Lista de treinadores

Toda vez que o Santa Cruz está procurando técnico, eu vou consultar minha lista de 100 nomes. Pois é, eu tenho uma lista com mais 100 nomes de treinadores. Chamo lista de 100 nomes, pra ficar mais fácil. Já até publiquei aqui no Blog, faz tempo.

Comecei com essa mania, depois que vi tanto técnico ruim passar por nosso comando. Se não me falha a memória, iniciei esse “hobby” quando o Santa Cruz contratou um tal de Bagé.

Quem daqui se lembra daquela invenção de botarem como técnico a dupla Ricardo Rocha/Zé do Carmo?

E Ferdinando Teixeira? O sujeito era sociólogo. Naquela época, quando ele veio pro Santa, eu fui num desses programas esportivos que a turma faz em bar, lanchonete, restaurante, essas coisas. Saí de lá com a sensação de ter conhecido um daqueles professores gente boa que aprova todo mundo sem maiores problemas e que, nos jogos comemorativos de final de ano, ele foi ser treinador do time dos terceiranistas.

Me recordei agora de Sabugosa. Sérgio “Sabugosa” Guedes. Ali era comédia. Um dos piores que já vi passar por aqui. Nas entrevistas que ele dava, era um lero-lero só. “As razões pelas quais não atingimos o esperado é porque estamos administrando muitas coisas. Não é fácil fazer isso. Inicialmente a equipe se mostrou desconfortável, esperando o adversário e depois teve iniciativa de sair no contra-ataque. Quando começamos a desarmar e atacar, tivemos mais ocasiões, só que não ocorreram os gols”, professor Sabugosa depois de um jogo contra o Avaí.

Mas, enfim, sempre que estamos precisando contratar um novo técnico, abro minha lista e vou procurando nomes. Tem de A a Z (Aderbal Lana, Artuzinho, Cairo Lima, Dado Cavalcanti, Klisman da Silva, Parreira, Roberval Davino, Zé Teodoro).

Nela, eu separo alguns profissionais por categoria.

Tem, por exemplo, a categoria Cientista Maluco. Neste grupo estão nomes como o de Milton Mendes, Lisca e o do ex-treinador Ferdinando Teixeira.

Tem o grupo Futibó é futibó. Givanildo Oliveira, Geninho, Zé Teodoro, Aderbal Lana e outros fazem parte desta categoria.

Sérgio Guedes está na categoria lero-lero.

Quando anunciaram que Junior Rocha seria treinador do Santa, corri para ver se o nome dele constava na minha lista. Pois bem, o senhor Dilceu Rocha Junior constava na lista, mas ainda não tinha sido incluído em nenhuma categoria.

Depois da desgraça que foi sua curta passagem por aqui e de ouvir tanta besteira dita por este treinador Jr Rocha, fico na dúvida se incluo ele no grupo dos cientistas malucos, se boto ele junto de Sérgio Guedes ou se crio a categoria “Técnico Nutella”. A única certeza que tenho é que quero que ele nunca mais venha vestir nossa camisa.

Sim…., se a diretoria quiser uma ajuda, posso enviar minha listinha com os nomes. Nela tem exatamente 123 professores de futebol.

A velha e boa emoção.

A final do Campeonato Pernambucano foi contra todas as previsões. Ambos os jogos estavam cheios. Tudo o que se pensa sobre a ausência da torcida nos campos – transmissão da TV, transporte público, violência das torcidas, conforto do sofá de casa, a porra toda – não valeu na final.
Qual a razão dos estádios lotados na final? Muito simples: a boa e velha emoção. Pois é. Uma das coisas fundamentais no futebol. O que achei estranho – e isso estava conversando com Sama e Gerrá – é que na final eu só escutava neguinho gritando e vibrando com os gols da Patativa. Mas foi a emoção de ambos os lados que incendiou a final e trouxe o torcedor de volta aos campos.
Tá, legal isso. Mas vamos ao que interessa: o Santa Cruz.
Estava na casa de meu amigo Fábio Martins tomando umas e falando sobre o Santinha. Fábio também é tricolor coral das bandas do Arruda. Enquanto a gente brahmeava, ele soltou essa:
“De boa, qual foi a última vez que tu vibrasse feito um louco com um gol do Santa?”.
Ficamos pensando e comentando os últimos gols do Santa. Depois ele antecipou:
“Por isso que não acompanho mais nada do futebol pernambucano. Acabou-se a emoção. Não tem graça ir ao estádio para ver um time ruim da porra desses. Dói na vista”.
Fiquei pensando sobre essa dura afirmação. E não é que é isso mesmo. O que falta é a velha e boa emoção. Claro que o Todos com a Nota criou uma ilusão de torcida apaixonada. Mas também temos que pensar que a grande massa tricolor coral é sofrida, meus amigos. Esse fator é fundamental para pensarmos na torcida do Santinha.
Mas a falta de emoção é decisiva. Se estou nas arquibancadas ou nas sociais, sempre escuto alguém berrando:
“Que jogo feio da porra!”
“Que perronha do caralho!”
“Esse técnico é um imbecil!”
Para mim, a emoção não bateu ponto no jogo de nossa estreia na séricê, É preciso esperança, é preciso fazer política, é preciso exigir uma porrada de coisas que já chegamos à exaustão discutindo aqui.
Temos que fazer uma confissão: a galera aqui do Blog ficou morgada com o PE desse ano. Triste. Falava com Gerrá e Sama: bora escrever, porra! E ninguém tinha tesão. Depois eu lia os comentários aqui e acho que se tivesse o Google do Blog do Santinha e fôssemos buscar as palavras mais usadas aqui, a expressão mais usada que apareceria seria “time pequeno”.
Pois é, meus amigos. Nossa peregrinação começou. Os loucos como nós estarão lá apoiando o Santinha. E uma pena que a grande maioria esteja desinteressada do Mais Querido. Mas sem emoção, realmente é complicado. Lembre da foto aqui publicada e será fácil compreender isso.

De volta para o futuro.

Torcida morgada, Blog do Santinha morgado, uma tristeza geral. O espectro da morgação baixou no espírito do tricolor coral do Arruda. De certa forma, o primeiro empate contra o Do Recife acendeu uma esperança na torcida. Conhecidos que são naturalmente pessimistas, amargurados e resmungões estavam acreditando na vitória. Eu, quase sempre otimista, não acreditava. E os 3 a zero revelaram a desordem de nosso Santinha. A ruindade da zaga – entregando de bandeja dois gols – revelou que algo estava muito errado.
No Pernambucano, fizemos 10 jogos. Empatamos 7 vezes, perdemos apenas uma e ganhamos só duas. Ficamos em sexto com 10 pontos. O time foi de uma irregularidade ímpar. Difícil imaginar uma escalação contínua, uma identidade futebolística. Daí a tristeza e morgação que assolou o espírito de qualquer torcedor minimamente racional.
Nossa retrospectiva, entretanto, não foi das piores. Isso indica que o nível do campeonato, em si, caiu bastante. A piada que rola por aí – comparando o Do Recife com o salário mínimo – é que com o mínimo você ganha, ganha e não compra nada; o Do Recife compra, compra e não ganha nada. Da minha parte, torcendo para que a final desse PE seja interiorana (Aí surge outra piada: agora só temos aves no páreo: patativa, carcará e frango).
Mas temos que esquecer o passado e pensar no futuro. Para mim, o mais relevante é essa tal de sericê. E vamos ter que conviver com dirigentes que insistem em não traduzir para seus torcedores a realidade de nosso clube. Pronto, voltamos à velha questão da transparência.
Defino transparência: em um Estado Democrático de Direito, a transparência está relacionada com a publicidade. Trata-se do administrador em manter os dados relevantes de seu comportamento– financeiros, contábeis, administrativos etc – perante seus investidores, sócios e sociedade em geral.
A transparência se dá tanto na esfera privada (basta ver os balanços publicados em jornais com o intuito de informar os stockholders) quanto na esfera pública (um bom exemplo é o portal da transparência do Governo Federal). O acesso à informação das empresas privadas e públicas – respeitando sigilos estratégicos, informações de proteção à concorrência, relações internas de governança etc – indicam que a empresa atua de maneira lisa, clara e honesta.
Ora, meus amigos, isso, desde Edinho ou antes, é algo que não ocorre em nosso Mais Querido. Estava nas sociais em um jogo da séribê quando discutia com Big sobre um balanço lançado pela então gestão de Alírio:
“Um absurdo contábil, ele disse. Tudo mal feito. Como o sócio torcedor pode confiar numa gestão em que os dados mínimos são escamoteados?”.
Esse é um dos pontos cruciais dessa discussão: o sócio torcedor que contribui mensalmente com o clube. É preciso que esse mesmo sócio torcedor exija um portal da transparência em seu clube – e em todas as esferas.
A séricê se aproxima. A tempestade também. Voluntarismo, bom mocismo, amor ao clube podem ser coisas louváveis, mas em um universo extremamente competitivo, o que vale mesmo é profissionalismo.
Espero que Marty McFly não volte do futuro nos dizendo que o passado se repetiu e fomos parar na famigerada séridê. Sem capitão, o barco fica a deriva e afunda. Afunda feio.

Ofuscaram o brilho do jogo

Faz tempo que encerrei a minha carreira de ir para casa dos adversários.

Certa vez, fui para Caruaru. Era Santa Cruz e Central no Lacerdão, numa quarta-feira à noite. Pegamos um engarrafamento grande na saída do Recife e chegamos atrasados. Na correria para entrar e pela falta de sinalização que indicasse para onde devíamos ir, recorremos a um policial. Educadamente, mas sem preparo nenhum para dar a informação correta, o militar indicou um portão que dava justamente no meio da torcida do Central. Passamos um sufoco danado, quase brigamos, até que nos levaram para o lado onde estava a nossa torcida.

Em outra situação, dessa vez nos Aflitos, inventamos de comprar ingressos de cadeiras. Na bilheteria avisamos que queríamos ingressos para o local destinado a torcida do Santa Cruz. Era aquele jogo no qual Sandro Blum fez um gol contra. Chovia bastante naquela noite. Quando entramos, era tudo junto e misturado. Vimos o jogo no meio dos torcedores do Capibaribe. Tentamos ir para arquibancada, mas não foi possível. Não havia ninguém para resolver o problema. Assim que o jogo acabou, descemos rápido, mas não deixaram a gente ir embora. A justificativa foi: a torcida que sai primeiro é a do time adversário. Mostrei minha carteira de sócio do Santa Cruz. Falei que estava ali por ter comprado ingresso de cadeira. Argumentei. Pedi. Expliquei. Os senhores que faziam a segurança e o policial que estava perto não enxergavam um palmo além da ordem que haviam recebido e não nos deixaram sair.

Já levei carreira na Ilha. Já levei pedrada no Carneirão.

Ontem, assisti ao jogo pela TV. Ainda no primeiro tempo, vi dois belíssimos gols. Mas logo em seguida, logo depois do nosso golaço, acabaram com a festa. Para fazer valer as proibições impostas ao futebol moderno, a polícia desceu o sarrafo em um torcedor que acendeu um sinalizador. Uma atitude pra lá de exagerada e desnecessária por parte do policial. Tão exagerada que causou pânico nos três mil e poucos Tricolores-corais-santacruzenses-das-bandas do Arruda que estavam espremidos numa pequena área destinada a massa Coral.

Não houve briga, muito menos confusão. Houve tumulto. E, na agonia de sair de perto do local do rolo, as pessoas foram tropeçando e caindo umas por cima das outras, como se fossem um dominó. Correria, gente se arranhando, se quebrando, passando mal. Pedidos de ajuda e socorro. Desespero e pressa de querer entrar no campo para chamar aqueles que estão escalados com a função prestar atendimento médico. Afinal de contas, o pessoal da área de saúde fica no gramado.

Do lado da polícia, um despreparo fora do comum por parte de alguns policiais. A incapacidade de observar que não havia briga, de ver que eram pessoas pedindo socorro. Ao invés de ajudarem, jogaram combustível no desespero da torcida. Ou melhor, jogaram spray de pimenta na cara das pessoas. Uma atitude irresponsável e burra. Ao invés encontrar uma maneira de prestar socorro, aumentaram a quantidade de gente precisando de ajuda e a revolta dos que tentavam conseguir socorro para o próximo.

Somente depois de um certo tempo, abriram passagem para as pessoas serem atendidas. Foram mais de 50 estendidas no gramado que fica atrás da barra. Pela tela da televisão eu via sangue, roupas rasgadas e uma cena que não me sai da minha cabeça: um cara tendo convulsões. Daí para frente, o jogo havia acabado pra mim e pra muitos que conheço. Menos para a TV Globo e para Federação Pernambucana de Futebol. Mesmo com vários corpos espalhados atrás da barra, mesmo com ambulâncias entrando e saindo pelas laterais do gramado, e transitando na frente dos bancos de reserva, a bola continuou rolando. Eu só imaginava uma bolada em quem já estava lascado.

Nas peladas do meu tempo de menino, éramos bem mais cuidadosos do que a FPF. Naquela época, quando a gente jogava bola na rua, se passasse alguém, o jogo era interrompido. “Parou, parou!” – alguém avisava.

Ontem, por causa de uma Lei que proíbe se acender um inofensivo sinalizador, vimos estampadas toda a incompetência, irresponsabilidade e insensibilidade que está encruada na cabeça daqueles que organizam nosso sofrido futebol.

E vimos tirarem o brilho desse esporte que tanto nos encanta, que tanto nos apaixona.

Aquele passe de Héricles e o gol de Fabinho Alves, e também o gol do adversário, merecem todos os aplausos, gritos, fogos e sinalizadores do mundo. Merecem bandeiras tremulando, papéis picados e serpentinas jogadas no gramado. Merecem a alegria, o êxtase e a euforia que fazem do futebol o jogo mais espetacular do Universo.

Não! Não merecem a incapacidade, negligência e a crueldade de ontem.

Sobre Transparência e transparências

TEXTO DE INÁCIO FRANÇA

*Este texto foi escrito por Inácio França

Alguém aí sabe dizer quem começou a cobrar transparência no Santa Cruz? Quem tem menos de 30 não vai saber, daí vou dar uma pista: o pai de Mendoncinha nem tinha sido presidente ainda.

É preciso voltar ao final dos anos 90. Essa palavra começou a ser usada em um histórico e esquecido encontro no auditório do Sindicato dos Jornalistas puxado por Fernando Veloso, o atual vice Tonico Araújo e um monte de gente, incluindo este que vos fala. Para nossa surpresa, o auditório lotou. Lotou mesmo, sem exagero, ficou gente do lado de fora.

Certamente, numa época pré-redes sociais, foi a primeira vez que um monte de gente se encontrou e se viu pela primeira vez tentando interferir na vida do clube. Acho que o presidente na época era Edelson Barbosa, largado à frente do clube como aquele menino do filme atravessando o oceano com um tigre no bote e uma tuia de tubarões querendo almoçar os dois.

Conheci um bocado de tricolor nessa noite, Gerrá inclusive.

Cadoca apareceu. Quiseram lançar ele pra presidente, mas o bicho correu na hora, tá correndo até hoje. Quem topou foi Jonas, o empresário-pastor (sei que hoje é mais comum pastor-empresário, mas na época ainda não era), nome lançado como desdobramento daquela mobilização confusa, sem direção, sem amarração.

O importante era não deixar que os tubarões subissem no bote. O menino Edelson deu um pulo assim que chegou na praia, mas Jonas entrou antes que o tigrão saísse, aí ficou com ele fuçando suas oiças no meio do mar.

Depois de Jonas, um grupo menor de oposição, com vários empresários convenceu Mendonção a ser presidente. O sujeito era brabo, pai de vice-governador, podia arrumar dinheiro, patrocinador forte, essas ilusões que renovam a esperança de tudo quanto é tricolor há gerações. O problema é que Mendonção era político, queria agradar gregos, troianos, romanos, celtas, vikings, persas, chineses, americanos e o escambau. Seu bote ficou cheio de tubarões.

E os tubarões, como todos sabem não gostam de água transparente. Preferem atacar quando as coisas estão turvas. Meio mundo de gente se jogou na água, Mendonção também.

Foi aí que o Blog do Santinha surgiu trompeteando transparência, democracia, que o clube era da torcida e não de alguns, denunciando que a diretoria de então se comportava como uma milícia armada. A gente falava e acontecia. A seção de comentários do blog foi, com certeza absoluta, a segunda comunidade de rede social de santa-cruzenses, quando isso nem existia. A primeira foi o Fórum da Coralnet.

O tempo passou, muita coisa mudou. Mas o Santa Cruz continua no fio da navalha: um milímetro pra um lado, é a glória; um pé pro outro lado, fracasso, dor e agonia.

Nos últimos três anos encarei o desafio de mergulhar numa gestão que prometia transparência. Juro que o possível foi feito. Ou ao menos tentou se fazer. Alguns gestos foram esboçados, mas havia muita vontade e poucos para realizá-la. Hoje, do lado de fora, sei que os acertos só acontecem depois que se tenta, experimenta e erra.

Por isso, no grupo em que participo com Gerrá, fui eu a perguntar: “Antes é preciso definir o que é transparência”. Eu mesmo não sei exatamente o que é isso. Ontem, fiquei sabendo que existem uns parâmetros internacionais que definem o que é transparência institucional. E não tem nada a ver com aquilo que a Comunicação do clube tentou fazer sob meu comando: publicar detalhes de renda, público a cada jogo. Isso é voluntarismo, boa vontade, amostramento ou dar satisfação. Antes de ser publicado, qualquer valor precisa passar pela contabilidade, ser conferido pela federação e passar por outros procedimentos da área financeira e contábil que eu nem sei o nome.

O cara chamado Fábio Araújo, tricolor da Controladoria Geral da União, tá botando ordem na casa e está aprontando um site exclusivo só pra isso.

A galera que tá cobrando transparência de Tininho está certa em cobrar, mas é bom pensar um pouco enquanto cobra.

Costumo dizer que, depois que os tubarões rasgaram a carne e comeram os ossos do Santa, todos os dirigentes que vieram depois – e ainda virão – carregam o estigma daqueles tempos. São tratados como ladrões por definição, sem margem para dúvidas. E como amadores por natureza.

Se é preciso cobrar, é fundamental separar as coisas, principalmente para que a cobrança não soe desmedida ou mero histerismo: não há como comparar o passado em que capangas batiam em sócios nas dependências do clube dos tempos atuais, em que gente que nunca tinha se arriscado a colaborar está dentro do Arruda. Tem um especialista em tecnologia de informação no departamento de Futebol, tem procurador da Fazenda Nacional arrecadando recursos com projetos de lei de incentivo, tem técnico do TCU sistematizando projetos e ideias. Gente que sequer conhecia o presidente.

Não, não são os mesmos de sempre. São pessoas como qualquer um de nós, parecidas com aqueles que estão cobrando, mas não perceberam que podem estar no clube em breve e correm o risco de serem cobrados além da justa medida.

Também é preciso saber o que fazer e saber o que cobrar. E, sejamos sinceros, só transparência não vai alavancar o Santa Cruz aos “píncaros da glória”. É preciso cobrar do clube todo.

O Conselho Deliberativo tem umas poltronas bonitas no auditório, mas nunca teve um reles regimento. Isso mesmo: 104 anos depois o Conselho não tem regras internas de funcionamento, não se sabe quantas vezes precisa se reunir, como precisa se dar o processo de definição de uma pauta etc. Isso sem falar no Estatuto, um documento maluco que separa o clube em três partes desiguais, cada qual pro seu lado, mas que torna obrigatórios sirene e fogos de artifício três vezes ao dia no 3 de fevereiro. Pense numa besteira.

É preciso cobrar o mínimo de democracia: que todas as categorias de sócio possam votar, que cada chapa tenha representação proporcional no Conselho. Isso seria dar um passo fantástico, mas também não resolverá os problemas do Santa Cruz.

Para isso, todo mundo que está exigindo transparência agora e vai exigir outras coisas depois, precisa se juntar a quem é cobrado para enterrar de uma vez por todas a escrotice das cotas de transmissão de TV. Ou para exigir que os putos das emissoras engulam esse horário das 22h que tanto afasta o torcedor do estádio. Ou acabar de uma vez com as federações e lutar por uma liga de clubes.

Sim, não é por falta de transparência que o torcedor sumiu. Se fosse assim, ninguém lotava estádios na Europa, terra onde o Barcelona já foi acusado de lavar dinheiro do narcotráfico. O que falta é dinheiro no bolso do povo, tranquilidade para a mulherada ir no banheiro dos estádios, ônibus para voltar para casa, bandeira e música na arquibancada, segurança para andar nas ruas do seu bairro à noite depois de descer do ônibus.

Uma razão para ir ao Arruda.

Samarone me disse que iria escrever um texto elencando doze razões para irmos ao Arruda. Mas Gerrá apareceu na Casa Azul enquanto ele escrevia e o texto desandou. Fiquei com essa ideia na cabeça: quais razões são relevantes para ir ao Arruda?
Fui ver o jogo do Santinha contra o Pesqueira nesse domingo. Encontrei-me com meu grande amigo e poeta Pietro Wagner em Abílio. Tomamos uma cervas enquanto discutíamos a atual situação do Mais Querido.
Seguimos para as sociais, compramos mais cerva e comi um cachorro-quente (o melhor do mundo). O jogo já começou com o desastre da cavalice desnecessária de Luiz Otávio. Aí, meus amigos, o time desandou. Até fundamento básico parece que nossos jogadores desaprenderam.
Juninho chegou com Veridiana no meio do primeiro tempo vindo de mais uma farra frevística. Quando Giovanni – que havia substituído Héricles – mata a bola no peito, Juninho me pergunta: “Quem é esse cara?”. Dupla surpresa: primeira, Juninho, que sabe tudo do Santinha, não conhecer um jogador e, segundo, estamos tão carentes que uma jogada minimamente bem realizada chama nossa atenção.
O segundo tempo foi um pouco melhor, apesar de considerar esse um dos jogos mais feios e atabalhoados que vi na vida. Robinho – que parece um louco com pulmão de aço – meteu uma bola no travessão e tivemos um pênalti em Augusto anulado pelo bandeirinha.
Acabou a pelada e seguimos para a saideira em Abílio. Ridoval apareceu com seu sorriso fácil e largo, sempre alegre e de bem com a vida. Jerry, o inglês hooligan, apareceu com seu filho Charlie (na foto). Marc, o inglês gentleman, apareceu com seu filho João. Interessante que Charlie é extrovertido, brincalhão e cheio de energia como o pai. João é moderado, introspectivo e analítico sobre as coisas.
Perguntamos aos dois: “Qual a melhor cidade para se viver? Recife, Lisboa ou Londres?”. Charlie defendeu Lisboa e João foi enfático em defender Londres. Esses meninos sabem das coisas, já que possuem dupla nacionalidade. Conversei rapidamente em inglês com eles. Muito massa essa futura geração. E todos unidos pela paixão ao Santa Cruz!
Ficamos tomando uma e Jerry sacaneado Juninho: “Juninho, veado…. vai beber Campari?”. Rimos da greia. O clima, apesar do futebol apresentado, era de alegria e celebração – como a vida deve ser encarada.
Pietro me passou um zap: “Zeca, essa galera é muito massa”. É mesmo, meu velho.
Eis uma das razões fundamentais que sempre me levam ao Arruda: a amizade.
Encontrar os amigos antes, durante e depois dos jogos torna o Arruda ainda mais interessante. O amor ao Santa Cruz se soma às grandes amizades. Um brinde!

Vamos construir nossa transparência?!

É algo raro de acontecer, mas vez por outra, se consegue uma boa discussão em alguns grupos de zap-zap!

Ontem, surgiu um bate-papo sobre transparência e a ausência do torcedor do Santa Cruz no Arruda. Como o grupo é relativamente pequeno, deu para turma debater sem maiores problemas.

O motivo que provocou a prosa foi essa história que alguns torcedores ficam dizendo por aí, que deixaram de ir para os jogos porque não há transparência no clube. Não entro no mérito se o cara que diz isto está certo ou errado, se o motivo é justo ou não,  mas penso que uma soma de fatores estão fazendo a arquibancada do Arruda ficar vazia. O povão, por exemplo, não estar indo por causa do liseu que tomou conta da vida deles. O fantasma da insegurança assusta as pessoas. A televisão e o conforto do bar faz com que muitos prefiram ficar sentados, bebendo uma cerva e vendo o jogo na tela da TV. Domingo, por exemplo, o nosso jogo vai ser transmitido ao vivo pela TV aberta. Pra quem tomou uma na praia, pro cara que tá liso, pra quem mora longe, etc, é claro que é mais cômodo ficar em casa e assistir a partida na televisão. E some a tudo isto, a decepção de ver o Santa Cruz voltar para perto do nível mais baixo do futebol.

Pois bem, trocamos umas ideias sobre essas coisas e entramos na questão da transparência.

No futebol brasileiro ser transparente é algo bem incomum. Os clubes, de uma maneira geral, não mostram suas contas, não deixam seu torcedor bem informado e não tornam claro como funciona seu dia-a-dia. No site oficial do Santa Cruz, por exemplo, não tem os nomes dos dirigentes, muitos menos o organograma, nem os nomes dos conselheiros.

Lá no grupo do zap, entre várias colocações, um dos amigos levantou uma questão bem importante: “primeiro tem que ser definido o que é transparência!”

Aproveitei o mote e emendei: o clube deveria era envolver a torcida nessa questão. Na verdade, eu já havia pensado nisto alguns dias atrás. Quando me informaram que essa gestão está elaborando um modelo de transparência, fiquei matutando sobre o assunto:  “caramba, bem que o Santa Cruz podia construir isto junto com seus torcedores”.

E comecei a viajar. Imaginei nosso Clube promovendo um grande encontro para discutir e formatar o modelo de transparência. Algo do tipo, “Torcedor Coral, qual a transparência que você quer para o seu Santa Cruz?”. Se quisessem ser mais agressivo, podia ser: “Ei, você que é do Santa Cruz, tire a bunda da cadeira, saia da rede, vamos construir a Transparência Coral”. Ou simplesmente, “Venha fazer parte da Transparência Coral”. Já começava a onda, mobilizando a torcida para eleger o nome do evento. Para isto, podia usar as redes sociais e fazer pesquisa nos dias de jogos no Arruda.

Depois, convocava a torcida, estabelecia um número de vagas, juntava todo mundo, organizava a massa, ouvia, falava, discutia e, ao final, elaborava o que todos clamam: um modelo de transparência para o Clube Querido da Multidão.  Seria algo inédito no futebol brasileiro.

Mas enquanto a transparência não chega, domingo é ir ao Arruda pra juntar mais uma vitória.

 

Vai frescar na pqp!

Sábado passado perdi o jogo em que o gol legal de Augusto foi anulado contra o Capibaribe. Estava em Caruaru lecionando em uma turma de mestrado. Assim que cheguei ao Recife, vi os melhores momentos do jogo na internet e fui checar os comentários aqui no blog.
É comum o nosso amigo Tricolor Revoltado comentar o jogo e dar notas para cada jogador. Tem neguinho que fica só esperando isso. Independente de concordar com as notas ou não, ele fez um comentário que, para mim, é o mais genial do ano até agora. Reproduzo-o:
“Augusto – jogou sozinho do meio pra frente – foi meia e atacante – nota 8 (VAI SERVIR PRA SÉRIE “C”)
Robinho – VTNC – NOTA 0000000000 (VAI SERVIR PRA NOS phu”D”er)
Vinícius – VTNC DOIS – NOTA 0000000000000000000 (VAI SERVIR PRA NOS phu”D”er)”.
Genial. Não precisa comentário.
Hoje também não pude ir ao Arruda. Estava em aula. Cheguei em casa no intervalo do jogo. Descobri uma transmissão no Youtube, liguei o rádio e fiquei tomando uma e acompanhando o jogo.
Percebi uma coisa inédita nesse jogo para esse elenco: pela primeira vez, jogamos mal o primeiro tempo e conseguimos acertar o ritmo de jogo no segundo. Tem gente que fica babando com o jogo do Chelsea versus Barcelona. Numa boa, não estou nem aí. Gosto de futebol, mas sou tricolor coral das bandas do Arruda e só o meu Santinha realmente me interessa.
Esse papo de torcer para dois ou três times me soa muito estranho.
Gostei de Augusto. Robinho oscila muito. Genilson também. Júnior Rocha, descobri isso hoje, é uma incógnita. Agora de uma coisa eu tenho certeza absoluta: eu quero que João Ananias vá jogar na puta que o pariu. Ele deveria fazer um time com Ilailson. Pelo amor de todos os deuses, meu amigo.
Foi uma boa vitória. Cinco seguidas com uma zaga que, ao menos, está protegendo nossa meta. E não é que o gordinho está fazendo milagres mesmo?!
Estou feliz e otimista? Plus ou moins. Só sei de uma coisa: domingo estarei no Arruda.

TCMOEE Minha Cobra, 12 carnavais

Primeiro surgiu o Blog do Santinha. Aliás, primeiro surgiu a Sanfona Coral. Depois, Inácio e Samarone inventaram este Blog. A turma do Blog, era praticamente a mesma da Sanfona e vice-versa.

Naquele ano de 2005, alegria era o nosso nome. Tudo virava festa, tudo brilhava. E aí, a gente estava dando uma volta em Olinda, apreciando o Olinda Arte em Toda Parte. Eu, Alessandra, Samarone, Chiló e Emília. Há poucos dias, o Santa Cruz tinha sacramentado sua volta a série A. E nós, os tricolores corais santacruzenses das bandas do Arruda, distribuíamos sorrisos por onde passávamos. Fomos andando sem pressa pelas ruas do sítio histórico. Praça do Carmo, Igreja de São Pedro e seguimos pela Prudente de Morais. Encontramos Luciana Santos. Ela sorriu pra gente e a gente para  ela. “Olha a turma da Sanfona Coral, aí!”, e nos deu um abraço.

E saímos por ali, caminhando tranquilo e calmo, passamos pelos Quatro Cantos, subimos a Rua do Amparo e ficamos na frente da Bodega do Véio comemorando aquele ano memorável. Alguns se chegavam, outros acenavam. Fazíamos brindes a todo tempo. Foi quando surgiu a ideia: “e se a gente fundasse uma Troça do Santa Cruz?”

Eu disse: “porra, a gente podia fazer uma cobra bem grande e sair pelas ladeiras”. Nesse momento, o saudoso Chico Arruda, fundador da Porta, estava na nossa conversa. E Chico começou a dar corda na história.

Pronto, ali, na frente da Bodega do Véio, no meio de uma grande farra, em novembro de 2005, foi fundada a Troça Minha Cobra. Não lembro exatamente quem sugeriu o nome. Só sei que, entre altas gargalhadas, o nome foi aceito por unanimidade.

Daí pra frente, já são 12 anos de fundação e 11 anos de carnaval. Subimos, descemos, subimos de novo, descemos outra vez e a Minha Cobra se mantém de pé.

Na próxima segunda-feira, dia 12, a gente completa 12 carnavais em Olinda. Na próxima segunda-feira, 12 de fevereiro de 2018, a Troça Carnavalesca Mista Ofídica Etílica Erótica Minha Cobra, mais uma vez, vai frevar e pintar Olinda de Preto, branco e vermelho.

Viva o carnaval! Viva o nosso Santa Cruz!

Parabéns para você, Mais Querido!

Há exatos 104 anos, aqui perto de minha casa no Pátio da Santa Cruz, nasceu de maneira humilde e quase como uma brincadeira, o Santa Cruz Futebol Clube.
Já estava em seu DNA: um clube do povão, democrático de berço, ansioso pela grandiosidade e destinado à glória.
Eu tinha cinco anos quando fui ao Arruda pela primeira vez. Meu pai contava como ajudou a construir o Mundão. Uma nação mestiça, de todas as classes sociais, de todos os credos que possui uma paixão em comum, o Santa Cruz.
Hoje é dia de comemorar, meu povo tricolor coral das bandas do Arruda. Hoje é dia de lembrar a memória daqueles que são nossos pais fundadores. Hoje é dia de sentir orgulho e lembrar que nascemos para sermos grandes.
Amaldiçoados sejam todos aqueles que querem te fazer pequeno. Amaldiçoados todos aqueles que querem apenas te sugar. Amaldiçoados todos aqueles que não te amam e se dizem filhos teu.
Benditos os tricolores corais de verdade. Bendita seja essa nação imensa. Bendito sejas tu, ó Mais Querido.
Meu amigo Juninho me passou a seguinte mensagem hoje pelo zap:
“Data sagrada! Vinculação emocional independente das tragédias anunciadas que prenuncia esta gestão. Amanhã estarei com minha camisa da Minha Cobra a desfilar pelas prévias olindenses com o orgulho de conhecer a história do meu clube. Este istmo temporal deprimente que infelizmente está se naturalizando há de ser mudado! Saudações corais eternas”.
A História é dialética e somos uma nação de esperança e alegria.
Estarei hoje no Pátio da Santa Cruz para ver a tradicional pelada comemorativa.
Salve Santa Cruz! Salve o Mas Querido!