Passava das cinco da tarde e Thiago manda um zap-zap para avisar que já estava no Shopping. Ele e mais uma centena de torcedores.
Meia hora depois, envia outra mensagem, poética e provocativa.
“Gerrá, parece que eu estou no centro da cidade, numa segunda-feira, depois de uma vitória do Santa Cruz”.
Logo em seguida o telefone toca. Era a primeira-dama. “Estou chegando em Boa Viagem.”
Não pensei duas vezes. Fechei um documento que tava fazendo, salvei, desliguei o computador e me mandei pra Esposende.
Cheguei logo depois das 18h e a loja estava entupida de gente.
Thiagão já me esperava na fila. Alessandra estava com as meninas, vendo umas roupinhas. E os corredores do shopping era todo Santa Cruz.
Uma coisa bonita de ser ver. Preto, branco, vermelho, sarará, galego, gordo, magro, rico, pobre, morena, velho, menina, moça. Todos juntos e misturados, como é a verdadeira massa coral.
— Como é contagiante, nossa torcida. Como é linda! – falo silenciosamente e seguro a emoção.
Na minha frente, um rapaz humilde, pergunta se a gente pode tirar uma foto dele. Era Gilmar. Estava sozinho e sua maior angustia era como iria fazer pra registrar o momento de encontro com os jogadores.
— Queres que tire foto tua com quem?
— Com todos eles.
De repente, uma vibração única toma conta do lugar. Parecia que o Santa estava entrando em campo. Nossos atletas haviam chegado.
Anderson Aquino, Grafite e Renatinho é sorriso puro. Thiago Cardoso, a tranquilidade de sempre. Raniel, um garoto ainda tímido no meio dos adultos.
A loja se transforma num verdadeiro caldeirão de gente. Molhado de suor, o simpático Alírio, o nosso presidente, é vibração pura. Faz selfie com alguns, abraça outros, cumprimenta todos.
A fila está cada vez maior.
Atrás de nós, uma família que mora no Curado. Pai, filha e avó. Cada um com uma camisa para ser autografada.
Minha pequena Sofia é ansiedade pura. Com as mãozinhas suadas, diz que está doida pra ver Grafite.
De repente uma turminha que está a nossa frente, começa a puxar: “ô, ô, ô, o Grafite chegou, o Grafite chegou”. Todo mundo olha e a gargalhada é geral. Era um sósia do nosso craque. Um sujeito moreno, quase preto, e careca. O cabra era a cara de Grafite.
E assim foi a noite. Como bem disse Thiagão, o Shopping Center que já foi considerado o maior da América Latina em linha reta, ontem ficou parecendo o Mercado da Encruzilhada em dia de jogo do Santa Cruz.
E eu, com o coração lavado de felicidade, vou guardar a noite de ontem na minha caixa de boas recordações.