Educação pela pedra

Texto do filósofo-metaleiro da Boa Vista, Zeca

Em 1965, o poeta recifense João Cabral de Melo Neto publicou Educação pela pedra. Escreve o poeta: “Uma educação pela pedra: por lições;para aprender da pedra, frequentá-la;captar sua voz inenfática, impessoal(pela de dicção ela começa as aulas).A lição de moral, sua resistência friaao que flui e a fluir, a ser maleada”.

João, além de poeta, era jogador de futebol. E foi campeão juvenil pelo Santa Cruz. Quem diria. E quem diria que esse poema –que dá título ao livro – seria tão atual para nosso amado Santinha.

Quem assistiu ao jogo do Mais Querido contra o Grêmio deve ter ficado surpreso. Milton Mendes, mais uma vez, criou um novo esquema tático. Abandonou as tentativas com o seu velho 4-3-3 ou 4-4-2 para esboçar um 4-1-3-2. O alcance do meio de campo cresceu com essa escolha. Abriram-se caminhos para atacarmos.

E, para mim, o mais interessante: o time jogou de maneira compacta.

Pois é, quem vai entender esse doido? Milton, meu filho, se decida. Na verdade, mantenha esse padrão que foi o que, em certo sentido, vimos contra o Inter no Arruda.

Acredito que a maioria dos torcedores estava esperando uma baita lapada no lombo neste jogo contra os gaúchos.

Mas tchê, que nada! A cobrinha se arretou e foi pra cima. Deu pressão na galera do churrasco e do chimarrão.

Quero só ver o que essa lapa de doido – claro que me refiro aqui a MM – vai fazer contra o São Paulo no próximo domingo.

Vou começar bebendo logo cedo, pois vai ser uma parada difícil. Mas, como não conseguimos prever nada com as loucuras de nosso treinador, talvez saiamos até mesmo com uma vitória.

O que me decepciona nesta séria A, além de nossos altos e baixos, é a pouca presença de nossa torcida nos estádios.

Educação pela pedra é isso mesmo, meu amigo: resistência fria diante dos absurdos, das vitórias e derrotas.

Avante, Santa Cruz. Junta mais essa vitória!

Voltando das férias…

A última partida que assisti do nosso Santa Cruz foi contra o Internacional. Aquele magro um a zero, onde Keno fez um golaço e Néris enfiou o dedo no fiofó do zagueirão do time gaúcho.

Logo em seguida, vi pela televisão, o jogo contra o Vasco no Rio de Janeiro pela Copa do Brasil. Fiquei até animado com o resultado, mas como nosso treinador é cheio de invenções, ao mesmo tempo em que eu comemorava o empate fora de casa, não sabia se a intenção era perder, empatar ou ganhar. Afinal, o time entrou com alguns reservas e no banco ficaram uns titulares. Lá pras tantas, os reservas foram saindo e os titulares entraram.

Depois disso, entrei de férias e me mandei pro interior. Fiquei longe do Recife, do Santa, do celular e da internet. Fui tomar banho de rio e de simplicidade.

Pra não dizer que não vi nada do nosso time nessas férias, assisti ao jogo de volta da Copa do Brasil. No sertão de Alagoas, num bar onde rolava um voz e violão ensurdecedor, com um repertório de doer o ovo, acompanhei a partida numa TV de plasma que vez por outra perdia o sinal da parabólica e a gente tinha que esperar um dos garçons desligar e ligar de novo a televisão para ver se pegava o sinal. Ao final da peleja, mais uma vez, fiquei sem entender se Milton Meme queria vencer, empatar ou perder o jogo. Até hoje carrego essa dúvida.

Nesses dias de folga, Zeca segurou a onda no Blog.

Bom, voltei. E o Santa Cruz voltou pra zona. Pra bem pertinho da seribê.

Pelo que li e ouvi, a turma não está nada satisfeita com Milton Meme. Pelo menos, quase todos os meus amigos tricolores corais santacruzenses das bandas do Arruda estão descendo o sarrafo nas costas do “professor” e pedindo sua saída.

Confesso que sempre fui meio ressabiado com nosso gabaritado treinador. Acho ele um sujeito bom, mas cheio de ideias mirabolantes e meio lunático.

Algumas atitudes dele é de quem não regula muito bem. Em Salvador, deu uma cabeçada em um integrante da comissão técnica do time adversário. Aqui, em um jogo às 11 horas da manhã, o cabra foi trabalhar vestido de paletó.

Se é nas quatros linhas, ele faz umas modificações pra lá de esquisitas, inventa umas novidades e o pior, quando o time leva um gol, MM fica doidinho e é capaz de deixar o time com apenas um zagueiro em campo.

Eu só espero que os jogadores não tenham cansado das invencionices do comandante. Tomara que todos estejam confiantes e fechados com o treinador.

Mas, enfim, como disse antes, não venho acompanhando o Mais Querido. Daí, não tenho como fazer uma critica mais aprofundada sobre o time e sobre o trabalho de Milton Meme nestas últimas semanas.

Quero mesmo é vencer os próximos jogos, gritar acabou o caô e fugir da zona.