Essa crônica era para se chamar Grata Surpresa. Desde o início de fevereiro que estou de mudança. Quem já se mudou sabe a bronca que é arrumar as coisas. Ainda mais quando se tem uma tonelada de livros. Só ontem consegui deixar tudo em ordem aqui em casa e instalar a internet. Ou seja, não tinha como publicar aqui no blog. Voltando a escrever, a ideia inicial era celebrar as gratas surpresas que ocorreram nesse início de Campeonato Pernambucano: os acertos de Leston Júnior; o fato de que Walter, mesmo no sobrepeso, joga muito; a inegável boa entrada de Rafael Furtado sempre matador e, claro, as três vitórias consecutivas do clube.
Mas aí, no meio do caminho da senda tricolor coral, tem uma desgraça chamada ProSanta que já está na hora de lavrar. Os caras – esses mesmos que nas eleições passadas prometeram mundos e fundos e surgiram como os salvadores da pátria com ideias mirabolantes para tirar o Santinha de uma crise que parecia crônica – conseguiram demonstrar uma incapacidade administrativa sem precedentes.
Agora, após toneladas de merda que fizeram, surgem com mais uma solução mágica tirada da cartola dos imbecis: transformar o Santa Cruz Futebol Clube em uma SAF. De boa, só há uma coisa para ser dita: SAF é o caralho!
Dentro de um sistema capitalista, é possível pensar, quando estamos falando de futebol, em aceitar investidores pontuais para qualquer clube. O problema da SAF é que toda a tradição, a paixão e o respeito à história do clube vão para a puta que o pariu. Só não mudam as cores do time, o escudo e o nome porque a lei proíbe. É a mesma coisa que ocorre quando uma universidade privada é vendida: mudam tudo, sugam o que podem, exploram a classe trabalhadora e, caso não haja o lucro que esperavam ( a única coisa que importa para essa galera), é hasta la vista, baby.
Essa discussão sobre saber se SAF é uma coisa boa ou não é papo para boi dormir. É uma merda. Para poucos clubes deu certo, mas não há garantia nenhuma de que tudo mude em um horizonte próximo quando os interesses dos donos – e não investidores – mudarem. Já escrevi aqui antes: o Santa Cruz possui três grandes patrimônios: o Arruda, sua História e a torcida. Esse é o nosso e melhor capital, o capital tricolor.
Esse papo de SAF surge após a viagem de Joaquim Bezerra para Dubai. Não sei se há correlação. Mas mesmo que não soubesse o que é SAF, seria contra apenas porque partiu dessa galera que são aventureiros que não estão nem aí para o Santinha.
Parcerias furadas – diga-se aquele capitalista cheio da grana que compra teu time apenas para lucrar mais ainda e que está cagando e andando para seu amor pelo clube – são uma constante no mundo SAF. Alguns exemplos de falência: Figueirense, Vitória, Botafogo-SP, Belenenses, Bury, Parma, Málaga e por aí vai.
Além da insegurança jurídica que essa bosta traz, a SAF muitas vezes não gera o dinheiro que o clube esperava para si, uma vez que o capital gira em torno de seus donos. Torcida e o resto são apenas torcida e o resto. Fodam-se! Capitalista só pensa em si e em mais nada. Não dá para passar pano achando que estamos entrando no melhor dos mundos.
O capital que move o futebol deve ser entendido em toda a sua complexidade. E, para piorar as coisas, esse papo de clube empresa no Santa Cruz surge a toque de caixa. Não há uma discussão séria com a torcida, o conselho parece morto, não há transparência jurídica e administrativa sobre o todo do processo.
Para mim, a solução imediata é muito simples: renúncia do ProSanta e novas eleições. Como diz a galera do Valor Econômico, SAF é solução cosmética. Na dúvida, a democracia é sempre a melhor escolha. E sem abstenção.
Salve meu Santinha!
Não consigo mais comentar.
Consegui!!! ótimo texto Zeca.
Espero que supere os perrengues da mudança.
Deus nos proteja com mais essa ideia louca de Saf. Concordo inteiramente com sua análise essa diretoria vive para nos atormentar!
Fora ProSanta!
Quando vejo esse tipo de opinião do Zeca e muitos outros que conheço, chego a seguinte conclusão:
Não sabem, não entendem que o Santa Cruz é um clube quebrado e sem perspectiva de recuperação ou simplesmente se recusam a acreditar na possibilidade.
Esse debate sobre a SAF do Santa Cruz está igual a eleição para presidente do Brasil, falta racionalidade e sobra emoção.
Sou plenamente favorável a ideia, só não acredito que alguém possa assumir a compra.
Teste
A classe empresária estará cagando para nossa tradição e história. E isto é muito perigoso.