Antes, um aviso. Se quiserem saber de reforma no estádio, de jogos na Arena, novos jogadores, placar eletrônico e não sei mais o quê, vá escutar alguma resenha ou ler os jornais. Isso aqui não é um site de notícias. Não damos furo, nunca saímos na frente. Neste blog você vai rir, chorar ou ter raiva, jamais se informar. Não estamos nem aí pra isso.
Realmente, até imaginamos que daria para fazer uma entrevista com Alírio, mas nem tirei o gravador do bolso. E não usei o caderno do tamanho de um bonde que levei e que virou uma tralha incômoda de ficar segurando.
A entrevista virou conversa. E foi melhor assim.
O que mais me chamou atenção é que parecia haver dois Santa Cruz em campo. Um deles era o Santa de Tininho. Esse era o Santa Cruz nosso de cada dia, o Santa Cruz real, que deixa o sujeito maluco com tantos problemas a serem resolvidos ao mesmo tempo.
Tininho permaneceu o tempo todo estressado, nervoso, recebendo ligações, respondendo a mensagens, e-mails, esperando retorno de jogadores, de prováveis técnicos. Sempre aperriado, com um olho na conversa e outro nas contratações, renovações…
O Santa Cruz de Alírio parecia o Santa Cruz de quem ainda não botou a mão na massa e que está muito instigado. Cheguei a escrever “Santa Cruz utópico” na linha acima, mas apaguei. Talvez muitos ridicularizem as utopias e achem que a palavra é pejorativa. Mas pelo jeito, o novo presidente está mesmo a fim de construir utopias.
Alguns traços desse clube sonhado por ele soam como música aos meus ouvidos: ele realmente imagina que o Santa Cruz se torne um espaço de participação de pessoas que podem contribuir, mas não sabem como.
Não sei se isso ele vai conseguir, pois a cultura das pessoas que fazem o Santa Cruz é de exclusão. Eu e muitas outras pessoas que nós conhecemos já tivemos experiências irritantes na avenida Beberibe. Mas não posso duvidar de um sujeito que conseguiu reduzir as dívidas do clube de R$ 110 milhões para pouco mais de R$ 20 milhões sem desembolsar um puto.
Parece um delírio, não é? Aliás, ele deu gargalhadas quando soube que já sendo chamado assim nas redes sociais. Disse que esse apelido ele quer ter, “pois quem delira muitas vezes está vendo coisas que os outros não conseguem ver”.
O homem, peso pesadíssimo do Direito Tributário, explicou que só faltam alguns prazos serem cumpridos para a liberação das certidões negativas. Além disso, deu alguns detalhes técnicos de como ajudou a reduzir as toneladas de dívidas. Usou recursos legais como prejuízo fiscal, pesquisou as prescrições, descobriu duplicidades e um monte de minúcias jurídicas que eu não sei nem quero saber. Boa parte desse trabalho quem fez foi sua esposa Fernanda, também advogada.
Aliás, Gerrá tem razão: aposto que Alírio será o primeiro presidente do Santa a contar com o apoio de uma esposa que é mais fanática que ele e que está curtindo muito o desafio.
Espero que o casal não desanime quando, depois de uma derrota qualquer, as crianças voltem para casa chorando porque algum menino tricolor do colégio avacalhou o pai.
Alírio diz que pretende melhorar a péssima comunicação entre o clube e a torcida. E acha que a conversa com o Blog do Santinha foi um passo nessa direção. Estamos dispostos a ajudar e a meter o pau em zagueiro ruim, em técnico burro, em atacante covarde e em dirigente que atrapalhe essa comunicação.
É bem verdade que talvez tenha se arrependido depois que Samarone quis ficar mais pouquinho. Sabe aquela história do dono da casa, por pura educação, dizer “está cedo, não vão agora”. Pois é, Samarone ficou. Até quatro horas da manhã. E bêbado. E babando o sofá. Uma vergonha. O capítulo dele vai se chamar Nove horas com Alírio.
Ah, ficamos sabendo o nome de dois jogadores que estão quase acertados. Coisa fina. Mas não vou dizer, pediram segredo. Lamento muito. Sobre o placar, ninguém sequer lembrou de perguntar sobre isso. Como não conheço nenhum time que foi campeão do mundo por ter um placar eletrônico melhor que os outros, pouco importa.
Explicação importante: Coronel Peçonha participou de toda conversa, mas não aparece em foto nenhuma. Como comandante das imaginárias forças especiais de inteligência coral, ele sempre fica atrás da câmara, mantendo o anonimato tão necessários para desferir golpes de surpresa nas hostes adversárias.
Para acabar, um P.S. – reparem que na minha postagem escolhi uma foto em que estou mais simpático e menos ridículo do que a imagem que Gerrá botou só para me sacanear.