Ano sabático.

O amigo Robson/PI escreveu: “Ouvi dizer que quando o atacante Jô fizer seu primeiro gol os editores do blog vão atualizar o texto”. Meu velho, se dependesse desse perronha, nem Blog e nem Santinha se salvariam. Não dá para entender que critério desgraçado foi usado para contratar uma desgraça dessas.

Esse comentário foi de uma postagem de 25 de agosto do ano passado. Porra, quase cinco meses sem postar nada por aqui. Na verdade, foi quase um ano sabático para o Blog. Acho que também foi para a grande maioria da torcida tricolor coral das bandas do Arruda.

A morgação de não termos conseguido o acesso à séribê foi de lascar. O tempo sem jogos foi triste. Todo dia eu acompanhava as resenhas, mas era aquela mazela residual, aquela sensação de “puta que pariu, quase”. Não apenas eu, Gerrá e Sama: todos os meus amigos corais pareciam apáticos, sem muito interesse.

Os jogos treinos trouxeram aquela velha sensação de que precisaremos de algum tempo para nos acostumar com as caras novas. Uma das poucas exceções é meu amigo Juninho, tricolor incansável, crítico lúcido das agruras do clube que sempre me mantinha atualizado das questões internas do clube pelo zap. E Esequias, mais fanático e apaixonado pelo Santinha é quase impossível.

O jogo contra o Treze foi razoável – não sejamos nem otimistas e nem pessimistas. O Treze só vinha de vitórias. Havia desbancado o Capibaribe em terras pernambucanas e estava com a porra toda. Arrancar o empate em um amistoso desses é importante.

Leston Júnior afirmou que precisamos de mais seis amistosos para que o time possa atingir um nível aceitável. Gostei de Pipico e Augusto (com as eventuais reservas de sempre). E mais ainda de Héricles – aquela falta com a perna esquerda foi algo de espetacular.

Dia 15 começa a Copa do Nordeste e dia 20 é dia de retornar ao Arruda contra o América, rever os amigos, comer o melhor cachorro-quente do mundo, tomar umas em Abílio e respirar aquele clima maravilhoso que só o Arruda possui.

Sim, meus amigos. O Blog do Santinha voltou. Não morremos e tampouco o Santa Cruz. Aliás, o Santa Cruz é imorrível assim como a paixão e amor de sua torcida. Pé de coelho, sal grosso, ferradura e muita mandinga para quem torce contra.

Para os amigos de sempre, saudações tricolores corais do grande e glorioso Arruda e desse humilde Blog. De volta que “habemus futebol”, meu cumpadre!

Apenas dois jogos.

A rodada desse sábado não foi boa para os pernambucanos: Do Recife levou outra lapada e está descendo ladeira abaixo em direção à séribê e o Capibaribe segue mantendo a velha tradição de nadar e morrer na praia. Se lascaram bonitinho.
Do nosso lado, vi uns sites que não botavam muita fé na classificação do Santinha para a séribê. As estatísticas eram baseadas não sei em que método. Parecia mais papo de bebo em boteco. De minha parte, estou bastante confiante. Mas isso não significa que o jogo de hoje será fácil. Não, meus amigos e amigas, não será.
O jogo de hoje é decisivo. Estamos apenas a dois jogos da B – 180 minutos e vai ser cana até umas horas. Todo tricolor coral das bandas do Arruda que converso parece esperançoso. Mesmo os mais desconfiados. Seu Manoel, o velho e bom garçom de Seu Sebastião do Pátio da Santa Cruz, sempre repete: “Ah, é Pipico”.
Hoje não quero falar dos desacertos dessa gestão. Hoje é dia de esperança e de deixar as mazelas, por enquanto, de lado. É dia de invadir o Arruda, de celebrar o retorno à séribê, sair de casa com uma vitória e tomar muita cerveja porque ninguém é de ferro. E pagaram junho para aumentar nossas esperanças!
Danny Morais, William e Arthur estão de volta ao time. Sandoval, Paraíba e Robinho devem compor o elenco também. Vou escutar a resenha para saber a escalação definitiva.
Mas o amigo Guto resumiu, na última postagem de Gerrá, o espirito desse jogo: “Agora é mão na cara e dedo no olho. Tem isso de time bom e ruim mais não. É jogar com o coração e na base da raça. Avante Santa Cruz!”. É isso mesmo. Raça, raça pura e vontade de mandar essa séricê para a puta que a pariu.
A Diretoria espera um público de 50 mil torcedores. No meio de uma crise econômica no país e sabendo que a torcida do Santa Cruz é o povão mesmo, achei um pouco salgado o preço dos ingressos para o torcedor que vai ter que espremer o bolso pra ir ao Arruda. Era para ter promoção em um jogo tão decisivo assim. Pelo que vi até agora, chegamos a quase 20 mil ingressos vendidos. Mas nunca sabemos o que é real ou não nesses esquemas.
Verdade que sempre teremos os pessimistas de plantão que dizem que tudo está perdido e que o clube vai sumir do mapa. Desde sempre que escuto isso. De salários atrasados a crises administrativas, o Santinha sempre sobreviveu. De uma coisa eu não duvido nem a pau: o que move o Santa Cruz, o que o faz sempre ser essa paixão arrebatadora é o amor incondicional de sua torcida.
Já estivemos em momentos piores. Estamos livre da famigerada D esse ano e caminhando para a B em 2019 – e olha que tem neguinho arrogante indo com a gente também. Se liguem não.
Hoje estou cheiro de esperança. Hoje é nosso dia. Dia da vitória e de muita festa. Apenas dois jogos. Santa Cruz de corpo e alma.

A Copa do Mundo é nossa?

A Copa do Mundo, para quem ama futebol, é o paraíso, uma overdose futebolística única. Acabei de chegar da universidade e publico esse texto enquanto escuto o segundo tempo do Santinha contra o Capibaribe. É jogo que não acaba mais, meus amigos.
O legal é que durante as partidas da Copa, Eu, Gerrá e Sama ficamos trocando impressões por meio do zap. Daí foi um passo para Gerrá sugerir que a gente escrevesse aqui sobre essas impressões.
Enquanto estou aqui torcendo para que o Santinha consiga usar bem a vantagem de um jogador a mais – afobado é a palavra que mais escutei na rádio sobre nosso time – vou publicar o que Gerrá me mandou sobre as partidas até agoa. Sama, depois que se tornou um eremita em Olinda, diz que vai escrever, mas só fica na promessa. Temos que rever esse contrato de articulista logo.
Bem, aí vai o que Gerrá me mandou:
“A copa começou. E pra lascar a turma que participa de bolão e apostas, a Russia meteu 5 na Arábia. Não vi o jogo ao vivo. Mas pelo taipe que assisti, a impressão que tive foi que até a Arábia Saudita se iludiu com a Russia.
O time do Egito, por pouco não derrubou o Uruguai. Fez uma retranca do caralho e quase consegue o empate. Digo uma coisa, se Salah estivesse em campo, a seleção egipcia teria vencido. Fiquei imaginando se eles tivessem um ataque com Salah, Denis Marques e Keno. Venceriam fácil. Torci pelo Egito, mas não fiquei triste com a vitória da Celeste.
Joguinho feio foi Marrocos e Irã. Meus amigos, aquilo é mais fraco do que jogo de serie D. Se o Marrocos ou Irã jogassem a nossa série B, seriam rebaixados na hora. Na sericê, brigariam pra não cair.
Bonito foi ver Messi com aquela cara de retardado, perder um penalti. O goleiro da Islândia, o tal do Halldorsson, um ex-diretor de cinema, defendeu a cobrança e fez a Argentina tomar no cu. Foi lindo. Um fato interessante no time da Islândia: todos os jogadores titulares tem os sobrenomes terminados em Son. Hannes Halldórsson, Birkir Saevarsson, Ragnar Sigurdsson, Kári Árnason e Ari Skulason; Aron Gunnarsson, Birkir Bjarnason, Jóhann Gudmundsson e Emil Hallfredsson; Björn Sigurdarson e Jón Bödvarsson e o treinador é Heimir Hallgrímsson!
Uma coisa boa que estou gostando nessas primeiras partidas é ver que ainda se joga na retranca e que um bom ferrolho pode garantir um bom resultado. A Islândia segurou a Argentina assim. Se a Espanha soubesse jogar recuada, teria vencido Portugal. Depois que virou o jogo, era botar o time atrás, irritar Cristiano Ronaldo e sair no contra-ataque.

Não consegui assistir aos outras pelejas. No domingo fui para casa do meu pai acompanhar a estreia da seleção brasileira de estrangeiros.
Depois do gol de Felipe Coutinho, fui me arriando no sofá e peguei no sono. Acordei no inicio do segundo tempo.
Meus amigos, que gol bizarro a gente levou. Nosso zagueiro totalmente mal colocado na área, leva um empurrãozinho que só é falta em pelada de condomínio. O que ficou da nossa estreia é que jogo é jogo, treino é treino.
Bom, tomara que Roberto Fernandes tem visto o jogo do Brasil e o jogo da Islândia. E que a gente ganhe para o Capibaribe. Encostaremos no primeiro lugar e empurramos o timbu lá pra baixo”.

Foi isso. Hoje, depois dessa rodada, dos times que são campeões, só os ingleses se deram bem: acho que Jerry e Marc estão felizes e tomando todas. Ainda bem que teremos essa overdose esse mês. Assunto é o que não vai faltar. E a pergunta que não quer calar: A Copa do Mundo é nossa? Na torcida para que a resposta seja positiva. Saudações tricolores corais das bandas do Arruda!

Bora conhecer o Arruda!

Gerrá é o tricolor coral de esquerda que mais tem amigos tricolores corais de esquerda. Domingo passado foi a festa de seus 50 anos de vida no Mamulengo na Praça do Arsenal. Pense numa festa arretada: cachorro-quente, feijoada, mariscada, bancada de caipirinha e caipirosca e cerveja do velho Moura.
Eu estava lá, claro. Entre uma cerveja gelada e outra, conversei com Esequias sobre o Santa Cruz (evidente que o tema universal e onipresente da festa). O Santinha vinha de uma vitória contra a Juazeirense e a torcida percebeu que o time estava, ao menos, com garra – algo que faltou demais naquela tristeza contra o ABC.
Esequias contou que Fernandes lhe pediu para apresentar a Sala de Troféus para os jogadores e fazer uma preleção sobre o “que é ser Santa Cruz”. Ele botou pra fuder. Ávila se atabacou e não prestava atenção em nada. Fernandes lhe deu um esporro e colocou a casa em ordem. Carlinhos Paraíba passou uma mensagem para Esequias agradecendo pelo incentivo. Nota: Esequias não é funcionário do Clube, apenas um torcedor apaixonado.
Daí surgiu a ideia. Eu disse:
“Ei, meu velho, o que achas da gente organizar um sábado de manhã e convidar, pelo Blog do Santinha, a torcida para tu levar a galera para conhecer o gramado do Arruda, os vestiários, a Sala de Troféus, seu Abílio e Galvão?”
Ele riu da ideia e respondeu:
“Ideia massa, Zeca. Vamos ver uma data em que não tenha jogo. Assim o Arruda está livre. Vamos marcar sim. Quando tiver a data, tu divulga no Blog do Santinha e convida a torcida para a gente se conhecer e conhecer o Arruda”.
E é isso que vamos fazer. Será o dia do “Bora conhecer o Arruda”. Dia para levar a família, os amigos, conhecidos e quem quiser aparecer para estreitar amizades, bater um papo legal e celebrar essa paixão pelo tricolor coral. Assim que Esequias confirmar uma data, vou publicar aqui uma convocatória.
Tenho um amigo, Léo Neves, que é torcedor do Do Recife. Como ele mora em Água Fria, o filho dele, Lugo, de cinco anos, é apaixonado pelo Santinha.Contradição maravilhosa. Já dei camisa e bandeira para ele que ficou todo feliz para desespero do pai. Lugo vai ser o primeiro que vou levar nessa tour.
Mas quanto ao jogo de amanhã, estarei em Serra Talhada participando como avaliador de uma banca de concurso paa professor da UFRPE. Vou tentar dar uma escapulida para Salgueiro – uma hora de viagem de Serra – e assistir ao jogo no estádio.
Espero que aquele espírito de guerreiros que tanto define o Santa Cruz – e que deu um lampejo no último jogo – possa aparecer novamente, pois falta de talento só se cura com garra, determinação e atitude mental. Pois já disse aqui: séricê não é brincadeira não, meus amigos.

Não é brincadeira não.

A séricê não é lugar para se brincar em campo ou se preocupar em jogar bonito. Na verdade, com esse atual elenco do Santinha, fica muito difícil imaginar uma partida com beleza futebolística.
A séricê é lugar de se preocupar com a pontuação, em focar na tabela e entender que os jogos são pegados porque são nivelados por baixo. A garra e a força de vontade falam mais alto do que tudo.
O Santa Cruz perdeu uma grande chance de sair com 3 pontos desse último jogo contra o Botafogo. Robinho até que mostrou a cara, colocando bola na trave, mas logo em seguida nossa zaga sofre uma hemorragia cerebral e levamos o primeiro gol. De uma infantilidade gritante.
O golaço de Carlinhos Paraíba alegrou os 14 mil torcedores que deram exemplo de amor ao clube. Esses jogos nesses horários de doido são foda. O segundo tempo parecia promissor. Robinho, de novo, mostrou a cara e fez um golaço também. Artur Rezende até tentou algumas vezes, mas sempre passando perto.
Aí, meus amigos, o apagão se instaurou de vez. O segundo gol do Botafogo repetiu a incapacidade crônica de nosso meio de campo em marcar e de nossa defesa em evitar um gol simples. Ninguém chegou em Dico – é preciso pegada, meus amigos.
O terceiro gol foi o ponto culminante que demonstra como nossa defesa fica perdida em alguns momentos (ou muitos). Inacreditável como se leva um gol daqueles. É para o cara ficar muito puto da vida.
É preciso corrigir o posicionamento, a tática e, principalmente, a vontade de ganhar a bola dessa defesa. Temos que ser realistas, pois a regra é clara: só tem tu, vai tu mesmo. Olha só: Vitor, Sandoval, Augusto Silva, Henrique Ávila e Charles. Não tem milagre, mas mudar de atitude mental ajuda muito. Séricê não é brincadeira não. Sem garra e vontade, como pedir para que a torcida chegue junto? E só assim para que a galera volte a ter ânimo como bem lembrou Marcelo Almeida.
Bem, terça que vem estarei em aula à noite. Só saberei do resultado no final da partida. Mas vamos torcer. A grana é boa e nosso Mais Querido precisa de cada centavo que entrar.
NOTA: Quero externar meu apoio a Juninho Pernambucano que levou uma dura ao vivo da direção do SporTV após chutar o pau da barraca e falar umas verdades sobre a imprensa esportiva brasileira. É preciso ter coragem para dizer a verdade e Juninho teve. Uma pena que ele saiu do programa – gente que pensa, nesse país, parece que faz mal a muita gente.

A velha e boa emoção.

A final do Campeonato Pernambucano foi contra todas as previsões. Ambos os jogos estavam cheios. Tudo o que se pensa sobre a ausência da torcida nos campos – transmissão da TV, transporte público, violência das torcidas, conforto do sofá de casa, a porra toda – não valeu na final.
Qual a razão dos estádios lotados na final? Muito simples: a boa e velha emoção. Pois é. Uma das coisas fundamentais no futebol. O que achei estranho – e isso estava conversando com Sama e Gerrá – é que na final eu só escutava neguinho gritando e vibrando com os gols da Patativa. Mas foi a emoção de ambos os lados que incendiou a final e trouxe o torcedor de volta aos campos.
Tá, legal isso. Mas vamos ao que interessa: o Santa Cruz.
Estava na casa de meu amigo Fábio Martins tomando umas e falando sobre o Santinha. Fábio também é tricolor coral das bandas do Arruda. Enquanto a gente brahmeava, ele soltou essa:
“De boa, qual foi a última vez que tu vibrasse feito um louco com um gol do Santa?”.
Ficamos pensando e comentando os últimos gols do Santa. Depois ele antecipou:
“Por isso que não acompanho mais nada do futebol pernambucano. Acabou-se a emoção. Não tem graça ir ao estádio para ver um time ruim da porra desses. Dói na vista”.
Fiquei pensando sobre essa dura afirmação. E não é que é isso mesmo. O que falta é a velha e boa emoção. Claro que o Todos com a Nota criou uma ilusão de torcida apaixonada. Mas também temos que pensar que a grande massa tricolor coral é sofrida, meus amigos. Esse fator é fundamental para pensarmos na torcida do Santinha.
Mas a falta de emoção é decisiva. Se estou nas arquibancadas ou nas sociais, sempre escuto alguém berrando:
“Que jogo feio da porra!”
“Que perronha do caralho!”
“Esse técnico é um imbecil!”
Para mim, a emoção não bateu ponto no jogo de nossa estreia na séricê, É preciso esperança, é preciso fazer política, é preciso exigir uma porrada de coisas que já chegamos à exaustão discutindo aqui.
Temos que fazer uma confissão: a galera aqui do Blog ficou morgada com o PE desse ano. Triste. Falava com Gerrá e Sama: bora escrever, porra! E ninguém tinha tesão. Depois eu lia os comentários aqui e acho que se tivesse o Google do Blog do Santinha e fôssemos buscar as palavras mais usadas aqui, a expressão mais usada que apareceria seria “time pequeno”.
Pois é, meus amigos. Nossa peregrinação começou. Os loucos como nós estarão lá apoiando o Santinha. E uma pena que a grande maioria esteja desinteressada do Mais Querido. Mas sem emoção, realmente é complicado. Lembre da foto aqui publicada e será fácil compreender isso.

De volta para o futuro.

Torcida morgada, Blog do Santinha morgado, uma tristeza geral. O espectro da morgação baixou no espírito do tricolor coral do Arruda. De certa forma, o primeiro empate contra o Do Recife acendeu uma esperança na torcida. Conhecidos que são naturalmente pessimistas, amargurados e resmungões estavam acreditando na vitória. Eu, quase sempre otimista, não acreditava. E os 3 a zero revelaram a desordem de nosso Santinha. A ruindade da zaga – entregando de bandeja dois gols – revelou que algo estava muito errado.
No Pernambucano, fizemos 10 jogos. Empatamos 7 vezes, perdemos apenas uma e ganhamos só duas. Ficamos em sexto com 10 pontos. O time foi de uma irregularidade ímpar. Difícil imaginar uma escalação contínua, uma identidade futebolística. Daí a tristeza e morgação que assolou o espírito de qualquer torcedor minimamente racional.
Nossa retrospectiva, entretanto, não foi das piores. Isso indica que o nível do campeonato, em si, caiu bastante. A piada que rola por aí – comparando o Do Recife com o salário mínimo – é que com o mínimo você ganha, ganha e não compra nada; o Do Recife compra, compra e não ganha nada. Da minha parte, torcendo para que a final desse PE seja interiorana (Aí surge outra piada: agora só temos aves no páreo: patativa, carcará e frango).
Mas temos que esquecer o passado e pensar no futuro. Para mim, o mais relevante é essa tal de sericê. E vamos ter que conviver com dirigentes que insistem em não traduzir para seus torcedores a realidade de nosso clube. Pronto, voltamos à velha questão da transparência.
Defino transparência: em um Estado Democrático de Direito, a transparência está relacionada com a publicidade. Trata-se do administrador em manter os dados relevantes de seu comportamento– financeiros, contábeis, administrativos etc – perante seus investidores, sócios e sociedade em geral.
A transparência se dá tanto na esfera privada (basta ver os balanços publicados em jornais com o intuito de informar os stockholders) quanto na esfera pública (um bom exemplo é o portal da transparência do Governo Federal). O acesso à informação das empresas privadas e públicas – respeitando sigilos estratégicos, informações de proteção à concorrência, relações internas de governança etc – indicam que a empresa atua de maneira lisa, clara e honesta.
Ora, meus amigos, isso, desde Edinho ou antes, é algo que não ocorre em nosso Mais Querido. Estava nas sociais em um jogo da séribê quando discutia com Big sobre um balanço lançado pela então gestão de Alírio:
“Um absurdo contábil, ele disse. Tudo mal feito. Como o sócio torcedor pode confiar numa gestão em que os dados mínimos são escamoteados?”.
Esse é um dos pontos cruciais dessa discussão: o sócio torcedor que contribui mensalmente com o clube. É preciso que esse mesmo sócio torcedor exija um portal da transparência em seu clube – e em todas as esferas.
A séricê se aproxima. A tempestade também. Voluntarismo, bom mocismo, amor ao clube podem ser coisas louváveis, mas em um universo extremamente competitivo, o que vale mesmo é profissionalismo.
Espero que Marty McFly não volte do futuro nos dizendo que o passado se repetiu e fomos parar na famigerada séridê. Sem capitão, o barco fica a deriva e afunda. Afunda feio.

Uma razão para ir ao Arruda.

Samarone me disse que iria escrever um texto elencando doze razões para irmos ao Arruda. Mas Gerrá apareceu na Casa Azul enquanto ele escrevia e o texto desandou. Fiquei com essa ideia na cabeça: quais razões são relevantes para ir ao Arruda?
Fui ver o jogo do Santinha contra o Pesqueira nesse domingo. Encontrei-me com meu grande amigo e poeta Pietro Wagner em Abílio. Tomamos uma cervas enquanto discutíamos a atual situação do Mais Querido.
Seguimos para as sociais, compramos mais cerva e comi um cachorro-quente (o melhor do mundo). O jogo já começou com o desastre da cavalice desnecessária de Luiz Otávio. Aí, meus amigos, o time desandou. Até fundamento básico parece que nossos jogadores desaprenderam.
Juninho chegou com Veridiana no meio do primeiro tempo vindo de mais uma farra frevística. Quando Giovanni – que havia substituído Héricles – mata a bola no peito, Juninho me pergunta: “Quem é esse cara?”. Dupla surpresa: primeira, Juninho, que sabe tudo do Santinha, não conhecer um jogador e, segundo, estamos tão carentes que uma jogada minimamente bem realizada chama nossa atenção.
O segundo tempo foi um pouco melhor, apesar de considerar esse um dos jogos mais feios e atabalhoados que vi na vida. Robinho – que parece um louco com pulmão de aço – meteu uma bola no travessão e tivemos um pênalti em Augusto anulado pelo bandeirinha.
Acabou a pelada e seguimos para a saideira em Abílio. Ridoval apareceu com seu sorriso fácil e largo, sempre alegre e de bem com a vida. Jerry, o inglês hooligan, apareceu com seu filho Charlie (na foto). Marc, o inglês gentleman, apareceu com seu filho João. Interessante que Charlie é extrovertido, brincalhão e cheio de energia como o pai. João é moderado, introspectivo e analítico sobre as coisas.
Perguntamos aos dois: “Qual a melhor cidade para se viver? Recife, Lisboa ou Londres?”. Charlie defendeu Lisboa e João foi enfático em defender Londres. Esses meninos sabem das coisas, já que possuem dupla nacionalidade. Conversei rapidamente em inglês com eles. Muito massa essa futura geração. E todos unidos pela paixão ao Santa Cruz!
Ficamos tomando uma e Jerry sacaneado Juninho: “Juninho, veado…. vai beber Campari?”. Rimos da greia. O clima, apesar do futebol apresentado, era de alegria e celebração – como a vida deve ser encarada.
Pietro me passou um zap: “Zeca, essa galera é muito massa”. É mesmo, meu velho.
Eis uma das razões fundamentais que sempre me levam ao Arruda: a amizade.
Encontrar os amigos antes, durante e depois dos jogos torna o Arruda ainda mais interessante. O amor ao Santa Cruz se soma às grandes amizades. Um brinde!

Vai frescar na pqp!

Sábado passado perdi o jogo em que o gol legal de Augusto foi anulado contra o Capibaribe. Estava em Caruaru lecionando em uma turma de mestrado. Assim que cheguei ao Recife, vi os melhores momentos do jogo na internet e fui checar os comentários aqui no blog.
É comum o nosso amigo Tricolor Revoltado comentar o jogo e dar notas para cada jogador. Tem neguinho que fica só esperando isso. Independente de concordar com as notas ou não, ele fez um comentário que, para mim, é o mais genial do ano até agora. Reproduzo-o:
“Augusto – jogou sozinho do meio pra frente – foi meia e atacante – nota 8 (VAI SERVIR PRA SÉRIE “C”)
Robinho – VTNC – NOTA 0000000000 (VAI SERVIR PRA NOS phu”D”er)
Vinícius – VTNC DOIS – NOTA 0000000000000000000 (VAI SERVIR PRA NOS phu”D”er)”.
Genial. Não precisa comentário.
Hoje também não pude ir ao Arruda. Estava em aula. Cheguei em casa no intervalo do jogo. Descobri uma transmissão no Youtube, liguei o rádio e fiquei tomando uma e acompanhando o jogo.
Percebi uma coisa inédita nesse jogo para esse elenco: pela primeira vez, jogamos mal o primeiro tempo e conseguimos acertar o ritmo de jogo no segundo. Tem gente que fica babando com o jogo do Chelsea versus Barcelona. Numa boa, não estou nem aí. Gosto de futebol, mas sou tricolor coral das bandas do Arruda e só o meu Santinha realmente me interessa.
Esse papo de torcer para dois ou três times me soa muito estranho.
Gostei de Augusto. Robinho oscila muito. Genilson também. Júnior Rocha, descobri isso hoje, é uma incógnita. Agora de uma coisa eu tenho certeza absoluta: eu quero que João Ananias vá jogar na puta que o pariu. Ele deveria fazer um time com Ilailson. Pelo amor de todos os deuses, meu amigo.
Foi uma boa vitória. Cinco seguidas com uma zaga que, ao menos, está protegendo nossa meta. E não é que o gordinho está fazendo milagres mesmo?!
Estou feliz e otimista? Plus ou moins. Só sei de uma coisa: domingo estarei no Arruda.

Parabéns para você, Mais Querido!

Há exatos 104 anos, aqui perto de minha casa no Pátio da Santa Cruz, nasceu de maneira humilde e quase como uma brincadeira, o Santa Cruz Futebol Clube.
Já estava em seu DNA: um clube do povão, democrático de berço, ansioso pela grandiosidade e destinado à glória.
Eu tinha cinco anos quando fui ao Arruda pela primeira vez. Meu pai contava como ajudou a construir o Mundão. Uma nação mestiça, de todas as classes sociais, de todos os credos que possui uma paixão em comum, o Santa Cruz.
Hoje é dia de comemorar, meu povo tricolor coral das bandas do Arruda. Hoje é dia de lembrar a memória daqueles que são nossos pais fundadores. Hoje é dia de sentir orgulho e lembrar que nascemos para sermos grandes.
Amaldiçoados sejam todos aqueles que querem te fazer pequeno. Amaldiçoados todos aqueles que querem apenas te sugar. Amaldiçoados todos aqueles que não te amam e se dizem filhos teu.
Benditos os tricolores corais de verdade. Bendita seja essa nação imensa. Bendito sejas tu, ó Mais Querido.
Meu amigo Juninho me passou a seguinte mensagem hoje pelo zap:
“Data sagrada! Vinculação emocional independente das tragédias anunciadas que prenuncia esta gestão. Amanhã estarei com minha camisa da Minha Cobra a desfilar pelas prévias olindenses com o orgulho de conhecer a história do meu clube. Este istmo temporal deprimente que infelizmente está se naturalizando há de ser mudado! Saudações corais eternas”.
A História é dialética e somos uma nação de esperança e alegria.
Estarei hoje no Pátio da Santa Cruz para ver a tradicional pelada comemorativa.
Salve Santa Cruz! Salve o Mas Querido!