O Santa Cruz mandou nos chamar

Perdi quase todo o primeiro tempo de ontem. Assim que entrei no carro para ir pra casa, liguei o rádio e ouvi o  locutor anunciar que o Santa Cruz perdia por um a zero. Desanimei na hora.

Pra morgar mais ainda, o comentarista avisa que com aquele resultado a gente ficava na lanterna. Pensei até em mudar de estação e ouvir música.

Mas aí, o rádio grita goooool do Santa e a esperança faz um retorno e vola. Aumento o volume do rádio, piso no acelerador e consigo chegar em casa a tempo de ver os  melhores momentos.

Começa o segundo tempo. O Raniel joga muito, falta apenas uns pequenos ajustes. Moisés é de uma ruindade inexplicável. Vejo que nosso time tem chances claras de vencer o jogo.

E fiquei ali, sentando na cama, com os olhos grudados na TV e torcendo feito um condenado.

Quando Betinho fez o gol da virada, por pouco não acordei o condomínio com meu grito. Minha mulher cochilava do lado. Tomou um susto arretado, mas logo em seguida abriu o sorriso e disse:

— domingo a gente vai, né?

— tem calma. o jogo não acabou, ainda.

Partida encerrada e a doidice toma conta da massa coral. Meu zap-zap não para apitar.

“Ô, Ô,Ô, Betinho é matador”.

“Essa catita é minha freguesa. Desde 2013 é só lapada”.

“Triiii”.

“Domingo, eu vou”.

“Eu também”.

“Quem mais vai, sou eu”.

Samarone, cheio de cerva na cabeça, telefona. O bicho ainda estava na casa de Pedoca, onde assistiu ao clássico. Sama faz uns comentários sem pé nem cabeça sobre o jogo.

Comento com ele que em 2013 nossa arrancada começou justamente com uma lapada no Clube Barbie Capibaribe. Aviso que já estamos no G4

Nosso poeta sentencia.

“Gerrá, agora é com a torcida. Sempre foi assim. Domingo pode ser aonde for, mas a gente tem que ir”.

Ele está certíssimo.

Tenho pra mim que até Inácio vai.

Hoje cedo, Naná já ligou pra saber se vamos alugar uma Van.

Não sei se de Van, metrô ou táxi, só sei que eu vou.

A hora é de deixarmos um pouco de lado as convicções e a coerência, de dar folga a chatice e nos mandar para o jogo de domingo. O Santa está nos chamando.

 

 

 

 

Não conheço ninguém que vai

Quase toda semana, marco com alguns amigos para trocar umas ideias no intervalo do meio-dia e manter a amizade acesa. Hoje, pra evitar discussões bestas, resolvemos barrar dois que são torcedores do Club da Abdias.

Na roda da conversa, o prato foi o jogo de logo mais contra a Barbie.

Coincidência ou não, nenhum dos presentes vai para o jogo.

— Meu amigo Gilvan mora perto da Arena. Não vai para o jogo. Artur, estagiário de Contabilidade, mora em Camaragibe e também não vai. Aí eu pergunto: imaginem eu? Vou não! – mandei minha fala.

— Vou nada. Só se fosse para dormir lá e voltar de manhã. – disse Moacir.

— Eu também, num vou! Cinquenta reais o ingresso! Tu é doido. Dou não. E ainda tem transporte, água e outras porra! Vou nada! – falou Jaime.

— Já combinei com um esquema. A gente vai assistir pela televisão, tomando cerveja, comendo uns tira-gostos e fazendo amor. – afirmou Adalba.

Stanislau foi mais enfático. Ele é revoltado com a construção daquele estádio.

Mandou algumas autoridades para a putaqueopariu, meteu o pau no ex-governador, esculhambou a Federação e a Globo, culpou também os cartolas e a CBF.

Ficou invocado. Em alguns momentos deu até murro na mesa.

— Só fui naquela desgraça, uma vez. No jogo contra o Vasco. Foi sufoco pra chegar, para entrar e para sair. Vai te fuder! Vou nem a pau. Não tem uma barraca do lado de fora pro cara tomar uma cerveja. Um breu do carai, quando acaba o jogo. Tudo caro, lá dentro. Aquilo ali já nasceu morto.

E continuou.

— Aquela Arena é uma das maiores vergonhas que já se produziu em Pernambuco. Muito pior do que a Dantas Barreto, o Parque Dona Lindu ou o Memorial Arcoverde. Um bocado de besta foi atrás da conversinha mole de Dudu e caiu no conto do vigário. Taí, os cofres do governo pagando pra fechar a conta da Arena. VTNC!

Concluiu com a seguinte frase.

— Quem quiser que vá. Gosto e sovaco, cada um tem o seu!

Levantamos, pagamos a conta e saímos à passos lentos. Na Rua da Moeda cumprimentamos Chico Science.

— Esse aí tem a cara do Santa Cruz. Lá no clube, devia ter umas estátuas dessa turma que torce pelo Santa Cruz – comentou Moacir.

E seguimos driblando o calor.

Paramos na esquina da Mariz e Barros com a Vigário Tenório, assistimos a uma partida de dominó.

Depois nos separamos e seguimos de volta para o trabalho. Até agora, não encontrei ninguém que vai se aventurar a ir para o nosso jogo hoje à noite.

Começou o ano!

Sob o efeito da ressaca de carnaval, consegui assistir ao jogo. Como quase todo mundo, estava torando aço. A torada foi maior quando vi que o time ia com Betinho na frente.

“Pqp, se empatar já vai ser um grande negócio”, eu pensei.

Demorei uns cinco minutos para entender a escalação. Renatinho tava na lateral-esquerda e Emerson Santos fazia a dupla de ataque junto com o perronha do Betinho. Enfim, pra mim que só começo a acompanhar futebol depois do carnaval, tive que esperar aparecer a escalação na tela da TV para saber quem estava em campo. E não me animei. Com dez minutos de jogo, pensei em desligar a televisão.

“Pqp, tá foda, vou dormir”, pensei.

Pra completar, Inácio me manda mensagem pra lá de desanimadora. “Renatinho tá louco. A zaga é de manteiga. Biteco é um mole. Emerson e João Paulo estão de ressaca”.

Entrei na sintonia dele e respondi. “E esse Moisés tá na profissão errada”.

E tá mesmo, faz tempo que não via um lateral-direito tão ruim quanto esse. Esse Moisés deveria estar trabalhando como corretor de seguros, vendedor da Eletroshopping ou algo parecido. E quem o contratou deveria ser chicoteado na entrada da nossa sede.

Pensei em dormir e quando vou me aprumado no travesseiro e pego o controle para desligar a televisão, eis que Betinho tem um lampejo de pivô e ajeita a bola para Biteco mandar com categoria no canto do goleiro.

Corri pra lavar o rosto, dei uma mijada e me posicionei de novo para ver a partida. Três minutos depois, numa pixotada de Alemão e do já citado lateral-direito. (Jogadorzinho sem alma, esse Moisés. Preparem-se, porque este indivíduo ainda nos vai dar muita tristeza e revolta).

Fiquei tão invocado que perdi o sono. Fui tomado por um pessimismo tão grande que torci fervorosamente para que o jogo acabasse já no primeiro tempo.

Mas eis que o futebol é realmente uma caixinha de surpresas.

O Santa Cruz volta do intervalo com uma formação corajosa. Três atacantes.

Ricardinho mostra que não é frouxo e vai pra cima, afinal de contas só a vitória interessava.

Nosso escrete mostra outro futebol. Alemão e Edson Sitta são nossos rotrweillers. Pra minha alegria, baixam o pau no adversário. Bileu concerta o buraco na lateral-direita. Renatinho dá o sangue na esquerda.  João Paulo mostra compromisso e vai ajudar na marcação. Biteco comanda as armações de jogada. E eu começei a ver que o nosso gol sairia a qualquer momento.

E saiu. De novo, Betinho faz o pivô e ajeita pra João Paulo. Golaço.

Estou acordadíssimo. “Esse João Paulo sabe jogar”, eu penso.

Samarone telepaticamente concorda comigo e manda uma mensagem. “Gostei desse João Paulo”.

E vamos seguindo, dominando Caruaru, consolidando nossa vitória.

Raniel entra e já mostra o cartão de visitas. Faz uma jogada espetacular. Com a bola colada no pé, o garoto parte do meio-campo driblando tudo que aparece na frente, pena que não fez o gol. Como joga bola esse menino.

“Raniel tem um namoro com a bola”, Sama comenta pelo celular.

O juiz apita o final do jogo. Durmo tranquilo e calmo.

E assim, começa nosso ano.

Com raça e jogando pra frente, juntamos mais uma vitória.

Sábado, faço minha estreia no Pernambucano. Estarei no Arruda!

Nosso décimo carnaval foi assim

Sorrisos, abraços, brincadeiras, fotos, entrevistas, imagens.Aos poucos o povo foi chegando. Coronel Peçonha foi um dos primeiros. Segundo me falaram, eram umas nove horas e o Coronel já estava na função. Sentado debaixo de um toldo, bebendo uma skol.

Pra nossa surpresa, Jesus Tricolor chega trazendo um dos diretores da Naza Coral. O bom sujeito nos presenteia com algumas camisas.

Pois é, lá em Nazaré da Mata também tem carnaval preto-branco-vermelho. Assim como tem em Pesqueira, com o Paixão Coral e em Bezerros o Tricoloucura.

Vai um parênteses. (Tenho pra mim que além da torcida mais apaixonada, somos os que tem o maior número de Troças e Blocos que reverenciam um time de futebol).

Voltemos a ontem.

Inácio chega com sua tropa. Mulher, filho, pai e mãe.  Dudu Paiva, também. Naná traz a turma que segura a Cobra. Boy e Ninha organiza o lanche da galera.

Marconi Glauco veio com seu cunhado e com o ator Edmilson Barros que é irmão do nosso preparador fígado, Stênio.

—  ele é aquele cara que trabalha em Malhação? – pergunta uma moça.

— sei não. Só sei que torce pelo Santa Cruz. – eu disse.

Hugo Moura dar o ar da graça. Me dar um abraço e solta: – quanto mais bate, mais a troça cresce. Eles não conseguem entender isto.

Certíssimo. Eles, os outros, não conseguem entender nossa paixão.

Samarone, ninguém sabe como, desta vez conseguiu aparecer.

E tantos outros vão chegando. . .

Uns ainda querem camisas. Alessandra e Maria estão debaixo de uma árvore vendendo as últimas unidades.

Guardei a camisa de Bacalhau, mas ele não veio. Nesses dez anos de carnaval da Minha Cobra, é a primeira vez que aquele maluco não vem. Quinta-feira vou ver se faço contato com ele, pois fiquei preocupado.

Vejo Carlinhos. Amigo e vizinho de tempos atrás, o cara tem um verdadeiro clã de tricolores corais santacruzenses das bandas do Arruda. Com Carlinhos brinquei alguns carnavais. Pátio de São Pedro, Praça do Diário e Olinda. Na volta, carona no ônibus do Quinteto Violado. Éramos conhecidos do motorista.

Meu telefone toca. É Flávio, meu cunhado, querendo saber se já saiu. Pablo manda uma mensagem dizendo que vai se atrasar e pede o percurso. Stênio telefone pra saber que horas sai. Desliguei o celular para ter um pouco de paz.

Chiló trouxe sua pequena Izabel e uns amigos torcedores do Porto de Portugal.

Perto das 10h,  o Largo do Bonsucesso já estava pintado com as cores preto-branco-encarnado. A TV Coral já está mandando brasa nas imagens.

Digão chega com sua câmera fotográfica. Não trouxe Diguinho. O pirralho tava de ressaca.

Anizio e seu buchão vai compartilhando as cenas.

Corro com Claudemir até o Largo do Amparo pra ver se a orquestra chegou.

— tá faltando, somente três. mas estão vindo. – Maestro Carlos nos avisa.

Uma chuva lava a nossa Cobra e a nossa alma.

Alguém no mais puro humor negro diz:

— vamos levar a Minha Cobra pra São Paulo.

Era quase meio-dia. Os metais tocam o Mais Querido de Capiba e contagia a massa coral. Uma chuva de papel picado nos homenageia no início da Rua do Amparo. Nosso carnaval começou e Olinda ficou mais bela.

Salve a nossa paixão. Viva a Minha Cobra.

Em 2016, no dia 8 de fevereiro, a gente se encontra de novo.

Eu quero saber é da Minha Cobra

Enquanto o Santa Cruz levava uma nova enfiada de 3 a 0, eu brincava carnaval pelas ruas do Poço da Panela, tocando minha zabumba, no Boi Marinho de Hélder. Nem senti a lapada que tomamos do Serra Talhada.

Não assisti ao jogo. Não vi os gols.

Só soube do resultado quando cheguei em casa e fui dar uma olhada nas mensagens do celular. Tentei ligar para Inácio, para saber o resumo da partida, mas deu fora da área.

No zap-zap, meu cunhado perguntou como vai ser botar a Minha Cobra no carnaval, depois de duas derrotas seguidas.

“A gente foi até quando era série d. Agora é que a gente vai mesmo”.

Porque tricolor coral santacruzense das bandas do Arruda que se preze não se esconde e só aparece na boa. Nós somos Santa Cruz de corpo e alma.

Quem não lembra aqui daquela época em que estávamos na série D? Fosse outra torcida, teria guardado as camisas, entocado as bandeiras e abandonado o cimento da arquibancada.

Nós estávamos lá. Levando sol, chuva, poeira e o que mais viesse. Passando por cima de pau e pedra. Jogando com o time em qualquer lugar que ele fosse.

Bom, só sei que futebol somente depois da folia. Nosso Santa só jogará na quarta-feira de cinzas.

Então é botar a camisa do mais querido e cair no carnaval.

Pra quem acha que a Minha Cobra vai amolecer porque o time apanhou duas seguidas, a gente vai logo avisando: a Minha Cobra tá vivinha da silva.

Já são dez carnavais que ela faz a segunda-feira ficar colorida de preto-branco-encarnado.

E, como manda a tradição, a Minha Cobra vai subir e descer as ladeiras de Olinda, no próximo dia 16.

Pra quem ainda não sabe, a T.C.M.O.E.E Minha Cobra sai do Largo do Bonsucesso. Quem estiver meio perdido, é só chegar no Amparo e perguntar onde fica a sede do Homem da Meia Noite. O Largo do Bonsucesso é na frente e a turma da Minha Cobra vai estar por lá, a partir das 9h47, fazendo a concentração da Troça.

E quem vier tirar onda, a gente canta:

Menina pega aqui na Minha Cobra/ela tem cabeça/tem pescoço/e ainda sobra/tem cobra pra leão/ tem cobra pra timbu/ direto do arrudão/tem cobra até pra tu.

p.s.: Ainda restam algumas camisas. É 30 reais. Quem quiser comprar, deixa uma mensagem nos comentários ou manda um e-mail para gerralima@gmail.com.

 

 

 

Dia 03 de fevereiro, dia de festa!

Faz 101 anos. Em três de fevereiro de catorze, nasceu o Santa Cruz. Clube querido da multidão, do povo e  da poeira. Time da torcida mais apaixonada do Brasil.

Neste dia 03, é vestir o manto sagrado e saudar o nosso Santa Cruz Futebol Clube.

Abaixo, segue a programação oficial da festa.

06:00 – Salva de fogos;

08:00 – Culto Ecumênico (Local: Auditório Aristófanes de Andrade);

09:00 – Campanha de Doação de Sangue (Local: Sala da Presidência e da Vice-  Presidência);09:30 – Café da Manhã;

12:00 – Salva de fogos;

17:00 – Festa para o Torcedor Curumim Coral;

18:00 – Salva de fogos;

19:00 – Inauguração da Sala de Futebol de Mesa e da Lan House;

20:00 – Descerramento da placa em homenagem a Sebastião Rosendo *

(Local: Auditório Aristófanes de Andrade);

20:30 – Corte do bolo de aniversário do Clube e um coquetel (Local: Parque aquático)

21:30 – Show de André Rio e convidados.

*Sebastião Rosendo é o compositor da música “Cobrinha no gramado”.

“Eu sou Santa Cruz de corpo e alma/ E serei sempre de coração/ Pois a cobrinha quando entra no gramado/ Eu fico todo arrepiado/ E torço com satisfação – Sai, sai,timbu/ Deixa de prosa, oh seu leão/ Periquito, cuidado com lotação/Que matou pássaro preto/ Santa Cruz é campeão”.

Comentários zap-zapeanos sobre o jogo de ontem

“liguei ontem a noite. deu fora de área.”

“fui pro jogo”.

“jogo?”

“sim. o amistoso”.

“ah tá. o time da Ucrânia.”

“não. lituanea”

“como é o nome do time?”

“sei não”.

“foi bom?”

“divertido”

“???”

“passei a noite rindo”.

“aff. o jogo deve ter sido uma m..”.

“fraco”

“qto foi?”

“1 a 1”

“empate”

“é. mas perdeu nos pênaltis. 11 a 10”

“pênaltis?”

“sim”

“pq teve penaltis?”

“sei não. nem o presidente sabia. Kkkk”

“vixe”.

“tu precisava ver o locutor”

“?”

“ficou repetindo, atenção torcida tricolor, atenção torcida tricolor. ehehe. E não dizia nada completava. ele tb não sabia”

“meu deus”

“teve pênaltis, porque tinha um troféu”

“troféu?”

“é”

“bonito?”

“kkkk. daqueles que vende na dantas barreto”.

“sério?”

“esposende. carol esportes. palácio dos esportes. kkkk”

“kkkkk. É rir pra não chorar. que vergonha”

“E quem perdeu o pênalti?”

“danny moraes”

“é novato?”

“é. a turma tava chamando ele de danos morais”

“kkkkk”

“a gente começou a dizer que o santa cruz ia entrar nas pequenas causas”

“kkkkkkkkkk”

“estreou todo mundo? o goleiro tb?”

“um bocado estreou. o goleiro é fraco. lembra de andré zuba?”

“vixe”

“e no time deles, alguém presta?”

“tinha um negro que jogava bem”

“ah tá. brasileiro, né?”

“não. ele tava com a camisa 24. não era brasileiro”

“kkkk”.

“renatinho jogou?”

“não. quem entrou foi memo”

“memo? e essa desgraça ainda tá no santa?”

“tá. quem quer aquela peste”

“as meninas estão bem, né?”

“estão”.

“vou dormir. amanhã qdo tiver embarcando, aviso por aqui”.

“ok”

Ela mandou umas carinhas soltando beijos, uns corações e escreveu “saudades”.

Mandei um “legal”, beijos e desejei boa noite!

Aqui pra nós, não fosse a companhia de Esequias(o Pierre), Robson, Odilon e uma turma pra lá de espirituosa que estava perto da gente, eu não iria escrever uma linha sobre o jogo de ontem. Sim, tinha também, os meninos Thiago, que é filho de Odilon, e o sobrinho de Esequias.

Sonhei que era jogador do Santa Cruz

Desde menino, eu sempre gostei de futebol. De assistir e de jogar.

Ainda pirralho, na faixa de uns 10 anos de idade, quando me perguntavam o que eu queria ser quando ficasse grande, eu respondia que seria jogador ou engenheiro. Mas minha carreira como jogador de futebol durou pouco tempo. Começou no colégio e terminou no time de Seu Gilson.

Eu era da oitava série e, depois de participar dos jogos internos, o professor de educação física me indicou para o futebol de campo. Fui para lateral-direita. Mas achava um saco ficar treinando cruzamento na área, fazendo exercícios físicos, polichinelo, abdominal, marinheiro, essas coisas.

Além disso, o técnico era um sujeito todo almofadinha, pedante e vivia dando esporro na gente. Quando um de nós fazia uma lambança, ele tinha mania de chamar a gente de mulherzinha.

E eu tenho pra mim que aquele professor era frango.

A turma contava que certa vez, ele deu uma carona para Ronaldo Ventão. No meio do caminho começou a puxar conversa de putaria e pegou no pau de Venta.  Além disso, Venta era titular absoluto da zaga. Era grosso para caramba, mas não perdia a posição pra ninguém.

Saí do time porque num torneio, eu falhei na lateral e tomamos um gol no final da partida.

Ele me chamou de mulherzinha.

Eu mandei ele tomar no cu.

Fui suspenso no colégio e cortado da equipe que disputou os jogos escolares.

Joguei também no time do bairro. Eu tinha uns dezesseis anos.

Quase toda tarde a gente jogava no campinho que tinha perto da minha casa.

O campo ficava na frente do bar de Seu Gilson. O futebol era o tira-gosto principal do bar.

Ele torcia para o Santa Cruz, era aposentado e tinha sete filhos. Eram duas mulheres. Dos homens, três jogavam bola. Os outros dois não podiam jogar. Um era aleijado, tinha uma perna fina, e o outro era abilolado. Diziam que quando ele quando, levou uma pancada na cabeça e ficou com problemas mentais.

Aí, Seu Gilson fez um time e me convocou para jogar. Ele era treinador e presidente ao mesmo tempo.

E o treino era uma beleza. Dávamos algumas voltas ao redor do campo, formava-se dois times e a bola rolava até escurecer. No domingo pela manhã, sempre tinha algum amistoso.

Uma vez, ele inventou de inscrever o time num campeonato no Ibura de Baixo, perto do Sesi. Fomos para final e o pau cantou. Nesse jogo, quase quebro o tornozelo. Tive que usar uma bota de gesso por bastante tempo e ficar ouvindo reclamações da minha mãe.

Depois disto, nunca mais eu quis compromisso com futebol.

Gosto mesmo é de bater bola, a famosa pelada. Inventou de botar padrão, disputar troféu ou apostar algo, não me animo.

Mas domingo, não sei por qual motivo, eu sonhei que era jogador do Santa Cruz.

Que venham outras campanhas

A pessoa me ligou, era perto do meio-dia. Eu nem estava lembrado que as apostas da Timemania haviam se encerrado. Na minha cuca, as lotéricas aceitariam jogos até o fim do dia.

“Gerrá, tudo bom?! Desculpa não ter atendido a tua ligação ontem. Quando vi tua chamada, já passava das onze da noite”.

Antes que eu falasse algo, completou.

“Mas deixa eu te dar uma ótima notícia: ficamos em vigésimo na Timemania. Conseguimos”.

Do lado de lá, a voz era uma mistura de felicidade, satisfação e orgulho. A voz era emoção pura.

Do lado de cá, confesso que comemorei como se fosse um golaço, daqueles feito ao final do segundo tempo, que garante a vitória num jogo decisivo e leva a torcida ao delírio.

De um tempo pra cá, me juntei a figuras como Milton Jr, Esequias Pierre e meus comparsas aqui do Blog, Inácio e Samarone, e virei um fanático por soluções que ajudem a tirar nosso Clube do buraco financeiro no qual ele foi jogado..

Falou em ajudar ao clube, essa turma que citei não mede esforços.

Esequias, por exemplo, é capaz de acordar no meio da madrugada para postar algo nas redes sociais em favor do nosso Santa Cruz.

Nessa campanha da Timemania, o bicho usou o facebook para pedir de presente de aniversário, cartões da Timemania que tivessem o Santa Cruz como time do coração.

Já Samarone, encheu a bolsa de bilhetes e saiu distribuindo pelas ruas do Recife. De porteiro de prédio a garçon de bar, bastava o sujeito dar alguma pista que era tricolor coral santacruzense das bandas do Arruda, que Sama tirava um bilhetinho e entregava para o cidadão.

Algo me diz que o novo Presidente é um cabra obcecado quando o assunto tem alguma coisa a ver com minimizar nossas dívidas. Até agora é isso que ele tem mostrado.

Foi a primeira vez que vi um presidente do Santa, dar carga total nessa história de Timemania.

Antes era tudo meia boca. Era como se não acreditassem que era possível ou não dessem a devida importância para os objetivos dessa loteria.

Meus amigos, o que não falta é pano pra manga em relação a campanhas promocionais para incentivar nossa torcida a jogar na Timemania.

Ingressos em jogos, camisas oficiais, jantar com ídolo, tour pelo clube, encontro com o presidente, desconto em mensalidade e por aí vai. E, lógico, passar os 365 dias do ano batendo nessa tecla da Timemania. As redes sociais estão aí, não precisa pagar por espaço de publicidade, muito menos dar jabá a jornalista para falar do assunto.

Que Alírio não perca o foco e faça mais. E que se mire no que bem disse Milton Jr, num comentário aqui no Blog.

“Nunca se deve duvidar da força da torcida do Santa Cruz. Utilizando-se os meios e as formas de comunicação adequadas para conclamar a torcida em favor de bons propósitos, o céu é o limite para essa multidão”.

Hoje apostei na Timemania

Apesar de ser doido pra ficar milionário, tenho uma preguiça danada de ir até uma casa lotérica. Fico torcendo pra que a Caixa Econômica invente uma maneira da gente poder fazer apostas pela internet.

Passei uma época jogando na mega-sena. Seu Wilson, que é uma espécie do office-boy particular, fazia meus jogos.

Arrisquei muito na loteria esportiva. Mas era num tempo em que eu apenas estudava, maloqueirava e coçava o ovo. Aproveitava que ia comprar o pão, passava na Casa Lotérica Maracanã e fazia minha fezinha.

Já na Timemania, não lembro quando joguei, Na verdade, nunca me liguei muito nesta loteria.

Só que esta semana, Esequias, o Pierre, me chamou a atenção e mandou um link com uma mensagem do novo presidente instigando a torcida para ir fazer suas apostas.

Foi aí que percebi a importância da Timemania para o nosso Santa Cruz. Do total arrecadado pela Caixa, 22% é destinado para os clubes irem saldando suas dívidas com o Governo Federal. Impostos, Previdência, FGTS, essas coisas.

Só que tem um detalhe, quem fica entre os 20 primeiros colocados, recebe uma fatia maior do bolo.

Pelo que eu vi numa postagem no facebook do Unidos Pelo Santa,  os 20 primeiros vão receber 65% do total repassado. O segundo bloco de 20 (21º ao 40º) recebe 25%, a turma do terceiro grupo ganha 8% e os últimos 20 colocados ficam com apenas 2% do total.

Pois bem, no concurso 663, realizado em 11 de dezembro, o Santa Cruz era o 22º, com 20.791 apostas. Já no que foi realizado no último dia 13, o de nº 664, a gente já estava na 20º colocação. Passamos o ABC e o Avaí. Mas no último concurso, o do dia 16, fomos ultrapassados por ABC e Avaí, e caímos para 22º.

Porém, o que vale para saber quem vai ficar com o maior pedaço, é a colocação acumulada do ano todo. E desde que foi implementada a Timemania, em 2009, o Santa Cruz só conseguiu ficar no grupo dos 20 primeiros uma vez, no ano de 2012.

O interessante é que o ABC e o Ceará, a partir do segundo ano da Timemania, sempre ficaram no batalhão de frente. Gostaria de saber qual é a mágica que eles fazem pra conseguir isto.

Bom, deixando o que os outros fazem para lá, acho que nossa parte como torcedor é apostar, compartilhar e divulgar, o máximo que a gente puder.

Ouvi dizer numa rádio que o novo presidente pegou R$ 10.000,00 e fez sua aposta. Espero que outros cartolas e ex-diretores façam parecido.

Eu mesmo, tirei R$ 100,00 do décimo-terceiro, fui hoje à lotérica e apostei no Santa Cruz.