Adeus, adiós, chao, goodbye, au revoir, adieu, arrivederci, ciao, auf wiedersehen e por aí vai. Bem, minhas amigas e meus amigos tricolores corais, esta é a última postagem do Blog do Santinha.
Anos de histórias, muita paixão, greia, pensamento crítico, alucinações e iluminações passaram por aqui. Mas nossa finitude radical – eita, o velho Heidegger – se expressa em tudo, inclusive naquilo que escrevemos.
O maior legado deixado por Sama, Inácio e Gerrá foi a publicação da Trilogia das Cores. Lembro de Sama me apresentando esse clássico da crônica futebolística pernambucana na Bodega do Abel, o português mais brasileiro de todos. Só texto foda. Icônico é pouco.
Muita honra ter participado dessa peregrinação santacruzense, etílica, literária e insana. Sim, muito insana.
Mas é inegável que essa modernidade líquida cansada – uma junção de Bauman e Byung-Chul Han – prefere os textos curtos. E isso quando há, nas redes sociais, o interesse em ler. Não há, creio, mais espaço para textos longos.O Twitter dita a regra dos textos curtos.
Nesse quesito – textos longos – vou me recolher à Literatura e à Filosofia, minhas paixões desde sempre. Os blogs morreram ou estão em estertores doloridos. Ataraxia estóica é isso: reconhecer aquilo que não podemos mudar.
A paixão pelo Santinha é imorredoura. Estarei no Arruda sempre, seja em tempos caóticos, ruins, mornos, bons ou excelentes.
Como diria T.S. Eliot, valeu a pena. Sim, valeu a pena demais. E pena, aqui, é antes de tudo escrever, compartilhar, xingar e amar.
Valeu, Blog do Santinha. Valeu a quem teve saco de acompanhar e ler essas linhas, essas postagens sempre cheias de verdade e amor.
E salve, sempre, o nosso Santinha!
É punk-rock-hardcore.
A galera costuma dizer que a Série D é um campeonato muito difícil. De boa, existe algum campeonato fácil? Seja no Brasileirão, nas diversas séries do campeonato inglês, as pelejas na Argentina ou em Camarões, não tem jogo fácil em lugar nenhum.
As dificuldades de cada certame se dão por suas diferenças. No caso da Série D, as características que acentuam o elemento punk-rock da competição se traduzem pela baixa qualidade técnica dos jogadores, baixo investimento, gramados para lá de sofríveis, jogos pegados na violência mesmo e pela quase inépcia tática universal.
Tudo se mistura. E não foi diferente nesse jogo do Santinha contra o CSE. O gramado surrado pela chuva do estádio Juca Sampaio em Palmeira dos Índios estava uma coisa linda. No primeiro tempo, sem dúvida alguma o melhor do jogo foi a zaga com Poço de Lama, Buraco e Grama Podre. Puta que pariu, que campo é esse?
Nesse quesito, o Arruda se garante demais. Enquanto Léo Medrado falava um bocado de bosta na rádio, a torcida que teve coragem de viajar para ver o jogo em terras alagoanas merece todo o respeito do mundo.
A partida de polo aquático, digo, futebol, foi uma das coisas mais horrorosas do ano. Mas não podemos colocar a culpa nos atletas, uma vez que nem Messi ou CR7 (Ronaldo ou Flávio) não teriam muito o que fazer em meio ao caos advindo de tanta água. E a drenagem? Porra de drenagem, é piscina mesmo.
Como diria os Devotos do Ódio, essa porra é punk-rock-hardcore. O segundo tempo começou mais rápido – creio que os jogadores atingiram a iluminação e compreenderam a mecânica do gramado encharcado – e a água parecia ter diminuído um pouco. Lembrei-me de uma regra de ouro do futebol de botão: quanto mais tempo a bola ficar na defesa do adversário, melhor. Era o melhor que se podia fazer.
Ratinho nadou que só a porra. O escafandro de Rafael parecia pesar uma tonelada. Jefferson deu uma saída terrível e quase fez merda. E aí começou o festival de chutão, apesar do Santa Cruz ter acordado, imprimindo, dentro do possível, o ritmo de jogo. Porém isso não durou muito e o CSE teve mais posse de bola.
Mas esse jogo de usina ou de várzea terminou em um zero a zero feioso que só a porra. Menos mal. Um pontinho importante. O jeito agora é aguardar dia 19 para voltarmos ao Arruda. E que seja um dia de sol: a torcida, o futebol e principalmente o povo da RMR merece.
Até lá, é escutar muito Heavy Metal e ter paciência. Não tenho dúvida que a torcida mais apaixonada do Brasil vai fazer sua parte. Sempre fizemos a diferença e temos que ajudar o clube a sair dessa famigerada Série D. Mostramos isso no domingo passado.
E salve meu Santinha!
Deu liga.
Domingo amanheceu ensolarado. E dia de sol, ultimamente no Recife, é uma vitória. E era isso o que a torcida coral queria que ocorresse na celebração dos 50 anos do Arruda. Acordamos com o espírito sobrelevado, uma alegria legítima e aquela velha e boa sensação de que tudo iria dar certo.
Cheguei nos arredores do Mundão às 15h30. Fui bater o centro em Abílio. Mandava fotos e notícias do jogo, via zap, para meu amigo Heber que mora em Brasília. Essa paixão ocupa o Brasil inteiro. Na entrada das sociais me encontrei com Heitor. Estava, como todos ali, exaltado de alegria. A atmosfera era incrível: sorrisos esparsos, gritos de guerra, camisas tricolores para todo lado… era gente pra caralho.
Comprei os tickets para uma porrada de cerveja e entrei nas arquibancadas das sociais. O Arrudão estava lindo. O sol, senhor todo poderoso desse dia, prenunciava ventos bons e um gosto de conquista pairava no ar.
A torcida cantava embalada por data tão especial. E a entrada do time em campo foi saudada com essa mesma alegria. Foi, de longe, o melhor primeiro tempo do Santinha na Série D. Parecia outro time: aguerrido, concentrado e jogando com vontade. O domínio era absoluto sobre o Sergipe. Criamos várias chances de gol. Ratinho acertou o passo e jogou bem. Alemão foi um dos melhores em campo e Wescley criou situações de perigo para a meta de Dida.
Daniel Pereira meteu um chutaço no ângulo que foi espalmada com categoria. Jogada plástica. Uma pintura. A pressão coral era avassaladora, não dava trégua. Até que aos 42 do primeiro tempo – após gols perdidos e bola no travessão – Furtado cruza na pequena área e Hugo Cabral, no melhor estilo Usain Bolt, ultrapassa a zaga e faz o gol. O Arruda explodiu de alegria. Chuva de cerveja, abraços aleatórios e muita, mas muita felicidade.
O segundo tempo começou com uma postura menos ofensiva do Santa Cruz. A torcida chiou e berrava para Martelotte atacar. Parece que o time escutou e partiu pra cima. De boa, esse jogo era para termos ganho de, ao menos, 3 x 0.
Após o apito final, fui me encontrar com Juninho, Jerry, Marc, Roberval e Big em Abílio. No meio de muita cerva e cantorias de vitória, Big soltou essa: “É, parece que essa torcida deu liga ao time”.
Porra, exatamente isso. Na mosca. Essa torcida coral é muito foda mesmo. Empurrou o time o tempo todo, acreditou e foi agraciada com a nossa entrada no G4 do grupo. Era impressionante como todo mundo ria, as piadas mais sem graça soavam como a coisa mais cômica do universo.
Os brindes se multiplicavam, a cantoria seguia noite adentro e aquele sentimento que o sol havia nos fornecido no início da manhã e por toda a tarde parecia ter encontrado abrigo em nossos peitos. Uma vitória solar para iluminar nossa estrada a partir de agora.
Eu já estava bêbado quando me encontrei com Lucas no posto na Av. Beberibe. Estava tentando pegar um táxi para ir me encontrar com meu grande amigo Leonardo Neves no Rosarinho, pois a cachaça tinha que continuar, ainda mais quando havia tantos motivos para celebrar.
Lucas era só sorriso. Essa alegria própria que nós tricolores corais portamos é uma coisa linda demais. Trata-se de um sentido de pertencimento coletivo que emanou de 19.999 corações que estiveram presentes no jogo.
Sair do Arruda com uma conquista superlativa é bom demais. Avante, meu Santinha. Se ganharmos o próximo jogo contra o CSE fora de casa, segure a onda, pois o Arruda vai lotar dia 19 contra a Jacuipense. É bom demais ser Santa Cruz de corpo e alma. Ninguém nos segura depois desse domingo. Deu liga e só vou apostando.
Salve meu Santinha!
Muitas felicidades…
O estádio José do Rego Maciel, o Mundão do Arruda, foi inaugurado no dia 04 de junho de 1972. Esse adorável senhor irá completar 50 anos no próximo sábado e isso cria uma obrigação moral para a torcida coral estar presente no domingo no jogo contra o Sergipe. Vamos cantar “parabéns para você” ao vivo.
Como tudo no Santa Cruz, o Arruda é cria do povo, de sua torcida. Nascendo em um sobrado na Rua da Glória, nº 140, a sede logo foi transferida para a Rua do Imperador, depois para Estrada de Belém até se estabelecer em definitivo na Avenida Beberibe, no bairro do Arruda.
Foram Aristófanes de Andrade e Gonçalo de Melo que iniciaram a compra do terreno para construção do estádio do Santinha. Em 1954, José do Rego Maciel, então prefeito do Recife, se articula com investidores – principalmente o extinto Bandepe – e começa a ser construído o que chamamos de Repúblicas Independentes do Arruda.
O negócio começa a andar mesmo a partir de 1965 com a venda de cadeiras cativas e títulos patrimoniais. Entretanto, um dos fatores mais decisivos na realização de nossa casa se dá com a campanha do tijolo. Meu pai contava que mobilizaram a torcida para doar tijolos, cimento, materiais de construção, mão de obra, sangue, suor e paixão.
Ele e meu tio iam, vez ou outra, levar esses materiais para o Arruda. Nossa eterna gratidão para quem fez parte dessa história tão maravilhosa. O Santa Cruz Futebol Clube é a verdadeira tradução do amor do povo, de sua essência atávica, de sua alegria ancestral e de sua entrega seja na alegria ou na tristeza, uma vez que o amor verdadeiro não mede aquilo que ama.
Eu tinha 5 anos quando meu pai me levou pela primeira vez ao Arruda. Isso foi em 1976. Com 12 anos, quando comecei a beber cerveja, é que as coisas ficaram ainda mais interessantes. Íamos bater o centro na Churrascaria Colosso e depois, no estádio, berrávamos para o gasoseiro trazer aquelas garrafas gordinhas de Brahma Chopp que refrescava a alma e elevava o brilho das partidas a níveis estratosféricos.
Estive com meu pai também na inauguração do anel superior. Foi uma loucura. Gente que só a porra e um orgulho universal que irradiava de cada olhar. No meio do jogo, começaram a gritar que as arquibancadas estavam balançando e que iriam cair. Foi uma loucura: a galera saiu correndo, era gente gritando, um desespero que foi acalmado quando viram que a construção era sólida.
A inauguração do Santinha no Arruda se deu com um empate contra o Flamengo. Tinha 64 mil pessoas no estádio. Dizem as boas línguas que no jogo da seleção brasileira contra a Bolívia – metemos 6 a 0 – tinha mais de 96 mil pessoas com 75 mil pagantes. Eita que é Mundão mesmo!
Já narrei aqui a carreira que levei da Jovem quando tinha cabelos grandes e fui bater, sem querer, perto da torcida adversária. Gritaram “Olha o filho da puta do Mancuso ali. Porrada nele”. Corri mais do que Usain Bolt e só parei quando me deparei com a Inferno que se enroscou com os rubro-negros. Foi pau. Eu fui é beber mais cerveja que sou pacifista.
Sempre no Arruda, esse lugar mítico e que tantas lembranças nos traz. Domingo estarei no posto antes do jogo, depois em Abílio, comerei o melhor cachorro quente do mundo, beberei muita cerveja, encontrarei os amigos corais e sentirei, mais uma vez, a emoção de entrar no estádio, ver o gramado, as arquibancadas e o grito eterno de paixão de nossa torcida.
E escutar o “parabéns para você, nesta data querida, muitas felicidades, muitos anos de vida”.
Salve meu Santinha!
Empate sofrível.
Empatar com o Sergipe já é uma coisa deplorável. Mas empatar levando pressão, beira o ridículo. De boa, estamos falando de um jogo com o vice lanterna de nosso grupo.
O gol que levamos logo no início da partida demonstrou a absoluta incompetência de nossa zaga. Yuri e Dudu Mandai parecem brincadeira de mau gosto.
E a falta de conexão entre defesa, meio de campo e ataque é para deixar o caba muito puto da vida. Fabrício conseguiu errar passes absurdos. Ruindade pouca é bobagem.
Levamos acocho quase o tempo todo. A situação só mudou um pouco no final do segundo tempo. Conseguimos criar boas chances, mas não levamos o segundo graças a falta de categoria do ataque do Sergipe.
E, é preciso dizer a verdade, só empantamos por pura sorte e burrice do zagueiro que entrou na marcação todo atabalhoado.
Enquanto tomava umas cervas em casa e acompanhava o jogo pela InStat TV – perceberam que o locutor continua sem saber o nome dos jogadores e torceu descaradamente para o Sergipe? – a sensação de desamparo diante desse time foi inevitável.
Precisamos melhorar muito para deixarmos de ser péssimo. Martellote está muito fodido.
O jeito, como sempre, é a torcida. Se o Santinha tivesse ganho esse jogo, o Arruda estaria lotado no próximo domingo.
Resta apenas torcer para que a paixão coral se acenda diante da situação calamitante em que estamos metidos e mova essa torcida maravilhosa para o Mundão.
Só a torcida pode salvar esse bando de perronhas. É esse amor incondicional pelo Santa Cruz que pode reabilitar nossa história.
É time de guerreiros que chama? Bem, guerreira mesmo é nossa torcida. A canção se repete incansavelmente: nunca te abandonarei.
Por isso, meu povo, próximo domingo é dia de Arruda. Ou invadimos o estádio e levamos essa vitória ou o abismo ficará cada vez mais perto de nós.
Salve meu Santinha!
Sempre a torcida.
Comprei o ingresso para o jogo contra o CSE. Porém, devido a questões familiares, não pude ir ao Arruda. Uma pena perder mais uma vitória de virada e com o apoio incondicional de nossa torcida.
Essa Série D é uma verdadeira montanha russa de emoções para quem é coral e ama o Santa Cruz. Primeiro foi aquela eleição mui estranha no jogo anterior. Quando fui votar, uns asseclas de ALN vieram fazer boca de urna:”Tricolor, é sim, sim e sim para o bem do Santinha” Votei não, não e não. Mas não adiantou nada.
Na mesma semana, as redes sociais pipocaram com a notícia também mui estranha: 1639 sócios votantes foram abduzidos. Devem, agora, estar tentando acompanhar o Mais Querido via InStat TV (essa grande bosta) lá de Marte. Essa treta é velha nas eleições do clube. E nunca ninguém faz nada.
Depois tivemos Leston Jr. chutando o pau da barraca, desnudando o caos interno, salários atrasados e péssimas condições de trabalho. Demitiram o homem e, pela milésima vez, Martellote foi convidado para guiar essa nau à deriva.
E surgiu o pix coral de Wagner Lima. Essa torcida sempre salvando a lambança de seus dirigentes. Mais de 170 mil arrecadados e salários pagos. Será que Wagner vai se candidatar a presidente? Será que essa torcida está disposta a fazer uma revolução dentro do clube? Será que essa ação nobre abriu um precedente para isentar a trapalhada trabalhista dessa direção e das futuras? Veremos.
E como é sempre a torcida quem salva, nesse domingo não foi diferente. 7.036 torcedores e torcedoras foram ao Arruda incentivar o Santinha. Na verdade, 7.035, já que não pude ir.
Em meio a um apagão também mui sinistro – estão dizendo por aí que o melhor zagueiro do Santinha é Mr. Disjuntor – a torcida fez sua parte. Foi lindo e deve ter sido emocionante ao vivo. Puta que pariu, não dá para faltar jogo algum. Mea culpa e remorso eternos.
A torcida não deixou de acreditar. Até parecia show do Metallica aquelas luzes tremulando como a anunciação de uma esperança que nunca se esgosta, de um amor secular e de uma crença metafísica na vitória.
E a vitória veio. Assim como Alemão. Realmente, precisamos de reforços nessa zaga. Teremos dois jogos de tabela espelhada contra o Sergipe que agarra a lanterna do grupo.
Temos que arrancar uma vitória lá e inundar o Arruda no jogo de volta com essa torcida maravilhosa, a mais apaixonada do Sistema Solar – já que temos torcedores tambén em Marte – e que nunca abandona o Santa Cruz. Irei de todo jeito. Duas vitórias e o G4. Não é pedir demais
E salve meu Santinha!
Show de horrores.
Pode-se dizer que, nessa Sére D, o Santa Cruz está vivendo um verdadeiro show de horrores. É como se pudéssemos juntar em uma produção cinematográfica Christopher Lee, Peter Cushing e Vicent Price com Segurado, Leston Jr. e Dudu Mandai. Os títulos poderiam ser: “Terror na Av. Beberibe”, “O satânico Doutor ALN” ou “O exorcismo do ProSanta”.
O nível técnico do Santinha é assombrosamente ruim. A camisa mais pesada da competição possui o time mais aleatório e desencontrado que poderíamos imaginar em nossos piores pesadelos.
Como se essa galeria digna de filme de terror não acabasse por aí, ainda temos a transmissão dos jogos pela InStat TV. Vocês perceberam que os narradores não sabem os nomes dos jogadores? “Cruzou a bola”, “lançou na área”, “fez o corte”… quem fez isso, porra? Incrível.
A salvação, como sempre, é a galera de Marcelo Araújo na Rádio Jornal. O rádio é eterno. O problema é que não há sincronia entre a transmissão horrorosa da InStat TV com o tempo do rádio. E ainda vão cobrar a partir do quarto jogo de cada time. Tá fácil pagar por uma desgraça dessas.
Mas, pasmem, o espetáculo do capeta segue seu desfile. Decidiram convocar uma AGE no Dias das Mães e em dia de jogo do Santinha. O castelo de Drácula perde diante das maquinações malignas dessa galera. Meu voto será NÃO, NÃO E NÃO. Querem dar poder absoluto ao rei.
O pior ponto dessa votação será a questão da SAF. Um tema tão delicado desses tem que ser decidido coletivamente. Não é aceitável que uma única pessoa, o presidente do clube, tenha poderes para gerir uma mudança tão radical dessas – e isso independente se você é a favor ou contra a SAF.
Meu grande receio é que a dimensão política do futebol, ou seja, a participação direta da torcida no destino de seu clube do coração possa, de um dia para outro, se transformar em mera relação comercial, financeira.
A situação é grave. Leston Jr. já deu, de boa. Não dá mais. Segurado também já deu. Estamos navegando em um mar cheio de perigos. Como diz a faixa da Inferno no CT: Subir é obrigação! Estamos muito fudidos, é verdade. Porém, o capital tricolor coral de mais valia, sua torcida, é foda demais. É nossa tábua de salvação, a saída da Matrix ou do Hades.
Domingo, como todo louco torcedor do Mais Querido, estarei no Arruda. Meu otimismo contumaz está se esvaindo. Vamos lá ver ao vivo esse enredo que deixaria Mário Bava, Stephen King ou Hitchcock de cabelos em pé.
Mas vamos lá. Essa paixão nos impulsiona e estaremos sempre ao lado do Santa Cruz Futebol Clube, seja em um filme de comédia, drama ( e sabemos bem o que é isso), aventura ou terror (como estamos vendo agora).
Que o espírito de Edgar Alan Poe nos auxilie. Que Clive Barker nos ilumine e Ctchulu nos retire dessas profundezas.
E salve meu Santinha!
Respeitem nossa torcida.
Fui ao Arruda nesse sábado convicto de que iria acompanhar o jogo nas arquibancadas na frente do escudo. Estava com saudades da alegria contagiante de nossa torcida, da festa e da greia. Mas assim que cheguei perto do estádio fiquei surpreso com a confusão que era para entrar no portão 7.
Uma multidão se espremia para entrar e a fila chegava até a ponte do canal na Av. Beberibe. A incompetência para gerir uma simples entrada em campo demonstra o absoluto desrespeito com a torcida coral. Desisti e comprei ingresso para as sociais. Tem hora que irrita ser sócio do Santa Cruz.
No encontro pós-jogo em Abílio, ouvi muita gente dizendo que só conseguiu entrar nas arquibancadas após o intervalo do jogo. É foda isso. Respeitem nossa torcida, caralho.
E foi exatamente essa torcida que chegou junto, mesmo se fudendo, para empurrar o time para cima dos alagoanos. A festa foi linda. Dá orgulho fazer parte disso. E foi a única coisa boa que vimos. O jogo, em si, foi um desastre.
Logo de cara levamos um gol bobo de escanteio. E contra. A zaga, para variar, bateu mais cabeça do que metaleiro em show do Iron Maiden. Dudu Mandai é ruim que dói. Os xingamentos cruzaram o universo. Entretanto, essa torcida é apaixonada demais e não deixou a peteca cair. Era dia de festa, de celebrar e começar a arrancada para sairmos dessa famigerada Série D.
Mas o time do Santinha é fraco demais e não ajuda sua torcida. Foi sufoco empatar contra o fraco Lagarto e esse jogo contra o ASA só acentuou nossas deficiências: defesa mal posicionada e sem pegada, meio de campo erra muito passe e o ataque não acerta a barra nem com a porra. É para deixar o cara muito puto da vida.
Em um lance para lá de confuso, conseguimos um pênalti. Rafael Furtado foi lá e converteu. A galera foi ao delírio. Pense em uma coisa linda de se ver é a felicidade dessa torcida. Emocionante demais. Todo mundo se abraça, é cerveja voando, cada berro da porra e muita alegria.
O jogo continuou em um nível para lá de sofrível. Isso demonstra como a Série D é nivelada por baixo. O mínimo de organização dá apara sair desse lamaçal. Mesmo assim, a torcida – sempre a torcida coral – empolgava, tornava o dia mais belo, elevava poesia dos destroços, agarrava-se à esperança e comemorava seu amor pelo Santa Cruz Futebol Clube.
Então, em um lance que começou da defesa do ASA, desenhou-se um dos gols mais ridículos da competição. A transição da defesa para o ataque – e isso com 3 jogadores do ASA contra 5 do Santinha – foi tão fácil que parecia que nossa zaga tinha tomado rivotril, gardenal e artane de uma vez. Roger Gaúcho finalizou com facilidade. Kléver, realmente, não estava em seus melhores dias. Teve até torcedor invadindo o campo para dar aula de como ser goleiro. É greia demais.
A frustração da torcida foi dupla: sair do Arruda com uma derrota e ser desrespeitada pelo próprio clube. A torcida fez sua parte. Respeitem o maior patrimônio que esse clube possui, porra!
E Salve meu Santinha!
O sabbath das bruxas.
A palavra sábado, no idioma português, advém do latim sabbatum que é uma derivação do hebraico Shabat. É o dia de descanso dos judeus e dos adventistas. Mas para a torcida coral das bandas do Arruda é dia de ir ao Mundão e celebrar, mais uma vez, nossa paixão pelo Santa Cruz.
Os povos pagãos dedicavam o sábado ao deus Saturno, daí a palavra Saturday em inglês. O famoso sabbath das bruxas é derivado do hebraico Shabat, indicando a forte onda antijudaíca da época.
Seja lá como for, esse sábado é dia de muita mandinga para que o Santinha possa vencer o ASA. É preciso evocar Goya e Osman Spare para que os rituais de vitória da torcida coral possam dar certo.
Temos que ser sinceros: aquele jogo contra o Lagarto foi uma negação. Muito ruim. Kléver nos salvou mais uma vez. E isso para quem conseguiu acompanhar. Série D é surreal. A galera se alvoroçou quando disseram que aquele jogo seria transmitido pela InStat TV. Todo mundo saiu correndo feito doido para se inscrever no streaming. E o que descobrimos? Era, na verdade, a InStante TV.
A transmissão parecia ser feita por um maluco filmando da lua e só durou uns poucos instantes. Espero que a direção do clube resolva isso nos próximos jogos.
Mas sábado – ah, sábado, meus amigos e minhas amigas – é dia de Arruda. Ir tomar uma no posto, migrar para Abílio e depois entrar em campo, comer o melhor cachorro-quente do planeta e vibrar, fazer a diferença e empurrar o time para cima dos alagoanos.
E vai ser preciso muita garra. O ASA surpreendeu dando uma lapada no favorito Atlético. É para ficar ligado, pois não vai ser nada fácil essa parada. E isso em meio a uma reformulação geral no elenco, salários atrasados dos funcionários e um marketing que puta que pariu…
A boa notícia é a possibilidade do Santinha embolsar 260 mil como resgate referente à transferência de Gilberto para o Toronto. Bora torcer e pagar a galera, meu filho. Assim não dá.
O lado bom da história é que sábado estaremos lá no Mundão. Por isso, cara torcedora, caro torcedor, vamos ajudar o Mais Querido. Sabemos como a presença da torcida é um diferencial enorme. Ela tem o dom de elevar a moral do time, abastecer os atletas com garra e determinação – e isso por mais perronha que o caba seja.
Que o sabbath das bruxas – com a trilha sonora do Black Sabbath – nos dê mais uma vitória.
Avante, meu Santinha!
Haja coração.
Sua visita ao cardiologista está em dia? O coração velho de guerra está preparado para o que der e vier? Se tem marca passo ou estente, fez a revisão? Pois é, minhas amigas e meus amigos, a partir desse domingo começa a Via Crucis da torcida coral das bandas do Arruda. Haja coração para essa empreitada.
E esse início se dá exatamente na Semana Santa que simboliza paixão. E é inegável que ser torcedor do Santa Cruz já é indício de ser meio perturbado quando o quesito é ser louco de paixão. A Série D é um misto de diversas coisas: loucura, desespero, esperança, agonia, teste para cardíaco e o caralho de asa.
Nossa estreia na famigerada D será contra o desconhecido Lagarto. Do grupo do Santinha, a equipe sergipana é, de longe, a mais fraca. Sofreu diversas mudanças e está sem parâmetro de jogo. Por isso é muito importante entrarmos com foco total, pois não sabemos o que vamos enfrentar, seja para o bem ou para o mal.
Do nosso lado, os problemas começaram cedo. Mateus Anderson e Jefferson foram vetados por lesão e tudo indica que Ratinho entra como titular. Ratinho, mô véi, é sério mesmo? Chama qualquer menino de várzea que joga melhor que ele. De boa.
O time que merece atenção especial é, sem dúvida alguma, o Atlético. Os cabas são campeões baianos, o que não é pouca coisa não. A boa notícia é que nosso jogo contra eles será no Arruda, partida marcada para o dia 8 de maio. A torcida tem que lotar o estádio. Isso é um fato ontologicamente comprovado: com torcida, o Santinha muda, a garra se eleva e o time vai para cima com sangue nos olhos.
Também é inegável que o expurgo progressivo da desgraça do ProSanta e do IPC está dando seus frutos. Estão pagando os salários dos jogadores. Sempre escrevi aqui sobre a bronca que é ter salário atrasado. Um time com Grafite, Keno e João Paulo cair é um crime de lesa pátria. Esse erro não pode ser cometido. É grave. Ainda mais em uma Série D infernal que tem, além do Lagarto e Atlético, o Sergipe, Juazeirense, Jacuipense, CSE e ASA. Salários em dias significa disposição em campo.
Por falar em ASA, meu ingresso já está garantido. Transferiram o jogo para o sábado. Vai ser interessante ver o Arruda com 20 mil torcedores e o jogo do domingo da B com metade disso. Muita gente apareceu indignada nas redes sociais com a mudança do dia do jogo. Uma pena mesmo, mas é importante evitar confrontos que sempre acabam em violência gratuita e estúpida. Triste realidade.
O ASA levou a torcida em peso para a final do alagoano contra o CRB. Perdeu, mas demonstrou que tem uma torcida apaixonada. Essa tônica da presença do torcedor vai ser um diferencial e tanto nessa competição.
Por isso, meus amigos e minhas amigas, veja o jogo do domingo em casa, no bar, no celular, seja lá onde for. Tome todas, celebre com as pessoas queridas, vista o manto do Santinha e vamos para cima do Lagarto. Como um otimista inveterado – e isso apesar da nossa estranhíssima escalação prevista para o jogo – sairemos com uma vitória.
Mas sábado – ah, sábado – é dia de tirar a bunda do sofá e ir ao Arruda festejar. Dessa vez irei para as arquibancadas sentir a vibração dessa torcida maravilhosa. Comer o melhor cachorro-quente do mundo, beber umas cervas em Abílio, encontrar os amigos e celebrar. Santa Cruz é isso: celebração. Vamos nessa. O papel da torcida é fundamental para juntarmos mais vitórias e sair desse lamaçal. O pontapé inicial já foi dado.
Salve meu Santinha e haja coração!