Um time sem caráter

De cara, me veio a ideia de escrever um texto sobre a impossibilidade de contratar raça, garra ou vontade. Jogador de qualquer posição o clube até encontra, nem que seja na Bolívia. Raça não se encontra por aí. Era por esse caminho que pretendia alinhavar meu raciocínio.

Besteira.

Resolvi deixar a pseudofilosofia de lado quando li as declarações dos jogadores do Santa dizendo “que não estavam abatidos” e que “ainda há possibilidade de acesso”. Não tenho mais dúvidas: esses caras estão tirando onda.

Ontem à tarde, durante o primeiro todo, só me vinha uma pergunta à cabeça: por que um time faz um gol logo no começo da partida e depois se comporta daquele jeito, sem ânimo, dormindo em campo, rifando bolas fáceis? Como? Por quê?

Pois bem, tenho certeza que a resposta não está dentro de campo, mas na cabeça de cada jogador: o time do Santa Cruz não quer subir. Não é uma metáfora, estou sendo literal: esse elenco não tem qualquer comprometimento, envolvimento ou desejo de fazer o clube jogar a primeira divisão do Campeonato Brasileiro em 2015.

A razão disso, não sei. Pode ter sido o episódio dos salários atrasados, pode ser divisão no elenco, pode ser ciumeiras, pode ter sido alguma merda que o treinador falou ou fez (as que vimos foram muitas, imagine então nos bastidores), pode ser emputecimento do grupo com a postura de um dirigente qualquer.

Pode ser qualquer coisa, mas na verdade pouco importa. Por um motivo ou por outro, um Arruda vazio os aguardará na próxima terça. Para eles, isso também não importa, afinal, com atrasou ou não, o clube tem de pagar os salários de qualquer maneira.

Seria fácil chamar de frouxo um time que tem três chances consecutivas de entrar no G4 e refuga os três obstáculos como um Baloubet de Rouet dos pobres. Mas o futebol (!?) jogado pelo Santa nessas partidas, mostra que não é só isso.

Gols perdidos cara-a-cara foram muitos. A falta de pegada do time é tão constante quanto irritante. As bolas lançadas para o vazio a todo ataque é coisa de quem quer se livrar da bola, fingir que fez alguma coisa, que tentou sem ter tentado.

E não me venham falar de falta de qualidade dos jogadores. Perdemos para dois times horríveis, que lutam contra o rebaixamento. E se houver algum elenco forte nessa Segundona, por favor me digam de quem se trata, porque até agora não entrou em campo. O que existe são dois times com vontade.

A cara de “tô nem aí” do artilheiro revela muito mais do que esconde.

O que falta não é coragem. Falta caráter.