Futebol, política e arte.

Assisti ao jogo do Santinha contra o Figueira na casa de Juninho. Ridoval, Jorge, Big e Júlio estavam lá para animar a conversa. Pense numa galera de primeira. Veridiana, a esposa de Juninho, foi tão atenciosa e carinhosa com tudo e todos que era impossível não se sentir em casa. Tudo de primeira, exceto o jogo.
O nosso ataque é AM: ataque morto. Nosso meio de campo é ISCC: incompetente sem criatividade crônica. Nossa zaga é VS: vacilo sempre. Zé Love fez o primeiro gol no meio de cinco corais. E nosso técnico é B de burro mesmo. Puta que pariu, que demora para substituir Grafite (vire técnico ou diretor, por favor) e André Luís (vá comprar uma caixa de Biotônico Fontoura, meu filho). Yuri é uma desgraça e Nininho, mais uma vez, entregou o ouro ao bandido.
O jogo mostrou nossa apatia, nossas fraquezas, nossos problemas crônicos. Jorge, que sempre é alegre, estava morgado depois da derrota. Nem as suas célebres loas ele teve inspiração para entoar.
“Juninho vai apoiar Albertino, disse Ridoval depois do jogo, mas quero ver primeiro a plataforma política dele e dos outros para decidir meu voto”.
Muito justo. A inteligência de Ridoval sempre antagoniza com Juninho e isso torna o debate sempre legal. E essa ideia é tão boa que assim que tivermos acesso às plataformas dos futuros candidatos à presidência do Santinha, iremos postar aqui. Democracia se faz com transparência. Da minha parte, creio que se não houver mudanças estruturais radicais e os cardeais das antigas não largarem o osso, estamos fudidos e mal pagos. E é preciso profissionalizar todos os setores do clube, em especial o financeiro e a diretoria de futebol. Basta desta gestão da década de 70.
Assim que o jogo acabou, começou o debate sobre nossa atual situação. Juninho lembrou de nosso antigo professor de matemática, Agostinho Meireles:
“Ainda há esperança. Pense na estatística como Agostinho. Basta ganhar todas em casa”.
Por esse otimismo eu não esperava. E nem Ridoval. Ficamos debatendo. Nosso returno está uma desgraça. Estamos assombrosamente próximos da séricê e isso, meus amigos, desanima qualquer um. Não temos mais o que mudar – só tem tu, vai tu mesmo. Está complicado.
Desistimos de falar sobre futebol e política do clube e fomos à audição: blues, jazz e o mais fino da nossa MPB – tudo de primeira qualidade. Foi tão legal que até esqueci que estamos à beira do abismo. Acordei hoje de ressaca e consciente, novamente, de nossa situação crítica.
De volta à realidade. Alguma sugestão miraculosa?

Santa Cruz Transparência Futebol Clube

Meus amigos, é inegável assumir que a entrada de Martelotte deu vida nova ao Santinha. Especialmente na defesa: sofremos apenas um gol em quatro jogos, algo bem diferente dos 14 gols sofridos na era Giva.
O jogo contra o Ceará, na sexta passada, foi um dos melhores jogos até aqui. Apesar do zero a zero, pense em um jogo corrido, disputado, lá e lô. Até JC foi destaque. Todo tricolor coral com quem conversei dizia a mesma coisa:
“Jogo arretado. Até parecia que a gente tá no topo da tabela”.
Falta nosso treinador transformar o empenho tático e técnico da defesa em realidade para nosso ataque. Amanhã, contra o Inter, teremos a parada mais difícil da competição. Mas não impossível. Depois do jogo dos tchês contra as barbies, pareceu-me ainda mais evidente aquilo que sempre repetimos aqui: essa B não mete medo, basta deixar a casa em ordem.
Gerrá já acendeu umas velas para São Bambo que está mostrando para que veio. O bicho teve muito trabalho desde que foi convocado, mas não deixou a peteca cair. Santo forte, ainda mais vestido com uma camisa tricolor das bandas do Arruda.
E, por falar em ordem, não esquecemos da questão fundamental para nosso futuro: transparência na nossa casa: Transparência Futebol Clube.
Ainda estou conversando com Gerrá para articularmos um encontro com Esequias e quem quiser aparecer. Passei umas semanas desaparecido porque me tornei avô. Uma netinha. Pois é: grandpa, abuelito, grand-père, gorssvater, nonno, vovô. Essa tal de PVC é para se fuder, meu velho. Mas pense numa coisa muito massa ao mesmo tempo.
Mas não esquecemos dessa necessidade vital para nosso Santinha. O passo inicial é tornar claro o nosso estatuto. Por isso, para ser também transparente, estamos compartilhando aqui o estatuto do clube. Se alguém tiver uma versão mais atualizada, por gentileza nos envie para que possamos compartilhar com todos.
“Conheceríeis a verdade e ela vos libertará”.
Eis o link (Copie e cole no seu navegador):

https://docs.google.com/document/d/10geeoc1oZR7vd6yCcI9i8WZsWLtA2zG2fiIrgxp-1c0/edit

Estamos torcendo para que esse movimento realmente ganhe corpo e possamos, juntos, criar voz. Seja que tipo de torcedor sejamos, temos uma coisa em comum: amor ao nosso Mais Querido. Disso ninguém duvida. E temos que pensar nosso futuro – juntos, sempre juntos e com transparência.
Por enquanto, resta comprar a cerva, uns tiras e convocar os amigos para tomarmos umas aqui em casa amanhã assistindo ao jogo do Santa Cruz contra os gaúchos. Salve Santa!

Tão perto e tão distante.

Meus amigos, esse aí na foto – com cara de otário na frente da Arena das Dunas durante a partida do Santinha contra o ABC – sou eu. Pois é, do lado de fora.
Como havia publicado antes, nesse feriado viajei para um congresso de Filosofia em Natal. Minha palestra deveria ser no sábado às 15h30. O negócio foi tão desorganizado que acabei minha fala exatamente às 19 horas, início da partida. Estava em um hotel em Ponta Negra. Tomei um táxi voando e cheguei na Arena faltando 5 minutos para o término do primeiro tempo. Na bilheteria:
“Um ingresso para o portão A, entrada da torcida visitante”, eu disse.
“Não tem mais ingresso”, disse rispidamente a rapariga da atendente.
“Como é que é? Ainda nem acabou o primeiro tempo”.
“Não tem mais ingresso. O sistema fechou”, ela respondeu ainda mais grossa.
Não só eu fiquei puto e com cara de otário. Uma porrada de tricolores corais de Parnamirim, que havia acabado de chegar, levaram essa sobrada também. Gritaria… cadê o filho da puta do gerente… isso é foda… quero meus direitos… a puta que pariu e… nada. Ficamos do lado de fora. E sem explicação alguma.
“Isso é um desrespeito do carai com a torcida do Santa Cruz”, disse um boyzinho de Parnamirim.
Voltei para Ponta Negra ouvindo o jogo pelo rádio. Tão perto e tão distante de ver o Santinha. Assim como estava tão perto a nossa saída da zona. Mas que, agora, parece algo bem distante. Um amigo vaticinou:
“Professor, quando o Santinha tá lá em cima, aparece uma porrada de urubu para sugar o clube. Aí a gente se fode e cai. Lá embaixo, em tempos de vacas magras, só os que realmente amam o clube aparecem, daí a gente sobe. Assim não dá”.
Nem posso falar da partida. Vi os lances depois. Perdemos muitos gols. E, por sorte, não levamos uns três. Martelotte disse que o time evoluiu. Essa eu não entendi. Sei apenas de uma coisa: está na hora de se criar um movimento pró Santa Cruz oriundo de sua torcida, de seus sócios.
Esse papo de que sempre foi assim no Santa Cruz não cola mais. É preciso transparência em tudo, reforma no estatuto, peneira geral, reforma política, administrativa e financeira e, o que julgo o mais importante, viver na era presente. Basta dessa administração da década de 80. Estamos vivendo no passado e é lá que ficaremos se nada for feito.
O futebol brasileiro, como um todo, precisa se modernizar. Sempre penso no exemplo dos clubes espanhóis. O nosso Santinha parou no tempo. As velhas caras e raposas de sempre, os velhos interesses particulares, a falta de profissionalismo, a desorganização financeira, os ducados, a falta de transparência política e, especialmente, contábil, entre tantas outras coisas, já encheram nosso saco. Basta. A torcida não aguenta mais ficar com essa cara de otário.
Imaginar que jogadores da séricê possam surgir como salvadores da pátria é de lascar. Estamos fudidos e mal pagos. Acho que, por enquanto, só resta torcer para que Martelotte esteja certo. Caso contrário, teremos saudade quando o rebaixamento estava tão distante. Agora, tão perto.

Bendito congresso de Filosofia.

Na quinta, dia 7, viajarei para Natal para participar de um Congresso de Filosofia Antiga. Volto no domingo à tarde. E o melhor de tudo: minha palestra será no início da tarde de sábado. O que fazer depois da palestra? O óbvio: ir para a Arena das Dunas assistir ao jogo do Santinha contra o ABC. Bendito congresso, meus amigos.
Entretanto, o que esperar desse jogo é outra coisa. Venho acompanhando a resenha do rádio nesse período sem jogo. Martelotte está se virando com o que tem. Não é de se estranhar que tenha adotado o esquema mais feijão com arroz que existe, o 4-4-2.
O 4-4-2 é quase como um modelo de estratégia orgânico. Ainda mais quando sabemos que a inteligência tática anda meio escassa pelas bandas do Arruda. Diante de um time que vinha demonstrando esquema algum, o mais seguro é fazer o básico.
O que tenho escutado com freqüência é que, durante a semana e com a chegada do novo treinador, o clima entre os jogadores mudou bastante. Sempre escuto ou leio a palavra motivação. Como não canso de repetir, atitude mental é uma das coisas fundamentais no trabalho em equipe.
O Santinha fez um jogo treino contra a Cabense. Lembro de uns treinos desses em que o empate era a realidade. Conseguimos ganhar de 5. Não dá para medir nada por isso, mas creio que é possível pensar em um mínimo de comprometimento do elenco diante da situação crítica em que estamos.
Em outra situação, iria para o jogo em Natal confiante. Não vai dar. Vou desconfiado que só a porra. Mas, é claro, vou torcer e vibrar pelo nosso Santinha. Ganhar do ABC é tão fundamental quanto respirar.
Tiago Costa, que não vem numa boa fase, só faz repetir que o grupo está, agora, motivado. Martelotte, de seu lado, vem fazendo testes em todos os treinos. Os velhos problemas de sempre.
Das movimentações, acho que Jacsson deveria entrar no lugar de Júlio César. Sheik tem que ficar no banco. Atrás, possivelmente, teremos Nininho, Salles, Sandro e Tiago Costa. Rezar para que as batidas de cabeça possam ceder lugar a um mínimo de organização tática.
Derley, João Ananias e João Paulo estão à disposição. Na frente, Pitbull fez quatro gols no jogo treino. André Luís deve compor a ligação com ele e Grafite. Léo Lima retornou aos treinos. Vítor, depois daquela fatalidade, saiu da fisioterapia e já deu umas carreiras no gramado. Mas não dá para contar com ele por enquanto.
No mais, meus amigos, é torcer para que a garra volte a fazer parte desse elenco e que eu possa voltar de Natal mais animado. Vai ser cana e haja coração (e fígado)!

Chove chuva, chove sem parar.

Uma chuva fina caía sobre o Arruda no início da partida contra o CRB no sábado passado. Havia poucos torcedores nas sociais. O clima era de desconfiança. A frase de Pessoa, “o dia deu em chuvoso”, parecia adornar aquela tarde.
Logo a chuva se avolumou e virou um dilúvio. Protegi meu copo de cerveja naquelas capas de chuva que vendem por R$ 5,00 nos estádios. No gramado, o que todos presenciaram foi um Santa Cruz completamente atabalhoado, sem esquema tático algum.
Mesmo depois do gol de Grafite e dos gritos de “acabou o caô”, a sensação era de que as coisas não se encaixavam. Sandro até que demonstrou vontade, mas Yuri deixou claro que nasceu para outra coisa – incrível como ele demora a pensar a jogada. Bruno Paulo não tem mais explicação. A falta de criação no meio já virou piada.
No intervalo, quando fui pegar outra cerva, me encontrei com Juninho e Jorge. Conversamos sobre o caos do clube, diretoria, Tininho, Jomar, fora Giva, Alírio, o papel dos conselheiros, mudança no estatuto, as eleições que se aproximam, enfim, os velhos problemas de sempre.
O segundo tempo revelou o naufrágio que não queríamos. Jorge até que tentou entoar umas loas para ver se o segundo gol chegava, mas foi o CRB quem mandou nas cartas e no jogo. Encharcados de chuva e putos com a péssima atuação, fomos ao Abílio tomar a saideira. Lá encontramos Jerry e Mark.
Como estava todo mundo muito indignado com a crise e a eminência de uma séricê, mudamos de assunto. Como bons ingleses, Jerry e Mark falaram sobre futebol, mas cricket e boxe também. Como não saco nada de cricket, conversamos sobre a história do boxe e a luta entre Mayweater e Connor naquela noite.
“Zeca, você tem que assistir ao documentário chamado Four Kings. Os quatro grandes do boxe: Sugar Ray Leonard, Marvin Hagler, Thomas Hearns e Roberto Duran”, indicou Jerry.
The Fabulous Four. Valeu, Jerry, documentário muito foda. Nada como a velha e boa old school. No final da noite, depois de peregrinar pela Boa Vista com Juninho e Jorge, fui ver a surra que Connor McGregor levou de Mayweater.
Acordei no domingo com uma ressaca triste. Pensei no barco afundando, Giva indo embora, os marinheiros à deriva, sobrevivendo num pequeno bote… por enquanto.
Que Martelotte possa salvar essa galera do naufrágio. E que esse dilúvio que se prenunciou de maneira amarga sobre o Arruda possa ceder lugar a um verão, por pequeno que seja. Que 2015 se repita.
E que o espírito, a garra, a inteligência e a vontade dos Fabulous Four possa nos inspirar daqui em diante. Porque a situação, meus amigos, não é fácil. Nada fácil. Mas, sempre repito isso, atitude mental é tudo.

Um pouco de futebol.

Amanhã é dia de ir para o Arruda. Como estarei dando aula numa turma de mestrado até as 16 horas, vou sair voando e chegar no pontapé inicial. Mas isso não me impede de pedir o melhor cachorro-quente do mundo e tomar umas cervas durante a partida. Depois é ir encontrar os amigos no Abílio após o jogo para escutar a resenha.
Mais uma vez estamos naquela situação de uma partida que será um divisor de águas. Ainda continuo achando que o mestre Giva está mais desmotivado do que puta velha. E quando o capitão desiste do barco na tempestade, o desastre é iminente. Mas é possível pensar que esse estado de espírito tenha surgido pela impossibilidade de repetir uma escalação seguida desde que começou.
Torcendo para que o velho Grafa possa servir como elemento motivador para esse grupo. Será fundamental um líder a partir de agora. A boa notícia – hoje não vou tocar nos velhos problemas de sempre – é que João Paulo e Ricardo Bueno estão de volta. O menino Alison chegou cheio de vontade e otimismo. Yuri já propagou que o time virá com nova atitude.
Também continuo defendendo a titularidade de Jacsson. Se a crise é, por enquanto, incontornável, a melhor saída é atitude mental, postura, vontade e garra. Sim, aquilo que Gerrá pontuou anteriormente: garra sempre foi o nosso diferencial. E contra o CRB nesse sábado temos que ter muita garra para sairmos da zona.
João Ananias deve entrar como titular. Onde será que foi parar o futebol de Anderson Sales e Léo Lima? Que os deuses do futebol tenham um pouco de misericórdia e permitam que eles voltem a jogar bola. Todo tricolor coral deve estar com saudades daquelas faltas que deixavam o Arruda com a respiração presa.
Torcer, também, para que Grafite jogue com garra, imbuído do espírito ancestral que anima nossas cores. Se o time mostrar força de vontade, empenho, espírito de equipe e, o que julgo uma das coisas mais importantes, respeito por sua torcida antes de tudo, dá para termos um pouco de esperança.
O quadro é favorável? Claro que não sou louco. Nossa situação é complicada em todos os sentidos. Mas só hoje – só hoje mesmo – quero pensar apenas em futebol. Estarei no Arruda torcendo para que o capitão se arrete e decida, por amor à sua tripulação, domar a tempestade. Que os marujos transpirem sangue para salvar a embarcação do naufrágio.
E que nós, os velhos torcedores de sempre, possamos estar presentes diante dessa mudança de atitude. Porque, sejamos sinceros, um pouco de esperança não faz mal a ninguém.
No fim das contas, espero estar no Abílio ouvindo resenhas positivas até que as últimas luzes do Arruda se apaguem. Paixão é assim mesmo: uma coisa de doido.

Um returno para lá de tenso.

Talento, motivação e estratégia são elementos fundamentais no futebol. Mas a atual realidade do futebol brasileiro quase sempre está atrelada a dividas exorbitantes. O mestre Nelson Rodrigues costumava dizer que futebol não é só racionalização, mas muita emoção.
Entretanto, um clube é gerido, possui departamentos, diretoria e presidência. Daí ser necessário pensar o universo de cada time se valendo da razão. As estratégias de gestão envolvem um projeto de planejamento financeiro, econômico, político, cultural e esportivo.
O Santa Cruz vem continuamente demonstrando sua incompetência nesse quesito. Já cansamos de falar disso aqui. A culpa é sempre do passado. O problema é que, no presente, não encontramos soluções que sejam postas em prática. Já sugeri, aqui, e isso umas dez mil vezes, que transparência, CT e valores de base e um departamento de futebol competente são passos iniciais tão necessários quanto respirar.
Além do mais, quando recebemos notícias de Doriva, Eutrópio ou Carlos Alberto, por exemplo, e os bloqueios constantes de nossas contas, chega a ser uma ofensa à inteligência a lerdeza de nosso departamento jurídico.
Evidente que, em campo, a motivação dos jogadores está atrelada a diversos fatores. Um dos mais relevantes é salário em dia. Não tem como não pensar na desmotivação desse grupo treinando. E se você não treina adequadamente, meus amigos, é muito possível que os resultados sejam negativos.
A contratação de Grafite, creio eu, vai possuir muito mais um efeito motivador na equipe do que resultados em gol. A presença de um líder, em momentos de crise, é muito importante. A falta de identidade desse elenco é assustadora. Creio que o velho Grafa dará um gás novo nesse returno que se inicia no próximo sábado, mas um gás psicológico, não tanto futebolístico.
Talento, por seu turno, é uma questão complicada. Ainda bem que alguma mente minimamente inteligente mandou Travassos (pelo amor de Deus) e Jaime (vixe Maria) para bem longe do Arruda. As coisas por aqui são lentas…. bem lentas.
Esse returno parece que vai ser mais tenso do que estávamos esperando. Sempre defendi o velho Givanildo – por sua história e competência. Defendi sua chegada atual no Santinha. Mas fiquei surpreso com sua entrevista de chegada. Ele já foi largando que qualquer coisa iria embora. Ele está adorando repetir isso em suas entrevistas. Creio que está na hora de acharmos outro treinador. O velho Giva parece desmotivado – e disso, tenho certeza, já estamos fartos.
A crise nos clubes do Brasil, entretanto, não inviabiliza a vida da maioria dos times. Devido a uma incompetência invisível, isso nos afeta e muito. Não é de se estranhar que, aqui e ali, surja a lebre da terceirização. Co-gestão ou venda total é um tema que ainda iremos nos demorar aqui, mas que já vale a pena começar a pensar, basta ver a realidade de muitos clubes europeus.
Por enquanto, nos resta seguir a indicação do mestre Rodrigues e torcer para que algo de bom aconteça com nosso Mais Querido. Sábado começa a reta final e a parada vai ser tensa. Numa boa, a séricê agora, nesse momento ainda mais complicado, pode significar um fundo do poço muito fundo.
Mas vamos lá. Tomar todas no sábado e torcer por uma vitória.

Quem duvida e quem acredita?

O Santinha, no returno, volta a jogar em casa. Lugar de tricolor coral é no Arruda – ninguém tinha mais saco para os jogos na Arena. Jogar no Mundão do Arruda é um dos poucos pontos que teremos a nosso favor nesse confronto de hoje à noite contra o Criciúma.
Vamos entrar em campo com um retrospecto de três derrotas seguidas. O fantasma dos salários atrasados continua. A diretoria fez uma porrada de promessas e não cumpriu nenhuma. Com um elenco de mediano a fraco, fica muito difícil não acreditar que a falta de grana atrapalha o desempenho dos jogadores.
Hoje é aniversário do mestre Givanildo. Ele vai ter que tirar leite de pedra para que a noite seja de parabéns e não de tristeza. As mudanças contínuas no elenco atrapalham a construção de um padrão técnico e tático.
Júlio César volta – particularmente, defendo Jacsson. Nininho e Tiago Costa estão suspensos. Travassos e Yuri (que só poderemos julgar a partir de hoje) assumem a difícil tarefa de dar volume e velocidade às nossas laterais.
Bruno Silva e Jaime entram de cara. Aqui temos que fazer uma pausa, rezar uma prece forte e esperar que um milagre aconteça.
Derley, João Ananias e Bueno possuem a tarefa quase inimaginável de criar no meio. A falta de talento nesse setor já está se transformando em um problema crônico.
Outro aspecto positivo – além do retorno à nossa casa – é que o Tigre vem com quatro desfalques. Vamos torcer para que Giva possa visualizar de maneira acertada um esquema para enfrentar os catarinenses.
Enquanto isso, foi levantada a hipótese de Grafite finalizar sua carreira aqui. O clube ainda possui dívidas com ele. Depois de conversar com os todos poderosos, Givanildo deu seu aval. (Essa questão precisa de uma postagem à parte para ser discutida).
Estamos já batendo nas portas de Odete. Esse campeonato ficou mais complicado do que poderíamos esperar. O Criciúma está em 12º com 26 pontos. O Santinha está quase na zona com 23 e em 16º lugar. O Ceára, 4º colocado, soma apenas 31 pontos. O negócio está embolado.
Hoje à noite darei aula das 19 às 22 horas. Só saberei se a noite foi boa ou um desastre muito depois do jogo. Como não terei aula na quarta pela manhã, já comprei um contrafilé e umas cervas para acompanhar a resenha quando chegar em casa.
Diante de tantos problemas e de poucas notícias boas, a questão fundamental agora é: Quem acredita na nossa vitória? Quem duvida desse time? Temos chances? Givanildo vai acertar? E esses salários? Esse meio de campo cria? Essa defesa segura a onda? Muitas questões… muitas.

Vergonha, vergonha.

Depois dessa partida patética, o torcedor do Santa Cruz deve estar se sentido como Cersei Lannister em Game of Thrones quando ela andou peladona pelas ruas de King´s Landing e a septã dizia “vergonha, vergonha” e tocava um sino.
Na série de George Martin, Cersei se arreta e mata todos os seus inimigos de uma tacada só. Mas para chegar lá foi necessário muito trabalho e acerto de contas.
Nas resenhas e sites em que li ou ouvi sobre o jogo de ontem era nítida a insatisfação da torcida. Todo mundo muito puto. A palavra vergonha pulava daqui para ali. E parece que superar essa má fase não será fácil.
Temos que reconhecer que os reservas são muito fracos. Parece que Givanildo não quer mudar o esquema tático – ouvi até gente dizendo que sentia saudade do esquema defensivo de Eutrópio…por favor. E esse papo de salário atrasado já encheu o saco.
Jaime continua doido. Júlio César deve ir para o banco. Bruno Silva deveria mudar de profissão. Tiago Costa está para lá de fora de forma. E quem porra é Travassos? Léo Lima parece que precisa tomar Biotônico Fontoura. A falta de atenção, na verdade, foi o tônico dessa partida.
Na entrevista pós jogo, Ricardo Bueno disse tudo: “Complicado. Jogamos muito mal, muito abaixo. Precisamos mudar tudo. Fica difícil jogar muito isolado. Às vezes a bola não chega e preciso sair para buscar, isso acaba prejudicando ”.
Logo quando chegou, Givanildo disse que não aceitaria duas semanas de salários atrasados.
“Comigo, ele disse, não tem esse papo de próxima sexta pagamos”. Vamos ver como ele vai lidar com essa situação.
Fiquei com a estranha sensação de que o time perdeu – se é que algum dia teve – sua identidade. Parecia outro clube jogando, um bando de perronhas vindos do espaço sideral.
Givanildo assumiu a culpa pela derrota. Na boa, não dá para tirar a culpa de todo o elenco. Foi um verdadeiro festival de horrores. Não temos um só culpado.
Para piorar a peregrinação, a torcida ainda tem que ir para a porra da Arena que fica na casa de cacete.
Terça tem o Paysandu. Evidente que a participação da torcida nesse momento é fundamental. Por enquanto, fica difícil falar alguma coisa com uma derrota tão vergonhosa dessa.
O sininho vai tocar até lá. Mas o Santinha tem que explodir o Grande Septo de Baelor. Traduzindo: temos que ganhar, voltar a pontuar e sair de perto da zona de rebaixamento.

Ética digital.

Meus amigos tricolores, estou indo agora para a casa de um amigo em Olinda. O dia será regado por muita cerveja, feijoada e os assuntos mais interessantes possíveis. Creio que na hora do jogo do Santinha estarei para lá de Bagdá.
Mas, seja como for, assistirei ao jogo. Como a casa desse meu amigo é próxima à casa de Sama, é bem possível que eu me articule com ele para vermos o jogo juntos – tem um bar massa na rua da Prefeitura que sempre passa os jogos do Mais Querido.
Por enquanto, vou comentar sobre um artigo que escrevi em 2013 que se intitula Por uma ética digital mínima. A era da informação – instaurada a partir das revoluções tecnológicas da década de 70 – erigiu um novo modelo de comportamento. As redes sociais se tornaram uma segunda vida.
As redes sociais (abertas são aquelas públicas como facebook e Blogs e fechadas aquelas em que nos relacionamos com pessoas mais íntimas) permitiram a quase todo o planeta dar opinião sobre absolutamente tudo. Como o ser humano é um ser da diversidade, é natural que haja embate de ideias. Como diria Habermas, o espaço público é o lugar de excelência da democracia.
Mas embate de ideias não significa briga. Só aumenta o tom de voz numa discussão quem não tem argumentos. Contudo, mesmo quem tem argumentos deve reconhecer quando sua construção é falha e aprender a ouvir. Temos muitos cursos de oratória e nenhum de escutatória.
No meu referido artigo, enumerei 8 proposições para uma ética digital. Nós brasileiros sempre falamos de ética e sabemos como se distanciar da mesma causa problemas tanto em âmbito privado quanto público. Eis as proposições:
1. Age de tal forma que tudo o que tu postares o faze como se as pessoas estivessem diante de ti.
2. É preciso abolir o anonimato. (Note-se que as ofensas se tornam mais graves em redes que permitem com mais facilidade o anonimato. Basta ver os comentários estapafúrdios que aparecem regularmente no YouTube).
3. Jamais poste algo quando estiveres embriagado. (A embriaguez requer certa privacidade e a colaboração de bons amigos. A publicidade das redes sociais opera contra a auto liberdade daquele que bebe. Lembre-se: a epifania da embriaguez é impermanente. Tudo o que postares será permanente. Logo,evitas a aporia).
4. Ser tolerante é uma virtude. Meditas antes de criticar com veemência a postagem de teu próximo.
5. Desenvolves um pensamento crítico. O dizer das redes sociais é quase sempre efêmero.
6. Em matérias controversas ou de caráter moral, colocas sempre o teu dizer como se estivesses diante de uma audiência. Aceitas as críticas, mas não evites a contra-argumentação. (Corolário à proposição 1).
7. Buscas compreender a ambiguidade das postagens. (Não há ainda um trabalho geral sobre a linguagem das redes sociais. O lugar do sarcasmo, da ironia, da blague quase sempre se perde em meio à rapidez e fluidez das postagens. Além do mais, usa-se de “emoticons” para expressar estados de ânimos quase sempre complexos).
8. Intolerância gera intolerância. Tolerância gera harmonia. Procuras sempre ser tolerante com teu próximo (Corolário à proposição 4).

Nas discussões sobre futebol não poderia ser diferente. Lembro-me de meus amigos Juninho (tricolor) e Rostand (coisado) sempre discutindo no recreio do Nóbrega. São grandes amigos até hoje. Esse é o espírito.