Muito achismo em poucas palavras

Aqui vai um pouco do que achamos e esperamos de cada um delas a partir do que deu para ver na primeira rodada.

Brasil – Um time jovem,  talentoso e travado pela emoção. Se se soltarem, é candidatíssimo ao título. De 2018, pelo menos.

Croácia – O típico time que perde nas oitavas-de-final, se conseguir chegar lá. E depois que for embora, vai ser difícil alguém se lembrar.

México – Corajosos, insistentes e conseguiram a proeza de manter a calma depois serem roubados duas vezes pelo trio de arbitragem mais ladrão da Copa. Bom para cair nas oitavas-de-final e deixar todo mundo com peninha.

Camarões – Vieram para passear, beber e comer moqueca capixaba. Aposto que o elenco só vai deixar a preguiça de lado na hora de pegar as galegas torcedoras das seleções que vão permanecer na Copa.

Espanha – Tic-tac de cu é rola. Depois dessa Copa, a Espanha vai voltar a ser o Bragantino global: uma vezinha campeã e pronto, de volta ao pelotão intermediário.

Holanda – O ataque arrasou, não há dúvidas, mas a defesa parece a do Náutico. Quando pegar um time médio pode se complicar atrás.

Chile – Outro que só tem tampa de crush do meio para frente. Como nunca comeram mel, quase se lambuzam.

Austrália – Botar a bola no chão e partir para cima depois de levar um olé no primeiro tempo é coisa para fortes. Fortes e desengonçados. Quero ver um jogo de rúgbi dos australianos, pois de futebol já vi uma meia dúzia e sei que dali não sai nada.

Colômbia – Taí, gostei. Um time arrumadinho que jogou sério. Vão fazer graça e passar 20 anos dizendo “se Falcão Garcia tivesse vivo, seríamos campeões”.

Grécia – Se jogasse o Brasileirão da Série A, seria rebaixada para a Segundona. Do jeito que está a crise, deveriam ter naturalizado o time da Chapecoense inteiro. Sairia mais barato do que mandar o pessoal vir de lá.

Costa do Marfim – É a primeira vez na vida que um jogador entra só para dar apoio moral ao resto do time. Bom time para chegar nas oitavas e parar por aí.

Japão – Eles são uma gracinha, limpam o estádio, são simpáticos, fazem ótimos temakis, começam arrasando e terminam arrasados. Sinceramente, deu pena de novo, que nem ano passado contra a Itália.

Uruguai – Obdulio Varela baixou em campo, não encontrou um só jogador de azul-celeste compatível com sua alma, aí encostou nos costarriquenhos para não perder a viagem.

Costa Rica – Um time cheio de alma. Aquele Campbell encaixava à perfeição no ataque do Santinha ao lado de Leo Gamalho. E Tejada no meio junto de Sandro Manoel, puxando os contra-ataques, hein? Seria uma beleza. Mesmo sabendo que serão garfados, é um boa pedida para torcer.

Itália – Dois gols numa só partida? Isso é goleada para a Itália. O melhor escrete até agora. Se não comerem os fígados uns dos outros, aposto que vão longe.

Inglaterra – Melhor do que a média da Inglaterra dos últimos anos. O que não quer dizer muita coisa. Pelo menos agora Rooney não é mais uma eterna promessa, já é praticamente uma simples recordação.

 Suíça – O legítimo futebol suíço explica porque o país lidera o ranking mundial de suicídios: imagine você passar a vida num lugar onde ano a ano se disputa um campeonato em que os melhores jogadores fazem parte de uma seleção dessas?

Equador – O parceiro – ou cúmplice – ideal da Suíça. Quem poderia desequilibrar, ficou só na miguelagem. Além de tudo, um time covarde, sem grandes apetites. Se passar da primeira fase, eu xóxi.

França – Depende um jogador, Valbuena, que é uma espécie de Luciano Sorriso com meio metro e 10 anos a menos. O outro, Benzema, é especialista em fazer gols em jogos inúteis e farrapar em decisões. Tá duvidando? Procure no google.

 Honduras – Só não é o pior time da Copa porque batem bem. Caça-Rato seria titular desse time com um pé nas costas. Seleção para matar de vergonha Arzu e Chepo.

Argentina – Um ataque de fazer os gigantes babarem. Uma defesa que é uma gigantesca baba.

Bósnia – Uma equipe de sólida mediocridade. Os atacantes são pessoas tímidas, recatas, muito envergonhadas.

Irã – Quem comprou ingresso para os jogos da seleção iraniana deve estar muito puto. O pior time da Copa.

Nigéria – O que será pior? O pior time da Copa ou aquele que não consegue fazer um gol nele?

Alemanha – Timaço. Nos últimos anos se especializaram em amarelar para a Espanha, mas como os espanhóis devem se lascar antes, os alemães passam a ser favoritos.

Gana – Seria bom que alguém explicasse como e porquê o futebol africano travou. Vinha evoluindo, evoluindo… aí parou. Gana tem excelentes e experientes  jogadores, mas involuiu. Um palpite: a influência dos treinadores europeus continua a fazer mal aos africanos.

Portugal – Cristiano Ronaldo não é nenhum Romário nem um Maradona para ganhar uma Copa sozinho, carregando um time peba nas costas. Desde o banco até o ídolo narcisista e cheio de viadagem,  nada se salva.

EUA – Mais um caso de uma seleção boa para passar de fase e não fazer nem cosquinha na potência que vai atropelá-la nas oitavas. A sorte dos ianques é que o cruzamento vai ser com um grupo meia-boca.

Bélgica – Parece uma seleção treinada por Mano Menezes: muito toque pro lado, soberba, preguiça e absoluta falta de apetite. Depois, quando precisavam vencer, o desespero a deixou ainda mais parecida com o time do famigerado Mano.

Rússia – Como em toda seleção russa que se preze, o goleiro é a maior atração. Com Akinfeev a diversão é garantida. Quem quiser conhecer a alma russa, que vá ler Tolstoi ou Dostoievski. Não conte com a seleção russa para isso, ela nem sabe do que se trata.

Coréia do Sul – É a melhor das seleções asiáticas. O que isso significa? Nada.

Argélia – Tão ruim quanto Camarões ou Nigéria, mas pelo menos os argelinos estão levando a Copa a sério e não como turismo grátis.

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 Breve parcial do Bolão do Blog após o final da primeira rodada

Carlos Eduardo Campos tá com a corda toda. Em primeiro lugar, ele tem 2405 pontos contra 2278 de André Castro. Dois tricolores estão pau-a-pau pelo terceiro lugar: Victor Nunes Gonçalves somou 2144 pontos e Amaro José Penna Moura vem bufando no pescoço dele, com apenas três míseros pontinhos a menos. Só para variar, os blogueiros são um fracasso: Inácio está oscilando entre a 17º e a 10º posição, mas agora está em 11º graças ao empate entre Rússia e Coréia do Sul. Gerrá, coitado, chegou a ser terceiro lugar, mas degringolou a tal ponto que está na zona de rebaixamento, em 20º. Samarone está sempre patinando do meio para trás e acabou a primeira rodada em 15º, mas já esteve pior.

Anotações inúteis sobre a Copa do Mundo*

Pelo porte de rei dá para saber quem é Didi na foto
Pelo porte de rei dá para saber quem é Didi na foto

Desde que me entendo por gente, adoro o futebol. É uma herança paterna das mais nobres. Onde morávamos, em qualquer cidade, era uma programação normal, ir ao estádio, ver os jogos, escutar os comentários dos mais velhos, torcer. Geralmente íamos meu pai, eu e meu irmão do meio, o Tonho, já que o Paulinho nunca foi propriamente um amante do futebol.

Foi assim ao longo da minha vida, até que completei 18 anos e vim morar no Recife, onde iniciei a “carreira solo” no futebol. Aqui, me apeguei ao Santa Cruz, que virou meu time do coração, e sigo indo regularmente aos estádios onde o Santa joga, especialmente o Arruda.

Desde que me entendo por gente, muitos intelectuais, jornalistas, muitos especialistas ou simples comentadores de Internet, classificados de “colunistas”, colocam o futebol como “alienação” ou “ópio do povo brasileiro”. Fazem cara feia para algo importantíssimo em nossa cultura. Agora, na Copa, prometem torcer contra a Seleção Canarinha.

Não sei que caráter eu teria, que homem eu seria, se não tivesse ido tantas vezes ao estádio, se não tivesse sido um menino acompanhando seu pai e irmão, em campos do Maranhão, Ceará, Pernambuco, fora os estádios pelo Brasil afora, além de outros tantos países que conheci.

Frustrações, glórias, derrotas, tristezas, euforias, uma quantidade enorme de amigos que fiz, que seguem sendo meus irmãos.

Não sei também como eu seria, aos 45 anos, se não jogasse peladas semanais, com meus amigos, onde corremos, suamos, praguejamos, discutimos, lamentamos derrotas e firmamos nossas amizades. Sempre joguei, sempre admirei e sempre lamentei tratarem o futebol nacional como coisa de cretinos. Cretinos são os que administram nosso futebol, não os milhões que o amam.

Parece que é preciso dar uma conotação de “falha de caráter” a essa nossa obsessão nacional pelo futebol. O mais engraçado é saber que essa não é uma característica brasileira – o futebol é uma obsessão mundial, que a cada dia movimenta mais bilhões, interesses, mídia.

Está aí, o Uruguai, celebrando há 64 anos um título em cima do Brasil, o “Maracanazo”. Já estive várias vezes lá e sei que aquela vitória, em 1950, ajudou a definir um certo caráter uruguaio, um pequeno país capaz de enfrentar um gigante.

Temos cretinos administrando nosso futebol. O presidente da CBF, um sujeito que se chama José Maria Marin, admirador confesso da Ditadura de 1964, foi capaz de embolsar a medalha destinada aos atletas da Copa São Paulo de Futebol Júnior de 2012. Não preciso citar Ricardo Teixeira, muito menos João Havelange e o agora o senhor Joseph Blatter, o “dono” da Fifa, quase o equivalente àqueles meninos ruins de pelada, mas que são os donos da bola. A biografia deles é de uma eloquência soberana.

Mas prefiro olhar para nosso povo e para esta suposta “alienação” que o futebol provocaria.

Ao contrário da ilusão, acho que a cada anos vivemos um sonho. O sonho de sermos os melhores do mundo, no esporte mais popular do mundo. Sabemos muito bem dos nossos problemas, da corrupção, dos escândalos, dos ônibus lotados. Desde junho nosso povo está nas ruas, protestando, reivindicando.

Desde que me entendo por gente, as interpretações rasteiras entre futebol e povo brasileiro vão se acumulando. Até hoje, nunca vi ninguém entender tão bem de Brasil e sua relação com o futebol como Nelson Rodrigues. O negro Didi, na Copa de 1958, nos resgatou das trevas, quando o Brasil levou o primeiro gol da Suécia. Ali sim, iríamos nos tornar eternos vira-latas.

Ele foi calmamente ao fundo da rede, pegou a bola e saiu caminhando como um rei, até o centro do gramado. Pouco falou. Apenas caminhou, como que dizendo – vamos simplesmente jogar nossa bola e mostrar quem somos. Pouco depois nascia outro rei, também negro, com 17 anos – Pelé. Ganhamos de 5 x 2 e fomos aplaudidos de pé pelos suecos.

Eu poderia escrever duzentas páginas sobre o futebol e nossa identidade, mas é tarde. Daqui a pouco começa mais uma Copa do Mundo. Desta vez, no Brasil.

Vou torcer ardorosamente em todos os jogos. Como um bom alienado, o hexacampeonato é uma obsessão particular minha.

*Texto publicado originalmente no www.estuario.com.br horas antes do primeiro jogo da Copa, contra a Croácia.

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Cine Foot faz homenagem ao centenário do Santa Cruz! (veja a programação da abertura)

Domingo (15)

19h – Homenagem ao Santa Cruz Futebol Clube

“O pai, o filho e o espírito Santa” (10’, PE, 2013), de Brenno Costa e Lucas Fitipaldi

“Dossiê 50: comício a favor dos náufragos” (80’, RJ, 2013), de Geneton Moraes Neto

Local: Cinema São Luiz (Rua da Aurora 175 – Boa Vista)

Entrada Franca (Sujeita à lotação. Ingressos serão distribuídos 1 hora antes do início de cada sessão)