz foram convocados para ajudar na gestão. O que era novo nada mais era do que isolamento e certa falta de tato em lidar com a realidade. E ainda saídas de pontos estratégicos da gestão diante da pressão. A ira e decepção tomaram a torcida no Twitter: inevitável.

Após a derrota contra o Altos, Fernandes soltou o verbo, mas se absteve de apontar todos os culpados. Talvez haja uma maldição no DNA do Santinha que precisa de um exorcismo brabo.

Estou puto da vida com essa que pode ser uma das nossas piores temporadas, algo comparável à série de quedas históricas. Fiquei inadimplente de minha mensalidade de sócio, por enquanto. Curtindo minha raiva e frustração. Depois a vida segue seu curso. Talvez possa ser entendido como covardia ou revolta juvenil, mas é verdadeira, real. Indignado com esse time e com a aproximação calamitosa de uma Série D com 8 grupos e o inferno na terra novamente.

Mas isso não significa que defendo golpe dentro do clube como me alardearam. O pleito eleitoral foi legítimo, dentro da legalidade e da vontade da torcida. Isso é inegável e tem que ser respeitado. De Golpe basta o que sofremos em 2016 e deu no que deu. Que nos sirva, mais uma vez, de lição: fazer futebol, meus amigos e minhas amigas, não é para os fracos. O que era casamento virou nosso funeral. Enterraram, de novo, o Santinha. Mas sigamos. E que planejamento seja a palavra de ordem.

O mais dos otimistas vai dizer: ao menos, ano que vem, teremos a maior torcida em campo do país. Vai ser dureza. Mas tricolor coral das bandas do Arruda é um povo louco mesmo. Salve meu Santinha!

Nota: esse texto é um desabafo mesmo. Daí nosso súbito retorno.