Quando a massa coral morga, algo está errado!

Samarone foi curto e objetivo.  “Não tenho saco para escrever nada. “Um time bosta, com um treinador bosta, é o que temos”.

Foi essa mensagem que ele enviou  por e-mail.

Inácio está passeando. Viajou pra Belém e, pelo que conheço do velho França, deve ter se animado ontem quando fizemos o primeiro gol e hoje deve estar invocado.

Mas não podia ser diferente. Já se tornou uma tragicomédia esta nossa sina de ficar a frente no placar e não conseguir segurar o resultado. Quando não levamos o gol logo depois de termos feito, levamos no começo do segundo tempo.

Ontem, quando minha esposa avisou que o Santa Cruz havia feito 1 a 0, eu ironizei e disse: “daqui a pouco, eles empatam”!

Ela me chamou de pessimista. Mas logo sorriu e concordou.

Acho que muitos por aí, devem ter pensado assim também.

Quando chegamos nesse estágio, meus amigos, a coisa está séria.

De uma maneira geral, ninguém tem esperança que nosso time melhore ou que as coisas mudem.

Mas também, não é pra menos.

O treinador é um apombalhado. Um sujeito com cara de donzelão, que não fala nada com nada e que tem o currículo recheado de demissões e fracassos. Não sei se vocês já repararam, mas Sérgio Guedes tem a fisionomia da derrota.

Porém, sejamos justos, ele não colocou o cano do 38 na cabeça do Presidente Antônio Luiz Neto e gritou: “se não me contratar, meto-lhe bala”.

Esqueçamos o técnico por alguns instantes e olhemos para algumas belas perronhas que estão no nosso time.

Entre outras desgraças, temos:

No setor defensivo, Marlon. Na cabeça de área, Everton. No meio campo, Emerson Santos e no ataque temos Keno.

Eu poderia esticar mais a lista com Adilson, Nininho, Memo, etc, mas me tornaria repetitivo, afinal, nossa torcida sabe de cor e salteado os nomes dos peladeiros que estão no nosso elenco.

Mas, outra vez,  justiça seja feita.

Esses jogadores, muito menos seus empresários, não botaram a peixeira no pé da barriga de Tininho ou Jomar e disseram: “se não me levar, dano a faca no bucho”.

Enfim, é em virtude de um time sem talento, mal treinado e sem alma, de um treinador de terceira categoria e de uma diretoria inerte, que bateu a famosa morgação na nossa torcida.

Quando isto acontece, é provável que bons ventos não virão por aí. Na nossa história, nossos melhores times sempre tiveram a alma e o coração da massa coral. Este de hoje, não tem.

Para mudar o rumo das coisas, é preciso dar uma chacoalhada nesse elenco. Comecem pela troca do treinador. Tragam alguém que tenha no semblante a imagem da vitória, que traga na voz os acordes da raça.

Ainda há tempo.

 

Felizes por um instante (Nóis sofre, mas nóis goza)

Ainda faltava bastante tempo para bola começar a rolar e eu já estava nas cadeiras. Nunca imaginei entrar tão cedo no Arruda.

Com o estádio vazio, deu para perceber o quanto está sujo nosso cimento. Uma lama preta cobre a pintura do estádio.

— Com essa chuva toda, essa diretoria devia aproveitar pra lavar a arquibancada. Aquilo tá podre. – falou um cidadão de voz rouca.

—Tá nojento. O sujeito que sentar naquela sujeira, tá arriscado a pegar uma doença no fiofó. – completou um senhor do lado.

— Se o time não ganhar hoje, eu botava todo mundo pra limpar o estádio. -Voz Rouca falou dando uma gaitada.

Para não correr risco de ser molhado pela chuva, fui ficando por ali. Era um local mais alto e coberto.

De onde eu estava, dava a impressão que o gramado estava em boas condições. A grama verdinha. Não se via buracos, nem poça de lama.

Um magro vem subindo as escadas. Veste uma camisa que tem o patrocínio da Parmalat. Uma camisa com listras verticais nas cores preta-branca-vermelha. Um barbudo aponta para ele e diz:

— Eita, lá vem o fã de Keno!

Quando o magro foi chegando, o barbudo gritou:

— Hoje Keno faz gol!

O magro pegou nos ovos, balançou e mandou o cara de barba tomar no cu. A gargalhada foi geral.

Uma moça vai passando, carregando uma sacola da loja do clube. Tenho vontade de perguntar se era a camisa comemorativa do centenário, mas um rapaz que está sentado na fileira de baixo faz uma reclamação:

— Meu amigo, só o Santa Cruz…! Vai estrear uma camisa nova e na loja não tem pra vender. Perguntei lá e disseram que não chegou ainda.

E continuou:

— Putaquepariu! É muita burrice.

O cara do lado dele, comenta:

— Ehehehehe! As camisas devem estar na casa do diretor de marketing. É um tal de Luizinho!

Um coroa de óculos vem subindo. Carrega um guarda-chuva em uma mão, e na outra, um rádio.

— Rapaz, tu é doido, mesmo. Tivesse coragem de vir pra esse jogo?! – alguém pergunta a ele.

— Eu não vinha, não! Mas a mulher mandou que eu viesse. Fico num mal humor arretado, quando não venho.

A chuva dá uma trégua, mas o estádio continua vazio.

Pelo visto o público vai ser fraco. Choveu o dia todo, o horário é ruim, o time não empolga, o treinador é um doido de jogar pedras e a diretoria não dá sinais de mudança.

O time da Portuguesa entra em campo antes dos árbitros. Fiquei puxando pela memória e não consegui lembrar se eu já tinha visto algum time entrar primeiro do que o juiz. De fato, foi a primeira vez que eu vi isto.

Logo depois o homem do apito sobe. Por fim, nosso esquadrão aparece, vestindo um padrão pra lá de esquisito.

Começa o jogo.

Sandro Manoel toca para trás.

— Joga pra frente, puto. Jogador enceradeira! – Barbudo xinga.

Keno ameaça uma pedalada, faz uma lambança e perde a bola.

— Esse Keno não serve nem pra trabalhar em lava-jato! – Magro reclama.

Pela terceira vez, Wescley tenta um drible e não toca a bola.

— Jogador burro. Isso é um jumento! – Coroa se irrita.

Renatinho erra mais um cruzamento.

— Cruz direito, anão de uma figa! Voz Rouca grita.

Everton dá outro passe errado.

— Na minha pelada, um miserável desse não joga. Parece que engoliu um cabo de vassoura! – Rapaz fala.

O time da portuguesa parte no contra ataque. Thiago Cardoso defende outra bola e garante a rapadura.

— Esse time do Santa Cruz só tem dois jogadores: o goleiro e o centroavante! – O Cara afirma.

E o jogo segue. Vai chegando ao final. A moça da sacola desce as escadas e já vai embora.

Uns empurram o time. Outros resmungam. Alguns já preparam as cordas vocais para vaiar.

Eis que o milagre acontece. No último suspiro, o lateral Tony vai à linha de fundo e, finalmente, consegue acertar um cruzamento na área. Goool de Léo Gamalho.

Por um instante, a torcida ficou feliz.

Momento atual – um espiral ortopédico

Está mais do que complexo imaginar o que vai transcorrer com o Santa Cruz daqui para a finalização da seribê.

Estamos definitivamente numa encruzilhada com caminhos para todos os quatro lados.

O time apresenta defeitos que dificultam a busca por virtudes. Principalmente, se olharmos pela ótica do otimismo. O que por si só, já nos leva a crer que a realidade é dura e poderá tomar rumos de crueldade e de atropelos.

Neste sentido, para muitos já se tornou de cansativo e enfadonho destinar análises e palavras sobre tal situação. Entretanto, se faz  necessário continuarmos a levar nossa mira ao alvo da questão, pois o Santa Cruz nasceu e viverá para sempre.

Desta forma, nunca ficará tarde, nem distante, irmos ao fundo dos problemas do futebol que a nossa equipe está elaborando dentro do gramado.

Todas as questões que atrapalham nosso desempenho se resumem a duas variáveis:

– atletas com pouco potencial;

– treinador sem poder de maximização desta pouca potência.

Some-se a isto, a inércia da diretoria, que ao se deparar com conflitos, não tem agilidade para resolver os achados.

Neste patamar, o problema se mantém e é muito comum que evoluam  em progressões que pode fugir ao controle.

Ao que nos parece, ainda não chegamos neste estágio. Isto pode ser bom e também ser ruim, visto que, temos a impressão que não estamos muito longe do ponto alto da negatividade.

Por sua vez, quando isto é certificado, a sensação é que a vaca poderá ir pro brejo. E aí, se ela for, fudeu a tabaca de xola.

O clube precisa ser agressivo nas ações. O treinador precisar correr para formatar nossa equipe.

Minha gente, o tempo é um precioso metal que aflige a busca pelos objetivos.

Pelo que vejo, Sérgio Guedes parece tangenciar a curva da equação defesa-meio-ataque, não conseguindo encontrar o ponto real de equilíbrio sobre os setores.

É preciso tomar as providências cabíveis o mais rápido possível. Saber gerenciar. Ponderar as variáveis boas e as que causam degradação. Só assim, o time vai encontrar a saída exata sem precisar passar pela angústia e o desespero.

Nisto temos que encarar o psicológico, ver o físico, observar o tático, analisar os aspectos técnicos e verificar as estruturas.

Ao final, se for encontrado que as perspectivas estão comprometidas, se torna necessário regressar ao marco zero, para percorrer todo o percurso. O caminho é tortuoso e escorregadio.

Então, chego a contundente conclusão que estamos dentro de um espiral ortopédico.

Nossa sorte é a ruindade dos outros

Eu não sei o que danado ainda me faz sair, para assistir a um jogo do Santa Cruz. Só pode ser algum tipo de esperança maluca, sem juízo nenhum, que me leva a telefonar para amigos, mandar mensagens, apressar a janta das filhas e enfrentar os engarrafamentos das ruas do Recife, para ver o já esperado futebol bizarro que o nosso time joga.

Ontem o que salvou a noite foi o caldinho, a cerveja gelada, o bode assado com macaxeira e o bom papo sobre política que tive com o diretor de fantasias da Troça Minha Cobra, Esequias Pierre.

O Santa Cruz atual é formado por um amontoado de péssimos peladeiros, comandados por um atordoado entregador de camisas que escala mal, substitui pior ainda e não fala nada com nada. Um sujeito pra lá de esquisito.

Não sei se por burrice, mas não consigo compreender praticamente nada do que essa figura de cabelo estilo dupla sertaneja dos anos oitenta tenta falar.

Leio, releio, leio de novo, olho outra vez,  e não entendo bulhufas do que é dito por ele. É provável que nem mesmo ele saiba o que está falando.

Pode ser que seja intencional. Ou então, é pura maluquice. Vai ver que ele só da entrevista doidão.

Enfim, seja lá o que for, tenho pra mim que este treinador é o maior gerador de lero-lero que já passou pelas Repúblicas Independentes do Arruda.

Se alguém lembrar de outro, favor compartilhar nos comentários.

Puxando aqui nos meus arquivos, encontro uma entrevista dele depois de mais uma vergonhosa eliminação na Copa do Brasil. Sobre o nosso time, Sérgio Lero disse assim:

“Nossa equipe é capaz e precisamos de uma transposição de categoria. Vamos nos reorganizar e reconstruir o time. Espero que eles assimilem bem e que a gente continue persistindo, pois o caminho é esse. A nossa função é de respaldo para os jogadores e queremos proteção”.

Transposição!(?). Em toda entrevista, ele fala nessa tal de transposição.

Não sei vocês, mas eu gostaria mesmo era de ver, esse enrolão sendo transportado daqui para outro lugar. De preferência para algum adversário nosso.

Fosse mais perto, a gente levava ele e jogava dentro do Rio São Francisco.

Ontem, após a horrível apresentação, Sérgio Enrolão Gudes saiu com essa:

“Colocamos o futebol para fazer a transição e a equipe deles se ajustou. Colocamos o time de uma maneira ofensiva demais e começamos a jogar de costas. Tivemos que mudar para alterar o panorama.”

Se alguém entendeu isto aí, por favor me ajude. Pois, não fica claro pra mim o que é que Ségio Guedes quer dizer. Anotei em um papel e aproveitei a hora do almoço para mostrar a alguns amigos. Não chegamos a conclusão nenhuma sobre essa fala. Aproveitamos para fazer piadas e gargalhar.

É, meus senhores, só tirando onda mesmo, pra aguentar esse treinador e sua equipe.

Nossa sorte é que os concorrentes são tão ruins quanto nós.

Ontem, por exemplo, se tínhamos Pingo no banco, eles tinham Pimentinha.

Se no comando deles estava Lisca, no nosso havia Sérgio Guedes.

Longe de casa

Eu nunca fui muito chegado a esse negócio de dias dos pais. Aliás, sou arretado também com tudo que é dia. Das mães, das crianças, do natal, do amigo, da avó, de não sei que lá. Como diz meu pai, isso tudo foi inventado pro comércio vender, pra estourar o cartão de crédito do povo e pra todo mundo ficar estressado. Sim, essa quase obrigação que nos impõe de ter que presentear e ter que estar junto é o que me invoca.

Meu pai mora aqui em Recife. O pai da minha mulher mora na área rural de Bezerros. Tenho uma irmã que mora em Carpina. Além da minha esposa, meu sogro tem mais uma filha e um filho, ambos moram em Recife. E pra finalizar, o sogro do meu cunhado mora em Passira.

Dá pra imaginar a dificuldade para resolver essa logística.

Este ano, ficou decidido que iríamos fazer um churrasco no sábado em Bezerros  e no domingo desceríamos a Serra para almoçar em Carpina. Desta forma, a ida ao Arruda para ver o jogo foi pro beleléu.

Minha sorte é que a família toda é tricolor coral santacruzense das bandas do Arruda. Aí, apressamos os comes e bebes para dar tempo de assistir ao jogo. Precisamente às 16h23 minutos estávamos entrando no Bar Lá em Casa, em Bezerros. Um lugar pra lá de simpático que Julio Vila Nova nos apresentou outro dia. Carne na brasa, cerveja Original gelada com preço de Skol, caldinhos e o melhor, reduto de torcedores do Santa. A começar pelo proprietário do estabelecimento. Se não me engano, o nome dele é Beto.

O primeiro tempo não foi lá essas coisas. Joguinho feio. Sem maiores emoções. No intervalo surge a primeira opinião interessante. Um cidadão de bigode, na faixa de uns cinquenta anos, dispara: “esse jogo está mais feio do que a minha finada sogra. Feia era ali”.

Pedimos dois caldinhos de feijão e outra Original. Na mesa ao lado, uma coroa dava beijos e abraços em um boyzinho.

O jogo recomeça. Thiago Cardoso faz um defesaço. Meu sogro já vai em quase uma carteira de cigarro. Everton dá um passe errado. O cidadão de bigode comenta: “a pior coisa que tem é o individuo querer ser o que não é”. O amigo dele completa: “isso é uma murrinha. ele pensa que sabe jogar”.

Uma chuvinha fina começa a cair. A televisão mostra o toró lavando o Arruda.

Keno parte com a bola, dribla metade do time alvirrubro e faz um gol de craque.

O Lá em Casa quase veio abaixo.

“É gol, fí de rapariga”. “Eu já tava pra esculhambar esse tal de Keno”. “Trás uma lapada de cana que eu agora me animei”.

A coroa pediu uma dose de Teacher, uma cerveja e tacou um beijo no boyzinho dela. O rapaz era só felicidade.

O alvirosa vem pra cima. Thiago Cardoso vai segurando e garantindo a rapadura. E aí, brilha a estrela de Léo Gamalho. Primeiro dar um passe para Wescley fazer o segundo gol. No Lá em Casa, Bezerros está em festa. Gritos, brindes, apertos de mãos, abraços e beijos.

Depois, nosso atacante deixa Carlos Alberto na cara do gol. O meia chuta pra fora. “Gol feito não pode ser perdido”, sentenciou o dono do bar. “Isso é miserave”, condenou Bigode.

Por fim, Léo Gamalho lança primorosamente para Wescley que dribla dois marcadores e fecha o caixão. 3 a 0. “Esse Leo Gamalho é um febrento. é a bobônica”, alguém elogiou.

Nesta quarta, de novo, estarei longe do Arruda. Desta vez por causa de compromissos profissionais.

Se tudo der certo, vou acompanhar o jogo no Bar Raízes, em Brasília. Tomando caipirinha, saboreando arrumadinho e batendo papo com Pablo e cia.

Espero que o Santa Cruz junte mais uma vitória.

 

 

 

Aí dentro, Sérgio Guedes!

Interrompi minhas férias e fui ao Arruda. Depois da copa das copas, esta foi a segunda partida que assisti do Santa Cruz.

Vi o jogo contra o Vasco e este de hoje.

Meus amigos, há algo de errado no paraíso.

Treinamos uns 40 dias, fizemos alguns amistosinhos, tivemos uma intertemporda que, tivesse seguido o rumo natural das coisas, serviria para melhorar ainda mais nosso futebol. Sim, de quebra contratamos alguns atletas para reforçar o elenco.

Antes do mundial, éramos um time invicto. Levávamos  poucos gols. Depois da copa, estamos com uma média de quase três gols levados por partida. Tenho pra mim que hoje somos os reis dos lances bizarros na defesa. Nosso sistema defensivo, parece o ballet da turminha do infantil 2.

Pelo visto, nossos jogadores não estão entendendo nada que o treinador fala. Acho até que o próprio Sérgio Guedes não entende direito o que ele diz.

Fico aqui pensando, como é a preleção deste indivíduo. Deve ser uma conversa de doido.

“Sena, a bola virá de todos os lados. Está é a dinâmica do futebol. Quem cuida deste setor, o da defesa, precisa estar atento aos bombardeios campestres e aéreos. Suas velocidades, parábolas e perpendicularidades. Quero você ligado e aceso, para no final termos o orgulho de sacramentar a objetividade do que queremos construir. Entendeu?”

Everton Sena: “Oxi!”

“Sandro, temos a expectativa de cobrir bem os alas e uma preservação dos elementos expoentes que estão na retaguarda. Além de possíveis armações no contragolpe. Então, é de extrema necessidade que joguemos de maneira compacta e composta, a fim de que, aquela expectativa e preservação, estejam de comum acordo. Ok?”

Sérgio Manoel: “agora lascou!”

“Léo, na conjuntura de ataque, estão os defensores adversários. São supostas barreiras que deverão nos enfrentar e com isso há um contrapartida de um estímulo adverso. Nós que fazemos parte do loteamento que está dentro do campo adversário, temos que plantar nosso esquema para ultrapassar barreiras. Beleza?”

Léo Gamalho: “hein?!”

Hoje, voltando do jogo, escutei parte da entrevista que o Sérgio Lero-Lero Guedes. Ao falar do nosso desempenho, ele disse mais ou menos assim: “perdemos para um time mais canchado, que soube administrar o resultado”. E ficou repetindo essa história de canchado. “A equipe deles é mais canchada do que a nossa”. “Canchado isso…”. “Canchado aquilo…”.

Quando perguntado sobre as falhas da defesa, respondeu: “isto é uma preocupação que eu passo a ter”.

Pois é, depois de levar onze gols em quatro jogos seguidos, ele passa a se preocupar com a defesa.

E falou outras besteiras.  Depois de umas três respostas, mudei a estação do rádio. Preferi música estrangeira.

E fiquei cá comigo matutando. Se eu encontrasse o treinador, diria a ele: “aí dentro, Sérgio Guedes”.

Vou curtir minhas férias que é melhor.

Agora é o Santa Cruz, Presidenta!

Pra nós que fazemos o Blog do Santinha, eu, Inácio e Samarone, a copa acabou. Agora é o Santa Cruz. É Dilma fazendo o T e nós também.

E aproveitando essa onda de apostas e bolões da copa, estamos pensando em fazer um bolão para o restante da série B. Amanhã, estaremos reunidos para definir as regras e a premiação.

Sobre a lapada de hoje, este histórico 7 a 1 que tomamos da Alemanha, só temos a dizer que foi uma vergonha (eita rimazinha medíocre).

 

Marlene e a joelhada

Lendo algumas matérias, vendo alguns programas, até parece que o garoto Neymar vai se aposentar por invalidez.

É lamentável o que aconteceu, é claro. Mas esse dramalhão que estão criando como caso, já encheu o saco até de Marlene, a nossa empregada.

Assim como milhões de brasileiros, Marlene não entende porra nenhuma de futebol. Não sabe o que é impedimento, nem o que é um tiro livre indireto, nem quantas substituições uma equipe pode fazer no decorrer da partida.

Mas isto é o que menos importa.

Marlene torce feitou uma louca pelo Brasil. Dia de jogo, ela enfeita a casa, prepara uns brebotes, compra umas bebidas e faz a festa. Derrama lágrimas quando assiste na televisão a torcida canarinha cantando o hino nacional.

Marlene também torce pelos africanos. Segundo ela, seus bisavôs por parte de pai, são filhos de escravos e vieram da África.

Voltemos à contusão de Neymar.

Não acredito que o objetivo do colombiano era quebrar uma vértebra do rapaz. Por outro lado, não tenho a menor dúvida que o tal do Zuñiga  deu aquela entrada com a intenção de tirar nosso atacante do jogo. Já haviam usado recurso parecido,  na partida contra o Chile, pelas oitavas de final. Naquela peleja, foi pancada em cima de pancada, até que conseguiram acertar um tostão na perna de Neymar que o fez mancar o resto do jogo.

Tem gente por aí, dizendo que aquela jogada é comum no futebol. Sim, concordo. E acrescento mais algumas que são comuns, porém proibidas: dar cusparada. Pisar no pé. Meter o dedo no fiofó do adversário. Bater no tornozelo. Tostão. Entrar de sola. Dar cama de gato. Chegar junto no joelho. Pé no bucho. Mão na cara. Etc e tal.

Hoje pela manhã, tomando café, consultei Marlene.

– Marlene, e Neymar? Tu visse?

– Coitado! – ela disse.

– Um amigo meu acha que aquilo foi uma jogada normal…. – eu falei.

– E foi? – ela perguntou em tom de deboche.

– Foi. Tu tás vendo? – eu dei corda.

– É cada uma que a gente escuta. Pimenta no oiti dos outros é tempero.

Minha pequena interrompeu a prosa e perguntou:

– Mamãe o que é oiti?

– É uma fruta, minha filha. – Alessandra respondeu.

Marlene continuou.

– Queria ver se aquela voadora fosse nas costas do seu amigo, se ele iria dizer que é normal. Eu dou duvida que ele ía dizer.

– Mas tu acha que foi sem querer? – eu perguntei.

– Sem querer? Se aquele mau-elemento daquele time das Colômbia não entrou na malícia, eu xoxe. – ela afirmou.

Alessandra aproveitou o embalo e emburacou na conversa.

– Ei Marlene, mas tu não chorasse, não, né?

– Chorei não Dona Alessandra. Aquilo que aconteceu é de futebol, mesmo!

Fez uma pausa e resmungou;

– Eu já tou é abusada de tanto ver essa história de Neymar.

Costa Rica, Grécia e coxinhas: ó aqui pra vcs!

Desde o início da semana fiquei enchendo o saco dos amigos, atrás de ingresso para o jogo de Costa Rica e Grécia. Me atabaquei e entrei na onda da Copa do Mundo. Além disso, confiei no taco da turma de Costa Rica. No final da manhã de ontem, Sebba e sua companheira Dani conseguiram comprar um ingresso para mim.

Pois bem, pela segunda vez na minha vida, viajei para assistir a um jogo na Arena Pernambuco. Havia ido ver Santa Cruz e Luverdense, naquele jogo pela seribê, quando empatamos em zero a zero.

Desta vez, fui usufruindo do padrão FIFA. Com direito a BRT entupido de gente, cerveja Brahma ao preço de dez reais, lugarzinho marcado, bagunça no banheiro, gente querendo aparecer a todo custo no telão, essas coisas.

Chegamos à Praça do Derby por volta das duas da tarde.

Tudo bem organizado. Filas para comprar a pulseirinha que permitia o acesso ao ônibus, fila para entrar no coletivo, orientadores educados dando as dicas e mostrando as direções.

Os crentes aproveitavam para fazer suas pregações e os camelôs para vender suas bebidas e lanches.

Uma linda tarde de domingo. Com o Recife sem engarrafamento e sem ruas alagadas.

Ainda na fila para pegar o BRT, cravei Costa Rica no bolão. Eu só não, todo mundo que conheço apostou na seleção costarriquenha e acreditou que iria ver um belo futebol. O menor placar que ouvi foi 2 a 0 pros latinos.

Nos iludimos, bonitinho! A seleção de Costa Rica jogou um futebol horrível.

Aquilo que vi ontem deu calo na vista. Foi uma das piores peladas que já presenciei. A coisa foi tão feia que de uma hora pra outra comecei a torcer pela Grécia. Lá pras tantas, me vi torcendo pela decisão por pênaltis, pois só assim, os duzentos e vinte reais que paguei valeriam a pena.

Naqueles dois times, Carlos Alberto, Léo Gamalho, Sandro Manoel e até Pingo seriam titulares. Oziel, Raul e Betinho, tranquilamente teriam vaga no banco.

Pior do que a peleja foi ter que conviver durante 120 minutos com um bando de tabacudo falando besteiras perto de mim e umas meninas dando gritinhos histéricos. Ao meu lado tinha uma galeguinha que vibrava com qualquer ataque. Seja de quem fosse, a moça se empolgava.

– Você está torcendo por quem? – eu perguntei.

– Pela Costa Rica, mas também pela Grécia. – ela disse.

“Agora foi que fudeu a tabaca de xola”, eu pensei.

Três coisentos se danaram a querer puxar o grito de guerra deles. Ninguém acompanhava, mas eles insistiam com aquela chatice. Virei pra um deles, um gordinho de boné e perguntei em alto e bom som:

– Ei nobre, é tudo mesmo? diz aí, é tudo mesmo?

Um paulista careca, vestido com uma camisa do Corinthians, cheio de álcool no juízo, e que também falava suas merdas, quis botar fogo na história.

– Olha aí, manô. Tu vai deixar o Cobra Coral tirar onda? Ô loco, meu!

O gordinho deu uma recuada e quis ser educado:

– Aqui somos todos pernambucanos. Estamos na copa. Isso é o que interessa. O que vale é a amizade.

“Amizade de cu é rola”, eu pensei. Mas deixei para lá. Não dei bola e tentei me concentrar na pelada que estava acontecendo no gramado.

Na minha fileira, a fila V, havia um grego. Um grandão branquelo que gritava a pleno pulmões um negócio que ninguém entendia. “Eloz”. “É nós”. “Elhós”. Sei lá.

O Zé Ruela do corintiano quis puxar conversa, outra vez. Olhou pra mim e disse:

– Ô meu! Esse é o time do Caça-Ratô? É o time que desceu para seridê?

Pensei “vai te fuder” e respondi:

– É o time que tem a maior média de público no Brasil e que tem a maior torcida do Norte e Nordeste. Aqui a gente não abre time do sul, não!

O sujeito quis tirar onda e começou a baixar o nível.

– Ô loco! Eu soube que o governo aqui paga pra vocês irem pro jogo. Qualquer dia vou te convidar pra ir numa favela lá em São Paulo.

Encerrei o papo com a categoria de um beque de usina.

– Vou não, meu velho. Tou a fim de comer cu de paulista, não!

Resolvi o problema, aliás, os dois. O paulista deu uma pipocada e desapareceu. A galeguinha que torcia pelo espetáculo e dava gritos finos no meu pé do ouvido, saiu de mansinho e não voltou mais.

Alguns me deram total apoio. Um cara que estava na minha frente apertou minha mão. Outro sujeito fez um legal pra mim. Sebba gargalhou de alegria. Sossegados, podemos ver as cobranças das penalidades entre Costa Rica e Grécia, que por sorte, foi na barra onde estávamos.

O jogo terminou. A Costa Rica se classificou. E a cerveja acabou.

Voltamos para casa morrendo de fome e espremidos dentro de um BRT lotado de idiotas.

Oba! Vai ter Copa!

Para tristeza de alguns e alegria de outros, vai ter copa e eu não vejo a hora da bola começar a rolar.

Quem me conhece sabe que estou incluído no grupo dos que estão alegres.

Tenho um amigo que até férias já tirou para acompanhar as partidas. Já o nosso preparador fígado comprou um desses aparelhos celular que tem TV para poder ver os jogos no trabalho.

Eu até vejo um jogo aqui, outro acolá, mas o que gosto mesmo é dos dias em que a seleção brasileira joga. As farras, as ruas enfeitadas, as apostas, as famílias reunidas, ameninada imitando os craques do Brasil. Quando eu era pequeno, no quintal de casa, eu brincava de bola com minha avó. Chutava pra ela agarrar e gritava: gooool de Tostão!

Comecei mesmo a acompanhar o Brasil, a partir da copa de 74, na Alemanha. Apesar de novo naquela época, tenho algumas lembranças. O finado Marinho e seu cabelo amarelado, a bomba de Rivelino nos 3 a 0 contra o Zaire. Rivelino de novo, numa falta contra a Alemanha Oriental.

Em 74, Leão era o goleiro. Tinha, também, Ademir da Guia, Jairzinho e Zé Maria.

A copa de 78, a que foi disputada na Argentina, me recordo perfeitamente.

Naquele ano meu pai nos fez uma grata surpresa. Comprou uma Sharp de 20 polegadas, à cores. Era a primeira televisão colorida da nossa casa.

No início nossa seleção não foi bem. Mas melhorou no decorrer da disputa. Dirceu jogou muito naquela copa. Pena que o Peru abriu pros argentinos e ficamos de fora da final, pois perdemos no saldo de gols para os donos da casa. Daí, nosso escrete foi disputar o terceiro lugar contra a Itália. Ficamos com o terceiro lugar. Um golaço de Nelinho de fora da área, que até hoje eu lembro.

Saímos invictos daquela copa. Diziam que havíamos sido campeões morais.

Mas sofrimento grande foi a eliminação na copa de 82, na Espanha.

Mesmo não concordando com a titularidade de Waldir Perez(se fosse hoje, Thiago Cardoso era titular naquele time de Telê Santana) e com a reserva de Paulo Isidoro, eu tinha plena confiança naquele time. Eu só não. Eu e o resto do planeta.

A rua que eu morava, era uma festa. E quando perdemos para Paolo Rossi e Cia., ela ficou em silêncio e chorou.

Daquele ano eu recordo das jogadas de calcanhar do Dr. Sócrates. Dos passes de Zico. Do antológico gol que Eder fez na Escócia. Aliás, a Seleção do Brasil só fazia gols bonitos. E lembro da música Voa Canarinho e de Pacheco, o bonequinho da propaganda da Gillete. “Pacheco, camisa 12, é o que vai a frente da seleção”.

Copa de 86. A geração de 1982 já não reinava mais. Telê Santana era o treinador, mas não tinha os talentos da Copa da Espanha. Caímos nos pênaltis contra a França.

Da Copa de 90, não vou nem falar. Pense num time ruim, aquele de Lazaroni.

Em 1994, nos Estados Unidos, fomos tetra. Toda uma geração viu pela primeira vez o Brasil campeão do mundo. Um time onde Romário era sem dúvida nenhuma, o melhor jogador. O baixinho garantiu nosso título. Tomei todas na Avenida Boa Viagem, vendo os jogadores desfilarem no caminhão dos bombeiros.

Mas deixemos as recordações um pouco de lado e vamos falar de 2014.

Estou confiante na seleção de Felipe Scolari. Essa turma nova joga muita bola.

Dos times que vieram jogar o mundial, só vejo duas seleções que podem complicar para o nosso lado. A Alemanha e a Argentina. Do resto, a gente ganha fácil.

Tenho pra mim que levantaremos a taça e seremos hexa.

Meu único receio é que nossos jogadores entrem nesse oba-oba que a torcida está fazendo lá na Granja Comary e esqueçam o futebol.

Além da desconcentração, o perigo é a turma ficar de sapato alto e entrar no clima do já ganhou.

Felipão precisa botar ordem, nessa história.

Felipão, meu nobre, se ligue aí, rapaz. Veja o que aconteceu com nosso ídolo Caça-Rato.

Depois que ficou famoso e não parou de ser assediado pela mídia e pelos fãs, o sucesso subiu pra cabeça do rapaz e ele nunca mais foi o mesmo. Seu futebol caiu vertiginosamente de produção e o Santa Cruz vem penando para fazer gols.