Eu vou, ela vai. Todos e todas irão!

Certa vez, um cara que trabalhava comigo falou, “pra que ir ao cinema, se eu posso pegar uns dvd’s e assistir em casa. No conforto, com segurança!”.

Hoje, quando vejo alguém dizer que prefere ver futebol na TV por causa do conforto, segurança, essas coisas, me lembro daquele papo do amigo do trabalho.

É claro que essa crise, a fim do Todos com a Nota, o horário e a televisão são concorrentes desleais do futebol no estádio. Por outro lado, parte da torcida mais apaixonada do Brasil, de repente, começou a se tornar exigente e cheia de mi-mi-mi.

Quem gosta do jogo futebol, não deixa de ir ao campo. Foi assim que aprendi a amar o Santa Cruz. Desde pequeno que vou ao Arruda. Levado pelo meu pai, a gente chegava cedo para ver a preliminar. Minhas maiores emoções, aquelas que guardo até hoje na lembrança, sempre foram ali, sentado no cimento, sentindo o cheiro do Arruda e o calor da nossa torcida. Gritando, xingando, aplaudindo, transpirando amor pelo Clube das Multidões. Na hora do pega pra capar, nunca me importei com a qualidade do produto. Eu visto é minha camisa, me mando pro Arruda e quero é ver o Santa Cruz ganhar.

É desse jeito que despertei a paixão nas minhas duas filhotas. Levando elas pro José do Rego Maciel. As meninas não trocam o luxo de casa pelo desconforto do Arruda. “Papai, bom é no Arruda!”

Aquele que disser que ver futebol na sala é o mesmo que assistir no estádio, é porque não gosta de futebol, é apenas um admirador, um simpatizante.

O fato é que nesta quarta tem decisão. Jogo pra assumir a liderança do grupo A da Lampions League e passar pra fase seguinte com moral de vencedor. Na bola, na raça e no grito. É daqueles jogos que a força da nossa torcida faz a diferença.

Nesta quarta-feira, contra os paraibanos, quem quiser que fique em casa. Eu vou é vestir a camisa do Santa e me mandar pro Arruda.

Eu vou. Marconi vai. Andreza já confirmou. Osvaldo disse que ía. Paulinha vai também. Dinho, Junior Alicate, Seu Abimael, Rosineide, Naná e mais um bocado irão. Besta é quem deixar de ir!

Quarta-feira tem mais

Desde a terça-feira de carnaval que eu não tomava uma cerva. Na quarta-feira de cinzas fui nocauteado por uma virose que me derrubou por vários dias.

Me mandei para o Arruda na secura de encontrar os amigos e encher a cara de cerveja. Não quis nem saber se a breja era feita de milho, de cevada ou de soja. Eu queria era beber. Zeca farrapou. Samarone desapareceu. Esequias e Robson Sena estavam pianinhos.

Tomei algumas antes da partida com Edgar Assis. Pela primeira vez na minha vida, bebi naquele posto de gasolina BR que fica na esquina. Um esquema meio gourmet, mas pra quem estava a praticamente 20 dias sem beber, tava valendo tomar uma em qualquer lugar.

Bebemos, conversamos umas besteiras e nos mandamos pro estádio. Edgar foi pra sociais. Eu fui pra arquibancanda. De um tempo pra cá, ou vou pras cadeiras, ou vou para arquibancada.

O jogo foi uma tranquilidade. Facilmente, metemos cinco a um no time de Caruaru. Tinha até vaga para mais. Perdemos penalti, duas bolas na trave e alguns gols perdidos. O tal do Pitibull sabe jogar bola. Everton Santos foi o melhor jogador em campo. Anderson Sales é um dos melhores batedores de falta do futebol brasileiro. E, finalmente, Velez entrou numa partida oficial. Só faltou a estreia de Fecundo Porra no gramado do Arruda.

O público foi bem fraquinho. Tinha mais instrumento de percussão do que gente na arquibancada. Atrás da barra era a batucada da Inferno. Na linha do escanteio o batuque da P10. E rente ao meio campo, a charanga da Império Coral. Puta que pariu, tinha hora que era um poluição sonora do caralho. Cada uma batendo de um jeito e cantando uma cantiga diferente. Só faltou o Orquestrão tocando frevo e a Sanfona Coral tocando forró.

No primeiro tempo, saímos vencendo de três a zero. Dois gols de Everton Santos. Mesmo assim, um rapaz que estava perto de mim esculhambava o nosso jogador. “Esse cara fez dois gols, mas o bicho o muito ruim. Um gol desses, até eu fazia”. Interessante que Pitibull também fez um gol bem fácil, mas o rapaz começou a latir em homenagem a Pitibull. Doido é quem tentar entender a lógica que existe na cabeça da torcida.

No intervalo, eu fui derramar a água do joelho. Um cidadão no banheiro estava esculhambando o velhinho Vitor. O nosso lateral. Pensei em discutir com o torcedor. Mas doido é quem leva em consideração esses malucos que só sabem reclamar. As vezes eu fico achando que, se o Santa Cruz fosse um Barcelona da vida, alguns torcedores iriam se suicidar por não ter motivos para reclamar. Mas, enfim,  deixemos os corneteiros para lá. Quarta tem jogo decisivo. É contra o Campinense. Vou de novo para o Arruda e quero ver gol. Pode ser até com gol do famigerado Léo Costa. Eu quero é a vitória. Quatro a zero no time da Paraíba está de bom tamanho.

Na próxima quarta, apesar do horário, da televisão, do desconforto causado pela violência, etecetera e tal, quem puder vá para o Arruda. A gente precisa voltar a ser apaixonados.

Bate-papo do blecaute

Meus amigos tricolores, eu estava lendo os comentários aqui no Blog da postagem anterior de Gerrá. Uma coisa me assustou: estamos apontando as mesmas falhas desde janeiro. O blecaute que o Santinha sofreu ontem na Arena é muito sintomático: os problemas apontados não foram sanados.. Foi um dos piores jogos que vi na vida – e foi, sem dúvida, o pior segundo tempo que já tive o desprazer de assistir.
Já está ficando repetitivo falar da transição de bola entre os setores de campo, a falta de domínio de bola, os equívocos de posicionamento, a falta de ataque, o isolamento de Pitbull, as trapalhadas das laterais e a ruindade mesmo desse time.
O amigo Guilardo citou uma coisa importante: o velho Eutrópio parece que não tem variação tática nenhuma. Há um marasmo na estratégia que chega a ser temeroso.
Tricolor Revoltado deu nota zero para Primão, Everton Santos e Barbio. Alguém, em sã consciência, discorda disso? Ainda mais revoltado, eu daria zero para Roberto e Léo Costa que estava irreconhecível.
Eu demitiria todos esses, dando chance apenas para Léo Costa. O resto pode ir para a puta que pariu. E, sem delongas, podem levar Eutrópio também. Dizíamos que ele não conhecia nossa realidade. Esse medo parece que está se confirmando. Se continuarmos assim, podemos dizer adeus à Copa do NE.
Madson e Genivaldo apontaram de maneira correta a insistência e falta de visão de Eutrópio: por que danado insistir com os perronhas? E os meninos de base? Sumiram do mapa? Pelo amor de Deus. André Tricolor citou as possibilidades de colocarmos Marcílio, Sheik e Salles. Eutrópio passa a semana com frescurinha sobre o elenco e escala uma bosta de time desses. Não dá, meus amigos. Paciência tem limite.
Meus amigos sabem que sou um cara otimista. Mas, também sou filósofo, logo o pensamento crítico se faz presente. Um otimista realista tem que encarar a verdade, a realidade nua e crua. E nossa realidade, agora, não é das melhores.
Estou puto da vida com esse jogo. Perder para as barbies é foda. Alguns podem até acreditar que esse time é razoável para a Série B e que, ao menos, permaneceremos lá. Não, não é. Esse time está abaixo do razoável.
Se continuarmos nessa pisadinha, podem preparar a paciência e o saco para ver jogo da Série C em 2018.
Ou a mudança surge logo ou o gosto amargo da incompetência será o prato do dia por um longo tempo.
E já que esse post é um bate-papo, o que os amigos tricolores esperam de nosso futuro?
Irei ao Arruda dia 18 cabreiro com esse time. Imagino o coração na Série B.

Queriam levar nosso estandarte

Depois de um carnaval antológico nas ladeiras de Olinda, onde a Minha Cobra fez até chover, por pouco nosso estandarte não foi roubado. Ou sequestrado, conforme sugeriu alguns.

Isso mesmo. Tentaram levar nosso estandarte.

Após nosso arrastão, Allan, nosso coordenador orquestral, levou o estandarte e deixou ele guardado na casa da sogra dele, Dona Benira.

O fato é que na quinta-feira, logo após a quarta-feira de cinzas, um espertinho deu uma de João Sem Braço.

O elemento chegou até a casa da sogra de Allan, bateu palmas educadamente e gritou o famoso “ô de casa”.  Dona Benira saiu pra atender. O sujeito jogou um papo bonito, disse que tinha autorização, falou que iria levar o estandarte para uma festa e num sei que, num sei que lá.

Para nossa sorte, Dona Benira se ligou nas paradas e indagou:

– que estandarte?

O sujeito disse:

– o da Cobra Coral!

– a única cobra que tem aqui é a do meu marido.

O individuo ficou meio sem graça, mas insistiu com a conversa. Disse que era amigo de um dos diretores do bloco e que ía levar o estandarte para um evento no clube.

Dona Benira segurou a onda e não titubeou. Ameaçou fazer uma ligação para saber dessa história e o safado se saiu.

Esequias e Allan Robert acham que foi uma tentativa de sequestro. Eu e Robson acreditamos que queriam mesmo era roubar para tocar fogo. Claudemir tem a opinião que tudo não passou de um desejo, um fetiche de torcedor de futebol.

– acho que o cara queria levar pra casa. Tirar foto. Mostrar aos amigos. Torcedor tem dessas coisas.

– Ok. Beleza. Mas é só pedir que a gente empresta ou libera pro cara tirar foto. Aliás, até a cobra, se alguém quiser passar uns dias com ela, a gente empresta.  – eu disse.

Enfim, roubo, sequestro, fetiche, seja lá o que for, estamos atrás de descobrir quem foi a pessoa que tentou pegar o estandarte da nossa troça.

Dona Benira nos falou que se tratava de um rapaz alto, meio agalegado e forte.

– ele usava boné, mas deu pra ver que tinha o cabelo curto. Ele tinha cavanhaque.

Perguntamos a ela sobre a roupa. A coroa nos disse que o cabra vestia uma camisa branca de malha e uma bermuda jeans preta.

– ele num tinha cara de ladrão não, nem de maconheiro.

Bom, estamos tentando descobrir quem foi. Desde hoje cedo, o retrato falado já está circulando nas redes sociais corais santacruzenses das bandas do Arruda.

Se alguém souber quem foi nos avise. Vai ver que Claudemir tem razão e o cara quer apenas ter a honra de ficar uns dias com o estandarte.

Ruindade, tabu e cabaços voadores.

Assisti ao jogo do Santinha contra o Salgueiro no Bar Sukito – na esquina do 13 de Maio. Sama não pôde vir, estava resolvendo questões amorosas. Muito justo e está perdoado.
Pedi uma cerveja antes de o jogo começar. À minha direita estava sentado um senhor torcedor da Barbie e que descia o sarrafo em tudo e todos. À minha esquerda, um tricolor mais irado ainda – era tanto xingamento que pensei que, assim que o juiz desse o apito inicial, o apocalipse iria se instalar na terra.
Logo que a partida começou, o Santa Cruz foi para cima. Estava com vontade e muita garra. Barbio corre pelo meio de campo, toca para Pitbull que lança em profundidade Léo Costa que quase faz um golaço. “Começamos bem”, pensei. Será que as substituições de Eutrópio deram certo?
Chegando aos dez minutos do primeiro tempo, Pitbull pega a bola fora da área, chuta e a bola desvia no zagueiro. Golaço! Todo tricolor santacruzense deve ter pensado:
“Pronto, vamos dar uma lapada homérica no Carcará. E como é que a gente perdeu desse time na semana passada?”
Entretanto, alguma coisa estranha ocorreu depois do gol. Parecia que tinha alguém escondido nas arquibancadas com um controle remoto todo poderoso. O time do Santa foi desligado, ficou offline e sem conexão.
O espaço entre o meio de campo e o ataque cresceu e o Santinha não conseguia atacar. O segundo tempo foi ainda pior. Ainda bem que Júlio César está se firmando como um grande goleiro. Estamos criando um novo paredão.
Mas, pior do que a desconexão com o ataque foi a atuação das laterais. Vítor, que vem fazendo boas atuações, parecia cansado de guerra. Mais cansado do que corredor no fim de maratona no Saara. O desgaste muscular deve estar atrapalhando. Jogou muito abaixo de sua própria média. E Tiago Costa parecia disperso, desentrosado, mal posicionado. As laterais batiam cabeça, erravam no domínio e saída de bola e na marcação.
Evidente que quebrar um tabu de seis anos é muito bom. Vencer é sempre bom. Mas fiquei preocupado com esse time. Eu pensava que era uma questão de ajustes no posicionamento, corrigir a transição da bola e acertar mais os passes. Estava enganado. É preciso pensar na ruindade como um elemento presente. Não dá para vacilar diante do Central na próxima rodada, mesmo sabendo que esse regulamento esquizofrênico nos beneficia.
E não é que a Patativa fez sua primeira pontuação, colocando o Belo Jardim mais distante de nós?! Chega a ser vergonhoso ter uma preocupação dessas. Não entrar na semifinal nesse campeonato é um insulto à torcida.
O mais legal dessa rodada, contudo, foi que o cabaço de quem era invicto foi para o espaço. Foi cabaço voando para tudo que era lado. A zoeira no zap foi grande.
A ressaca de hoje mostrou que é preciso muita cerveja e paciência nesse campeonato. Não sei qual vou precisar mais.

Uma derrota importante

Hoje começou o futebol pra mim. Aliás, ontem. E começou meio devagar. Ainda enfadado da folia do carnaval, deixei de ir ao Arruda. Arreguei o sofá da casa de Breno e vi o jogo pela Sky. Não tomei um gole de álcool. Assisti ao jogo de cara limpa.

Do começo do ano pra cá, este foi o quarto jogo que vi. Havia assistido a derrota contra o Belo Jardim. Depois assisti nossa virada contra o Central. Sábado passado vi o jogo contra o Uniclinic. Não sei nos outro jogos, mas em todos as pelejas que vi, o Santa Cruz não jogou bem. A defesa é pra deixar qualquer torcedor se borrando de medo.

Penso até que a derrota de ontem foi importante, para dar um “tá ligado” no elenco, no treinador e na diretoria. Mas acho cedo pra meter o pau. Entretanto, porém, todavia, os corneteiros já começaram a botar as unhas pra fora e soltar bala pra todos os lados. Tem torcedor que parece ter orgasmo quando o Santa Cruz perde.

Foi acabar o jogo e meu zap se encheu de mensagens esculhambando  tudo. Para alguns já estamos fora do quadrangular final, não passaremos da próxima fase da Lampions League e provavelmente seremos rebaixados para Sericê. Aos mais íntimos eu mando logo tomar no fiofó. Aos que não tenho intimidade, respeito a opinião e fico calado.

Mas voltando ao futebol de ontem, me surpreendeu o público presente. Eu estava apostando que não teríamos nem dois mil apaixonados no Arruda. Mas o público foi maior do que o clássico da quarta-feira de cinzas na ilha da fantasia.

Me surpreendeu também a disposição e a bola que o velhinho Victor está jogando. Espero que a musculatura dele aguente por um bom tempo. Só não me surpreendi foi com a ruindade de Wellington César. O Santa Cruz precisa urgentemente arrumar um time para esse rapaz ir jogar ou então arrumar um emprego diferente para ele.

O time ainda está se arrumando, isso é lógico. Mas tem uns cabras aí que, pelo visto, não vão se arrumar nem aqui, nem na puta que pariu. Primão e Barbio são dois deles.

No mais, é juntar os amigos, alugar uma Van, pegar a 232 e se mandar para Salgueiro. Um bom programa para o final de semana. Comer carne de bode, curtir o calor do sertão e ver o Santa Cruz arrancar uma vitória na terra de Manoel Tobias.

 

É hoje!

A instigada Minha Cobra sai pelas ladeiras de Olinda. É hoje. Na frente da sede do calunga mais querido do Brasil, o Homem da Meia Noite, às 10 horas, a Troça Carnavalesca Mista Ofídica Etílica Erótica MINHA COBRA pinta de preto-branco-encarnado as ruas e ladeiras de Olinda.

No Arruda tem o Cobra Fumando. É folia tricolor coral santacruzense pra todos os lados.

Então, meus amigos, é vestir a camisa, colocar um adereço e sair para brincar o carnaval!

TRIIIII!

Evoé, Baco!

Meus amigos tricolores, chegou o Carnaval. Evoé, Baco. A festa da alegria, embriaguez, fantasia e loucura. E a maior loucura de todas: teremos jogo no sábado do Galo. Pense numa tabela feita por um cara muito doido.
Possivelmente estarei tão bêbado que terei que ver o jogo na manhã de domingo novamente para entender o que aconteceu. Mas não tenho dúvidas: iremos arrancar uma bela vitória.
Estava ontem em Seu Sebastião conversando sobre esse jogo contra o Uniclinic (Quem foi o maluco que colocou esse nome?) quando a troça Siri na Lata passou desenbestada na porta do ilustre bar tricolor. O frevo, meus amigos, ferve.
Fiquei instigado e sai em direção ao Levino. Essa troça é muito foda. Além de tocar as músicas do mestre Levino Ferreira – um dos maiores compositores de frevo de rua – possui um repertório que foge do lugar comum.
Eu estava me aproximando da 7 de setembro procurando uma passarinha para tomar uma cana quando ouvi alguém me chamando: “Zeca, porra, vem aqui!”. Era Juninho, um antigo amigo de colégio. Estudamos dez anos juntos no saudoso Nóbrega.
Amigo de colégio é uma coisa interessante. Você pode passar vinte anos sem ver o sujeito e, quando o rever, parece que o último encontro foi ontem. Ficamos tomando umas cervas e falando sobre o Santinha e sobre frevo. Juninho é um apaixonado pelo Santa Cruz e pelo frevo. Conhece tudo sobre nossa música maior – mas não é músico, uma frustração que foi resolvida com as filhas que estudam, agora, no conservatório.
E, como todo tricolor santacruzense, é o maior torcedor do Santinha. De repente, ele me saiu com essa:
“Zeca, já falei com Gerrá que tu é um alter ego que escreve no Blog. Tu nunca falava de futebol no Nóbrega”.
“Vai tomar no cu, Juninho. Tinhas quantos anos quando fosse ao Arruda pela primeira vez?”.
“Sete”.
“Se fudeu. Eu tinha cinco”.
E aí começou aquele lengalenga sobre quem foi mais a campo:quem viu Fu Manchu ou Ramón jogar; quem estava na inauguração da arquibancada superior; quem viu a inauguração do placar eletrônico; quem estava no jogo contra o Palmeiras que teve um público monstruoso; quem presenciou o cabaço da leoa voar e por aí afora.
“Juninho, eu não tinha saco de discutir futebol com vocês. Tu e Rostand (outro amigo do Nóbrega e torcedor coisado) viviam brigando na hora do recreio. O cara tinha que ter muito saco para entrar naquela frescura”.
O bloco saiu e seguimos a orquestra. Frevos maravilhosos. Juninho ia solfejando as notas que eram cuspidas pelos metais. Sou metaleiro de corpo e alma, mas o frevo está no sangue desde sempre. Antes de tudo, sou pernambucano com muito orgulho.
A noite seguiu. Assim como o frevo que invadia as ruas e as antigas calçadas da cidade. Foi muito bom reencontrar um grande amigo das antigas. Ainda mais um cara que é apaixonado pelo frevo e pelo Santinha. O início de Carnaval foi arretado. Espero rever Juninho logo para retornarmos a discussão sobre quem ama mais o Santa Cruz. E comentar nossa vitória desse sábado.
Acho que isso ocorrerá em Olinda na troça Minha Cobra. Vai ser cana.
Vamos embora que a alegria só acaba na quarta-feira ingrata. Evoé, Baco!
Um excelente Carnaval para todos. Na paz e na alegria, pois esse é o verdadeiro espírito de Baco, o deus do êxtase e da felicidade sem fim.

O Clássico das Tensões.

O Clássico das Multidões – que, no caso desse sábado, pode muito bem ser chamado de Clássico das Tensões – revelou uma nova faceta desse time do Santa Cruz e que segue aquilo que os amigos tricolores Genivaldo, Marcos e Arnildo disseram aqui no Blog: time macho do caralho!
A pilha que o menino Everton Felipe deu antes da partida foi salutar para nós. O Santinha entrou em campo como se estivesse entrando no octógono do UFC: sangue nos olhos, vontade de ganhar e dar porrada em todo mundo.
O nome da partida: Vítor. Puta que pariu, o cara estava endiabrado. Jogou com muita garra, uma disposição absurda e se revelando um talento para lá de qualquer expectativa.
Claro que a qualidade de Diego Souza foi fundamental para o gol do Do Recife (a coisa). Mas não tem quem me tire da cabeça a ideia de que Jaime deu uma puta vacilada no lance.
A expulsão de André Luís – com o placar desfavorável – parecia ter decretado, em definitivo, nossa primeira derrota. Uma porra. O time se superou. Ao contrário do que poderia se esperar, até jogou mais. E isso mesmo diante das lambanças da arbitragem.
E Pitbull, meus amigos, é Pitbull. Deu um mata leão nos coisados com um toque magistral. Três tricolores contra cinco leoas, mas um toque de bola refinado que acabou com o nosso gol. Que coisa mais bonita. Ele tem tudo para ser o nosso grande ídolo nessa temporada.
E Júlio César está cada vez melhor. Jogou muito. Fez defesas dificílimas que ajudaram a manter o empate. Estava envolvido com a partida, totalmente dentro do espírito do clássico.
Mas isso não quer dizer que está tudo bem. Muito pelo contrário. A garra do time foi muito maior – maior mesmo – do que a qualidade do nosso futebol. Claro que a qualidade do passe no meio de campo vem melhorando, mas há muito trabalho para ser feito.
É preciso equacionar os espaços entre defesa e meio de campo e entre meio de campo e ataque. E melhorar o domínio e saída de bola.
Barbio me pareceu mais perdido do que gringo no meio do Galo da Madrugada. Estabanado, afobado e sem noção de posicionamento.
Em campo, o jogo foi muito pegado. Aquele chute de Leandro Pereira em Jaime era para ter sido cartão vermelho. E ainda estou na dúvida se Pitbull estava realmente impedido. Magrão ia se fuder. Esse Rufino não me engana.
Por fim, vou dar meu palpite para essa temporada: Pitbull será o artilheiro e o Santa Cruz será o campeão do PE 2017. Eita porra, me arretei.

Os Hooligans no Clássico das Multidões.

Confesso que estou começando a ficar nervoso com esse jogo de sábado. O cara escuta a resenha no rádio, lê os jornais, assiste à TV e ouve, nas ruas, a torcida dizendo: “Pitbull vai estraçaiá a coisa. Au, au, au, au”.
Sábado será o teste de fogo para Eutrópio e para a torcida tricolor. O treino fechado mostra que é preciso ter a cabeça no lugar e acertar alguns pontos: espaços na defesa, conexão do meio de campo com o ataque e ir além da bola parada na hora de atacar.
Apostaram no argentino Parra e em Júlio César (que é meu aluno no curso de Direito). Espero que os dois mostrem serviço quando entrarem em campo nos próximos jogos.
Mas esse sábado é o dia do Clássico das Multidões. O dia em que o sujeito acorda eletrizado, só pensando na hora de entrar em campo e celebrar com a torcida. O zap explode de mensagens dos dois lados – a gozação sadia é fundamental para manter o espírito do futebol brasileiro.
Sábado é dia de marchar para o Arruda confiante em nossos guerreiros. Dia de lotar o Mundão e celebrar essa paixão no mês de nosso aniversário. Dia de ser feliz, comungar com a essência desse esporte maravilhoso e dessa torcida alucinada. Dia de tomar uma em Abílio, comer o cachorro-quente da arquibancada e acompanhar, com os nervos à flor da pele, o jogo também pelo rádio.
Uma pena que muitos torcedores ainda insistam em transformar essa festa tão linda num campo de batalha. Já escrevi aqui – na crônica “Meu dia de Mancuso” – que levei uma baita carreira da torcida dos coisados. Um amigo que torce pela leoa já foi espancado por torcedores do Santa Cruz só porque estava com a camisa do time adversário e entrou numa rua tomada por tricolores.
Uma tristeza a permanência desse clima medieval. Sempre fui a favor das torcidas organizadas. Essas surgiram para enaltecer a paixão do torcedor por seu clube. Elas embelezam a festa nos estádios, dão identidade ao time e calor na comemoração de um gol.
Mas os baderneiros confundem tudo. Os Holligans PE querem transformar essa festa em um inferno. Creio que seria muito salutar adotar a postura que o governo da Inglaterra tomou em relação a esse problema: tipificar essas ações como crime e punir de maneira severa, monitorar os arruaceiros e banir dos estádios aqueles que não querem amar, mas sim, lutar.
Futebol é lugar do amor, da paixão e da alegria. Por isso, acredito que seria também importante iniciar um trabalho de ação social para reeducar esses torcedores. No fundo, a paixão pelo time ainda está lá. E é essa que deve existir e ser glorificada.
Inegável que todo torcedor que for ao Arruda nesse sábado terá um pouco de receio da violência. Minha esposa sempre pede para, no Clássico das Multidões, eu ir sem a camisa do Santinha. Uma pena esse medo, essa invasão de nossa liberdade. Nós que queremos apenas torcer.
Resta torcer para que o esquema policial esteja bem montado e que o Estado faça sua parte. E que a festa, e apenas essa, seja a realidade desse sábado.
Paz nos estádios. Paz nos corações.
Futebol é amor. E Clássico, meus amigos, é Clássico. Tem que respeitar.