O Santa, na “Bodega do Abel”

Eis a placa...
Eis a placa…

fachada

Na sexta-feira passada, minhas obrigações clubísticas diziam que eu deveria estar na Arena, para ver Santa x Boa Esporte, às 19h40.

Mas no meio do caminho tinha: engarrafamento, horário de pico, a Abdias de Carvalho e outros milhares de carros. Como não tenho carro, não queria levar minha impaciência aos limites. Resolvi assistir na Bodega do Abel, aconchegante reduto coral, na rua das Creoulas, defronte àquela farmácia da rua das Pernambucanas.

Desde a primeira vez que entrei lá, meio ao acaso, me tornei assíduo. Até paguei um “Clube do Whisky” para meu cunhado coral, o senhor Pedoca, que mora ao lado, mas ele anda mal do juízo: Não foi bebericar seu presente.

O resultado foi que, a cada visita, eu beliscava umas doses. Na sexta, eu avisei que iria acabar o presente. Ele ficou preocupado.

Marquei com Gerrá e Inácio, mas, como sempre, a fuleiragem foi grande. Gerrá enrolou tanto que perdeu o primeiro tempo em casa.

O Abel, dono da bodega, é um português invocado, Santa Cruz desde que os portugueses cá chegaram e decretaram:

“Pois, pois, esta é a Terra do Santa Cruz”.

O Caminha errou e digitou “Terra de Santa Cruz”. Mudaram para “Brasil” por pirraça.

A clientela é majoritariamente coral. Até perguntaram pelos livros da “Trilogia das Cores”. Breve, abriremos uma filial do Blog do Santinha lá, para vender os livros.

Bem, mas o fato é que bastou o jogo começar, o uísque a deslizar manso, que o Santa desarnou e começou a jogar outro futebol.

Alguns rubronegros secavam ardorosamente, mas Abel deu logo seu recado-esporro:

“Eu adoro quando esses rubronegros fiquem secando, porque essa energia passa para os jogadores, e ele jogam é mais bola”.

Pedoca chegou quando eu bebia a última dose. Quase chora. O jeito foi dar outro presente, desta vez um “Cavalo Branco”. Esse Santa Cruz me deixa um cara bem mais legal, todo mundo diz isso, até minha mulher.

Ao lado, vários corais com os olhos brilhando. Três a zero no primeiro tempo, com o time totalmente mudado, mordendo a bola, marcando, tocando, fazendo a festa da massa.

O lirismo logo começou a se espalhar.

“Ah, o Santa Cruz, quando ganha e joga bem, deixa a humanidade feliz. A humanidade inteira fica muito mais feliz quando o Santa ganha”, repetia um senhor, na mesa ao lado. Todos concordavam.

Pedimos espetinho de picanha, com cebola e vinagrete. Na medida. Outra dose. Hummm… Que falta de saudade eu sentia da Arena…

O segundo tempo foi só para manter o resultado, não forçar a barra. Eu e Pedoca botamos todos os papos em dia, bebemos nossas doses, rimos, confirmamos que é um ótimo lugar para ver jogos do Mais Querido.

Vou pedir ao Abel para reservar a mesa sete só para a galera do Blog. Em dia de jogo a gente leva uns livros da trilogia e vende com algum desconto.

O bom é que se eu empurrar o pé na jaca, meu cunhado mora a 200 metros. Dá para me levar no lombo.