E aí, sanfoneiro, vais amarelar?

Se o sanfoneiro não amarelar, esta cena vai voltar...
Se o sanfoneiro não amarelar, esta cena vai voltar…

O sanfoneiro Chiló, da lendária Sanfona Coral, tomou chá de pantim um tempo desses. Ficou irado com o lance das “Arenas”, que estão mesmo virando elefantes brancos e caros. Depois teve crises e convulsões, quando passaram a proibir cerveja nos estádios. Nisso ele está certo. Foi uma aberração que nos custou muitos e muitos latões a menos no organismo.
Mas lembro que, numa farra no Poço da Panela, ele já tinha tomado uns aperitivos e depois de um silêncio filosófico, me contou um segredo:
“Quando a cerveja voltar aos estádios, eu volto”.
Pois bem, aconteceu o milagre da volta das cervas aos estádios em Pernambuco.
Já deve estar valendo no jogo contra o Framengo, no dia 24.
O homem da Zabumba, senhor Gerrá Lima, que escreve neste blog, já está pronto para os 90 minutos de forró, acompanhado de sua mulher, Alessandra Malvino, que toca triângulo. Tudo depende, agora, de algum novo pantim ou passamento do sanfoneiro.
“Só toco se for na sombra”;
“Se rolar um táxi para o Arruda, tudo bem”;
“Estou com suspeita de Dengue”;
“Só volto depois do Carnaval”.

São apenas algumas das desculpas esfarrapadas que ele pode inventar, para não reiniciar a temporada de paródias fenomenais da lendária e eterna “Sanfona Coral”.
Do alto da minha prosopopéia, abro os braços como quem prega no deserto musical futebolístico e lanço minha pergunta essencial:
“E aí, sanfoneiro, vais amarelar?”
Aguardemos.

Acabou o caô! A cerva nos estádios foi liberada ontem!

Amigos corais, estava meditando agora de manhã para escrever o texto sobre o ano glorioso de título estadual + acesso + mudanças importantes na gestão do clube + outras emoções aleatórias, quando recebi uma mensagem do meu cunhado Pedoca:
“Cervejinha liberada nos estádios. Iurrruuuu!!!
Encerrei a meditação, liguei o computador e fui buscar as notícias.
É verdade.
Ontem (24), um pequeno milagre aconteceu. O deputado estadual Antônio Moraes reapresentou a PL 107-2015, projeto que libera a comercialização de bebidas alcoólicas em jogos de futebol nos estádios de futebol de Pernambuco e pasmem! – foi aprovada por 18 x 13.
A bancada evangélica tentou se articular para derrubar o Projeto, mas não conseguiu.
Então me lembrei da palavra “Caô”, que a massa coral vem cantando a plenos pulmões, em homenagem ao nosso Grafite:
“Acabou o caô, o Grafite voltou, o Grafite voltou”
Ou seja: Acabou a mentira, enganação, conversa fiada, enrolação.
Já entrevistei este deputado, que sempre lamentou não ter tido o apoio declarado dos clubes nem da Federação Pernambucana de Futebol para ser aprovado. Depois de um tempo, ele retirou o projeto da pauta.
Também escrevi sobre isso, aqui no Blog.
Nunca aceitei (nem entendi) essa idiotice de banir a reles, essencial e fundamental cerva no estádio. “Ela aumenta a violência”, é o que alardeiam os defensores, cheios de caô, sem nenhum dado, nada que confirme a tese do suposto aumento.
Me pergunto se mudou alguma coisa, desde que a loira gelada foi proibida, desde 2009. Na verdade, só piorou. Todo mundo que conheço (inclusive eu), passou a beber de forma voraz e exagerada, fora do estádio, porque sabe que serão duas horas de secura. Fora a venda clandestina de bebidas diversas, que tem em todo estádio.
Os amigos da Sanfona Coral avisaram que só voltariam quando liberassem a cerveja.
“Rapaz, não dá para ficar numa lua daquela, tocando durante duas horas na arquibancada, sem poder tomar uma cervejinha gelada”, já me confessou o zabumbeiro e cronista deste Blog, senhor Gerrá Lima. Xiló, o sanfoneiro, é cheio de pantim, mas nesse ponto, ele está certo.
Outros estados já liberaram: Bahia, Rio Grande do Norte, Minas Gerais, Goiás e Rio de Janeiro.
Quer dizer que há brasileiros que podem beber em alguns estádios, mas em outros, são tratados como meninos que não sabem se comportar. Isso é bem ridículo.
Mas não se animem muito para sábado. Os trâmites legais duram uns 15 dias, e só mesmo no Pernambucano de 2016.
Breve, escutaremos aquela frase linda, repetida entre um lance e outro:
“Cerveja, Coca e água!”
E a Sanfona Coral puxando o famoso “la, laralaia loraraia… Santa!”
Ah, o governador Paulo Câmara, que é torcedor do Santa, tem o poder de veto. Mas ele deve ter bom senso de sobra neste ponto. No mínimo, algum assessor importante que diga:
“Governador, se o senhor vetar esta lei, vai prejudicar imensamente o próprio Santinha”.