Sextô

Texto enviado por DJ Magrones*

Fala meus dinheiro encontrado na máquina de lavar, ceis tão joia?

Já vou avisando que infelizmente num foi dessa vez que o Quintal Coral deu certo. Tô muito triste com isso!

Era o início de um forte ponto acolhedor pra se falar mal de qualquer diretoria que esteja a frente… Porque é isso que nois gosta… por defeito… torcer é secundário.

Pensando bem, eu nem queria mesmo, tá fazendo um som com vocês todos por lá enquanto nois se embriagava e xingava BrenoCalixto no instagram pra ele pegar ar e ficar proferindo palavras de baxocarlão nas rede social!

Eu só queria mais uma vez avisar que disse pra fazer a lista da diretoria… Eu disse!

Tem tanta gente saindo da diretoria do Santa que tá começando a parecer aquelas pegadinha do Silvio Santos que a pessoa chega pra uma entrevista sai todo mundo e ai do nada apaga a luz e aparece uma assombração.

Onde tem mais afastamento: na diretoria do prosanta ou na equipe do paunuguedes?

Mas, enfim, vamos falar de SantaCruz, vamos fala de mudança e profissionalismo…. Agora tem CEO …. o que caralhas significa CEO? Cargo Erroneamente Oferecido?

O Pró-Santa tá recebendo uma bolada da Caixa com esses afastamento ai? Vai ver que se afastaram pra pegar o auxílio doença e dizer que geraram receita…

Fala-se tanto em gerar receita que semana que vem Joaquim vai tá na AnaMariaBraga.

Eu vou parar de falar desses merda, que depois Raul me dá bronca…

Só vou reforçar que o sapo entrou e saiu do cu do Pipico e ao que parece segue lá dentro e passou uma argamassa na vorta escura que nem cagar o arrombado tá cagando… Felicitações ao Sapo que tem nova morada.

Hoje eu num vou beber, pq se fosse pra beber o tanto que eu quero, o zé delivery ia entregar numa carreta.

Marino e Abdias… começaram contratando um refugo do Goiás … vou nem perder tempo arrumando apelido… vai durar 50 dias só…

Sem enrolação que hoje eu tou o puro creme da perturbação. Então bora com Roberto Ribeiro chateando a cremosa só pra arrumar assunto …

Vou nem cagar regra na sexta, tá liberada a esbórnia da forma como preferirem e quem mandar um vídeo passando merda em Joaquim, eu faço o pix de 2 reais.

CADÊ MINHA PITÚ????

Dica musical: https://www.youtube.com/watch?v=w-wmgHxCnqs

*DonMagrones, dj aposentado, conhecedor de acessórios esfumaçantes!

Sextô

Texto enviado por DonMagrones*

Fala minhas oferta de cerveja, ceis tão joia?

Esses dia eu bem me lembrava do que me fez começar a escrever o sextô, e foi a força do ódio e foi algo que reverti em irreverência, ou pelo menos tentei…

Então, vamo ai na mesma pegada pegando toda zica desses últimos dias e tirando o máximo de proveito da xacotação possível!

Neston Jr…, meu vitaminado…, bora botar agito no preparo desse time… Num esqueça que manga com leite dá ruim [será que julinho caganeira tomou manga com leite?

Raul disse que queria queimar a língua com Leston…. Vitamina quente é sopa?

Tô tão esquisito esses dias que nem bebendo direito eu tô… Será que tô delirando? Volta bileeeeu!!!

Falando em bileu … Gerrá da Zabumba já citou Jô 3x esses dias…, se aparecer treinando a culpa é dele.

Ceis falando da zica no site pra comprar a camisa e eu pensando… podiam abrir uma vaga na cobra coral pra eu ajudar… nem ligava de ter de mudar.

Agora são 14:50 e eu voltei do almoço tem meia hora e fiz já tá tudo organizado…Tenho o que fazer? Sim… Quero fazer? Nem um pouco.

Hoje eu acordei romântico então já tasquei do augusto cesar que até o cachorro do vizinho uivou na sofrência…, mas essa num é dica sonora!

Falando em música, aquela música do bomxibomxibombom onde rola uma análise criteriosas das cadeias hereditárias segue bem atual… mostrando que o de cima sobe e o de baixo desce… As Meninas manjam mais que o PauloGuedes!

Carai e eu nem ia falar de desgoverno, prometi que não ia zuar o terno de cromakey do veio da havan…

Pode mexer na pohha da timemania tb… num ganhei mais nada depois que saiu aquela do Santa… maiz zicado que o sapo no cu do pipico.

Givanildo que saiu agora será que volta a fazer propaganda de casa de aposta? Ele merecia um canal no youtube com dicas de aposta e pro cartola.

Chega dessa lengalenga e vamos ao que interessa… se entorpeçam não tem futebol no fds, então arrumem motivo.

Eu não sou violeiro mas vou seguir, num sou batuqueiro mas vou no ritmo, só esperando os partideiros chegar com o quarteto em cy, mas ao invés de salvar o verde eu vou queimando…

Meus senhores sextem com a máxima alegria que as duas doses de vacina lhes permitem…

Saudades da Minha Cobra!

Dica musical: https://www.youtube.com/watch?v=qVFLOYkuvNo

  • DonMagrones, dj aposentado, conhecedor de acessórios esfumaçantes!

É pedir pra cagar e sair!

No Sampa Cruz nessa Caraia, Raul manda um zap. “Olha quem apareceu. Chegou no meu e-mail.” E completou com um irônico agora a gente chega.

Caramba – eu pensei – o cara ainda usa e-mail!

Foi quando reparei que era um texto publicado no falecido Blog do Santinha. Nem lembrava mais que ainda existe esse negócio de blog.

Raul é dos velhos tempos do Blog. Foi por lá que a gente se conheceu. Fomos nos aproximando. Ele morava em São Paulo. Hoje o bicho reside na manguetown. Voltou a trabalhar por aqui. Coincidentemente, ele chega a ser parente da minha esposa. Ou seja, Recife é um ovo.

Todo dia a gente se fala no grupo do zap. É uma verdadeira seleção de tricolores corais santacruzenses das bandas do Arruda que anima minhas horas. Acho que foi Raul que me botou no meio dessa turma. Alguns eu até já conhecia. É um dos poucos grupos de zap no qual interajo. Santa Cruz, música, bebidas, política, etc e tal, são os assuntos do dia-a-dia. Divergimos pouco no grupo. Somos todos #ForaBozo, #ForaProSanta e #ForaJoaquim.

Sim, mas voltando ao assunto. Aí, Raul mandou um link do texto publicado no Blog. Mandei um puta que pariu de acordo com a norma culta do zapzap, “pqp”. E completei com a pergunta:  ressuscitaram o blog?

Fui ver para ter certeza. E não é que Zeca escreveu no Blog! Eu nunca mais tinha tido notícias do filósofo coral.  Não sei vocês, mas nestes tempos modernos, fico alegre em saber que certas pessoas estão vivas e também fico bem contente quando sei que alguns seres humanos morreram. No caso de Zeca, fiquei feliz!

Caralho – eu pensei – o cara teve inspiração pra escrever um texto no Blog! Enterraram o Santa Cruz na lama, mas a doidice da nossa torcida continua solta por aí.

E fiquei matutando. Deu vontade de escrever algo. Mas escrever o que? Nem sei mais a senha. Mesmo assim, peguei o gancho numa tiração de onda no Sampa Cruz nessa Caraia e batuquei uma linha: A começar pelo Altos, o nível desta Sericê foi alto pro Santa (ei ProSanta VTNC).

Parei quando fechei os parênteses. Pois, imediatamente, lembrei de Artur Perruci e do Blog Torcedor Coral. E também de Paulo Aguiar, Dimas e Geó. Estes dois últimos eu tenho visto. Artur e Paulinho, espero que estejam bem. Meu pensamento foi pra outro lado, me dispersei, não continuei a escrita e deixei o Blog do Santinha para lá.

Ontem à tarde, do nada, Raul manda outro texto publicado no Blog. Desta vez, ele copiou e colou o texto no zap. O miserável – eu pensei – tá me provocando.

Hoje acordei sem ter o que fazer. Tomei meu banho, tirei as catotas do nariz, bati uma porção de macaxeira com queijo coalho, botei o barro pra fora, liguei o notebook, lembrei da senha do blog e escrevi este texto aí.

Ah, sobre renúncia, suicídio, impeachment, essas coisas, uma boa alternativa para esse presidente seria, como se diz no vocabulário futebolístico, pedir pra cagar e sair. Ficaria mais elegante!

Inté!

Não precisa brilhar, precisa apenas jogar

Quem quiser que comemore o empate. Eu não tenho nada para comemorar. Saí do Arruda numa mistura de raiva e alivio. Pra mim, esse empate serve apenas para não ficarmos entre os últimos na classificação geral e para mostrar ao elenco e ao treinador que Serie C é mão no bucho e pé na cara. Por pouco não levamos uma lapada dos paraibanos. Uma equipe que tem como capitão um idoso de 44 anos.

O cidadão que foi ontem para o Arruda e que não havia assistido ao jogo contra o Fluminense, deve ter ficado desconfiado do que disseram do nosso futebol contra os cariocas. Já quem foi na quinta e foi ontem, ficou mordido de raiva com a postura e lerdeza do Santa Cruz contra o Treze Tapetão Clube.

É claro que não brilharemos sempre. Nisto eu concordo com o que o treinador do Santa falou. Mas meu nobre, não é necessário brilho nenhum para conseguir vencer um time como este do Treze.

Nesse jogo de estreia, nosso lado direito parecia uma BR-101 sem trânsito e sem lombada eletrônica. Por todo o primeiro tempo, os caras passavam tranquilos e calmos, do jeito que queriam e ninguém fazia nada.

No meio campo, criação zero.

No ataque, somente o esforço de Pipico e Augusto.

E Jô? Alguém precisa explicar que aberração é esta. Este rapaz não consegue cruzar uma bola certa. Não sabe driblar nem um cone e quando perde uma jogada, se joga no chão.

Jô é apenas um peladeiro ruim que teve a sorte de ser o cara que fez o primeiro gol e que iniciou a jogada do segundo gol no jogo contra o Fluminense. E que, por este fato histórico, hipnotizou e iludiu o técnico do seu time.

“Ele fez um gol e deu o passe para o outro gol”, assim disse Leston Jr na coletiva, justificando a escalação do desgraçado.

Nem o mais humilde torcedor se iludiu com a tal façanha de Jô. Antes do jogo de ontem, o que mais se ouviu foi: “puta-que-pariu, Jô vai entrar de frente”. Durante a partida, a turma se esgoelava na arquibancada: “vai te fuder! Que jogador ruim do caralho! Tira Jô, treinador burro. Tira essa miséria”!

Se for pelo raciocínio do nosso técnico, no jogo de ontem, Neto Costa e Guilherme Queiroz conquistaram a titularidade. Os caras entraram e fizeram os gols e nos salvaram de uma estreia vergonhosa na sericê.

Indo por essa lógica aí, quem também vai conseguir um espaço nas quatro linhas é o cachorro Muriçoca. Ele entrou em campo, desmantelou o time paraibano e garantiu uns minutos de descontos pra gente fazer o gol. Não sei como é que vão fazer para levar Muriçoca para os jogos fora do Recife. Mas do jeito que tem loja de animais pela cidade, dá para conseguir um patrocinador, tranquilamente.

Este texto era pra ter entrado ontem. Mas o blog precisou ficar fora do ar.

A mais apaixonada do mundo

Fui dar um abraço de aniversário em Chiló e me mandei pro Arruda. As ruas eram só preto, branco e vermelho. Já era a terceira viagem que o motorista do Uber fazia para o Arruda.

A fila para entrar no portão 7 estava chegando no canal. Uma senhora negra vestia uma camisa com a imagem de Nossa Senhora do Carmo estampada de canto a canto na frente da camisa. “Tou com a camisa do Santa por baixo” e levantou pra gente ver. “Passei o dia vestida com a camisa de Nossa Senhora da Conceição e vim pro jogo com essa. Sou devota de Conceição e de Nossa Senhora do Carmo. A gente vai ganhar”. O olhar dela era de fé. A fé que reza e paga promessa para santos e orixás. A fé no Santa Cruz.

Alessandra sorriu pra ela e sussurrou emocionada: “essa é a cara da nossa torcida. Linda”.

Conseguimos entrar, a bola já havia rolado. Encontramos Samarone, Julio Vila Nova e Helder. Fomos em bloco pro cimento. Conseguimos subir e nos posicionamos ao lado da P-10.

De longe avistei Chiló e Geó. Vi também Odilon. Anizio apareceu. Robson Sena nos encontrou. Encontramos Marconi. Um pouco mais adiante estavam Fabiano, Bruno Fontes e Kiko.

De corpo ou de alma, todos os tricolores corais santacruzenses das bandas do Arruda estavam ali.

Não me canso de ler os comentários sobre nós. André Rizek escreveu em seu twiter: ”  O determinado time do Santa Cruz deu aula de estratégia de como enfrentar um adversário superior. Sua espetacular torcida transformou o que era para ser um jogo protocolar em  noite memorável. Espetáculo da galera coral no Arruda. Serie A sem Pernambuco nem deveria ter esse nome.”

O peito se enche de orgulho e o coração de alegria. Mas tem que ter sangue, corpo e espirito com as cores corais, para saber o que é ser Santa Cruz.

É o povão que defende, bate falta e cobra escanteio. É a massa coral que corre, chuta e faz gol.

A arrancada de Augusto no segundo gol só foi possível porque a João, Simone, André Cabeção, Alicate e Morena aceleraram o passo do nosso ponta e ele disparou com a bola. Pipico só chegou para fazer o arremate final porque Raquel, Cris, Seu Amaro Mão de Oléo e Carlito deram fôlego ao nosso artilheiro.

Ontem fomos 25 mil em um mesmo grito, em um mesmo abraço, num mesmo sorriso.

Somos todos, um só. E quando o clube e o time se agarram a nós, tudo se transforma. Até Jô faz um golaço daqueles.

Segunda-feira, estaremos lá. Para começar a arrancada para Serie B.  Com a gente em campo, ninguém segura o querido Santa Cruz.

Futebol e cu (ou futebol-cu)


Meu pai sempre me levava pra ver o Santa Cruz, desde que o jogo fosse no nosso campo e num dia de domingo.

Foi no Arruda que pela primeira vez ouvi um ser humano falar com tanta ênfase a palavra cu. Eu tinha uns seis anos de idade.

“Soca esse apito no olho do teu cu, juiz filho-da-puta”, berrou um moço que estava ao lado da gente. Um grito tão grande que me deu a impressão que todo o estádio ouviu.

Passei o restante do jogo observando mais o cara que gritou aqueles palavrões, do que os lances da partida. Durante vários dias, aquele cu que ouvi ficou ecoando no meu juízo. Acho que pelo fato de, apesar de filho-da-puta ser um palavrão com mais sonoridade rítmica, cu é ser mais significativo.

Dali pra frente, todas as vezes que eu ía ao jogo do Santa, ficava ligado nessa coisa de cu.

Se não existisse essa palavra monossilábica, o trabalho das ambulâncias e dos bombeiros seria dobrado. Não fosse o diafragma expelir com tanto vigor os cus pelo estádio, muita gente passaria mal e até morreria.

Certa vez, um senhor gordão, por pouco não teve um ataque dos nervos perto da gente. Era um jogo a noite. Eu tinha uns doze anos. O gordão tinha um bigode e segurava um guarda-chuva. A gente dominava a partida, mas não fazia gol. A cada chance perdida, o gordo falava um palavrão: “puta-que-pariu! Vai te fuder! Porra! Caralho!” E, obviamente, vai- tomar-no-cu! Em um dos lances perdidos, o atacante entra na área. Ele, o goleiro e a barra. Um gol feito. Mas o chute sai torto e a bola vai pra fora.

 “Vai-tomar-no-cu. Vai-tomar-no-cu. Vai-to-mar-no-teu-cu, porraaaaa!”, a última frase já saiu com o restante de ar que estava dentro do gordão. Ele ficou vermelho e sem voz. A turma começou a abanar ele. Alguém pediu água. Um amigo do meu pai morria de rir. Um cara gritou: chama o bombeiro, chama o bombeiro. Mas o gordo sobreviveu, sem precisar de ajuda médica.

Na época da Sanfona Coral, nossa turma ficava na arquibancada, exatamente no lado que o bandeirinha estava. Para ser mais preciso, a Sanfona se posicionava olhando para o banco de reservas do adversário. Daí, estávamos sempre no pé do ouvido do bandeira. Numa ocasião, não lembro qual foi o jogo, Rosembrick meteu uma bola pra Carlinhos Bala, seria gol certo. Mas o bandeirinha marcou impedimento. No rádio disse que não estava impedido. A jogada era bem duvidosa. No meio dos xingamentos, um torcedor saiu com essa: “tu é corno de cu, bandeirinha”. Um garoto que estava perto, perguntou: “pai, o que é isso: corno de cu?”. A gargalhada foi geral.

Ontem, desde a hora que a escalação foi divulgada, a palavra cu foi a mais usada nos grupos de zap corais, no Arruda, nos bares, nas salas, em qualquer ambiente onde estivesse um torcedor do Santa Cruz.

Luiz Felipe escalado. “Esse rapaz deve estar comendo o cu de alguém no clube”.

Gol dos Afogados. “Puta-que-pariu, outro gol de cabeça. Vai-tomar-no-cu. Essa porra desse volante não pulou”.

O primeiro tempo acaba. “Jogo cu do caralho”.

Neto Costa vai entrar. “Um jogador cu desse, vai entrar pra que?”

Neto Costa perde o penalti. “Vai-tomar-no-cu. Jogador merda!”

E como diz um amigo meu quando está nervoso: time cu. Treinador cu. Presidente cu. Diretoria cu.

Depois ele se acalma e a vida volta ao normal.

Três cores, dois nomes e uma paixão

Mal começou o jogo, gol do Santa. Eles se abraçaram. Se apertaram. Parecia um corpo só. Logo em seguida, dois minutos depois, numa bobeira fenomenal, o time sofre o empate. Um gol besta, típico de pelada. O pau ainda estava um pouco duro. Se olharam. Não deram uma palavra. O jogo foi ficando truncado. O Santa Cruz parecia que iria se atrapalhar com a equipe do Afogados. P… foi comprar cerveja. L… ficou só e lembrou da ultima vez que tinham ido ao Arruda. Havia sido no jogo contra o Operário, na sericê. Estádio lotado, adrenalina nas alturas, nervosismo geral, o Mundão estava lindo naquele domingo. Foram para arquibancada. Veio a lembrança da bebedeira depois da partida e da farra que fizeram. “Foi loucura”, recordou. E viu que estava com a mesma camisa daquele dia. Uma retrô do ídolo Birigui. Treparam bastante naquele dia.

P.. voltou com a cerveja. “Trouxe um copo pra nós dois. Pra não esquentar”. Numa bola que sobra na entrada da área, ali entre a meia-lua e o lado direito do nosso ataque, Diogo Lorenzi acerta um chutaço. P… e L… estavam de mãos dadas, trocavam carinhos. A pelota sai rasgando o ar na diagonal, meia altura e estufa o barbante. Um golaço. Desses de limpar a vista e de avisar ao adversário sobre quem manda na partida.

P… abraçou L… por trás. L… bebeu o restante da cerveja num único gole. Quis beijar P…! Sentiu seu fôlego acariciando sua orelha. “Vai comprar mais cerveja. Deu sorte!”.

Dali pra frente dominamos a partida. Impomos nosso ritmo. Mas o time do sertão não é dos piores. P… voltou com outro copo de cerveja. Mal bebeu a primeira golada, Jô toca voltando para Marcos Martins, nosso lateral-direito faz um cálculo rápido que inclui distância, força, velocidade e jeito de chutar e manda a bola certinha pelo alto em direção a Elias. Nosso atacante rapidamente resolve a equação: força x distância x altura x jeito e manda de cabeça tirando do alcance do goleiro. Outro golaço. Como cruza bem esse nosso lateral. E como o garoto Elias não se intimida com nada. É daqueles que não tem vergonha de fazer o que sabe. Já virou xodó da torcida.

O primeiro tempo acaba. A massa coral ri a toa. Como diz Naná da Kombi Coral, “a gente tá dominando”. P… e L… fazem uma self e postam no Instagram. “Tu lembra do último jogo no Arruda, contra o Operário? Eu estava com essa mesma camisa”. “Claro que lembro. Só não lembrava da camisa.” E cochichou no ouvido de L…: “me deu o maior tesão agora!”. E deu um beijinho no pescoço de L…! “Assim tu me arrepia. Não faz isso que perco o controle. Vai comprar mais cerveja, vai!”

O times voltam para o segundo tempo. A gente controlou o jogo. A vitória estava sacramentada. O treinador fez as três alterações. De novo, Silas entrou bem. Outro da casa que vem agradando. Numa arrancada pela esquerda, driblou o marcador e cruzou rasteiro para Allan Dias carimbar o placar final, 4 a 1.

P… e L… já haviam perdido as contas da quantidade de cerveja que estavam tomando. Já haviam esquecido do jogo também. Eram só caricias e beijos. Comemoraram o gol se beijando fervorosamente. A partida acabou. O comentário geral era que o time estava no caminho certo. Que Elias é um craque. E que a saudade do Arruda é grande.

P… e L… voltaram de metrô. Comeram um sanduba no trailler da esquina. Tomaram a saideira. Não puderam dormir juntos. Se masturbaram simultaneamente e gozaram quase no mesmo instante.

O Santa Cruz é amor e paixão!

A fé é preta-branca-vermelha

Parece que faz um ano que estamos sem ver o Santa jogar. Este calendário da sericê é cruel. Deixa um vazio danado. Mas para alegria da torcida mais apaixonado do Brasil, terça-feira começa nossa temporada. Jogaremos em João Pessoa pela Copa do Nordeste.
A gente vai encontrando os tricolores corais santacruzenses das bandas do Arruda e as perguntas se repetem.
“E aí, tás acreditando?”
“E esse ano, será que a gente chega?”
“E fulano?”. “E sicrano?”. “E beltrano?”
Peito de Pombo me perguntou o que eu estava achando dos contratados.
Diante de tantas idas e vindas e de toda a minha quilometragem rodada acompanhando e torcendo, a esperança já não é mais da mesma cor de antes. Eu já nem ligo muito para as contratações.
Mas não disse isto a ele, pra não cortar o seu barato. Tirei uma onda. “Rapaz, trouxeram um atacante aí que faz uns doze anos que não faz gol”. Peito disse: “vai fazer pelo Santa Cruz. A gente sempre ressuscita esses jogadores”.
Acho massa essa fé.
Minha filha menor disse que tava com saudades do Arruda. Me perguntou: “papai, Ricardo Ernesto ainda tá no Santa?”. Respondi que sim. Ela ficou super animada. “Ele é muito bom. É muito melhor do que aquele Gordinho! ” Deu uma pausa e continuou: “Ri-car-do Er-nes-to! Que nome! Queria tirar uma foto com ele”.
Contei para ela que finalmente, vamos ter um placar eletrônico no Arruda. Ela não faz ideia do que seja. Não só ela. Ela e tantas outras crianças que frequentam o Arruda não fazem ideia do que seja um placar eletrônico.
“Como assim, um placar eletrônico?”.
Fui procurando formas de explicar àquela cabecinha o que era um placar eletrônico. Um painel luminoso. Bem grande. Que informa quanto está o jogo. Nele aparece o nome dos jogadores. O nome de quem fez o gol.
“Aparece o nome do goleiro?”.
“Aparece. Do goleiro, do zagueiro, do atacante, de todo mundo. As vezes aparece até a foto.”
“uh-hu! Vai ser massa! Eu queria ver a foto de Pipico, tu queria ver a de quem, papai?”
“Hum…. peraí! Queria ver…, já sei. Sabe o que eu queria ver?”
“O que?”
“Queria ver o placar piscando a palavra Gooollllll e mostrando a foto de Jô. E no final da sericê, eu quero ver escrito no placar: Santa Cruz, bicampeão da Serie C”.
“Aê, papai!”, ela chegou batendo.
E eu pensei, “a fé é preta-branca-vermelha”.

Apenas um jogo

Eu até tento controlar os nervos. Tento fazer de conta que sou forte, que o futebol é apenas uma diversão.

No jogo passado, quis ficar imune e segurar a emoção. Mas foi chegando o dia e, uma mistura de ansiedade, angustia, sei lá o que, vai tomando conta da gente.

Domingo, quando vi o movimento nas ruas, as pessoas, bicicletas, as vans, as kombis e ônibus lotados dos mais diversos torcedores do Santa Cruz, do Santa Cruz das bandas do Arruda, o coração foi se desmascarando e mostrando sua face. O rosto do coração preto-branco-vermelho. O coração que vibra, que torce, que entra em campo, que defende, que ataca, que faz o gol!

Já dentro do estádio, me peguei com a mão gelada e as pernas bambas.  Enchi os olhos de lágrimas no golaço de Vitor.

Estou assim, agora: nervoso! ansioso! querendo que esse domingo chegue antes do que está marcado no calendário. Sem conseguir pensar em outra coisa que não seja a partida decisiva.

Confiante? Sim. O time incorporou a raça coral e está jogando como se fosse nós em campo. Os caras sentiram de perto a força da nossa torcida e o tamanho da nossa paixão. Como se diz no linguajar do boleiro, o time está focado.

Mas futebol é futebol. E mata-mata é pra acabar com  qualquer racionalidade esportiva. E aí, lá vem aquela angustia, aquele sofrimento. Nem escrever, a gente consegue.

É, meus amigos, quem for de beber, beba! Quem for de rezar, reze! Falta apenas um jogo.

O Santa Cruz não sai da gente

Passei uns dias de férias. Fazia tempo que não tirava 30 dias. Desliguei o computador. Me desliguei das notícias. Por várias vezes, desliguei até o celular.

Depois da presepada com o Globo e da lapada que levamos na Paraíba, pensei em me desligar do Santa Cruz. Mas eis que viajo para Garanhuns e encontro os incansáveis Esequias, Robson e Marconi. Era cachicol do Santa Cruz, agasalho coral, boné, camisa…, até uma visita ao nosso ex-zagueiro Valença, os caras fizeram. Foram bater em Bom Conselho para encontrar aquele que parou Tévis.

Pra atanazar ainda mais o meu juízo, fiquei na casa de Lígia. Lá tem até uma geladeira nas cores corais e com um escudo enorme do Santa Cruz na porta.

A turma marcou para ver o jogo contra o Confiança. Numa feijoada perto da Buchada do Gago. Eu tentei me esquivar. Fui pro Euclides Dourado com a família. Só que não tirava o olho do relógio e o pensamento no jogo.

Uma galera dançava street dance. Um senhor tocava uma sanfona. Um mamulengo se apresentava perto da Rural de Roger.

Caía uma chuva fina e eu dava umas goladas numa aguardente boa danada, a Nordestina Gold.

O Santa Cruz estava quase entrando em campo. Foi quando chegou um zap de Marconi avisando que não iria ver o jogo na tal feijoada, mas que estava no Varanda e lá passaria na TV. Faltavam 15 minutos pra começar a partida.

As meninas brincavam no parque de diversão, a chuva começava a ficar mais forte, o frio chegou de vez e eu já havia tomado umas cinco lapadas de cachaça.

Lá vem outro zap. “Estou no Varanda. Vai começar.”

O Varanda ficava bem dizer na metade do caminho entre o Euclides Dourada e a casa onde nós estávamos hospedados. Uma pequena caminhada. Uns 800 metros de distância.

Fui pra lá.

Umas doses de aguardente, um pratinho de tripa assada, uma mesa de primeira linha: Marconi e Gisela, Hélio Mattos, Marquinhos, Vinicius, Mariá e Alessandra. Uma vitória excelente: quatro a zero.

Daí pra frente, meus amigos, voltou a doidice, a esperança, o otimismo, a vontade de estar junto do meu time. Até pro treino eu fui.

Domingo, corri para chegar logo em casa e assistir ao jogo contra o Juazeirense.

Sábado que vem, vou é pro Arruda. Só faltam três jogos para subirmos. É no grito e na raça. A hora é de apoio incondicional.

Não sei como Samarone está aguentando ficar longe do Santa Cruz, justamente agora!